Há alguns
anos eu estava querendo fazer a travessia entre Petrópolis e Teresópolis pela
Serra dos Órgãos aqui no Rio de Janeiro. O trajeto tem aproximadamente 30 Km de
extensão e é percorrido em 3 dias, podendo ser feito em menos dependendo do
ritmo de caminhada e da disposição física de cada um.
PREPARATIVOS
Antes
de qualquer coisa é necessário entrar no site do PARNASO e comprar suas
entradas para travessia e abrigos (www.parnaso.tur.br).
Deve-se comprar as entradas para o parque e as atividades de Trilha de Montanha
para os dias da travessia. Nos abrigos se tem a opção de camping (R$ 10,00),
Bivaque no chão do abrigo (R$ 25,00) ou Cama (R$ 40,00), conforme a
disponibilidade para o dia. Caso fique no camping também há a opção de aluguel
da barraca (R$ 20,00). O valor nos abrigos inclui o uso da cozinha (fogão,
panelas e talheres). Em nenhum dos casos está incluso o valor do banho. Para
tomar um banho quente de 5 min é necessário pagar uma taxa de R$ 15,00 (valores de 2017 atualizados!!!).
Fiz a travessia entre os dias 13/06 e 15/06 de 2014 com a NÔMADE TRILHAS do Geovane Rento (cel vivo / whatsapp: 99854-3742). O cara é um ótimo guia, com muita experiência e muito atencioso fazendo com que o percurso seja vencido de forma muito tranquila.
Preparei
a mochila com saco de dormir, isolante térmico (para o camping), kit básico de
primeiros socorros (sempre levo, mesmo o guia tendo um já montado), caixa de
lenços, necessaire contendo itens de
higiene básica, 2 calças para trilha (uma para caminhar e uma para dormir), 3
camisas (sendo uma para dormir), Casaco pesado, gorro, luvas e 3 pares de
meias. Levei alimento para os 3 dias: Macarrão instantâneo, leite com
achocolatado em caixinha, biscoitos, barras de cereais, pão tipo Bisnaguinha e queijo
Polenguinho, entre outros, além de uma garrafa de 1L de água e uma bolsa de
hidratação (camelbak) de 2L (não se preocupe muito com isso, pois existem
diversos pontos de abastecimento de água no caminho durante os 3 dias de
caminhada). O peso total da cargueira ficou em 10 Kg.
Saindo da cidade do Rio de Janeiro existe ônibus a cada hora na rodoviária Novo Rio com destino a Petrópolis. Tomei o ônibus as 6h20min, chegando na rodoviária da cidade serrana as 7h40min, de lá tomei um táxi (R$ 80,00) até a entrada do Parque Nacional na Estrada do Bonfim s/ nº no bairro de Corrêas, em um trajeto que dura aproximadamente 40 min.
O grupo que iria subir se juntou na entrada do Parque Nacional em Petrópolis por volta das 8h30min da manhã. Éramos apenas 3: Eu, Wallace (colega de trilha) e Geovane (guia).
Começamos a caminhada por volta das 9h da manhã no
bairro Bonfim. O trecho todo até os Castelos do Morro do Açu é todo ascendente com
um desnível total de 1.100 mts, sendo o primeiro trecho da subida uma trilha
bem definida em meio a mata atlântica. Fizemos a primeira parada com 1h30min de
subida na bifurcação da trilha do Açu com a trilha da cachoeira Véu da Noiva e
Gruta do Presidente. Parada rápida para tirar um pouco a mochila das costas e
comer alguma coisa. Deste ponto até a Cachoeira são 20 min de caminhada e 5 min
até a gruta, mas não fomos ver nenhuma das duas atrações.
Primeira parada na trilha para o Açu |
Mais alguns minutos subindo e já podemos avistar em
meio a mata atlântica a Cachoeira das Andorinhas na trilha para o Pico do
Alicate.
A
subida segue em meio a trilha fechada até a Pedra do Queijo, um importante ponto
no meio do caminho. Paramos para “almoçar” junto a pedra por volta das
11h30min. Biscoito, sanduíche e achocolatado em caixinha. De quebra uma bela
vista do Vale do Bonfim em Petrópolis.
Pedra do Queijo |
Vale do Bonfim |
A
partir deste ponto a vegetação muda um pouco e não temos mais mata fechada em
torno da trilha. O tempo estava bem nublado e com nuvens pesadas em cima de nós
seguimos por mais 2h de subida até nossa próxima parada na nascente do Ajax, um
dos pontos de água na trilha. Neste ponto também pode-se usar o telefone e
internet móvel. O sinal de telefonia na pedra do Ajax é muito bom! rs
Subindo para o Ajax |
Eu e Wallace |
Parada no Ajax em meio a neblina |
Após
o descanso no Ajax inicia-se o trecho de subida mais íngreme do primeiro dia.
Conhecido como Isabeloca, em homenagem a uma suposta passagem pelo local da
princesa Isabel em lombo de mulas. A subida é muito cansativa e os 12 Kg da
mochila faziam com que o cansaço fosse maior que o normal.
O caminho neste trecho não é mais óbvio e algumas pequenas setas presas ao chão apontam o caminho a seguir (setas amarelas para o trecho sentido Teresópolis e setas brancas para o sentido Petrópolis). Totens também ajudam aos que estiverem sem guias. A caminhada passa a ser sobre pedras nuas e vegetação de altitude.
Totens de pedra deixados pelos montanhistas |
Ao
fim da Isabeloca chega-se ao Chapadão. É o fim da subida e o ponto onde
inicia-se o trecho mais plano é conhecido pelos montanhistas como “Graças a
Deus” de onde já se avista a Pedra do Açu entre as nuvens.
"Graças a Deus" o fim da subida |
Eram
15h30min quando alcançamos o Morro do Açu, ponto mais alto de Petrópolis (2.245
mts de altitude), e os Castelos do Açu, uma formação rochosa cheia de
reentrâncias originária de uma única rocha que se partiu.
Castelos do Açu |
Geovane, eu e Wallace nos Castelos do Açu |
Próximo
aos Castelos do Açu existe um dos dois Abrigos de Montanha ao longo da
Travessia (o outro sendo na Pedra do Sino). Este é o local do primeiro
pernoite.
Nesta
primeira noite eu garanti uma vaga na cama dentro do abrigo. Deixei a mochila
na beira da cama e entrei na fila do banho quente. Enquanto esperava o banho
fui para cozinha preparar minha refeição. O
abrigo do Açu é bem simples e organizado, não estava muito cheio, pois só quem
utiliza ele são os que estão fazendo a travessia. O banho não demorou muito e é
bem quente e cronometrado (exatos 5 min).
Depois
de mais de 6h de caminhada montanha acima eu sentia um pouco de dor nas pernas
e tudo que eu queria era comida, banho e cama, mas ainda faltava o espetáculo
do fim do dia. Por volta das 17h subimos para ver o pôr do sol no topo da
montanha. No alto do Açu encontra-se um cruzeiro em homenagem a um grupo de
montanhistas que perdeu a vida em uma tempestade elétrica no ano de 1992 e é
deste ponto que admiramos o fim do primeiro dia de travessia. Infelizmente
neste dia as nuvens eram muitas e encobriram o sol antes da hora, mas mesmo
assim foi uma cena única.
Cruzeiro no Açu |
Homenagem no cruzeiro |
Pôr do sol no Açu |
Fim do primeiro dia de travessia |
Voltando
ao abrigo uma surpresa agradável. As nuvens baixaram e a lua cheia surgiu
iluminando toda a montanha e junto com o céu extremamente estrelado fizeram da
noite um espetáculo à parte.
2º Dia – Morro do Açu x Pedra do Sino
(11 Km em 8h de caminhada)
Acordei as 7h com o dia já claro. O corpo doía um pouco, mas a noite na cama ajudou bastante a recuperar o cansaço do primeiro dia. Tomei o desjejum e as 8h o sol estava forte e já estávamos prontos para o segundo dia da travessia.
O
grupo aumentou bastante para o restante da travessia. Mais 2 guias e um total
de 13 pessoas (sendo 10 guiados e 3 guias). O trecho todo entre os Castelos do Açu e a Pedra do Sino é percorrido no
estilo tobogã (sobe e desce o tempo todo) em campos de altitude.
Para mim este segundo dia me foi bem mais cansativo,
pois o sobe desce dos 7 morros que separam o Açu e o Sino possuem trechos muito
íngremes que exigem muito das pernas. Este trecho da travessia é o mais difícil
para navegação e não aconselho ir sem um guia, pois existem diversas falsas
trilhas sobre pedras nos topos de morro e vales e é frequente a ocorrência de
montanhistas errando caminhos.
Começando mais um dia na travessia |
Começamos a caminhar as 8h30min e depois de 50 min
estávamos no Morro do Marco, local de nossa primeira parada do dia. A vista é
sensacional, podendo-se contemplar toda a Baía de Guanabara, além das cidades
de Niterói e do Rio de Janeiro com suas cadeias de montanhas ao fundo. Do outro
lado vê-se o Dedo de Deus, Dedo de Nossa Senhora e o Escalavrado.
Morro do Marco com a Baía de Guanabara ao fundo |
Dedo de Deus, Dedo de Nossa Senhora e Escalavrado |
Seguimos descendo em direção ao Vale da Luva por uns
30 min e depois mais uns 30 min subindo novamente o Morro da Luva, uma das
piores subidas do dia. Mais uma parada para descanso e para comer alguma coisa.
A vista é impressionantemente bela, com a Pedra do Sino e o Pico do Garrafão a
frente.
O grupo chegando no Morro da Luva |
Mais um sobe e desce, cruzando o fundo do Vale das
Antas com áreas úmidas, encharcadas e um riacho para reabastecer a água nos
cantis e subimos o Morro do Elevador. Neste ponto existe a passagem que sobe
pelo paredão da encosta em uma escadaria composta por 74 degraus de vergalhão
metálico cravados na rocha. Os degraus são bem distantes exigindo uma força nos
braços e um bom jogo de pernas, mas nada impossível. Sentia algumas dores da
travessia e minhas pernas e ombro doíam bastante.
Ponto de reabastecimento de água |
Paisagens da travessia |
Elevador visto de frente |
Subindo o elevador |
Após vencer a subida do Elevador subimos pelo Morro
do Dinossauro até o Vale dos 7 Ecos (dê um grito aqui e descubra por que tem
esse nome). Deste ponto seguimos até uma passagem de descida sobre pedras que é
conhecida como Mergulho. Nosso guia prende a corda para auxiliar na passagem
deste ponto, que deve ser bem complicada e arriscada sem o equipamento, mas
fica super simples com a corda.
Morro do Dinossauro |
Vale dos 7 Ecos |
Passagem do Mergulho |
Esta é a última descida do dia e estamos na base da
Pedra do Sino no fundo do vale, deste ponto em diante é só subir, subir e
subir. Esta subida final contornando a Pedra do Sino exige muito do corpo.
Usando as pedras como degraus deve-se subir quase na vertical apoiando as mãos
o tempo todo nas pedras. No meio deste caminho existe a passagem do Cavalinho,
uma pedra quase vertical na qual para subir deve-se montar igual a um cavalo,
usando os braços para puxar o corpo como apoio para esquerda e o pé para
“trepar” na pedra a direita. Neste ponto a corda é de grande ajuda, pois
subimos as mochilas por ela e a usamos como ponto de apoio para o braço direito
enquanto a mão esquerda puxa o corpo e o pé é colocado para cima na direção do
“cavalo”. A atuação do Geovane como guia foi fundamental para transpor a
passagem com certa tranquilidade.
Depois da subida difícil do cavalinho é só caminhar
um tempo até o Abrigo Quatro, cravado no meio da mata. O abrigo no Sino tem
esse nome, pois era o quarto abrigo e último de uma sequência que existiu na
trilha desde a entrada do Parque Nacional em Teresópolis até o Morro do Sino.
No passado estes abrigos eram utilizados para pernoite de autoridades políticas,
quando o Rio de Janeiro ainda era a capital federal. Com a mudança da sede do
poder para Brasília os abrigos caíram em desuso e foram sendo demolidos com o
tempo, restando apenas o número 4 que foi restaurado e reaberto para uso de
pesquisadores e hoje abriga também os turistas que sobem o Sino para pernoite
ou que cruzam o parque na travessia.
Trilha do Sino |
Abrigo Quatro cravado na mata |
Se no abrigo do Açu tudo parecia calmo, no Sino não
é bem assim. A quantidade de pessoas no abrigo é muito superior ao primeiro,
principalmente por conta do número de visitantes que sobem para o pernoite no
Sino querendo ver o pôr do sol e amanhecer do alto da montanha, sem fazer a
travessia. Nesta noite eu ficaria no camping diante do abrigo. Almocei e deixei
a mochila na barraca que eu havia alugado previamente pelo site (os monitores
montam e desmontam a barraca neste caso).
Hora de subir ao topo do Sino (2263 mtrs de altitude) para ver o pôr do sol que é lindo por cima das nuvens.
Topo da Pedra do Sino |
Pôr do sol na Pedra do Sino |
Depois foi descer e entrar na fila do banho. Neste
abrigo a fila é bem grande e não tão bem organizada, com isso fiquei 2h
esperando pelo sonhado banho quente de 5 min. A galera ia aproveitando a espera
pelo banho para fazer amizade, e as horas passam enquanto a conversa rola na
mesa da sala do abrigo.
3º Dia – Pedra do Sino X Barragem (11
Km em 3h de caminhada)
A noite foi tranquila no camping, apesar do frio do
inverno na montanha. Antes das 5h já havia movimento de gente indo em direção
ao topo do Sino para ver o amanhecer. Acordei de vez um pouco antes das 6h. O
céu já estava clareando, mas ao invés de subir até o topo do Sino (20 min de
caminhada montanha acima) fomos ver o raiar do dia no dorso da Baleia, uma
pedra a uns 5 min de caminhada plana do abrigo (fica a dica... rs). O visual é
o mesmo do topo do Sino, apenas alguns metros abaixo. O nascer do dia é
realmente magnífico e vale muito aprecia-lo com calma. A nossa frente um mar de
nuvens com ilhas de terra (topos de morros) por todos os lados, estando ao
fundo a Baía de Guanabara com as cidades de Niterói e Rio de Janeiro ainda
dormindo.
Raiar do dia no Sino |
O sol entre as montanhas e um mar de nuvens abaixo |
Início do último dia de travessia |
Grupo reunido no Dorso da Baleia |
Depois era só encarar a descida em uma trilha bem
definida e com pouco desnível. Quase todos no abrigo descem na parte da manhã,
então a trilha estava super cheia e por várias vezes encontramos nossos novos
amigos que fizemos na noite anterior no abrigo pelo caminho. Na descida
passamos por duas cachoeiras, sendo a Véu da Noiva a mais bonita com sua queda
d’água de 16 metros.
Trilha quase plana na descida do Sino |
Trilha bem cheia de gente para o último trecho |
Cachoeira do Papel |
Cachoeira Véu da Noiva |
O fim da travessia se dá na Praça da Barragem, ponto
de captação de água para a cidade de Teresópolis, mas deste ponto até a portaria
do Parque Nacional deve-se fazer uma caminhada de mais 3 Km. Depois peguei um
taxi até a rodoviária para tomar o ônibus de volta ao Rio de Janeiro. As pernas
doíam e o corpo todo queria uma cama e descanso, mas estava feliz por
finalmente conseguir realizar a travessia.
Fim da travessia em Teresópolis/RJ |
Por
fim deixo aqui 10 dicas úteis para quem está planejando fazer a travessia:
1- A
melhor época do ano para o percurso é de Maio a Agosto, por conta do baixo
índice pluviométrico. No verão as chuvas podem estragar a brincadeira;
2-
Contrate um guia. Apesar de grande parte da trilha ser um pouco sinalizada
(pequenas setas e totens) e até óbvia na subida e descida, existem diversos
caminhos secundários que enganam o caminhante, principalmente no trecho entre
Açu e Sino;
3-
Leve uma corda. Ou conforme a dica nº 2 o guia levará uma. Você pode precisar
na passagem pelo Mergulho e pelo Cavalinho (não é obrigatório, mas ajudará
bastante);
4-
As noites de lua cheia são mais disputadas pelo belo visual nos abrigos;
5-
Faça em 3 dias, apesar de poder ser feita em menos tempo, ficará muito mais
pesada e você perderá os pontos altos que são o pôr do sol no Açu e o raiar do
dia no Sino (PS: A trilha já é bem pesada em 3 dias!!!);
6-
Leve um bastão de caminhada, apesar de não ser item obrigatório ajuda muito nas
íngremes subidas e na interminável descida do último dia;
7-
Alugue a barraca de camping e use os utensílios dos abrigos, pois diminui o
peso que vai precisar carregar na mochila;
8-
Saco de dormir é indispensável. Mesmo na cama do abrigo (cama sem lençol nem
manta) você precisará para o frio da noite;
9-
Deixe para comprar o banho na hora, não faça a reserva de banho no site, pois
pode haver algum problema com o gás e não estar disponível banho quente no dia.
É só deixar p/ comprar na hora do banho nos abrigos (coloque o nome na lista
assim que chegar ao abrigo, pois a fila é grande e pode demorar até 2h para
tomar um banho);
10-
Faça a travessia no sentido Petrópolis x Teresópolis, pois o sentido contrário
é extremamente mais difícil e arriscado.
Gastos (ano de 2014):
- Serviço de guia: R$ 270,00
- Ônibus Rio-Petrópolis: R$ 21,17- Táxi Rodoviária-Corrêas: R$ 80,00
- Entradas do parque para trilhas de travessia (3 dias): R$ 52,50
- Cama no Açu: R$ 40,00
- Camping no Sino: R$ 6,00
- Banho nos dois abrigos: R$ 20,00
- Taxi para rodoviária de Teresópolis: R$ 11,00
- Lanche na rodoviária: R$ 5,00
- Ônibus Teresópolis-Rio: R$ 24,48
Bacana! Farei essa travessia esse mês agora. Agradeço pelas dicas!
ResponderExcluirBoa travessia pra você!!! O fim do dia no Açu e amanhecer no Sino são imperdíveis
ExcluirValeu pelas dicas.
ResponderExcluirEsta foi a melhor descrição da travessia que encontrei na web. Obrigado ! Estive na semana passada no Véu da Noiva, estou programando uma subida de ida e volta em um só dia ao Queijo e assim vou checando minha condição de fazer esta travessia conforme vc tão bem descreveu. Veremos !
ResponderExcluirO importante é sempre estar fazendo alguma trilha, assim o corpo vai se adaptando. Vc pode fazer apenas o Sino tb, antes da travessia. Vc sobe pela entrada de Teresópolis e pernoita na Pedra do Sino, descendo no dia seguinte...
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