1º Dia na Argentina (dia 20 do mochilão)
Acordamos e tomamos o desayuno no hotel e saímos para conhecer
Mendoza. Quando chegamos no centro (algumas quadras do hotel) um senhor nos
entrega um panfleto de pacotes turísticos pela região e resolvemos ir até a
agência para tentar algum passeio para o dia.
A mulher na agência da Wanka Viajes y Turismo nos oferece
algumas opções, entre elas o tour
“Alta Montanha” pelo Parque Provincial Aconcagua, mas como havíamos vido de
ônibus pela estrada do parque, não nos interessamos em voltar lá. Este passeio
faz o mesmo trajeto do ônibus que vem (ou vai) de Santiago, com a diferença de
que realiza paradas para fotos, indo até um mirante diante do Pico Aconcagua,
em um lago andino e na estátua do Cristo Redentor na divisa com o Chile. Mas é
um passeio que dura um dia todo e a maior parte dele será na estrada (que nós
já conhecíamos pela janela do ônibus).
Nos interessamos pelo pacote
com visitas a vinícolas da região de Lujan de Cuyo, na grande Mendoza e pelo
tour no Cañon Del Atuel na cidade de
San Rafael. O primeiro com duração de meio dia e o segundo com um dia todo fora
da cidade, mas como tínhamos um dia sobrando no planejamento por não ter ido a
La Serena (um dos dois dias já usado na viagem diurna entre Santiago e Mendoza),
resolvemos realizar os dois passeios, sendo o primeiro já neste dia.
O tour pelas vinícolas se
iniciava as 14h, então aproveitamos para um rápido passeio até o Parque Central,
uma grande área de lazer com bancos e espaço para recreação que fica a dez
quadras de distância da Plaza
Independencia (praça de armas). O parque é bom para quem quer caminhar ou
pedalar, mas é só isso...
Aline e eu no parque |
Lanchamos um salgado como almoço e seguimos para o hotel, onde as 14h uma van da
operadora turística foi nos buscar.
Conhecemos nosso guia e
motorista da van que nos levaria a Lujan de Cuyo. A viagem é relativamente
rápida e tranquila, no caminho o guia vai explicando que o passeio tem três
paradas, sendo a primeira em uma fábrica de azeite de oliva e as outras duas em
vinícolas, sendo uma artesanal e outra industrial.
Nossa primeira parada é na
fábrica de azeite de oliva PaSrai, na região de Maipú, que oferece visitas
guiadas bilíngue (espanhol/inglês) de segunda a sexta-feira de 10h a 12h30min e
de 15h a 18h30min.
No jardim da pequena fábrica
existem alguns exemplares de Oliveiras, usadas para a extração das sementes que
darão origem aos produtos.
Oliveira |
Quintal da PaSrai |
Somos apresentados a um guia
que nos conduz pela fábrica e explica que a PaSrai é uma empresa familiar
dedicada a produção de frutos secos e azeite de oliva extra virgem.
Visitamos as prensas e o guia
nos explica que o azeite de oliva é um óleo obtido com a prensagem, em
temperatura ambiente, das azeitonas.
Prensas |
Após extraído, o óleo das
azeitonas, fica em grandes tonéis metálicos por 2 meses e meio para a
decantação de resíduos.
Tivemos uma verdadeira aula
sobre o azeite e pudemos ver como se dá a extração dos diversos tipos O azeite
extra virgem é feito da primeira prensagem das azeitonas e possui menor acidez (máxima
de 1%), o que gera melhor qualidade e um sabor mais intenso.
Depois do tour pela fábrica
somos levados a uma sala, onde também funciona a loja de produtos. Nos é
oferecida uma degustação dos diversos tipos de azeite de oliva fabricados pela
PaSrai.
Loja de produtos e local da degustação |
Degustação de azeites |
Além dos produtos gourmet, a
empresa também fabrica diversos outros voltados para higiene e beleza, sempre a
partir do fruto da oliveira. É possível comprar sabonetes, óleos corporais,
entre outros. No fim Aline comprou apenas uma garrafa de azeite com sabor de
orégano, pelo qual ela se apaixonou.
Deixamos a fabrica e seguimos
para Lujan de Cuyo, um tipo de distrito dentro da grande Mendoza, onde se tem
diversas bodegas artesanais e industriais. Pelo caminho fomos conhecendo a
cidade pela janela da van e vendo os vinhedos na beira da estrada e ainda
fizemos uma pequena parada, não programada, para fotos.
Vinhedos em Luján de Cuyo |
Igreja de Luján de Cuyo |
Nossa próxima parada foi na
Bodega “Cavas de Don Arturo”, uma vinícola familiar de produção artesanal. Um
guia nos apresentou o local e explicou que a bodega produz somente quatro
variedades de vinho tinto: merlot, malbec, cabernet sauvignon e syrah.
Bodega Cavas de Don Arturo |
Visitamos os vinhedos
carregados de uvas, já que estávamos em pleno mês da colheita, que é feita
somente uma vez por ano, em março. O guia explica que durante esse período a
vinícola conta com 150 empregados, contra apenas nove no resto do ano e que dois
meses antes da colheita as uvas passam por um processo chamado “estresse
hídrico”, no qual ficam quase sem ser regadas até a colheita para melhorar a
qualidade e o sabor do vinho.
Vinhedos |
Uvas prontas para colheita |
O lugar é super simples e
pudemos ver todo o equipamento onde se dá o processo de fabricação dos vinhos e
os grandes armazéns de estocagem. Alguns vinhos passam também por barris de
madeira e podem ficar ali armazenados por até um ano (linha premium).
O guia conta que na vinícola
nada é desperdiçado já que as sementes que sobram da uva são vendidas à
fabricas de azeite que produzem o azeite de uva, típico da região. Já o
bagaço é vendido à industrias de bebidas e de cosméticos, que produzem
produtos à base de uva.
Era hora de provar os vinhos
fabricados na bodega e para acompanhar a degustação foram servidos pães e
azeite de uva. O guia explica que os vinhos “Cavas de Don Arturo” não são
vendidos em lojas convencionais, a vinícola vende somente para pessoas que
visitam o local e diretamente para consumo próprio de seus clientes.
A visitação durou
aproximadamente 1h30min e ao final fomos para a loja da vinícola, onde o
próprio dono nos apresentava os produtos, e ainda pudemos degustar um Cabernet
Sauvignon da linha premium. Acabamos
comprando uma garrafa de Syrah.
Deixamos a bodega artesanal e
voltamos para as ruas de Lujan de Cuyo com destino a próxima vinícola. Pelo
caminho diversos vinhedos confirmam a vocação do lugar para a atividade.
O guia nos mostra como funciona
a irrigação na região. Canais captam as águas provenientes de degelo na
Cordilheira dos Andes, abastecendo as vinícolas. Com a escassez de chuvas na
região, os canais não são capazes de atender a toda a demanda, sendo instituído
o “turno de água”, que é o tempo em que uma comporta fica aberta para irrigar
um trecho da cidade. Após o fim deste turno um fiscal do governo fecha
manualmente a drenagem e alinha a água para um turno de outra região, fazendo
com que cada vinícola tenha uma certa quantidade de água determinada pelo tempo
de cada turno. Os turnos são informados em placas e pudemos ver algumas delas
no Canal de Lunlunta.
A última parada do dia era para
conhecer uma vinícola industrial, a Bodega Florio, fundada em 1912 por um
imigrante italiano.
Somos apresentados a uma guia
local que nos recebe diante do casarão e explica que no passado o vinho era
armazenado em tonéis de 30 mil litros que eram feitos com madeira argentina.
Hoje servem somente para exposição, pois os barris atuais possuem capacidade de
300 litros e são feitos com madeira francesa, chegando a custar 800 euros.
Na Bodega Florio a colheita da
uva é feita em 2 épocas do ano: em janeiro quando a uva ainda está verde para a
produção e espumantes e em março quando a uva já está madura para produção de
vinhos.
Era hora de conhecer a fábrica
e a menina que nos guiava ia explicando que cada hectare plantado produz,
aproximadamente, 5 mil litros de vinho e que para a produção do vinho branco
utiliza-se somente o miolo da uva, enquanto para o vinho rose utiliza-se o
miolo e vestígios da casca. O vinho tinto é feito utilizando-se tanto o miolo
quanto a casca.
Todo o processo na Florio é
automatizado e existem grande tanques de aço inoxidável para os diversos tipos
de vinho, cada um com um tipo de controle quanto a temperatura e tempo de
guarda. Para melhorar a qualidade, do vinho ele é armazenado em barris de
madeira por até 1 ano e meio. Quanto mais tempo o vinho ficar armazenado nos
barris de madeira, maior será a sua qualidade.
Antes de ser esmagada e mandada
para fermentação, a uva tem suas sementes removidas. Após a fermentação o vinho
branco e o rose ficam 2 meses repousando e depois já podem ser engarrafados. Já
o vinho tinto fica por cerca de 10 dias sendo misturado com a própria casca e depois
2 meses repousando antes de ser engarrafado.
Depois de uma aula sobre o
vinho seguimos para a loja onde seria realizada a degustação. Fomos
apresentados a sete diferentes tipos de vinho fabricados na Florio e no fim
compramos mais uma garrafa.
Degustação de muitos vinhos |
Era o fim do nosso tour e
voltamos para o centro de Mendoza. A van nos deixou na Plaza de Armas já a
noite e fomos buscar algum lugar para jantar. Não lembro o nome do restaurante
em que comemos, mas não foi nenhuma ótima opção, na verdade era um restaurante
bem comum, que como todo restaurante argentino servia, basicamente, carne com
batata. Depois voltamos ao hotel, pois no dia seguinte teríamos que levantar
bem cedo para ir até a cidade de San Rafael visitar o Cañon Del Atuel.
Gastos
para 2 pessoas em 26/03/2014:
- Passeio pelas vinícolas: A$ 240,00
- Almoço: A$ 64,00
- Compra de azeite PaRsai: A$ 45,00
- Compra de vinho em Luján de Cuyo: A$ 160,00
- Jantar: A$ 200,00
- Hotel em Mendoza (Wine Aparts) A$ 340,00
Câmbio em Mendoza: U$ 1,00 em A$
12,00
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