terça-feira, 28 de outubro de 2014

Arequipa


7º Dia no Peru (dia 7 do mochilão)


A viagem de ônibus entre Puno e Arequipa tem aproximadamente 7 horas de duração. Montamos o roteiro inicialmente com o intuito de aproveitar essas viagens com mais de 6 horas para dormir e economizar no hostel, com isso a previsão original era de tomar o ônibus no terminal de Puno as 22h para chegar em Arequipa por volta de 5h da manhã e dormir durante a noite. Mas estávamos cansados e essa seria nossa segunda noite seguida em um ônibus, portanto tomamos o ônibus das 18h (como contei no relato anterior) com o objetivo de dormir em uma cama nessa noite.


A viagem foi bem chata e mal consegui dormir com o balanço do ônibus na estrada no meio da noite. Quando eu estava pegando no sono eis que surge a primeira parada (única prevista na venda) do ônibus na cidade de Juliaca, onde ficamos por uns 20 minutos onde muitas pessoas descem e outras embarcam. Luzes finalmente apagadas e eu me pus a tentar dormir novamente, mas eis que o motorista encosta no meio da escuridão da noite na beira da estrada para pegar mais um casal de passageiros. Olhei pela janela e não via nada no meio da escuridão, foi inevitável pensar no que essas pessoas faziam ali a esta hora esperando o ônibus.


Mais algumas horas se passaram e novamente sou acordado com o motorista parando o ônibus na beira da estrada. Olhei pela janela e os faróis de carros e caminhões que passavam na direção oposta iluminavam a noite e o que parecia ser uma forte chuva que com os ventos andinos parecia cair de lado, já que as gotas passavam pela janela quase que paralelas a pista. O vento estava extremamente forte e a chuva batia contra a janela com força. Observo quem está entrando no ônibus e vejo um casal com duas crianças, uma de colo e outra que vinha puxada quase arrastada pelas mãos. Imaginei que estava muito frio do lado de fora, pois eles estavam completamente cobertos por casacos pesados, gorros e luvas acolchoadas e protetores de orelhas e cachecóis. Olhei pela janela novamente e então me dei conta de algo que para mim neste momento era a maior surpresa da viagem: Não era chuva que batia contra a janela e sim grandes flocos de gelo. Pela primeira vez na vida eu estava diante da neve!!!

O aquecedor do ônibus estava tão bom que não havíamos nos dado conta de que estávamos cruzando a estrada que cortava a Cordilheira dos Andes no meio de uma nevasca. Aline e eu ficamos muito felizes por estar diante da neve e se pudéssemos teríamos descido ali mesmo no frio para tocar os pequenos montes que se acumulavam na beira da estrada. Obviamente não foi possível e tivemos que nos contentar em apenas observar os flocos batendo contra o vidro. Olhamos em volta e as pessoas pareciam ignorar o espetáculo e tentavam dormir normalmente no ônibus.


Mais algumas paradas em beira de estrada e finalmente chegamos a Arequipa. Era 1h da madrugada e nesse momento me arrependi de não ter tomado o ônibus das 22h em Puno, pois teríamos que buscar um lugar para dormir no meio da madrugada.


Tomamos um taxi na entrada da rodoviária e pedimos ao motorista que nos indicasse um lugar para ficar. Ele nos levou em um hostel que estava bem acima de nossas pretensões financeiras. Pedimos uma outra indicação dentro de nossa faixa de gastos para acomodações. Rodamos um pouco e paramos em um no qual não havia vagas. Não gosto de ficar na mão de taxista na madrugada, mas não haveria outro jeito. Voltamos ao carro e rodamos mais um pouco até que chegamos a um hostel dentro da faixa de preços que queríamos. Infelizmente o quarto disponível não tinha banheiro, mas não tínhamos mais como ficar rodando na madrugada então resolvemos ficar, até por que seriam apenas duas noites.


O “Home Sweet Home” (Calle Rivero, 509) é um hostel bem simples, com corredores que pareciam um labirinto. Localizado a seis quadras da Praça de Armas de Arequipa é muito usado por mochileiros com gastos bem controlados. O quarto não era um dos mais limpos, as camas tinham cheiro de poeira e as cortinas fediam a cigarro de algum hóspede anterior. O quarto em que ficamos tinha duas camas simples e o banheiro coletivo ficava ao lado no corredor. Estávamos bem cansados do dia em Puno e da viagem noturna, então tomamos um banho quente, caímos nas camas e dormimos rápido.


Acordamos as 7h30min e subimos no terraço do hostel para o desayuno. Arequipa é cercada por cordilheiras montanhosas e tem como principal atração sua paisagem, pois a cidade foi fundada entre três grandes vulcões: Chachani, Pichu Pichu e Misti. Todos os hostels e restaurantes possuem terraço para que se possa admirar a paisagem entre os enormes vulcões. Infelizmente o dia estava nublado e não pudemos ver as montanhas.


Levamos duas máquinas fotográficas conosco e depois de dois dias sem ficar em um quarto de hotel (último dia em Cusco e o dia no Titicaca) já estávamos usando a máquina reserva. Por isso assim que chegamos a noite no quarto coloquei a máquina principal para carregar na única tomada que havia na habitação. Quando terminamos o desayuno voltamos ao quarto para buscar a máquina e para nossa surpresa ela não havia carregado!!! A luz de recarga ficou acesa, mas não havia carga. Por algum motivo a tomada não funcionava decentemente no quarto. Teríamos que tirar algumas horas do dia para recarregar a máquina em outra tomada nas áreas de uso comum do Hostel. Guardei a máquina comigo e pegamos a máquina reserva que já estava em uso desde o fim do dia anterior, então sabíamos que ficaríamos sem nenhuma no fim do dia (tenso!!!).

  
Hostel Home Sweet Home

Seguimos em direção a Praça de Armas e logo na esquina encontramos a Iglesia e Claustro de La Compañía, fundada em 1698, depois de um século de construção. A linda fachada é recoberta por um tipo de “rendado” talhado em pedra.

 
A bonita fachada da Iglesia de La Compañia

O interior da igreja possui três naves principais e diversas capelas laterais, também é possível visitar os claustros e pátios internos, mas eu só descobri isso depois quando pegamos panfletos com as atrações da cidade e acabamos não voltando.

 
Altar em madeira e ouro

A nossa primeira visão da Praça de Armas nos deixou impressionados. Com seus canteiros simétricos, palmeiras e árvores bem podadas e um belo chafariz ao centro a praça é ponto de encontro de transeuntes e muitos, muitos, pombos.

 
Aline na Praça de Armas de Arequipa: bem arborizada, com um grande chafariz e muitos pombos

As construções que circundam a praça são de rara beleza arquitetônica com arcos que dão um tom especial aos edifícios.

Detalhe da arquitetura ao redor da praça

A bonita e impressionante Catedral, do início do século XVII, ocupa imponentemente toda a face norte da praça. Construída em pedra vulcânica no estilo de cantaria, possui setenta colunas na fachada e dois grandes arcos nas laterais, além de duas torres que se destacam na paisagem.

 
A imponente Catedral de Arequipa

Em seu interior encontra-se um grande altar de mármore e carrara do qual não podia-se aproximar, pois fitas isolavam as áreas de visita e fotos só de longe.

 
Altar da Catedral
 
Detalhe do interior



Chama a atenção dos turistas (que fazem fila para uma foto) o imenso órgão doado da Bélgica em 1870, que é considerado o maior da América do Sul.

 
Uma foto com o Órgão belga

Aproveitamos para uma oração na capela do Santíssimo antes de partirmos.

 
Capela do Santíssimo Sacramento

De volta a praça nos deparamos com um monte de propostas para um City Tour por Arequipa, nos interessamos pois teríamos apenas um dia na cidade. Um rapaz em um estande da Cruzero Buss nos ofereceu um pacote para um tour que havia acabado de sair. Aceitamos e ele pegou um carro para que embarcássemos no ônibus ainda na primeira parada. Hoje posso afirmar que me arrependi um pouco de ter feito este passeio, não pelos locais visitados em si, mas por que acredito que poderíamos ter conhecido melhor a cidade em seu centro histórico, do que fazendo um Tour por seus arredores. Encontramos o ônibus do tipo turístico com o segundo andar panorâmico já estacionado na primeira parada do passeio: Alpacas Modas!

Ônibus turístico

A Alpacas Modas é uma grande loja de roupas de lã, onde aprendemos um pouco sobre a diferença entre alpacas, lhamas e vicunhas e suas lãs. No local existe um mini zoo com os animais que fornecem a matéria prima para confecção.

 
Alpacas Modas: Informações sobre os diferentes tipos de lã
 
Aline e a Alpaca


Lhamas no mini zoológico



No local existe uma tapeçaria artesanal onde são fabricadas as roupas e o guia nos explica todo o processo no passo-a-passo. Por fim a já esperada parada na loja para compras. Na verdade para nós foi só para ver as roupas prontas, pois os preços eram bem salgados e nem passava perto do nosso orçamento de mochileiros.

 
Fabricação artesanal
 
Material da aula sobre tecelagem



Deixamos a loja e voltamos ao ônibus. Seguimos para os arredores da cidade cruzando o Rio Chili.

 
Rio Chili

A segunda parada é no Mirador Carmem Alto, a aproximadamente 6 Km do centro histórico, de onde se tem uma vista privilegiada dos arredores da cidade.

 
Mirador Carmem Alto
 
Estátua no mirador: representação da cultura andina



Na verdade o ponto alto da vista que o mirante proporciona são os três vulcões que circundam Arequipa, no entanto, apesar de o céu azul que estava sobre nós, as nuvens teimavam em rodear a cidade tapando totalmente a vista das cordilheiras montanhosas a frente. Nada de ver os vulcões!

 
Aline e a bonita paisagem com o Chili ao fundo
 
Nuvens escondiam os vulcões



Descemos do mirante com a sensação de que poderia ter sido melhor sem nuvens e rumamos para o bairro de Yanahuara que está situado a cerca de 2 km do centro da cidade. O ônibus para na praça diante da Igreja e do mirante de Yanahuara. O guia nos deixa livres para fotos e aproveitamos para curtir os belos jardins da praça.



Praça de Yanahuara


Praça de Yanahuara





A pequena Igreja de São João Batista é bem bonita com sua fachada barroca e desenhos em relevo esculpidos na pedra. Infelizmente era proibido fotografar em seu interior.



Igreja de Yanahuara

Diante da praça esta o Mirador Yanahuara que é composto por um conjunto de arcos de cantaria construídos no século XIX, em que foram gravadas as palavras de famosos moradores de Arequipa.

Mirador de Yanahuara: arcos de pedra com frases de ilustres moradores da cidade

Mirador

Tem uma boa vista sobre a cidade. O guia explica que dali se tem uma excelente vista do vulcão Misti quando o dia está claro, mas infelizmente as nuvens continuavam no horizonte e não vimos o vulcão.

 
Arcos construídos em pedras vulcânicas
 
Aline no mirante com a cidade ao fundo



Voltamos para o ônibus e seguimos na direção da próxima parada para visitar a mansão do fundador da cidade, no caminho pudemos ver um pouco da arquitetura Arequipenha, com praças bem cuidadas e limpas.

 
Paisagem da janela do ônibus

O ônibus para em uma esquina e o guia nos chama a atenção para um prédio a nossa esquerda: El Palacio de Goyeneche. Um prédio simples, mas bonito que o guia explica ter sido parte do traçado original da cidade na época de sua fundação. Um antigo palacete construído no século XVIII e praticamente demolido no terremoto de 1782 que foi adquirido, muito tempo depois, pelo Arcebispo Goyeneche que o reconstruiu até o ano de 1840. Goyeneche viveu ali até 1858 e hoje o prédio pertence ao Banco Central de Reserva do Perú.

 
Palácio de Goyeneche

Nossa terceira parada foi no distrito de Huasacache em uma fazenda onde fica La Mansion del Fundador. O guia explica que a história da Mansão remonta ao início da ocupação espanhola, quando o fundador da cidade, Don Manuel Garci de Carvajal deu a ordem para iniciar sua construção na beira do rio Socabaya. Esta residência pertenceu a vários proprietários ao longo da história, passando pela congregação dos jesuítas que construiu muitas capelas. Em 1785 foi adquirido por Don Juan Crisóstomo de Goyoneche y Aguerreverre, que converteu na residência que é hoje.

 
Entrada da Mansão do Fundador de Arequipa

O guia explica que deve-se pagar doze nuevos soles por pessoa pela visita guiada no interior da mansão, pois não está incluso no pacote e que fotos são proibidas. Os que não se interessam pela visita podiam aguardar nos jardins, pois demoraria apenas 30 min.

 
Portões da mansão
 
Mansão do Fundador


Aline e eu resolvemos não entrar. Na verdade hoje me arrependo, mas na hora não me interessei, pois não poderia tirar fotos e estávamos com pouco dinheiro. Resolvemos ficar aguardando e descansando um pouco nos arredores.

 
Jardins da mansão na área externa

Quando o grupo voltou nos reunimos e voltamos ao ônibus. No trajeto pelas áreas rurais pudemos ver as plantações em Andenes, uma forma de cultivo inca em diferentes patamares bem típicas dos arredores de Arequipa. É possível ver milho, alpiste, alfafa, etc.

 
Plantações em Andenes
 
Área rural ao redor da cidade


A última parada foi para conhecer o Moinho Sabandia, que ficava dentro de uma fazenda e que também não estava incluso no pacote, devendo-se pagar dez nuevos soles pela entrada. Algumas pessoas no tour disseram que não valeria a pena conhecer, pois nada mais era do que um moinho de água no riacho. Acabamos ficando do lado de fora nesta atração também.

Belos jardins

Aguardamos entre cavalos e touros diante da entrada da fazenda e algumas pessoas fizeram um passeio a cavalo enquanto aguardavam.

 
Aline fazendo amizade com o cavalo
 
Famosos touros de Arequipa


Durante o percurso de volta as nuvens no horizonte se abriram rapidamente e em apenas por um breve instante foi possível distinguir a sombra do pico do Misti por cima das nuvens. O topo do vulcão parecia levitar e quase sumia entre uma camada esbranquiçada de nuvem. E foi só o que vimos dos famosos vulcões de Arequipa.

 
A sombra do Misti entre nuvens: o máximo que vi do vulcão



Voltamos para a Praça de Armas por volta das 14h. Era o fim do City Tour e ficamos bastante decepcionados. Não recomendo o passeio, pois de todos que fizemos ao longo dos 28 dias de mochilão esse, com certeza, foi o pior. Não há nada que você não possa ir por conta própria já que os ingressos de metade das atrações é a parte. Sem falar que não se conhece os principais pontos do centro histórico da cidade, apenas nos arredores e nós que só tínhamos esse dia em Arequipa iríamos ter que correr para conhecer a cidade no resto do dia.

 
De volta a Praça de Armas

Nossa programação na região de Arequipa era de dois dias, sendo o primeiro na cidade e o segundo em um Tour pelo Canyon del Colca, então fomos procurar agências para o passeio do dia seguinte. Paramos rapidamente para preparar o roteiro do resto do dia com um mapa que pegamos com uma agência. Fechamos um dia no Canyon com a Escandinavia Travel & Adventure (Portal San Agustin, 121 – Plaza de Armas).

Aline traçando o roteiro do resto do dia

Passamos em uma casa de cambio para trocar um pouco de dinheiro, pois estávamos sem nada e comemos umas empanadas com refrigerante (sempre servido a temperatura ambiente e armazenado em prateleiras ao invés de geladeira) no lugar do almoço para ganhar tempo.

 
Andando por Arequipa


Seguimos para a Igreja e Convento de Santo Domingo, uma linda igreja construída com apenas uma torre para o campanário e com uma fachada conhecida por ser a mais antiga de Arequipa. O maior claustro do convento foi edificado por volta de 1734.

 
Igreja de Santo Domingo
 
Detalhe da torre


No interior o Cristo Crucificado do Altar-mor é uma das mais belas imagens do templo que tem bonitos altares laterais todos trabalhados em madeira.

 
Altar-mor
 
Altar lateral


Caminhamos pelo centro histórico de Arequipa e tudo lembra uma cidade medieval, entramos em algumas lojas e seguimos admirando a cidade.

De volta a idade média?

Seguimos até a simpática Praça de São Francisco, apesar de cercada por grades (coisa rara no Peru, mas bem comum no Rio de Janeiro) a praça bem arborizada é um convite ao descanso e a paz. Diante da praça encontra-se a famosa Igreja, Convento e Museu de São Francisco de Assis.

 
Praça de São Francisco
 
Igreja de São Francisco


Já havíamos conhecido o Convento de São Francisco de Assis em Lima e resolvemos entrar no de Arequipa também e para nossa surpresa, diferente do de Lima, a guia era uma ótima pessoa, super educada e alegre. A visita custa cinco nuevos soles, mas no fim ainda demos uma propina para a moça pela bela companhia que nos fez.

 
Igreja e Convento de São Francisco
 



Logo no início a guia nos conta que o Convento foi fundado em 1553 e que tudo foi feito com pedras vulcânicas, a sillar que lhe atribui uma cor esbranquiçada ao lugar e que se destaca na curiosa mistura com tijolos na formação da sua fachada e nas colunas no interior da igreja.

 
Entrada do Convento

O tour se inicia pela área externa do convento, onde existe um belo jardim e um grande pátio com esculturas de animais feitas a mão em pedra e grandes jarros que eram usados para guardar o vinho.

Referências a animais

Talha para vinho

Do pátio interno se abrem várias portas com claustros pequenos e simples, mas transformados em museus de arte sacra e galerias de arte, além de uma biblioteca com mais de 20 mil livros, mas não se pode tirar fotos nestes locais. Em todo canto há uma história e até mesmo acessos proibidos. Nos dias de hoje são poucos, mas há frades vivendo em claustro no Convento de São Francisco de Assis. A Sala Capitular é a mais impressionante, com uma pintura gigantesca que mostra toda a árvore genealógica franciscana, além de passagens da vida de São Francisco. Esta sala era usada para reuniões importantes e possui um acesso para o interior da igreja.

 
Pátio interno
 
Corredores de acesso ao pátio


Por corredores e escadarias de pedra branca chegamos ao mezanino da Igreja de São Francisco que possui o órgão do século XIX, ainda danificado em um terremoto na década de 90 e as cadeiras onde o clero se reunia para os cânticos de adoração.

Aline, eu e o órgão

No centro encontramos um fascitol (peça no formato de um trapézio que servia para apoiar os enormes livros de cânticos), usados para os frades acompanharem a música. Tiramos algumas fotos com a máquina reserva que não acabaram ficando tão boas nas condições de luz do local.

 
Fascitol no coro da igreja

Seguimos para a parte de cima do convento e pudemos ver do alto da muralha o pátio interno com os jardins e chafariz central. A guia explica que em um dia sem nuvens é possível ver o vulcão Misti, mas infelizmente não foi possível ver neste dia.

Muralha do Convento e as nuvens que escondem os vulcões

O pátio interno visto da muralha


No fim a guia nos conduz até o interior da Igreja para que pudéssemos vê-la com mais detalhes. O altar-mor, em madeira e prata, foi construído no século XVII e pode-se ver muito ouro em madeira sustentando imagens sacras. A igreja é linda!

 
Lindo o altar da Igreja que é montado como um quebra-cabeças
 
Madeira e ouro


Seguimos para o Museu Santuários Andinos, um dos mais famosos do Peru, pois nele se encontra a múmia encontrada em melhores condições de preservação ao longo de todo o território que abrangeu o império inca, entre o Equador e a Argentina: Juanita.

 
Museu Santuários Andinos

Eu estava doido para ver Juanita, a menina que tinha entre 12 e 14 anos de idade quando foi entregue a 500 anos como oferenda ao Apu Ampato, uma montanha sagrada, a 80 km de Arequipa. Encontrada em 1995, congelada a 6.312 metros de altura e a uma temperatura de 20° negativos, seu corpo em posição semi fetal e com as pernas flexionadas impressiona pelo alto grau de preservação. Na verdade não se trata de uma múmia, propriamente dita, já que não sofreu nenhum processo de embalsamento, tendo sido preservada apenas pelo gelo na montanha.

Foto de reprodução da Internet: Juanita

Havia lido bastante sobre a múmia e havia visto que a Juanita fica atualmente em um congelador com temperatura que chega aos 26º negativos em uma câmara especial para exibição. Mas quando cheguei no Museu minha surpresa desagradável foi que a múmia apenas fica exposta entre os meses de maio a dezembro, sendo retirada nos outros meses para estudos e conservação em laboratório. Ou seja, em pleno mês de março eu não poderia ver Juanita. A decepção foi tão grande que desisti de visitar o museu :-(

O museu que não visitamos

Mais adiante passamos pela Igreja e Convento de Santa Tereza, que não estava aberto para visitação.

 
Igreja e Convento de Santa Tereza
 
Convento: pátio de entrada


Uma das maiores atrações da cidade de Arequipa é o Famoso Monasterio de Santa Catalina, um grande complexo religioso com claustros, ruas e praças internas aos muros. Uma verdadeira cidade dentro de Arequipa e que pode ser visitado diariamente até as 17h (S/. 35,00 por pessoa), mas na entrada a menina na recepção explica que existe um projeto em andamento e que as quintas-feiras a visitação pode ser feita até as 20h em um passeio noturno pelo lugar.

 
Entrada do Monastério
 
Monastério de Santa Catalina


Como eu havia explicado anteriormente, tivemos problemas para recarregar a bateria da máquina fotográfica e a máquina reserva já estava nas últimas forças também, portanto, deveríamos recarrega-las para a visita e resolvemos voltar depois, aproveitando a visita noturna. Voltamos ao hostel que ficava próximo ao Monastério.

 
Ruas de Arequipa: Muro do Monastério ao fundo

Como a tomada do quarto não funcionava teríamos que ficar vigiando a máquina nas áreas comuns enquanto carregavam, então nos revesamos e enquanto um tomava banho o outro vigiava a área da cozinha no terraço, onde eu conectei o carregador. O tempo passava rapidamente e o fim de tarde se aproximava.

 
Fim do dia

Em algum momento um rapaz de aparência, no mínimo, duvidosa se aproximou sorrateiro e ficou vigiando a máquina que estava carregando. Eu rapidamente me aproximei com medo de que ele a agarrasse e corresse sumindo pelo labirinto que era o hostel. Ele me encarava e olhava a máquina e disfarçou abrindo portas de armários na cozinha, sem pegar nada. Sentei no banco diante da máquina e ele finalmemte se foi (olhando para trás sempre enquanto descia as escadas). Não gostei nada da experiência e nesta hora percebi que não conseguiria voltar ao Monastério, pois tinha que carregar duas máquinas, já que no dia seguinte estaríamos fora o dia todo e dormiríamos num ônibus. Sentei e pude apreciar o pôr-do-sol do terraço.

 
Pôr-do-sol no terraço do hostel

Quando as máquinas estavam totalmente carregadas já passavam das 20h e nossa visita ao Monastério estava perdida. Descemos e fomos jantar. Existem diversas boas opções gastronômicas na cidade, muitas nas ruas ao redor da Praça de Armas e paramos em uma pizzaria bem aconchegante: Mirador Misti (Pasaje Catedral, 111).

 
Luz de velas no Mirador Misti Restaurante

Pode-se sentar no terraço, como quase em todos os lugares de Arequipa, mas se não vimos o Misti de dia não seria a noite que conseguiríamos. Fomos muito bem servidos a luz de velas e a pizza estava ótima. Super recomendo o lugar.

 
Ótimo lugar

Saindo do restaurante uma última olhada na Plaza de Armas iluminada na noite. Voltamos para o hostel direto para dormir, pois iríamos acordar as 2h30min da madrugada para o tour do Canyon Del Colca. Estava terminada nossa visita a cidade de Arequipa e no fim admito que esperava mais deste dia, pois minha expectativa era imensa mas não consegui ver os principais pontos turísticos: As nuvens esconderam os vulcões, a múmia Juanita estava ausente e o monastério acabou ficando fora do roteiro por conta do imprevisto com as máquinas fotográficas.

Praça de Armas iluminada



Gastos para 2 pessoas em 13/03/2014:

- City Tour em Arequipa: S./ 50,00
- Convento de São Francisco: S./ 10,00
- Almoço: S./ 8,40
- Água: S./ 2,00
- Canyon Del Colca (1 dia): S./ 120,00
- Hostel (2 noites): S./ 90,00
- Jantar (pizza): S./ 25,00

Câmbio em Arequipa: U$ 1,00 = S./ 2,78