quarta-feira, 26 de julho de 2017

Paraty /RJ

A cidade histórica de Paraty nasceu durante os ciclos do café e da cana de açúcar e enriqueceu durante o ciclo do ouro, mas caiu em esquecimento e ficou abandonada por décadas o que ajudou a preservar toda a estrutura arquitetônica original.


A cidade era o ponto final da Estrada Real por onde escoava todo o ouro brasileiro que vinha de Vila Rica (atual Ouro Preto) e seguia para o porto do Rio de Janeiro pelo mar, para ser enviado à Coroa Portuguesa.

Marco da Estrada Real na entrada de Paraty


Com a abertura do Caminho Novo da Estrada Real, que descia por Petrópolis para o Porto Estrela, a cidade perde sua importância econômica e em pouco tempo cai no isolamento em meio à mata atlântica que a rodeia.

Paraty mantém as pacatas ruas desde o período colonial

A abertura da estrada que liga Cunha a Paraty, em meados da década de 1960, faz com que a cidade volte a ser lembrada, mas foi na década de 1970, com a construção da Rodovia Rio-Santos (BR-101) que Paraty é “redescoberta”.

Vale ir visitar Paraty

Centro Histórico

Diferente das cidades históricas mineiras, repletas de ladeiras, a cidade colonial fluminense é totalmente plana com seu calçamento do tipo Pé-de-Moleque em desnível para o mar. Uma das atrações da cidade é justamente a maré alta que invade as ruas pelas calhas de escoamento durante a lua cheia, pois era assim que a cidade era limpa pelo mar no passado.

Casas coloniais e ruas de calçamento de pedras marcam o centro histórico da cidade

As ruas escoam as águas para o mar, mas também permitem a entrada da maré alta

Cercado por correntes que impedem a passagem de veículos, o centro histórico preservado abriga restaurantes, pousadas e muitas lojas para os turistas em meio as casas coloniais portuguesas. Caminhar pelas ruas de Paraty sem se preocupar com o tempo é uma charmosa viagem no tempo.

As ruas do centro são cercadas por correntes: não há transito de veículos


O anoitecer na cidade que sempre está movimentada pelos turistas

Restaurantes e cafeterias dividem espaço com lojinhas que vendem de tudo e procurar um lugar para sentar e comer já é uma atração da cidade. Existem opções para todos os bolsos ;-)



Entre as construções destaca-se a Casa da Cultura Câmara Torres, onde são montadas exposições culturais e artísticas na cidade.

Casa de Cultura

Completam as construções históricas quatro igrejas católicas, sendo a Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios o principal templo para celebrações religiosas e a Igreja de Santa Rita, o cartão postal de Paraty.

Igreja de Santa Rita: cartão postal de Paraty

Igreja de nossa Senhora dos Remédios

Igreja de Nossa Senhora das Dores

Igreja do Rosário

Arredores da Cidade

Deixando o centro histórico pela Praça da Matriz e cruzando a ponte sobre o Rio Perequê-Açu, uma pequena caminhada leva até o Forte Defensor Perpétuo, construído em 1793 para proteger o ouro que escorria pela Estrada Real e a produção de açúcar da região. Hoje o forte abriga um museu aberto ao público.

Ponte sobre o Rio Perequê Açu na saída do centro histórico

Forte Defensor Perpétuo

Antigos canhões no forte diante da Baía de Paraty

Outro bom programa nos arredores da cidade é conhecer os alambiques que fizeram a fama da região, mas cachaça artesanal de Paraty, que chegou a ser produzida em mais de 100 estabelecimentos em 1700, hoje está reduzida a menos de 10 produtores.

Alambique Engenho D'Ouro

Tonéis de cachaça artesanal

Junto a estrada que leva para Cunha está o Parque Temático Mini Estrada Real que conta um pouco da história da região e de todo o Caminho do Ouro. O lugar abriga miniaturas das principais construções de toda a região da Estrada Real e a visita guiada pelo lugar é um ótimo prefácio, para quem está começando o caminho pela cidade ou o fechamento com chave de ouro, para quem está terminando o caminho ali.

Parque Temático Mini Estrada Real

Réplica em miniatura da praça de Paraty

Praias

Junto ao centro histórico está a Praia do Pontal com bares que servem pratos de camarão e peixes. Para chegar cruze a ponte ao lado da Praça da Matriz e siga o rio até o mar, depois é só relaxar nas areias da praia.

Pontal

Um pouco mais distante a Praia do Jabaquara é ideal para famílias, pois possui águas calmas e rasas de fundo lodoso e areias claras. Uma ciclovia que margeia toda a faixa de areia e diversos bares completam a paisagem.

Praia do Jabaquara

Mas além das duas praias mais próximas ao centro, Paraty abriga muitas outras e em toda a baía somam-se mais de 60 praias.

Águas esverdeadas marcam a Baía de Paraty

A região é repleta de praias

Barcos partem da marina no centro histórico levando turistas para conhecer as praias ao sul da cidade em passeios de um dia de duração (vale a pena o passeio). No entanto, esses passeios não chegam até as praias com acesso por outras localidades como as famosas praias do Sono, Antigos e Antiguinhos e a região do Saco do Mamanguá (esse último com acesso por Paraty-Mirim, veja aqui).

Do centro partem bons passeios de barco pela região

Os barcos levam até as praias mais distantes

Longe do centro histórico, no sentido sul em direção a São Paulo, está a vila de Trindade, última localidade de Paraty, que possui beleza própria e merece uma visita (conheça Trindade clicando aqui).

Tire um dia para conhecer Trindade

As praias ao norte, no sentido Angra dos Reis, tem acesso pela rodovia BR-101 com destaque para as Praias de São Gonçalo e São Gonçalinho, de onde partem barcos para a Ilha dos Pelados.

Praia de São Gonçalo

Barcos de pescadores levam até a Ilha dos Pelados
São Gonçalo e São Gonçalinho vistas do barco

Para se chegar na Ilha dos Pelados deve-se estacionar o carro nas áreas junto à rodovia (tem placas artesanais e guardadores locais) e descer uma pequena trilha até a areia da praia de onde barcos de pescadores fazem a travessia até a ilha. Vale reservar um dia para curtir as fantásticas praias do lugar.

Águas coloridas na Ilha dos Pelados

A chuva chegando na serra vista da ilha

Ilha dos Pelados

O tempo fechou enquanto estávamos lá

Cachoeiras

Paraty é cercada pela mata atlântica e o relevo acidentado da Serra do Mar propicia o surgimento de cachoeiras nos rios que descem as montanhas em direção ao mar. As principais quedas d’água estão na região da estrada que leva para Cunha.

Depois da praia vá para uma cachoeira tirar o sal do mar

Ao cruzar a ponte da estrada para cunha, ao invés de seguir pela esquerda, vire a direita e siga até o final da estrada, onde uma trilha leva até a mais bonita queda d’água de Paraty, a Cachoeira da Pedra Branca.

Cachoeira da Pedra Branca

Seguindo o caminho que leva para Pedra Branca está uma trilha, mal sinalizada, que conduz ao Poço do Inglês que tem uma corda pendurada em um galho de árvore onde os visitantes se penduram e se jogam caindo no poço abaixo.

Poço do Inglês

Também vale conhecer o Poço da Laje que tem acesso pela Estrada do Courisco, que sai da Rodovia Rio-Santos (700 metros depois do trevo de Paraty). Depois de 7 Km pare o carro no fim do trecho e siga a trilha até o poço.

Poço da Laje

Próximo ao caminho do Ouro e junto da Igreja da Penha (7,5 Km do centro) está a pequena trilha que leva até a Cachoeira do Tobogã, que recebe esse nome por ter a água escorrendo por uma grande pedra lisa em que se pode escorregar sentado até o poço abaixo.

O Tobogã pode ficar muito cheio nos fins de semana

Acima do Tobogã uma ponte de cordas cruza o rio até um bar e leva ao Poço do Tarzã. Um ótimo lugar para descansar.



Festivais Culturais

Paraty é famosa pelas festas e manifestações culturais que acontecem o ano todo, como as festas religiosas do Divino, de Santa Rita e de Nossa Senhora dos Remédios, além dos feriados santos como Páscoa e Corpus Christi.

Igreja enfeitada na Festa do Divino

O carnaval da cidade também é bem animado com blocos e foliões tomando as ruas do centro histórico, além do famoso Bloco da Lama que se concentra no final da Praia do Jabaquara, com os foliões cobrindo os corpos uns dos outros com a lama do manguezal que se mistura com o mar.

O famoso Bloco da Lama no final da Praia do Jabaquara é uma das atrações do carnaval
Folia noturna nas ruas de Paraty

Mas as duas festas mais conhecidas e disputadas de Paraty são o Festival da Cachaça e a Feira Literária Internacional de Paraty (FLIP).

Ruas enfeitadas para festa

O Festival da Cachaça e Sabores de Paraty acontece anualmente desde 1982 e conta com exposição e degustação dos alambiques da região, além de palco para apresentações artísticas e shows musicais.

Foto de divulgação da Internet

Mas o maior festival da cidade é a FLIP, que atrai milhares de turistas do mundo inteiro e acontece em diversos locais da cidade. O evento traz autores nacionais e internacionais e oferece mesas redondas, palestras e conferências literárias. Completa a festa uma ampla programação cultural com filmes, shows, leituras dramáticas e oficinas com programação especial por faixa etária.

A famosa FLIP incentiva a leitura

Dicas e Informações Importantes:

- A região de Paraty é bem chuvosa e é bem comum que haja chuvas fortes diárias durante o verão, mas isso não impede dias ensolarados. No inverno é comum o tempo frio e nublado.
- Paraty é uma cidade bem turística e apesar de ser destino de muitos mochileiros estrangeiros o lugar é bem caro para os padrões brasileiros;
- Não tente descer a cachoeira do Tobogã surfando de pé na pedra, pois apesar de muitos nativos fazerem isto, alguns acidentes já foram registrados no local;
- A cachoeira da Pedra Branca fica em uma propriedade particular e cobra-se pelo acesso;
- Existem passeios de Jeep que levam para as cachoeiras e alambiques da região e se você está sem carro esta pode ser uma boa opção;
- Para conseguir hospedagens nas épocas dos festivais você deve reservar com muita antecedência e se prepare para os custos altos.


terça-feira, 18 de julho de 2017

Guaratinguetá /SP

Carinhosamente chamada de “Guará” pelos moradores, a pacata Guaratinguetá, no interior paulista, se tornou um grande destino religioso junto com a vizinha Aparecida do Norte, com o número de fieis crescendo bastante nos últimos anos.


A cidade

Fundada em 1630 a cidade interiorana possui uma das mais belas estações ferroviárias do Vale do Paraíba, que foi inaugurada em 1877 e hoje funciona como espaço para eventos e apresentações.

A bonita Estação Ferroviária de Guaratinguetá

Vale uma visita ao Mercado Municipal que vende frutas, chás e queijos mineiros. Localizado bem no centro da cidade é um dos únicos lugares da cidade onde se pode comprar peixes frescos.


Produtos regionais e bons queijos mineiros

Guaratinguetá entrou no mapa turístico após a canonização do primeiro santo brasileiro no ano de 2007, pois foi aqui que Frei Galvão nasceu e viveu, sendo todos os pontos de interesses voltados a este fato.

Frei Galvão, o ilustre filho de Guará

O turismo gira em torno de Frei Galvão

Igreja Matriz

A Igreja Matriz de Santo Antônio é a construção mais antiga da cidade, mas a capelinha original de 1630 já não existe a muito tempo e depois de muitas ampliações e reformas a matriz foi concluída em 1913 com a arquitetura atual.

A igreja onde Frei Galvão foi batizado e rezou sua primeira missa

A igreja, que fica no centro da cidade, foi o lugar onde Frei Galvão foi batizado em 1739 e onde o agora santo rezou sua primeira missa, em 1762, e guarda um interessante órgão de 800 tubos.

Matriz de Santo Antônio

Casa de Frei Galvão

Antônio de Sant’Ana Galvão nasceu nesta casa e aqui viveu quando criança. Filho do capitão-mor da cidade, sua mãe pertencia a família do famoso bandeirante Fernão Dias, Galvão tinha uma vida luxuosa e abdicou de um futuro próspero partindo para a vida religiosa.

Casa de Frei Galvão


A casa de esquina no centro da cidade, próxima da Igreja Matriz, guarda uma coleção de objetos e histórias de Frei Galvão, incluindo algumas relíquias sagradas.

Objetos de arte e relíquias estão expostas na casa

Memorial de Frei Galvão

Diante da casa onde nasceu o santo brasileiro está um memorial em seu nome, onde estão contadas as histórias dos milagres que levaram a sua beatificação e canonização e uma sala com os agradecimentos dos fieis atendidos e por graças alcançadas.

Arte sacra no Memorial

No memorial está uma fonte de água benta (abençoada por um frei que conviveu com o santo em um convento em São Paulo) que é muito procurada pelos visitantes e suas garrafinhas.


Fonte com água benta muito disputada pelos peregrinos

Seminário Franciscano

O seminário onde estudou Frei Galvão recebeu seu nome e está aberto à visitação diariamente entre 8h e 17h, com intervalo entre 11h e 14h.

Seminário Franciscano onde estudou Frei Galvão

No pátio do estacionamento está a segunda maior imagem de Nossa Senhora de Fátima do mundo, com mais de 10 metros de altura.


No interior estão o Claustro e a Capela de São Francisco de Assis, além de uma lojinha de artigos religiosos.

Claustros do seminário

Capela: Clima de paz e oração

Duas exposições permanentes podem ser visitadas: Exposição Internacional de Presépios e Exposição Franciscana. A primeira conta com presépios representando o nascimento de Cristo de diferentes países e a segunda apresenta uma grande coleção de arte voltada a São Francisco de Assis.

Presépio russo na exposição internacional de presépios

Exposição franciscana

Coleção de obras de arte que reproduzem São Francisco de Assis

Santuário de Frei Galvão

A igreja simples erguida em um terreno amplo na década de 1990 foi construída para ser dedicada a São José, mas após a beatificação e canonização de Frei Galvão o lugar passou a ser consagrado ao santo brasileiro.


Hoje o Santuário de Santo Antônio de Sant’Ana Galvão já não comporta o número de fiéis que o visitam em romarias e já existe um projeto para que seja erguida outro templo, bem maior, um pouco mais acima na colina.


Junto à Igreja encontra-se a imagem do santo que foi abençoada pelo Papa Francisco. Com 8 metros de altura a imagem esteve na entrada da cidade por algum tempo e hoje encontra-se junto ao Santuário e existe um projeto para ergue-la sobre um grande pedestal, fazendo com que seja vista de várias partes da cidade.

No Santuário está a imagem de Frei Galvão que foi abençoada pelo Papa Francisco

Onde Ficar

A cidade conta com várias opções de hospedagens, inclusive com um Hotel Ibis. O Travel In Guaratinguetá fica em um bairro nobre com boas opções de restaurantes nos arredores e o Kafé Hotel no centro da cidade, perto da Igreja Matriz e da Casa de Frei Galvão.

Procuramos um lugar bem barato apenas para dormir uma noite na cidade e depois de conferir as outras opções nos hospedamos no simples Hotel Avenida, que fica ao lado do Shopping Buriti. Pagamos pouco pela noite e ainda fomos caminhando jantar no shopping a noite.

Dicas e Informações:

- Todo turismo em Guaratinguetá está voltado a Frei Galvão, se você não é religioso ou não se interessa por esse tipo de turismo não há muito o que fazer por lá;
- Também está aberta à visitação uma Capela na Fazenda Esperança, que foi abençoada pelo Papa Bento XVI. A fazenda acolhe e trata dependentes químicos e está a 38 Km de distância de Guaratinguetá;
- Este post é do início de 2017 e podem ter havido mudanças significativas no Santuário de Frei Galvão desde então, pois muitos projetos de melhorias e ampliações estavam previstos quando passamos por lá;
- Santo Antônio de Sant’Ana Galvão é famoso pelas suas Pílulas da Fé, pequenos pedaços de papéis com orações que são ingeridas em conjunto com a realização de uma novena e são muito procurados pelos fiéis. As pílulas podem ser encontradas na Igreja Matriz, na Casa e Memorial de Frei Galvão, no Seminário Franciscano e no Santuário dedicado ao santo.