segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Cañon del Atuel


2º Dia na Argentina (dia 21 do mochilão)

Acordamos cedo e nos preparamos para o tour do Cañon del Atuel. Tomaríamos o desayuno no caminho, pois a van da Wanka Viajes y Turismo (Avenida San Martín, 1070) estava agendada para um horário anterior ao do serviço no hotel.

Por volta das 7h o guia da agência turística nos chamou no hotel. Embarcamos e seguimos na direção da cidade de San Rafael a sul de Mendoza. Dormi profundamente na van por uma hora, até que paramos em um café na beira da estrada para nosso desayuno. O lugar era bem agradável, mas estava muito cheio, comemos um misto quente, medialunas com doce de leite e chocolate quente... tudo muito bom!

 
Cordilheira dos Andes vista da estrada para San Rafael

Depois disso voltamos para a estrada que tem paisagens lindas, pois é paralela ao direcionamento da cadeia montanhosa da Cordilheira dos Andes. Pudemos apreciar os picos nevados que marcam os limites de Argentina e Chile e foi inevitável imaginar que havíamos cruzado aquelas montanhas de ônibus a tão pouco tempo.

 
O vulcão Maipo visto da estrada

Foram mais de três horas de viagem até a cidade de San Rafael, onde fizemos um rápido city tour pela janela da van (odeio isso!!!). O guia nos apresentava a cidade, mostrando praças, ruas e casas enquanto transitávamos.

 
Praça em San Rafael
 
Cidade de San Rafael


San Rafael é muito bonita, com ruas bem arborizadas e lindas praças, mas não é uma cidade turística e seus visitantes parecem de passagem com destino as diversas cidades pequeninas e atrações naturais nos arredores, incluindo o mesmo destino que nós, o Canyon.

 
Monumento visto da janela da van
 
A arborizada cidade de San Rafael


San Rafael é banhada pelos rios Diamante e Atuel, cujas nascentes ficam nas montanhas ao redor da cidade. Seguimos até o Vale Grande, a 37 Km de distância da cidade, por onde escoa o rio Atuel e canal de entrada do cânion. As paisagens na estrada são sempre lindas.

 
Praça em San Rafael
 
Estrada para o Cañon


Nossa primeira parada foi à beira do Rio Atuel no Vale Grande. O rio neste trecho tem águas bem calmas refletindo as cores das rochas e vegetação ao redor, ganhando os tons da natureza ao redor e marcando a paisagem bucólica de forma extraordinária.

 
O Rio Atuel no Vale Grande
 

Paisagem que parece uma pintura


O guia nos explica que o rio está muito abaixo de sua vazão normal neste ano (março de 2014) e que este local normalmente é usado para pratica de rafiting, sendo o solo em que pisamos o leito do rio exposto devido a seca que atinge a região.


O rio refletindo a natureza ao seu redor

Rio Atuel muito abaixo de sua vazão normal mostrando o leito seco em alguns pontos
O Atuel escavou o vale nas rochas através da erosão ao longo de milhares de anos e hoje é possível ver o perfil do solo nas diversas fases da montanha marcando anos e anos de história geológica.

 
O perfil de solo mostra o caminho do Rio Atuel ao longo de milhares de anos
 
Detalhe das montanhas e seus diferentes tipos de solo


Voltamos para a van e subimos as montanhas em direção ao Cañon Del Atuel. As paisagens entre o Vale Grande e o Cânion já compensam as mais de três horas de viagem que fizemos. É possível ver a estrada entre as montanhas e rochas com formações espetaculares.

 
Valle Grande e a estrada

O guia explica que a região tem duas grandes funções, o turismo e a geração de energia elétrica. Grandes barragens hidroelétricas formaram lagos no vale e no cânion e com isso é possível banhar-se nos lagos artificiais e praticar turismo de aventura na região também, como rafting, caiaque, canoagem, cavalgadas, rapel, escalada, tirolesa, caminhadas, parapente, windsurf, jet ski entre outros. O complexo hidroelétrico Los Nihuiles possui quatro grandes barragens para geração de energia na região, sendo a última a formadora do lago do Valle Grande e local que concentra a maior parte de atividades turísticas.

 
Esquema do Complexo Hidroelétrico

Da estrada é possível ver o Cânion trazendo o Rio Atuel até o imenso lago formado pelo Dique El Nihuil nº 4, marcado por águas de cor verde-esverdeada em meio a paisagem montanhosa.

 
O grande lago e o Cânion com o Rio Atuel na margem oposta

No topo da montanha que forma a margem do lago no Vale Grande é possível admirar a paisagem toda. No meio do lago está uma formação rochosa que teve sua maior parte submersa pelas águas quando o vale se encheu para ser reservatório hidroelétrico, o guia a chama de “submarino”, pois a forma das rochas em meio ao lago lembra um submarino emergindo.

 
O grande lago de El Nihuil com nível de água mais baixo que o normal
 
Submarino


Ficamos pouco tempo parados no Valle Grande, mas aproveitamos o guia para uma foto nossa juntos no topo do vale com o “submarino” ao fundo. Deste ponto seguiríamos montanha acima para conhecer o vale e o cânion e depois voltaríamos ao lago para navegar com um catamarã.

 
Uma foto nossa para variar um pouco...

Seguimos a Estrada Provincial 173 pelo Cañon Del Atuel passando por paisagens montanhosas e, em determinado momento, por paisagem árida de vegetação rasteira, típica de altitudes.

 
O lindo Vale que a estrada corta
 
Em meio as montanhas

A estrada no topo das montanhas


Nossa próxima parada foi em um famoso lugar do cânion conhecido como “Museu de Cera”, onde a rocha foi esculpida por milhões de anos pelo vento e pelas chuvas formando estranhas “esculturas” que podem ser semelhantes a figuras conhecidas e por isso ganhando este nome.

 
Museu de Cera do Atuel

Aline e as figuras de pedra

Admito que foi muito difícil ver alguma forma conhecida nas rochas, mais fácil ver figuras nas nuvens do que nas pedras daquela montanha, mas com o guia apontando até que se consegue visualizar algumas figuras nas rochas. Lembro bem de ter visto alguns contornos na montanha no dia, mas hoje quando vejo as fotos não reconheço nenhuma figura... rs

 
Escultura de pedra
 
Mais fácil ver figuras nas nuvens do que o rosto nesta foto

Tenho certeza que havia uma figura aí quando fotografei


Uma figura se destaca é a chamada “Poltrona Rivadavia”, fácil de se ver por estar mais isolada e com uma cor branca que se destaca na paisagem ao redor.

 
Poltrona Rivadavia

De volta à estrada passamos por um bosque de coníferas em um vale rochoso que se formou depois de erupções vulcânicas a milhares de anos atrás.




Outra grande atração na região do cânion, e também de formação vulcânica, são Los Monjes esculpidos nas pedras pelo processo de erosão. De longe parece realmente um grupo de monges de capuzes andando em grupo em meio as rochas.

Los Monjes

Rochas que parecem monges
 
 
 

Ao longo da estrada de terra podemos ver outras curiosas formações rochosas que se vistas de determinados ângulos nos remetem a figuras humanas ou por nós conhecidas, entre elas “O Velho” e “O Mendigo”. O primeiro uma rocha com de barro que se assemelha a uma figura humana de corpo curvado carregando um saco nas costas e o segundo uma rocha que lembra bem um rosto e outra rocha abaixo na forma de uma mão estendida.

 
Rocha que lembra um velho curvado de cabeça baixa carregando um saco
 

O "Mendigo" pedindo esmola: Rosto de pedra e mão estendida



Era hora de voltar ao Valle Grande. O Cañon Del Atuel possui 67 Km de extensão e ficamos algumas horas passeando de van por ele, principalmente porque subimos todo o cânion para ver as figuras nas rochas e depois voltamos pelo mesmo caminho em direção a barragem El Nihuil nº 4.

 
Barragem hidroelétrica El Nihuil 4

Passamos pela área da hidroelétrica operada pela empresa Hinisa e pudemos ver suas instalações e redes de distribuição.

 
Instalações da Hinisa
 
Hidroelétrica


Junto da barragem está nosso destino final, um tipo de base para se explorar a área do cânion. No lugar existe um restaurante (com preços bem salgados) e algumas agências que oferecem turismo de aventura pela região. O lugar estava bem vazio, pois a seca na região e o baixo nível do Rio Atuel impossibilitava muitos pacotes de turismo que dependiam das águas. Apenas o Grande lago do vale tinha água.

 
Instalações da agência turística junto ao lago

Neste ponto tem-se três opções e nenhuma delas está inclusa no valor do passeio que havíamos pago na agência: 1- Almoçar; 2- Fazer Rappel e Tirolesa sobre o lago; 3- Fazer um passeio de barco até o cânion. Qualquer que fosse nossa opção teríamos o tempo de 1h30min.


Algumas pessoas no grupo foram almoçar, poucos foram para a tirolesa e rappel e a maioria foi para o barco. Também nós resolvemos ir no passeio navegando pelo cânion, mas antes entramos em um tipo de loja de conveniência ao lado do restaurante para comprar alguma coisa para comer. Biscoitos salgados e doces e refrigerante foi nosso almoço que lavamos para o barco.

 
Diante do Valle Grande

Descemos por uma trilha na encosta até o barco da empresa “Portal Del Atuel” que opera diversas atividades no lago. O barco, na verdade uma balsa, é bem grande e simples e nos levaria até o interior do cânion navegando pelo Rio Atuel.

 
Catamarã da operadora turística
 
Interior do catamarã


No interior recebemos coletes salva-vidas de uso obrigatório para todos os tripulantes e nos sentamos para “almoçar” nosso lanche enquanto navegávamos, passando diante da barragem da hidroelétrica que forma o lago.

 
Aline e os coletes
 
Barragem El Nihuil 4


São aproximadamente vinte minutos navegando e no caminho podemos ver a marca branca nas rochas que marcam o nível normal de água e podemos ver com clareza quanto mais vazio está o reservatório devido a seca na região.

 
A marca na pedra aponta o nível normal do lago
 
Paisagem pela janela do barco e a marca da água na pedra


Podemos ver pessoas praticando canoagem e as “praias” do lago que surgiram na margem oposta devido ao baixo nível do espelho d’água.

 
Canoagem no lago com menos água
 
Praia que surgiu com o rebaixamento do reservatório


Aos poucos vão se erguendo os paredões de rocha ao nosso redor e quando percebemos já estávamos dentro do Cañon Del Atuel.

 
Entrando no cânion
 

O guia no barco explica que devido a baixa vazão do rio não poderemos navegar muito para dentro do cânion (que pena) e logo paramos entre as rochas. O lugar é incrível e parece que estávamos em outro mundo, pois todo o barulho e movimento desapareceram. O silêncio e a calma do lugar tomaram conta do barco até que o guia desafia alguém a um mergulho nas águas do Atuel.

 
Cañon del Atuel

Apesar do dia ensolarado as águas são muito geladas e batia um ventinho bem frio entre as rochas também. Não mergulhei, até por que não estava com roupa para banho nem toalha para depois que saísse, mas alguns turistas saltaram nas frias águas do rio. Pelas reações deles as águas estavam muuuito frias!

 
Navegando pelo rio Atuel entre os paredões do Cânion

Foi uma parada de meia hora no cânion, onde pudemos ver alguns peixes e até um condor que passou rápido sobre nós. Depois mais vinte minutos navegando de volta pelas belas paisagens do lago até o píer novamente.

 
Águas verdes do Rio Atuel sob o sol

Navegando pelo lago de volta ao píer

Desembarcamos diante do lago e subimos de volta para a van, onde se reuniu todo o grupo. Era hora de uma última olhada para o cânion e o grande lago.

 
Aline diante do lago no desembarque

Embarcamos e partimos para mais de três horas de viagem. O tour partindo de Mendoza é bem cansativo e se você tiver tempo eu aconselho passar pelo menos uma noite em San Rafael para melhor aproveitar os atrativos do cânion com calma. Ainda fizemos uma parada na volta, no mesmo lugar em que paramos de manhã, para usar o banheiro e comer alguma coisa antes de chegar a cidade. Eram mais de 21h quando finalmente chegamos na cidade e fomos jantar.

 
De volta a Mendoza a noite

Gastos para 2 pessoas em 27/03/2014:

- Desjejum: A$ 42,00
- Lanche/Almoço: A$ 28,50
- Passeio de Catamarã no Cânion: A$ 240,00
- Jantar: A$ 150,00

2 comentários:

  1. Muito legal a sua narrativa bem detalhada, era isso mesmo que eu precisava! Obrigada.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que bom que vc gostou, espero que ajude e qq dúvida é só perguntar ;-)

      Excluir

Deixe aqui seu comentário, dúvida ou sugestão