quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Belo Horizonte/ MG

Belo Horizonte (ou simplesmente BH como chamam carinhosamente os mineiros) foi nossa base para conhecer várias cidades do entorno e passamos apenas um único dia inteiro na capital mineira. É possível conhecer muito da cidade em um dia apenas e vale aproveitar os dias para conhecer os arredores.

O belo horizonte que dá o nome a capital mineira

Para quem está em um mochilão por Minas Gerais ou apenas querendo conhecer a região vale olhar os nossos relatos e dicas das cidades que percorremos até aqui: São Thomé das Letras, Carrancas, Tiradentes, São João Del Rei, Congonhas e Brumadinho. Dormimos algumas noites em BH, mas passávamos os dias fora da cidade, nosso principal objetivo era explorar os circuitos de cavernas da região (coloco no próximo post), indo a Lagoa Santa, Sete Lagoas e Cordisburgo. No fim saímos da cidade indo em direção as cidades históricas, já que Sabará é bem próxima da capital, mas isto é outra história que conto na continuação dos relatos em Minas Gerais.

Passamos pela Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves: Obra de Oscar Niemeyer

Deixo aqui um pouco do nosso dia por lá para ajudar aos viajantes que dispõe de pouco tempo e não sabem o que dá para fazer em um dia dividido em quatro períodos: manhã, tarde, vespertino e noite.


Hospedagem

Nos hospedamos no Hostel BH Boutique (Rua dos Timbiras, 2670 - Funcionários, tel: 31-3245-5747) e recomendo o lugar que tem um bom desjejum e bons preços com quartos privados e camas em quartos coletivos para todos os tipos de mochileiros.

Hostel BH Boutique no centro da cidade

Área de convivência do hostel


Cozinha do hostel: ajuda a economizar na viagem

Centro da Cidade (período da manhã)

O primeiro lugar que conhecemos em Belo Horizonte foi o Mercado Central, que fica bem perto do hostel que indiquei, dá para ir caminhando...

Mercado Central

O mercado funciona em um galpão erguido no terreno onde foi o primeiro estádio do clube de futebol América (o mineiro, claro!). Foi inaugurado em setembro de 1929 e reúne o melhor da culinária mineira, podendo-se comprar ótimos queijos, cachaças, doces e outros diversos produtos típicos do estado.

Aproveitamos para provar algumas cachaças e licores artesanais no mercado

No mercado funciona um Centro de Informações Turísticas bilíngue e aproveitamos para nos informar um pouco sobre a cidade e o que fazer por lá. Recomendo passar por lá se quiser comprar produtos regionais e artesanatos, o mercado foi nossa primeira parada em BH, mas também foi o último lugar que visitamos na cidade no último dia, pois antes de partir passamos lá para comprar pequenas coisas.

O mercado é um ótimo lugar para comprar produtos típicos

Diante da entrada principal do Mercado Central está o prédio do Centro de Convenções, conhecido como Minascentro, que foi construído em 1926 em estilo neoclássico para abrigar um ginásio, mas foi completamente remodelado e reinaugurado em 1984, com a atual arquitetura para a realização de eventos. Mas a não ser que você esteja na cidade para algum evento por lá o lugar é apenas para passar e olhar...

Minascentro

Caminhamos pelas ruas do centro e passamos pelo bonito prédio do Centro de Referência da Moda (oi?!), mas independente do que funciona no lugar, o prédio chama a atenção pelo estilo de sua construção que data de 1914. O prédio já foi uma biblioteca municipal e sediou a primeira rádio de BH, além de diversos museus.

O prédio chama atenção

Chegamos na Avenida Afonso Pena onde é montada todo domingo a Feira de Artes e Artesanato, que é conhecida como Feira Hippie desde o ano de 1969 e é uma ótima opção para comprar qualquer coisa!

Feira Hippie da Afonso Pena

O lugar é imenso e super bem organizado, com as barracas divididas em setores. Tem de tudo por lá: bijuterias, artes, brinquedos, roupas, calçados e muito mais entre os mais de 2.500 vendedores.

Barracas divididas por setores na grade feira

Para quem não estiver por lá no domingo pode conhecer o espaço do Centro de Artesanato na mesma Avenida Afonso Pena, mas os preços lá são para turista e não tem muita coisa, se bem que em relação a feira acho que nada tem muita coisa.

Centro de Artesanato

Diante da feira está a entrada do Parque Municipal Américo Renné Giannetti que é o maior de Belo Horizonte e uma das principais áreas de lazer da cidade. A entrada principal está na Avenida Afonso Pena no meio da feira.

Parque Municipal de Belo Horizonte

O parque foi inaugurado em 1897 e é o patrimônio ambiental mais antigo da cidade. Quando aberto inicialmente tinha mais de 600 mil metros quadrados, mas hoje conta com “apenas” 182 mil metros quadrados de área.



Caminhamos pelo parque e vimos muitas famílias com suas crianças no belo domingo de sol. O lugar é bem agradável e conta com um orquidário, parque para crianças, três lagoas e uma imensa variedade de vegetação e animais silvestres, principalmente pássaros.

Aline e eu curtindo uma manhã no parque


Detalhe interessante é que foi neste parque, em 1908, que um grupo de estudantes se reuniu para fundar o que hoje é o Clube Atlético Mineiro e no local está um pequeno marco deste fato.

Coreto onde se reuniram estudantes para fundação do Atlético Mineiro

Placa comemorativa da fundação do clube

Caminhando de volta do Parque Municipal encontramos a bonita Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, que foi inaugurada em 1923 no lugar da antiga capela medieval que existia ali.

Igreja da Boa Viagem

A igreja original já não existe mais, restando apenas um lavatório de pedra-sabão que ficava na sacristia do antigo templo. A peça está onde hoje estão os jardins da igreja e é uma lembrança da capela de 1709, erguida para abrigar a imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem que navegou de Portugal até o Brasil e foi colocada aqui para abençoar os tropeiros que cruzavam a região.

Lavatório da sacristia do antigo templo

Caminhamos até a Praça da Liberdade que era o ponto central da cidade quando esta foi fundada. Hoje a praça é uma agradável área de lazer arborizada e com chafarizes, sendo muito usada pela população e ponto de passagem obrigatório de turistas.

Passeando pela bonita Praça da Liberdade

A praça possui área verde e chafarizes com ótimos espaços para caminhar e descansar

Na praça está o Palácio Liberdade que foi sede do governo estadual por muitos anos e, apesar de não ser mais usado pelos governadores, é ainda hoje usado para a cerimônia de troca de governo.

Palmeiras diante da antiga sede do governo

Palácio Liberdade

Mas a construção que mais atrai a atenção de turistas na praça é o Prédio Niemeyer, que foi construído pelo famoso arquiteto que dá nome ao lugar e se destaca na paisagem com suas curvas sinuosas.

Prédio Niemeyer com curvas que lembram as serras mineiras

Ainda nos arredores encontramos o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e o Memorial Minas Gerais.

CCBB

Memorial Minas Gerais

Passeamos pela praça e depois voltamos para o hostel, passando pela Basílica de Lourdes e pelo Museu Mineiro que estava fechado. Era hora do almoço e tudo o que visitamos até este momento tinha levado metade do nosso dia.

Basílica de Lourdes

Memorial Mineiro

Comemos alguma coisa rápida em uma lanchonete perto do hostel e pegamos o carro para seguir para a segunda metade do nosso dia. Cruzamos a avenida diante da famosa Praça Sete com seu Obelisco e seguimos para a Pampulha.

Obelisco da Praça Sete de Setembro

Pampulha (período da tarde)

Chegando na Pampulha paramos para umas fotos diante do Estádio do Mineirão. É possível fazer uma visita guiada no lugar, para os amantes do futebol, mas era domingo (dia de jogo) quando estivemos por lá e não estava aberto à visitação.

Diante do Mineirão

Um pouco mais à frente está a Lagoa da Pampulha, de onde se pode ver o Mineirão (estádio) e Mineirinho (ginásio). Estacionamos o carro e deste ponto em diante voltamos a fazer tudo caminhando.

Mineirão e Mineirinho vistos do Lagoa da Pampulha

A Lagoa da Pampulha abriga um imenso conjunto arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer, sendo as delimitações das margens parte do projeto, uma vez que a lagoa não é uma formação natural e sim resultado de um represamento com o objetivo de sua criação.

Lagoa da Pampulha

Lagoa artificial com margens projetadas por Niemeyer

A Igreja da Pampulha é um dos cartões postais da cidade e talvez a mais importante obra do entorno da lagoa, sendo a obra-prima do conjunto todo.

Igreja de São Francisco de Assis nas margens da Lagoa da Pampulha

A Igreja que é consagrada a São Francisco de Assis foi concluída em 1945, mas só foi aceita pela Igreja Católica em 1959, pois na época sua arquitetura e pinturas com traços avançados era considerada inapropriada para um templo... bom, na verdade a própria população não gostava da obra no início!

Encontramos uma boa alma que sabia fotografar para registrar nos dois juntos (difícil isso!)

A bela Igreja da Pampulha

Esta igrejinha estava na minha lista de lugares para conhecer (é tão bom riscar nomes dessa lista... rs) e me impressionou pelo tamanho, já que achava que era maior, e pela beleza e simplicidade.


A verdade é que esta construção é um marco na arquitetura brasileira e por isso ficou tão famosa. O painel de azulejos da fachada e a pintura do altar são obras de artes esplêndidas de Portinari e já valem a visita.

Painel de Portinari no altar

Detalhe da obra de arte pintada em azulejos na fachada

Caminhamos pelas margens da lagoa e encontramos a Casa Kubitschek (Avenida Otacílio Negrão de Lima, 4188), um museu que funciona na casa onde Juscelino morou.

Casa Kubitschek

Museu com mobília original da casa

Interessante que a casa foi projetada em 1943, por Oscar Niemeyer, para Juscelino Kubitschek utilizar como residência de fins de semana e conta com jardins de Roberto Burle Max na frente e nos fundos.

Fundos da casa

Um pouco da história em arte na casa

Deixamos a casa e voltamos caminhando em direção ao Iate Clube e admirando o prédio do antigo Cassino, onde hoje funciona o Museu de Arte da Pampulha, mas que fica do outro lado da lagoa e não fomos...

Museu de Arte da Pampulha

Nossa última parada nas margens da lagoa foi para visitar a Casa do Baile (Avenida Otacílio Negrão de Lima, 751), erguida em uma pequena ilha artificial em 1923.

Casa do Baile

A casa que tinha um restaurante e espaço para atividades de dança era frequentada pela alta sociedade mineira, mas acabou fechando suas portas logo após o fechamento do cassino e a proibição do jogo no país.


Mais uma obra de Oscar Niemeyer

Hoje a casa está aberta à visitação e recebe exposições temporárias e outras atividades culturais da cidade.

Exposição no antigo espaço para dançar

Mangabeiras (período vespertino)

Passamos a tarde na Pampulha, mas ainda tínhamos algumas poucas horas até o sol se por no fim do dia. Resolvemos pegar o carro e conhecer uma terceira e última área na cidade, seguindo em direção ao ponto mais alto de Belo Horizonte.

Praça da Bandeira

Subimos até a Praça Israel Pinheiro que passou a ser chamada de Praça do Papa depois que João Paulo II esteve aqui no ano de 1980.

A cidade vista da Praça do Papa

Na ocasião o carismático Papa disse, ao avistar a cidade deste ponto: Que Belo Horizonte! Marcando a praça em sua visita e por isso foi construído o monumento com a cruz no centro da área.

"Que belo horizonte" disse o Papa neste lugar e a praça ganhou um marco

A paisagem da cidade vista do alto da praça é realmente linda, com a cidade de um lado e a Serra do Curral do outro, mas não é o ponto final de nossa subida, pois seguimos mais acima na direção do Parque das Mangabeiras.

Serra do Curral onde está o Parque das Mangabeiras

O Parque está na Serra do Curral e é a maior área verde de Belo Horizonte e tem muitas trilhas em meio a mata nativa. Infelizmente não poderíamos fazer nenhuma trilha neste único dia por lá (mas fica a dica para quem tem mais tempo).

Parque das Mangabeiras

Mirante para ver toda a cidade

A entrada é gratuita e próximo a portaria do parque está um mirante de onde se pode ver a cidade mais abaixo e é um ótimo lugar para relaxar e esperar o dia terminar.

Belo Horizonte

O pôr do sol visto do mirante é lindo e o lugar fica cheio de gente esperando o fim do dia. O parque fecha as 17h para entrada, mas os visitantes podem ficar por lá depois do fechamento dos portões até o sol se pôr.

Pôr do sol visto do mirante no Parque das Mangabeiras

Savassi (período da noite)

A noite em BH é agitada no bairro Savassi, pois lá está uma grande quantidade de bares, restaurantes, cafeterias e boates. Para quem quer curtição esta área é o point ideal.

Ruas da Savassi lotadas (foto de reprodução da Internet)

Não somos muito de “curtir a night” viajando e só fomos até lá para jantar depois de descer do mirante (e passar no hostel para descansar e tomar um banho, claro!). Comemos no Restaurante Casa dos Contos que tem uma boa comida mineira com pratos e petiscos. Foi o fim do nosso agitado dia em Belo Horizonte.

Restaurante Casa dos Contos

Petiscos para terminar o dia

Dicas:

- Se quer comer em um lugar bom e barato, indico a Pizzaria do Porto (R. Rio Grande do Sul, 714), perto da Praça Raul Soares. Dá para ir caminhando do hostel que indiquei e o lugar é super simples e informal, com mesas na calçada e aquele clima de boteco;

- Fizemos quase tudo caminhando, só usamos o carro para o deslocamento entre o Centro e a Pampulha e depois de lá para Mangabeiras. Em cada uma dessas regiões andávamos bastante;

- Como puderam perceber no relato, não visitamos museus e centros de arte, há muitos por lá, mas não daria tempo de aprecia-los em um dia. Escolhemos um para visitar e foi a Casa Kubitschek, mas poderia ter sido qualquer outro.