quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Batalha e Coimbra


Depois de metade de um dia em Fátima, seguimos para Batalha, uma vila portuguesa no distrito de Leiria e conhecida pela bonito Mosteiro de Nossa Senhora da Vitória.
Abadia de Nossa Senhora da Vitória na cidade de Batalha
O mosteiro foi erguido em agradecimento a um suposto auxilio divino na vitória da Batalha de Aljubarrota, que ocorreu no ano de 1385. A vitória na famosa batalha fez com que D. João I se torna-se o primeiro Rei da Dinastia de Avis em Portugal.
O impressionante mosteiro erguido em agradecimento a uma vitória em batalha
Erguido entre 1386 e 1571 a Abadia é uma obra prima da arquitetura gótica portuguesa e considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
Detalhe de um gárgula na fachada
Antes de entrar no Mosteiro é inevitável apreciar os detalhes externos da construção. Logo no portal de entrada pode-se ver a decoração com estátuas dos apóstolos. Por dentro o interior impressiona pela grandeza.
Portal de entrada

Os apóstolos esculpidos junto ao portal

O grandioso interior da igreja


Detalhe dos vitrais em torno do altar
Junto a entrada está a Capela do Fundador, onde estão os túmulos do Rei João I e de sua esposa Filipa de Lancaster, rodeados pelos sepulcros de seus quatro filhos.
Túmulos na Capela do Fundador
O Claustro Real apresenta bonitos arcos góticos que rodeiam um jardim interno e onde está um grande lavabo de 1450. O lavatório diante do refeitório servia para que se lavasse as mãos antes e depois das refeições.
Arquitetura interna da abadia

Aline e eu no jardim interno

Corredor do Claustro ao redor dos jardins

Lavatório diante do refeitório dos monges
No segundo andar caixas de som entoam cantos gregorianos que trazem uma grande paz para nós, fazendo com que se tenha a impressão de estar em um monastério ainda em uso com as vozes dos monges ao fundo.

O jardim interno visto do segundo andar
Na Casa Paroquial estão enterrados dois soldados desconhecidos da Primeira Guerra Mundial junto a uma imagem de Cristo que restou de um bombardeamento na França durante a guerra. Uma lamparina queima azeite português no lampadário “Chama da Pátria” que é uma obra de arte de Antônio Gonçalves. A sala é guardada por dois soldados durante todo o tempo.
Monumento ao soldados desconhecidos da Primeira Guerra Mundial

Chamas da Pátria guardada por soldados
Para finalizar encontramos as chamadas “Capelas Inacabadas” que abrigariam o Panteão de Dom Duarte, mas que nunca foram concluídas. A grande capela octogonal nunca recebeu a abóbada superior que concluiria a obra, mas pode-se ver em detalhes a riqueza da construção.
Capelas Inacabadas

Detalhe da coluna que deveria receber a cúpula do telhado
Apesar de nuca terem sido concluídas as capelas receberam os túmulos de D. Duarte e de sua esposa, a Rainha Leonor de Aragão, além do túmulo do Infante D. João, filho primogênito de D. Afonso V.
Capelas nunca foram concluídas

Túmulos do Rei D. Duarte e de sua esposa a Rainha Leonor
Era o fim da nossa visita a Batalha e não há muito mais o que ver por lá além da Abadia. Caminhamos rapidamente pela cidadezinha até o carro e seguimos em direção a Coimbra, caminho de volta à Aveiro, onde eu iria encontrar um primo que não conhecia. No caminho ainda pudemos ver o Castelo de Leiria pela janela do carro em meio a paisagem da estrada.
Cidade de Batalha

Igreja Matriz da Exaltação da Santa Cruz em Batalha

Castelo de Leiria visto da estrada para Coimbra
Chegamos em Coimbra já no fim do dia, depois de visitar Fátima e Batalha, portanto não poderia conhecer a cidade como eu queria. Meu objetivo era, na verdade, conhecer um primo distante que mora na cidade, pois resgatar alguns laços familiares e conhecer as terras de onde saíram nossos antepassados era um dos objetivos de ir a Portugal.
 
Largo da Portagem em Coimbra

Um pouco de Coimbra

Coimbra já foi a capital do país e lá nasceram seis reis portugueses, mas hoje uma das maiores atrações, em termos de importância, está na mais antiga Universidade de Portugal que tem sua sede na cidade.
Tivemos que escolher uma só atração na cidade e optamos pela famosa Universidade de Coimbra. Caminhamos pelos prédios diante da Faculdade de Letras e cruzamos a Porta Férrea até o pátio onde está um dos símbolos do lugar: O Campanário.
Fachada da Faculdade de Letras

Universidade de Coimbra
O Campanário da Universidade de Coimbra
Deste ponto é possível ver a cidade de cima com o Rio Mondego cortando-a abaixo. Estão ali o prédio da biblioteca e a Capela de São Miguel, onde no dia estava acontecendo o concerto de uma pianista brasileira.
Rio Mondego que divide a cidade

A Via Latina: Caminho com colunas

Biblioteca
Encontrei meus primos e ficamos papeando um pouco até o sol se pôr em um espetáculo a parte.
Nosso encontro na Universidade


No fim do dia descemos rumo a cidade baixa e seguimos para o centro onde comemos em uma cafeteria local. Infelizmente não conheci grande parte da cidade incluindo a Igreja da Sé, o famoso Convento de Santa Clara (onde foram criados os pastéis de mesmo nome) e a cidade em miniatura conhecida como “Portugal dos Pequenitos” que apresenta diversas construções de Portugal, Angola, Moçambique, Índia e Brasil em miniatura.
Antigo aqueduto de Coimbra

Parque Manuel Braga na cidade baixa
Já de noite retornamos para o carro e no caminho passamos pelo Arco do Comércio na praça e pela Igreja de São Tiago já com a cidade vazia. Era nossa despedida da rápida visita a Coimbra.
Igreja de São Tiago

Igreja de São Bartolomeu
Não posso falar muito da cidade e nem digo que a conheci, mas sugiro que quem estiver planejando ir a Portugal não deixe de conhecer Coimbra. Não creio que seja necessário mais de um dia na cidade que pode ser uma boa opção de parada para dormir entre o sul e o norte do país.
Praça do Comércio a noite
Gastos para 2 pessoas em Março de 2015:
- Entrada no Mosteiro da Batalha: € 12,00
- Lanche em Coimbra: € 9,40

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Fátima


Deixamos Albergaria-a-Velha em direção a Fátima. Normalmente se pode conhecer a cidade a partir de Lisboa em tours que oferecem Fátima junto a Óbidos e Cascais, mas nós visitamos as outras duas por nossa conta (como eu já contei aqui antes) e fizemos nossa visita a cidade, hoje sagrada, de carro (carona nata 10 da minha tia que hoje mora em Portugal).

 
Santuário de Fátima

O grande Santuário de Fátima recebe milhares de peregrinos todo ano e por isso a Basílica e sua torre com 65 metros de altura, rodeada por um corredor com imagens de santos, fica em uma colossal praça que é duas vezes maior do que a Praça de São Pedro, em Roma.

 
O Santuário rodeado por um corredor com imagens de santos

Detalhe das pinturas do corredor


No dia 13 de maio de 1917 a pastorinha Lúcia Santos, então com 10 anos de idade, e seus dois primos mais novos, Jacinta e Francisco, caminhavam pelo local conhecido como “Cova da Iria” quando viram uma luz brilhante sobre um pequeno azinheiro e foram agraciados com uma aparição de Nossa Senhora. Ela lhes pediu que voltassem ao mesmo lugar no mesmo dia de cada mês pelos próximos seis meses e no dia 13 de outubro daquele ano uma multidão de mais de 70.000 peregrinos esperava ansiosa a última aparição.

 
Imagens em homenagem a Jacinta e Francisco

Apesar da multidão reunida, apenas os pastores viram a aparição e apenas Lúcia ouviu Nossa Senhora que revelou um segredo, que ficou conhecido como o “Segredo de Fátima” e foi revelado em 3 partes nos anos que se seguiram. Neste dia os pastores pediram um sinal para que todos os presentes acreditassem na aparição e houve o chamado “milagre do sol” onde o sol bailou pelo céu diante de todos, incluindo repórteres que noticiaram tudo nos jornais do dia seguinte, fazendo com que muitos acreditassem em uma alucinação coletiva e muitos e muitos mais acreditassem na aparição de Nossa Senhora de Fátima.

 
A área conhecida como Cova da Iria, hoje uma grande praça com o santuário

Ao lado do arbusto foi erguido um pequeno santuário que está no mesmo lugar até os dias de hoje. Uma cobertura foi erguida sobre o santuário e bancos foram adicionados ao redor, fazendo com que o lugar virasse uma capela onde os fiéis e peregrinos acendem velas e fazem pedidos. No interior da Capela das Aparições a coroa da virgem guarda a bala do atentado contra a vida do Papa João Paulo II em 1981

Capela das Aparições com a cobertura atual

A Capela original, rodeada pela capela atual com a imagem da Virgem

Ao lado da Capela das Aparições o pequeno azinheiro sobre o qual Nossa Senhora apareceu aos pastorinhos ainda está lá até os dias atuais. Claro que deixou de ser um arbusto e virou uma grande árvore nestes quase 100 anos que se passaram.

Azinheiro onde Nossa Senhora apareceu ao pastores ao lado da Capela das Aparições

Seguindo para a Basílica, que começou a ser construída em 1928, descobrimos que a igreja estava fechada para restauração, por conta do centenário das aparições. Apesar de ainda faltar dois anos para a comemoração, quando estivemos lá, não era possível visitar o interior do templo como um todo.

 
Diante da Basílica foi montado um altar para missas campais

Dentro da igreja estão os túmulos dos pastorinhos e apesar do templo fechado era possível caminhar apenas até o lugar de descanso eterno deles. Jacinta e Francisco faleceram ainda jovens, enquanto Lúcia se tornou freira e faleceu no ano de 2005, aos 98 anos de idade.

 
Túmulo de Francisco

Túmulos de Jacinta e Lúcia


No outro extremo da praça foi erguida a Basílica da Santíssima Trindade. Com 40.000m² e mais de 8.000 lugares para se sentar a basílica nova é o quarto maior templo católico do mundo em capacidade de comportar fiéis.

 
A nova Basílica da Santíssima Trindade

Em formato redondo com 12 portas laterais (dedicadas aos apóstolos) e 1 grande porta central (dedicada a Cristo) o templo foi pago por doações de fiéis ao longo de anos e inaugurado em 2007. No interior a decoração é inspirada em arte bizantina.

O moderno e bonito interior da Basílica Nova

Nos arredores do santuário existe um tipo de “camelódromo” chamado de shopping por lá, mas que nada mais é do que dezenas de barracas vendendo todo tipo de lembrança do lugar. Ao lado grandes lojas complementam o cenário com ondas de turistas circulando entre tudo isso.

 
Imagem do Papa João Paulo II diante do novo templo

Uma última lembrança do Santuário é um pedaço do Muro de Berlim que foi trazido para este ponto em 1994. O bloco do muro é um símbolo da paz e pesa 2.600 quilos, mede 3,60 metros de altura e 1,20 metros de largura.

 
Pedaço do Muro de Berlim exposto

Deixando a esplanada das aparições na Cova da Iria seguimos de carro em direção ao local onde viveram os pastorinhos e de onde eles caminhavam por entre plantações e pastos até o azinheiro das aparições. Nas rotatórias de Fátima é possível ver esculturas em homenagens aos fiéis que caminham de toda Europa para este ponto em romaria.

Escultura em homenagem aos peregrinos

Seguindo em direção a Aldeia de Alustriel, logo chegamos a casa de Jacinto e Francisca que ainda pertence a família e está aberto a visitação. A casa preserva em seus cômodos os móveis originais utilizados pelos beatos e pode-se ver, por exemplo, a cama onde Jacinto faleceu.

 
Fachada da casa de Jacinto e Francisca

Fomos recebidos por uma parente das crianças e que nos mostra com orgulho uma foto de família da época das aparições onde ela estava junto aos três pastorinhos e seus familiares reunidos.

 
Aline e eu tiramos uma foto com a parente das crianças

Na casa são vendidos diversas lembranças de Fátima e das crianças e aparições, aproveitei para comprar um livro escrito por Irmã Lúcia sobre o tema.

 
Cama onde Francisco faleceu

Do lado de fora esta ainda preservado o famoso muro de pedras onde foi tirada a foto das crianças após terem tido a visão do inferno.

 
A famosa foto das crianças diante do muro

Aline e eu no mesmo lugar onde a foto das crianças foi tirada: O muro continua intacto


Mais a frente, em Valinhos, está a casa de Lúcia, local onde a irmã morou por muitos anos. O lugar também é aberto a visitação e pode-se ver os móveis originais e se ter uma noção de como era a vida da família naquela época, a exemplo do que se pode ver na casa dos outros pastorinhos.

 
Casa de Lúcia

Interior da casa


Nos jardins da casa está o poço onde o Anjo da Paz apareceu aos pastorinhos pela segunda vez, no verão de 1916.

 
Poço do Arneiro: Local da aparição do Anjo da Paz

Era o fim de nossa visita a Fátima e posso afirmar que foi um dos pontos altos de nossa viagem. O lugar respira a paz e conhecer a simpática parente dos pastorinhos na Casa de Jacinto e Francisca foi mega agradável.




Passamos apenas metade de um dia em Fátima e não tivemos gastos a não ser pequenas lembranças. Depois seguimos para Batalha e Coimbra onde eu iria encontrar um primo, mas deixo essa parte do dia para o próximo post.