2º Dia na Argentina (dia 21 do mochilão)
Acordamos cedo e nos preparamos para o tour do Cañon del Atuel.
Tomaríamos o desayuno no caminho,
pois a van da Wanka Viajes y Turismo
(Avenida San Martín, 1070) estava agendada para um horário anterior ao do
serviço no hotel.
Por volta das 7h o guia da agência turística nos chamou no hotel.
Embarcamos e seguimos na direção da cidade de San Rafael a sul de Mendoza. Dormi
profundamente na van por uma hora, até que paramos em um café na beira da
estrada para nosso desayuno. O lugar
era bem agradável, mas estava muito cheio, comemos um misto quente, medialunas
com doce de leite e chocolate quente... tudo muito bom!
Depois disso voltamos para a estrada que tem paisagens lindas,
pois é paralela ao direcionamento da cadeia montanhosa da Cordilheira dos
Andes. Pudemos apreciar os picos nevados que marcam os limites de Argentina e
Chile e foi inevitável imaginar que havíamos cruzado aquelas montanhas de
ônibus a tão pouco tempo.
Foram mais de três horas de viagem até a cidade de San Rafael,
onde fizemos um rápido city tour pela
janela da van (odeio isso!!!). O guia nos apresentava a cidade, mostrando
praças, ruas e casas enquanto transitávamos.
Praça em San Rafael |
Cidade de San Rafael |
San Rafael é muito bonita, com ruas bem arborizadas e lindas
praças, mas não é uma cidade turística e seus visitantes parecem de passagem
com destino as diversas cidades pequeninas e atrações naturais nos arredores,
incluindo o mesmo destino que nós, o Canyon.
Monumento visto da janela da van |
A arborizada cidade de San Rafael |
San Rafael é banhada pelos rios Diamante e Atuel, cujas nascentes
ficam nas montanhas ao redor da cidade. Seguimos até o Vale Grande, a 37 Km de
distância da cidade, por onde escoa o rio Atuel e canal de entrada do cânion.
As paisagens na estrada são sempre lindas.
Praça em San Rafael |
Estrada para o Cañon |
Nossa primeira parada foi à beira do Rio Atuel no Vale Grande. O rio
neste trecho tem águas bem calmas refletindo as cores das rochas e vegetação ao
redor, ganhando os tons da natureza ao redor e marcando a paisagem bucólica de
forma extraordinária.
O Rio Atuel no Vale Grande |
Paisagem que parece uma pintura |
O guia nos explica que o rio está muito abaixo de sua vazão normal
neste ano (março de 2014) e que este local normalmente é usado para pratica de rafiting, sendo o solo em que pisamos o
leito do rio exposto devido a seca que atinge a região.
O rio refletindo a natureza ao seu redor |
Rio Atuel muito abaixo de sua vazão normal mostrando o leito seco em alguns pontos |
O Atuel escavou o vale nas rochas através da erosão ao longo de
milhares de anos e hoje é possível ver o perfil do solo nas diversas fases da
montanha marcando anos e anos de história geológica.
O perfil de solo mostra o caminho do Rio Atuel ao longo de milhares de anos |
Detalhe das montanhas e seus diferentes tipos de solo |
Voltamos para a van e subimos as montanhas em direção ao Cañon Del
Atuel. As paisagens entre o Vale Grande e o Cânion já compensam as mais de três
horas de viagem que fizemos. É possível ver a estrada entre as montanhas e
rochas com formações espetaculares.
O guia explica que a região tem duas grandes funções, o turismo e
a geração de energia elétrica. Grandes barragens hidroelétricas formaram lagos
no vale e no cânion e com isso é possível banhar-se nos lagos artificiais e
praticar turismo de aventura na região também, como rafting, caiaque, canoagem, cavalgadas, rapel, escalada, tirolesa,
caminhadas, parapente, windsurf, jet ski entre outros. O complexo hidroelétrico Los
Nihuiles possui quatro grandes barragens para geração de energia na região,
sendo a última a formadora do lago do Valle Grande e local que concentra a
maior parte de atividades turísticas.
Da estrada é possível ver o Cânion trazendo o Rio Atuel até o
imenso lago formado pelo Dique El Nihuil nº
4, marcado por águas de cor verde-esverdeada em meio a paisagem montanhosa.
No topo da montanha que forma a margem do lago no Vale Grande é
possível admirar a paisagem toda. No meio do lago está uma formação rochosa que
teve sua maior parte submersa pelas águas quando o vale se encheu para ser
reservatório hidroelétrico, o guia a chama de “submarino”, pois a forma das
rochas em meio ao lago lembra um submarino emergindo.
O grande lago de El Nihuil com nível de água mais baixo que o normal |
Submarino |
Ficamos pouco tempo parados no Valle Grande, mas aproveitamos o
guia para uma foto nossa juntos no topo do vale com o “submarino” ao fundo.
Deste ponto seguiríamos montanha acima para conhecer o vale e o cânion e depois
voltaríamos ao lago para navegar com um catamarã.
Seguimos a Estrada Provincial 173 pelo Cañon Del Atuel passando por paisagens montanhosas e, em
determinado momento, por paisagem árida de vegetação rasteira, típica de
altitudes.
O lindo Vale que a estrada corta |
Em meio as montanhas |
A estrada no topo das montanhas |
Nossa próxima parada foi em um famoso lugar do cânion conhecido
como “Museu de Cera”, onde a rocha foi esculpida por milhões de anos pelo vento
e pelas chuvas formando estranhas “esculturas” que podem ser semelhantes a
figuras conhecidas e por isso ganhando este nome.
Aline e as figuras de pedra |
Admito que foi muito difícil ver alguma forma conhecida nas rochas,
mais fácil ver figuras nas nuvens do que nas pedras daquela montanha, mas com o
guia apontando até que se consegue visualizar algumas figuras nas rochas.
Lembro bem de ter visto alguns contornos na montanha no dia, mas hoje quando
vejo as fotos não reconheço nenhuma figura... rs
Escultura de pedra |
Mais fácil ver figuras nas nuvens do que o rosto nesta foto |
Tenho certeza que havia uma figura aí quando fotografei |
Uma figura se destaca é a chamada “Poltrona Rivadavia”, fácil de
se ver por estar mais isolada e com uma cor branca que se destaca na paisagem
ao redor.
De volta à estrada passamos por um bosque de coníferas em um vale
rochoso que se formou depois de erupções vulcânicas a milhares de anos atrás.
Outra grande atração na região do cânion, e também de formação
vulcânica, são Los Monjes esculpidos
nas pedras pelo processo de erosão. De longe parece realmente um grupo de
monges de capuzes andando em grupo em meio as rochas.
Los Monjes |
Rochas que parecem monges |
Ao longo da estrada de terra podemos ver outras curiosas formações
rochosas que se vistas de determinados ângulos nos remetem a figuras humanas ou
por nós conhecidas, entre elas “O Velho” e “O Mendigo”. O primeiro uma rocha
com de barro que se assemelha a uma figura humana de corpo curvado carregando
um saco nas costas e o segundo uma rocha que lembra bem um rosto e outra rocha
abaixo na forma de uma mão estendida.
Rocha que lembra um velho curvado de cabeça baixa carregando um saco |
O "Mendigo" pedindo esmola: Rosto de pedra e mão estendida |
Era hora de voltar ao Valle
Grande. O Cañon Del Atuel possui
67 Km de extensão e ficamos algumas horas passeando de van por ele,
principalmente porque subimos todo o cânion para ver as figuras nas rochas e
depois voltamos pelo mesmo caminho em direção a barragem El Nihuil nº 4.
Passamos pela área da hidroelétrica operada pela empresa Hinisa e
pudemos ver suas instalações e redes de distribuição.
Instalações da Hinisa |
Hidroelétrica |
Junto da barragem está nosso destino final, um tipo de base para se
explorar a área do cânion. No lugar existe um restaurante (com preços bem
salgados) e algumas agências que oferecem turismo de aventura pela região. O
lugar estava bem vazio, pois a seca na região e o baixo nível do Rio Atuel
impossibilitava muitos pacotes de turismo que dependiam das águas. Apenas o
Grande lago do vale tinha água.
Neste ponto tem-se três opções e nenhuma delas está inclusa no
valor do passeio que havíamos pago na agência: 1- Almoçar; 2- Fazer Rappel e
Tirolesa sobre o lago; 3- Fazer um passeio de barco até o cânion. Qualquer que
fosse nossa opção teríamos o tempo de 1h30min.
Algumas pessoas no grupo foram almoçar, poucos foram para a
tirolesa e rappel e a maioria foi para o barco. Também nós resolvemos ir no
passeio navegando pelo cânion, mas antes entramos em um tipo de loja de
conveniência ao lado do restaurante para comprar alguma coisa para comer.
Biscoitos salgados e doces e refrigerante foi nosso almoço que lavamos para o
barco.
Descemos por uma trilha na encosta até o barco da empresa “Portal
Del Atuel” que opera diversas atividades no lago. O barco, na verdade uma balsa,
é bem grande e simples e nos levaria até o interior do cânion navegando pelo
Rio Atuel.
Catamarã da operadora turística |
Interior do catamarã |
No interior recebemos coletes salva-vidas de uso obrigatório para
todos os tripulantes e nos sentamos para “almoçar” nosso lanche enquanto
navegávamos, passando diante da barragem da hidroelétrica que forma o lago.
Aline e os coletes |
Barragem El Nihuil 4 |
São aproximadamente vinte minutos navegando e no caminho podemos
ver a marca branca nas rochas que marcam o nível normal de água e podemos ver
com clareza quanto mais vazio está o reservatório devido a seca na região.
A marca na pedra aponta o nível normal do lago |
Paisagem pela janela do barco e a marca da água na pedra |
Podemos ver pessoas praticando canoagem e as “praias” do lago que
surgiram na margem oposta devido ao baixo nível do espelho d’água.
Canoagem no lago com menos água |
Praia que surgiu com o rebaixamento do reservatório |
Aos poucos vão se erguendo os paredões de rocha ao nosso redor e
quando percebemos já estávamos dentro do Cañon Del Atuel.
Entrando no cânion |
O guia no barco explica que devido a baixa vazão do rio não
poderemos navegar muito para dentro do cânion (que pena) e logo paramos entre
as rochas. O lugar é incrível e parece que estávamos em outro mundo, pois todo
o barulho e movimento desapareceram. O silêncio e a calma do lugar tomaram
conta do barco até que o guia desafia alguém a um mergulho nas águas do Atuel.
Apesar do dia ensolarado as águas são muito geladas e batia um
ventinho bem frio entre as rochas também. Não mergulhei, até por que não estava
com roupa para banho nem toalha para depois que saísse, mas alguns turistas
saltaram nas frias águas do rio. Pelas reações deles as águas estavam muuuito
frias!
Foi uma parada de meia hora no cânion, onde pudemos ver alguns
peixes e até um condor que passou rápido sobre nós. Depois mais vinte minutos
navegando de volta pelas belas paisagens do lago até o píer novamente.
Navegando pelo lago de volta ao píer |
Desembarcamos diante do lago e subimos de volta para a van, onde
se reuniu todo o grupo. Era hora de uma última olhada para o cânion e o grande
lago.
Embarcamos e partimos para mais de três horas de viagem. O tour
partindo de Mendoza é bem cansativo e se você tiver tempo eu aconselho passar
pelo menos uma noite em San Rafael para melhor aproveitar os atrativos do
cânion com calma. Ainda fizemos uma parada na volta, no mesmo lugar em que
paramos de manhã, para usar o banheiro e comer alguma coisa antes de chegar a
cidade. Eram mais de 21h quando finalmente chegamos na cidade e fomos jantar.
Gastos
para 2 pessoas em 27/03/2014:
- Desjejum:
A$ 42,00
- Lanche/Almoço:
A$ 28,50- Passeio de Catamarã no Cânion: A$ 240,00
- Jantar: A$ 150,00
Muito legal a sua narrativa bem detalhada, era isso mesmo que eu precisava! Obrigada.
ResponderExcluirQue bom que vc gostou, espero que ajude e qq dúvida é só perguntar ;-)
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