7º Dia no Chile (dia 15 do mochilão)
Igreja de São Vicente de Paula |
Interior da igreja |
Detalhe do altar |
Seguimos a rua até a orla para ver o mar, que diferente de Arica e
Antofagasta, aqui é bem calmo, estando dentro de uma baía. O dia estava frio e
o céu bem nublado, fazendo com que a praia estivesse deserta.
Praia na Baía de Caldera |
O dia amanhece encoberto por nuvens e vai abrindo ao longo do dia na costa do Pacífico |
No calçadão de frente para o mar está um Moai da Ilha de Páscoa. Até hoje não sei dizer se é original ou uma
réplica, pois vi que existem poucos Moais
fora da ilha, na verdade, sei de dois: um no Museu Britânico de Londres e outro
no Fonk em Vinha Del Mar.
Ainda não estive em Páscoa, mas mesmo sem ter visto nenhum outro Moai na vida, achei que esse era uma
réplica...
O certo é que o Moai
marca o ponto onde, a exatos 3.700 Km de distância em linha reta, encontra-se a
Ilha de Páscoa.
Ainda na orla nos chama a atenção uma bonita casa demarcada no
mapa como Casa Siggelkow, em homenagem a um cônsul alemão de mesmo nome que ali
habitou a mais de 60 anos.
Deixando a orla subimos em direção a praça novamente e paramos na
loja da Tur-Bus para comprar as passagens para a cidade de La Serena. Nossa intenção era de viajar a noite e passar dois dias
por lá, sendo um em La Serena e outro em Coquimbo de onde tomaríamos o ônibus
para Santiago, no entanto, a empresa de transportes nos deixou desanimados,
pois o último ônibus para La Serena sai de Caldera as 20h, e a viagem é de seis
horas. Com isso chegaríamos as 2h da madrugada, inviabilizando nossos planos,
principalmente depois de passar mais de quatro horas sentado na praça de Caldera
(nem pensar em passar por algo parecido novamente). Quem estiver pensando em
fazer o percurso deve considerar que este trajeto deve ser feito de dia. A
Tur-Bus oferecia ônibus direto de Caldera para Santiago e ali na rodoviária
tivemos que tomar uma difícil decisão: Alterar o roteiro original!
A exposição gira em torno do patrimônio histórico local e das
memórias da própria casa, que pertence a família Tornini e data do ano de 1890.
Em uma viagem ao passado, conduzidos pelos costumes de épocas antigas recriados
na casa, aprendemos um pouco sobre a história da cidade de Caldera, fundada em
1850, que foi cenário de eventos que causaram impactos na vida política, social
e econômica do Chile.
Visitamos os escritórios e quartos utilizados ao longo dos séculos
e no fim aprendemos um pouco sobre a história da guerra civil chilena, uma
Revolução Constitucional no ano de 1859 (antes da casa ser construída) e da
Guerra do Pacífico, vinte anos depois, que tiveram o porto de Caldera como
cenário estratégico.
Deixamos o museu por volta de meio dia e encontramos um céu azul
aparecendo entre as nuvens. Caminhamos de volta para a orla, já com a cidade
toda em movimento.
Ao norte da praia da baía está o Porto de Caldera que tem papel
estratégico na movimentação de mercadorias como uvas, vinho, cobre, entre
outras diversas.
Mas uma das principais mercadorias negociadas no porto é o
pescado, tanto industrial como artesanal. Por isto funciona no local um grande
mercado de peixes, além de restaurantes especializados que servem pratos frescos,
atraindo muito o turismo no porto. Logo na entrada uma grande estátua de São
Pedro com sua rede de pesca aponta a devoção dos pescadores locais.
Porto de Caldera no centro da cidade |
São Pedro e sua rede no porto |
O porto de Caldera havia reservado outra grande surpresa de nossa
viagem. Assim que nos aproximamos da região dos restaurantes avistamos diversos
leões marinhos que nadavam em busca do pescado que não seria aproveitado pelos
restaurantes.
Nunca havia visto um leão marinho antes, ainda mais em ambiente
natural. Aqui eles se aglomeravam em busca dos restos de peixes que eram
atirados ao mar pelos pescadores e cozinheiros dos restaurantes.
Leões marinhos em ambiente natural |
Simpático leão marinho |
Apesar de placas instaladas pelo governo alertarem para que não se
alimente os animais na orla, os rapazes que limpavam os peixes enchiam baldes
de alimentos que era lançados nas pedras e no mar, atraindo os leões marinhos
que brigavam violentamente pelo alimento.
Aline admirando a vida selvagem no porto de Caldera |
Briga por alimento |
Não eram só os leões marinhos que eram atraídos pelo pescado.
Grandes pelicanos vinham disputar estes alimentos.
Pelicano |
Muitos pelicanos |
Nas pedras os pelicanos disputavam com os leões marinhos cada
peixe lançado ao mar.
Ao fundo o restaurante que lança seus resíduos ao mar atraindo os leões marinhos e pelicanos |
Além dos pelicanos voando em círculos e dos leões nadando em volta
do cais, completavam a paisagem portuária pequenas gaivotas andinas que
pareciam aguardar as sobras do almoço dos animais maiores para se alimentar.
Ao lado do porto está a antiga estação ferroviária, declarada
Monumento Nacional em 1964, a estação foi construída junto com a cidade em 1850
e serviu para o escoamento da produção de minério das minas para o porto. Este
era o inicio da primeira linha férrea da América do Sul que ligava Caldera a
Copiapó e funcionou até 1930. Hoje o local funciona como casa de cultura e
abriga exposições de objetos, pinturas e fotografias.
Peça da exposição |
Mas a principal atração turística de Caldera, para mim pelo menos,
é a famosa Bahia Inglesa e deixamos a
estação ferroviária para tomar um taxi para lá. Os taxis da cidade funcionam
como lotada, ou seja, não importa se o carro está ocupado, eles sempre param
para mais pessoas. O percurso de 5 Km até as praias da baía é muito rápido e
apesar de existir uma linha de ônibus que faz o trajeto optamos pelo taxi para
não perder tempo. No caminho o taxista nos conta que a baía tem esse nome
porque foi descoberta por um inglês em 1687.
Assim que descemos do carro me encantei com o lugar: Uma linda
praia de águas cristalinas e areia branca. Não é a toa que dizem que a Bahia
Inglesa possui as mais belas praias do norte do Chile.
Bahia Inglesa |
Junto ao terminal de taxis existe um banheiro público, que se pode
usar pagando uma pequena taxa. Utilizamos o lugar para trocar de roupa, já que
estávamos a dois dias sem um quarto de hotel. Coloquei uma bermuda e uma
camiseta e pude tirar um pouco as botas para pisar descalço na areia.
Mochilando em Playa La Piscina na Bahia Inglesa |
Depois de uma semana no deserto, poder passar uma tarde na praia
era um ótimo desfecho para nossa visita ao Atacama e ao norte chileno.
Existem diversas praias que compõe a Bahia Inglesa, algumas mais
afastadas e que é possível visitar de carro ou com alguma operadora turística,
pois muitas oferecem pacotes na região. É possível adquirir pacotes com visita
a diversas praias, como Las Machas e Rocas Negras que ficam entre Caldera e
Copiapó.
Mas para nós nada de pacotes turísticos, queríamos apenas um dia
de descanso na praia. Paramos logo na primeira que tem águas calmas por estar
envolta em rochas e por isso é conhecida como La Piscina. Ao lado a Playa
Blanca com meio quilômetro de extensão apresenta algumas ondas leves.
O céu, que de manhã cedo estava nublado, apresentava a tarde um
sol escaldante. Nas cidades entre o Pacífico e o Atacama isto é bem comum. O
dia amanhece cheio de nuvens, mas o céu azul vai ganhando espaço e a tarde o
sol castiga com o calor forte.
Um dia de descanso depois de muito tempo no deserto |
Sol quente e um céu sem nuvens |
Estendemos uma toalha e deitamos na areia sob o sol. A praia com
pouco movimento foi ótima para um descanso e o mar é calmo e convidativo, mas
apesar do sol quente sobre nós, as águas do Pacífico são extremamente geladas e
demorei muito para conseguir um mergulho.
Por volta das 15h fomos buscar um lugar para almoçar e para nossa
surpresa quase todos os estabelecimentos comerciais da região estão fechados e
praticamente abandonados. Para um carioca que está acostumado a ver todo tipo
de negócio prosperar a beira mar, é bem estranho ver que um tipo de “Búzios”
chilena não consegue manter restaurantes e comércio diante do mar. As exceções eram
quiosques que vendiam, principalmente, frutos do mar.
Ficamos na praia até quase o fim do dia, mas o banheiro público
fecha as 17h, portanto a esta hora nós fomos trocar as roupas. Atenção a uma
dica importante: o banheiro não possui chuveiro!!! Usei a pia para tirar um
pouco o sal do corpo, pois iríamos encarar doze horas de viagem até Santiago
sem um banho (mais uma vez, já que tínhamos vindo de Antofagasta a noite e lá
também não ficamos em hotel, pois saímos direto de San Pedro de Atacama).
O sol ainda estava forte quando entramos em um taxi de volta ao
centro de Caldera. Caminhamos pelo centro e seguimos até a orla novamente ,
onde sentamos para esperar o fim do dia.
Para nossa surpresa os cães que nos fizeram companhia de madrugada
na praça voltaram a nos encontrar junto a areia da baía. Os cachorros brincavam
uns com os outros e nos puxavam para que déssemos atenção a eles e no fim acho
que foi uma ótima companhia, tanto de manhã quando chegamos, quanto ao fim da
tarde enquanto esperávamos o sol se pôr (sim, estavam imundos, mas Aline sempre
carrega um álcool gel e lenços umedecidos para esses momentos... rs).
O dia que começou confuso terminou de forma perfeita, com o sol se
pondo atrás do monte na baía. Depois de uma tarde toda na praia essa era nossa
despedida do deserto, pois iríamos para a região central do Chile.
Fim do dia em Caldera |
Nosso último pôr do sol no deserto |
As 21h, ainda com o corpo cheio de sal do mar, estávamos
embarcando no confortável ônibus da Tur-Bus rumo a Santiago.
Gastos
para 2 pessoas em 21/03/2014:
- Desjejum:
$ 5.000,00 CLP
-
Museu Casa Tornini: $ 4.000,00 CLP- Ônibus para Santiago: $ 33.200,00 CLP
- Banheiro na praia: $ 1.200,00 CLP
- Taxi (total): $ 6.000,00 CLP
- Almoço: $ 24.750,00 CLP
- Lanche: $ 3.400,00 CLP
- Água: $ 850,00 CLP
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