terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Vinícolas em Luján de Cuyo (Mendoza)


1º Dia na Argentina (dia 20 do mochilão)

Acordamos e tomamos o desayuno no hotel e saímos para conhecer Mendoza. Quando chegamos no centro (algumas quadras do hotel) um senhor nos entrega um panfleto de pacotes turísticos pela região e resolvemos ir até a agência para tentar algum passeio para o dia.

A mulher na agência da Wanka Viajes y Turismo nos oferece algumas opções, entre elas o tour “Alta Montanha” pelo Parque Provincial Aconcagua, mas como havíamos vido de ônibus pela estrada do parque, não nos interessamos em voltar lá. Este passeio faz o mesmo trajeto do ônibus que vem (ou vai) de Santiago, com a diferença de que realiza paradas para fotos, indo até um mirante diante do Pico Aconcagua, em um lago andino e na estátua do Cristo Redentor na divisa com o Chile. Mas é um passeio que dura um dia todo e a maior parte dele será na estrada (que nós já conhecíamos pela janela do ônibus).

Nos interessamos pelo pacote com visitas a vinícolas da região de Lujan de Cuyo, na grande Mendoza e pelo tour no Cañon Del Atuel na cidade de San Rafael. O primeiro com duração de meio dia e o segundo com um dia todo fora da cidade, mas como tínhamos um dia sobrando no planejamento por não ter ido a La Serena (um dos dois dias já usado na viagem diurna entre Santiago e Mendoza), resolvemos realizar os dois passeios, sendo o primeiro já neste dia.

O tour pelas vinícolas se iniciava as 14h, então aproveitamos para um rápido passeio até o Parque Central, uma grande área de lazer com bancos e espaço para recreação que fica a dez quadras de distância da Plaza Independencia (praça de armas). O parque é bom para quem quer caminhar ou pedalar, mas é só isso...

 
Parque Central de Mendoza

Aline e eu no parque

Lanchamos um salgado como almoço e seguimos para o hotel, onde as 14h uma van da operadora turística foi nos buscar.

 
Mendoza

Conhecemos nosso guia e motorista da van que nos levaria a Lujan de Cuyo. A viagem é relativamente rápida e tranquila, no caminho o guia vai explicando que o passeio tem três paradas, sendo a primeira em uma fábrica de azeite de oliva e as outras duas em vinícolas, sendo uma artesanal e outra industrial.

Nossa primeira parada é na fábrica de azeite de oliva PaSrai, na região de Maipú, que oferece visitas guiadas bilíngue (espanhol/inglês) de segunda a sexta-feira de 10h a 12h30min e de 15h a 18h30min.

 
Fábrica de azeite de oliva

No jardim da pequena fábrica existem alguns exemplares de Oliveiras, usadas para a extração das sementes que darão origem aos produtos.

 
Oliveira
 
Quintal da PaSrai



Somos apresentados a um guia que nos conduz pela fábrica e explica que a PaSrai é uma empresa familiar dedicada a produção de frutos secos e azeite de oliva extra virgem.

 
Fábrica de azeite PaSrai

Visitamos as prensas e o guia nos explica que o azeite de oliva é um óleo obtido com a prensagem, em temperatura ambiente, das azeitonas.


Prensas
Após extraído, o óleo das azeitonas, fica em grandes tonéis metálicos por 2 meses e meio para a decantação de resíduos.

 
Tonéis metálicos para armazenar o azeite

Tivemos uma verdadeira aula sobre o azeite e pudemos ver como se dá a extração dos diversos tipos O azeite extra virgem é feito da primeira prensagem das azeitonas e possui menor acidez (máxima de 1%), o que gera melhor qualidade e um sabor mais intenso.

 
Instalações da fábrica

Depois do tour pela fábrica somos levados a uma sala, onde também funciona a loja de produtos. Nos é oferecida uma degustação dos diversos tipos de azeite de oliva fabricados pela PaSrai.


Loja de produtos e local da degustação


Degustação de azeites

Além dos produtos gourmet, a empresa também fabrica diversos outros voltados para higiene e beleza, sempre a partir do fruto da oliveira. É possível comprar sabonetes, óleos corporais, entre outros. No fim Aline comprou apenas uma garrafa de azeite com sabor de orégano, pelo qual ela se apaixonou.

 
Produtos corporais feitos a partir da azeitona

Deixamos a fabrica e seguimos para Lujan de Cuyo, um tipo de distrito dentro da grande Mendoza, onde se tem diversas bodegas artesanais e industriais. Pelo caminho fomos conhecendo a cidade pela janela da van e vendo os vinhedos na beira da estrada e ainda fizemos uma pequena parada, não programada, para fotos.

 
Vinhedos em Luján de Cuyo
 

Igreja de Luján de Cuyo



Nossa próxima parada foi na Bodega “Cavas de Don Arturo”, uma vinícola familiar de produção artesanal. Um guia nos apresentou o local e explicou que a bodega produz somente quatro variedades de vinho tinto: merlot, malbec, cabernet sauvignon e syrah.

 
Vinícola


Bodega Cavas de Don Arturo

Visitamos os vinhedos carregados de uvas, já que estávamos em pleno mês da colheita, que é feita somente uma vez por ano, em março. O guia explica que durante esse período a vinícola conta com 150 empregados, contra apenas nove no resto do ano e que dois meses antes da colheita as uvas passam por um processo chamado “estresse hídrico”, no qual ficam quase sem ser regadas até a colheita para melhorar a qualidade e o sabor do vinho.

 
Vinhedos
 

Uvas prontas para colheita



O lugar é super simples e pudemos ver todo o equipamento onde se dá o processo de fabricação dos vinhos e os grandes armazéns de estocagem. Alguns vinhos passam também por barris de madeira e podem ficar ali armazenados por até um ano (linha premium).

 
Sala Vendimia para onde se leva a uva após a colheita

O guia conta que na vinícola nada é desperdiçado já que as sementes que sobram da uva são vendidas à fabricas de azeite que produzem  o azeite de uva, típico da região. Já o bagaço é vendido à industrias de bebidas e de cosméticos, que  produzem produtos à base de uva.

 
Porta do tonel onde fica o vinho para fermentar

Era hora de provar os vinhos fabricados na bodega e para acompanhar a degustação foram servidos pães e azeite de uva. O guia explica que os vinhos “Cavas de Don Arturo” não são vendidos em lojas convencionais, a vinícola vende somente para pessoas que visitam o local e diretamente para consumo próprio de seus clientes.

 
Degustação de vinhos

A visitação durou aproximadamente 1h30min e ao final fomos para a loja da vinícola, onde o próprio dono nos apresentava os produtos, e ainda pudemos degustar um Cabernet Sauvignon da linha premium. Acabamos comprando uma garrafa de Syrah.

 
Loja da vinícola e mais degustação

Deixamos a bodega artesanal e voltamos para as ruas de Lujan de Cuyo com destino a próxima vinícola. Pelo caminho diversos vinhedos confirmam a vocação do lugar para a atividade.

 
Vinhedos esperando a colheita de março

O guia nos mostra como funciona a irrigação na região. Canais captam as águas provenientes de degelo na Cordilheira dos Andes, abastecendo as vinícolas. Com a escassez de chuvas na região, os canais não são capazes de atender a toda a demanda, sendo instituído o “turno de água”, que é o tempo em que uma comporta fica aberta para irrigar um trecho da cidade. Após o fim deste turno um fiscal do governo fecha manualmente a drenagem e alinha a água para um turno de outra região, fazendo com que cada vinícola tenha uma certa quantidade de água determinada pelo tempo de cada turno. Os turnos são informados em placas e pudemos ver algumas delas no Canal de Lunlunta.

 
Turno de água do canal de Lunlunta

A última parada do dia era para conhecer uma vinícola industrial, a Bodega Florio, fundada em 1912 por um imigrante italiano.

 
Bodega Florio: Vinícola industrial

Somos apresentados a uma guia local que nos recebe diante do casarão e explica que no passado o vinho era armazenado em tonéis de 30 mil litros que eram feitos com madeira argentina. Hoje servem somente para exposição, pois os barris atuais possuem capacidade de 300 litros e são feitos com madeira francesa, chegando a custar 800 euros.

 
Antigos barris de armazenamento de vinho

Na Bodega Florio a colheita da uva é feita em 2 épocas do ano: em janeiro quando a uva ainda está verde para a produção e espumantes e em março quando a uva já está madura para produção de vinhos.

 
Vinhedos da Florio

Era hora de conhecer a fábrica e a menina que nos guiava ia explicando que cada hectare plantado produz, aproximadamente, 5 mil litros de vinho e que para a produção do vinho branco utiliza-se somente o miolo da uva, enquanto para o vinho rose utiliza-se o miolo e vestígios da casca. O vinho tinto é feito utilizando-se tanto o miolo quanto a casca.

 
Pequeno laboratório na fábrica

Todo o processo na Florio é automatizado e existem grande tanques de aço inoxidável para os diversos tipos de vinho, cada um com um tipo de controle quanto a temperatura e tempo de guarda. Para melhorar a qualidade, do vinho ele é armazenado em barris de madeira por até 1 ano e meio. Quanto mais tempo o vinho ficar armazenado nos barris de madeira, maior será a sua qualidade.

 
Fábrica

Antes de ser esmagada e mandada para fermentação, a uva tem suas sementes removidas. Após a fermentação o vinho branco e o rose ficam 2 meses repousando e depois já podem ser engarrafados. Já o vinho tinto fica por cerca de 10 dias sendo misturado com a própria casca e depois 2 meses repousando antes de ser engarrafado.

 
Tanques de aço nas paredes e barris ao fundo

Depois de uma aula sobre o vinho seguimos para a loja onde seria realizada a degustação. Fomos apresentados a sete diferentes tipos de vinho fabricados na Florio e no fim compramos mais uma garrafa.

 
Loja da Bodega


Degustação de muitos vinhos

Era o fim do nosso tour e voltamos para o centro de Mendoza. A van nos deixou na Plaza de Armas já a noite e fomos buscar algum lugar para jantar. Não lembro o nome do restaurante em que comemos, mas não foi nenhuma ótima opção, na verdade era um restaurante bem comum, que como todo restaurante argentino servia, basicamente, carne com batata. Depois voltamos ao hotel, pois no dia seguinte teríamos que levantar bem cedo para ir até a cidade de San Rafael visitar o Cañon Del Atuel.

 
De volta a Mendoza

Gastos para 2 pessoas em 26/03/2014:

- Passeio pelas vinícolas: A$ 240,00
- Almoço: A$ 64,00
- Compra de azeite PaRsai: A$ 45,00
- Compra de vinho em Luján de Cuyo: A$ 160,00
- Jantar: A$ 200,00
- Hotel em Mendoza (Wine Aparts) A$ 340,00

Câmbio em Mendoza: U$ 1,00 em A$ 12,00

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