terça-feira, 30 de agosto de 2016

São João Del Rei /MG

Cortada pelo Rio das Mortes, São João Del Rei mistura a modernidade de uma cidade grande com a história da preservação das tradições do interior de Minas Gerais.


Passamos apenas um dia na cidade e achamos o ideal... Fizemos o percurso de trem vindos de Tiradentes e para lá voltamos depois, da mesma forma. O passeio de Maria fumaça é bem agradável e vale conferir a viagem.

Trem vindo de Tiradentes chegando na Estação de São João Del Rei

Aline e eu no antigo vagão


Cultura

Na estação de trem está o Museu Ferroviário, a primeira atração cultural para quem chega na cidade, que mantém em exposição equipamentos da extinta Ferrovia Oeste de Minas (F.O.M.). A própria estação é uma joia cultural já que está em operação a 120 anos, sendo a única no Brasil em funcionamento ininterrupto por tanto tempo.

Estação e Museu Ferroviário de São João Del Rei

Exposição de vagão e locomotiva da antiga F.O.M.

Além de diversos itens que mostram a história das locomotivas no sistema ferroviário no país está a própria Locomotiva nº01, fabricada em 1880 e que trouxe D. Pedro II e sua comitiva a São João Del Rei em 1881 para inauguração da ferrovia.

A famosa Locomotiva nº 01 que conduziu Dom Pedro II e sua comitiva na inauguração da ferrovia

Vagão restaurante e cenário de fotos a carácter na estação

São João Del Rei foi a cidade onde nasceu e morou Tancredo Neves e também guarda seu túmulo. O casarão onde funciona o Memorial em seu nome conta com fotos, cartas e demais documentos que envolvem o ex-presidente e reproduz o escritório de Tancredo com o mobiliário original.

Memorial Tancredo Neves

No Largo do rosário, próximo a igreja de mesmo nome, está o Solar dos Neves, o casarão onde Tancredo morou até o ano de sua morte.

Solar dos Neves no Largo do Rosário

Tancredo Neves morreu após se eleger presidente do Brasil, mas antes de assumir o cargo e seu túmulo está no Cemitério da Venerável Ordem Terceira de São Francisco, atrás da Igreja de São Francisco de Assis e pode ser visitado livremente. Apesar de no Brasil não se ter muito o hábito de visitar os locais de descanso final de pessoas importantes historicamente, não é algo mórbido (ou é?)...

Cemitério da Venerável Ordem Terceira de São Francisco

Túmulo de Tancredo

O Museu Regional ocupa um casarão na Praça da Rua Marechal Deodoro e mantém um rico acervo dos séculos XVIII e XIX que conta um pouco da história da cidade e de seu modo de vida no passado.


Museu regional de São João del rei

Diante do rio das Mortes está o bonito prédio do Teatro Municipal, construído no século XIX, que apresenta espetáculos variados.

Teatro Municipal


Igrejas

Com uma fachada projetada por Aleijadinho a Igreja Catedral de São Francisco de Assis é um dos símbolos da cidade. No seu interior chama a atenção o lustre de cristais Baccarat que é um dos dois únicos que existem neste estilo, estando o outro em Paris.

Igreja de São Francisco de Assis


Estivemos por lá na época da Páscoa e pudemos ver os tapetes de sal e serragem sendo confeccionados para a Sexta-Feira Santa diante da igreja.
Tapetes de sal na entrada da igreja na Sexta-Feira Santa
 
Detalhe da arte com sal
A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar é a única da cidade que tem talha dourada no altar. A igreja tem sua importância na história da cidade já que foi neste lugar que foi erguida a capela original, em 1704, ao redor da qual cresceu São João Del Rei.

Igreja de Nossa Senhora do Pilar

Detalhe do altar com talha de madeira revestida de ouro

Um exemplo de obra de arte do rococó brasileiro a Igreja de Nossa Senhora do Carmo começou a ser construída em 1733, mas não possui muitos entalhes em ouro...

Igreja de Nossa Senhora do Carmo

Vale a pena subir as escadarias da Igreja de Nossa Senhora das Mercês que foi erguida em uma colina baixa na cidade. A construção original de 1751 já não existe mais, o que se tem agora é o templo erguido em 1877 com uma torre quadrangular fora da linha da fachada.

Igreja das Mercês no alto de uma pequena colina

Terminamos nosso passeio pelas igrejas históricas da cidade na Igreja do Rosário que foi erguida em 1719 e apesar de já ter sofrido muitas modificações arquitetônicas desde então, esta igreja é a mais antiga de São João Del Rei, pois nunca foi demolida e reconstruída como as demais igrejas históricas.

Igreja do Rosário: A mais antiga da cidade sem ser reconstruída


Fábricas de Itens de Estanho

A cidade tem uma vocação grande para obras em estanho, possuindo fábricas famosas de trabalho neste material. Visitamos uma fábrica e aprendemos um pouco sobre o metal, mas não compramos nada, pois afinal os preços são bem longe dos padrões mochileiros... rs

Visita em uma fábrica de estanho


Serra do Lenheiro

A cidade está próxima a Serra do Lenheiro e alguma agências oferecem passeios com trilhas pelo lugar. Infelizmente não fomos e não posso dizer se é bom, mas se você for volte aqui e conte se vale a pena. Tudo que sei é que em 40 minutos de caminhada se chega a pinturas rupestres da região.

Serra do Lenheiro: Foto de reprodução da internet

Pinturas rupestres: Foto de reprodução da Internet

Para finalizar lembro que passamos apenas um dia na cidade e isto que está descrito por aqui foi tudo que conseguimos ver por lá, mas acho que não há muito mais do que isto para ver, mas se você conhece bem a cidade e deixamos de ir em lugares que valem a visita, por favor deixe seu recado para que os nossos leitores possam ter a oportunidade de conhecer também ;-)

São João Del Rei foi onde nasceu Tiradentes


Dicas:

- São João Del Rei não é uma cidadezinha histórica típica que vive do turismo e sim uma cidade grande mineira que preserva sua história, não espere encontrar um centro histórico como em Ouro Preto ou Tiradentes;
- Vale ir visitar a cidade a partir de Tiradentes no passeio de trem, pois um dia na cidade é o suficiente para conhecer seus principais pontos;
- Se não quiser andar e estiver com pouco tempo (vindo de trem, por exemplo) pode contratar um guia com van para um passeio pela cidade, eles costumam “caçar” turistas junto a saída da estação de trem;
- Percorra a cidade com calma e deguste a culinária típica mineira.



quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Trilhas da Serra de São José - Tiradentes/ MG

Tiradentes reserva algumas surpresas para quem está disposto a sair do pacote básico da cidade histórica e virar sua atenção para a Serra de São José atrás das ruas e casas.

Alto da Serra de São José em Minas Gerais


Trilha do Carteiro

A trilha mais conhecida da região é a chamada “Trilha do Carteiro” que é oferecida pelas agências de eco turismo da cidade, mas que pode ser feita sem guia, já que está bem sinalizada.

A Calçada dos Escravos está na Trilha do Carteiro
Para se chegar na trilha, saindo do Largo das Forras ou da Rodoviária, siga pela Rua Nicolau Panzera, passando diante da colina onde está a Igreja de São Francisco de Paula, seguindo até a bifurcação com a Rua Padroeiro santo Antônio. Neste ponto tome o caminho da direita e siga em frente sempre! O início da trilha fica no bairro Cascalho.

Início da Trilha do Carteiro

Logo no início da trilha um rio com águas avermelhadas guarda pequenas piscinas naturais, mas deixe para tomar um banho na volta ;-)



A trilha é bem demarcada e de nível de dificuldade fácil, mas o início já guarda uma subida que leva até um pequeno mirante na mata de onde se pode ver a cidade de Tiradentes ficando pequena mais abaixo.

Tiradentes vista da encosta da Serra de São José durante a Trilha do Carteiro

A caminhada varia sobre pedra e terra e o percurso facilmente visível e delimitado desaparece junto a uma cerca de arame farpado. Estávamos entrando em uma área de fazenda, mas nada difícil... caminhamos pelo pasto e logo entramos na mata mais a frente. Estávamos alcançando os 1000 metros de altitude em relação ao nível do mar.


A trilha tem um desnível de menos de 300 metros entre seu início e fim e depois de caminhar aproximadamente 1 Km encontramos a Calçada dos Escravos. O trecho ainda coberto de pedras em meio a mata foi construído pelos escravos no século XVIII para abrir o caminho entre Tiradentes (na época Vila de São José) até as cidades a norte da montanha, de forma a ajudar a escoar o ouro da região e facilitar o transporte de alimentos.

Calçada dos Escravos

Subindo pelo caminho dos escravos se chega ao topo da serra de São José de onde se pode ver os dois lados com a cidade de Tiradentes bem abaixo.


A vista do topo da serra é linda e ficamos ali um tempo admirando a paisagem. O percurso todo durou cerca de 1h30min em um ritmo bom de caminhada.

A linda paisagem do topo da Serra de São José

Mas chegar até o topo é só a primeira parte do passeio, já que nosso objetivo final era encontrar as piscinas naturais no topo.


Para se chegar até lá cruze o alto da serra indo do lado de onde subiu e de onde se avista a cidade até o lado oposto. Procure uma trilha a direita depois que chegar diante da paisagem do lado oposto da serra.

Caminho no topo da Serra

Esse é o caminho que leva ao túmulo do carteiro e é o lugar que dá o nome a trilha. O caminho recebeu esse nome depois que um informante da inconfidência mineira que levava uma correspondência para o outro lado da serra foi morto em uma emboscada armada pelas tropas da Coroa Portuguesa no meio do caminho.

A Cruz do Carteiro

O corpo foi enterrado na margem da estrada de terra e uma cruz foi colocada no local para marcar o túmulo do carteiro. Reza a lenda que todos que passem por este caminho e avistem o cruzeiro depositem uma pedra para aliviar a alma do defunto. Fiz minha parte ;-)

Apoiando o costume de colocar uma pedra sobre o túmulo do carteiro

Após encontrar a Cruz do carteiro siga mais a frente por alguns metros e vai avistar finalmente as pequenas piscinas naturais com água avermelhada na cor de ferrugem.

Piscinas naturais são nascentes de águas no topo da Serra

Tomar banho nestas águas frias de nascentes naturais na montanha depois de tanto caminhar é relaxante. É o fim do caminho, depois é hora de voltar e descer...

Banho no topo da montanha


Trilha do Mangue

Além da trilha do Carteiro outros caminhos levam a verdadeiros paraísos na Serra atrás da cidade. Aconselho a Trilha do Mangue, que liga Tiradentes até o balneário de Águas Santas do outro lado da serra.


A trilha começa no final da Rua Frei Veloso, no Bairro do Pacu, passando por detrás da Igreja da santíssima Trindade, e seguindo em direção a Cachoeira do Bom Despacho.


A trilha margeia a Serra de São José e conduz a um vale entre a serra e o Morro de Santa Luzia, não estando bem sinalizada...

Trilha do Mangue

Com aproximadamente uma hora de caminhada se chega a cachoeira do Mangue que é bonita e tem um bom poço para banho.

Cachoeira do Mangue
Bom poço para banho na Cachoeira

Uma dica é subir pela trilha ao lado do poço, pois você irá encontrar outro poço na parte superior em meio a uma paisagem bucólica (me apaixonei pela paisagem e calma do lugar).

Paisagem em cima da cachoeira


Travessia Tiradentes x Águas Santas

As agência da cidade vendem pacotes de travessia até o balneário de águas santas, do outro lado da Serra de São José e não sei o percurso que fazem, vale a pena verificar, pois da última vez que estive por lá vi que subiam a trilha da serra de São José dobrando a esquerda lá em cima ao invés de dobrar em direção a cruz do carteiro e descendo pelo vale da cachoeira do mangue em um caminho que chega a ser percorrido em 5h e passa por cachoeiras.

Paisagem da Travessia

Quando estivemos por lá fizemos a trilha do mangue e depois seguimos na direção de Águas Santas ao invés de voltar pelo mesmo caminho, passando por um antigo muro de pedras que fazia parte da estrada dos escravos perto de onde o caminho desce da Serra (para quem faz o percurso subindo pela trilha do carteiro).

Antigo muro que teve sua construção por mãos escravas

Achei o caminho bem tranquilo, a não ser pela jararaca que estava descansando no meio da trilha e fez com que tivéssemos que nos atirar no mato para passar pelo trecho...

Surpresa no caminho: Jararaca!!!

Depois de pouco menos de 1h de caminhada, depois que deixamos a cachoeira, já é possível avistar o balneário de Águas Santas mais abaixo.

Águas Santas ao fundo da paisagem

Por fim encontramos um calçamento de pedras que demarca a antiga estrada de comércio percorrida pelos escravos e que conduz ao fim da trilha em Águas Santas.

Calçada de pedra construída na época da escravatura

Para quem quer relaxar mais o balneário possui piscinas com águas termais, mas me decepcionei, pois achava que eram piscinas naturais e na verdade são piscinas de um clube, mas tirando o visual as águas térmicas não são aquecidas artificialmente. Pode-se pagar para entrar no clube, mas não entramos e nem perguntei o valor...


Dicas:

- Não é necessário guia para percorrer a Trilha do Carteiro, mas você perderá um tempinho até achar o caminho no too da Serra de São José, depois de cruzar a calçada dos Escravos;
- Também não é necessário guia para a trilha da Cachoeira do Mangue. A trilha é fácil e pode ser percorrida por iniciantes em problemas;
- Para a travessia vale procurar uma agência, pois eles fazem o translado na volta e o caminho pela trilha do mangue não atravessa a Serra de São José, apenas margeando-a (foi o que fizemos).