quinta-feira, 2 de maio de 2019

Serras Capixabas /ES


O Espírito Santo normalmente é associado ao litoral, com praias famosas e forte referência à moqueca capixaba, mas deixamos o mar e subimos a serra em uma road trip pelas principais cidades serranas.


Começamos pelo principal destino turístico da região: Domingos Martins, que está a apenas 50 Km de distância da capital Vitória, e é o ponto de partida para conhecer os arredores serranos.

Domingos Martins com sua arquitetura alemã

Estávamos com um casal de amigos e alugamos uma casa por lá, então não posso indicar hospedagens na região, mas existem muitas e para todos os bolsos, sendo uma boa dica para quem está de carro, buscar também opções em Marechal Floriano, cidade vizinha a poucos quilômetros de Domingos Martins.

Road Trip em grupo: Viajamos com um casal de amigos para explorar as Montanhas Capixabas

Na estrada, perto da entrada da cidade está a Cachoeira da Bica que é de fácil acesso e muito procurada para refrescar os dias quentes, mas não é muito grande, apenas uma queda e uma piscina, praticamente embaixo da ponte da rodovia.

Cachoeira da Bica

Era o primeiro fim de semana do ano e há na cidade há uma grande festa ao ar livre que só termina no Dia de Reis. A praça central fica repleta de barracas e aproveitamos para degustar uma cerveja artesanal na Choperia Fritz Frida (vantagem de viajar com mais pessoas é que sempre tem alguém que não bebe e pode dirigir, no caso a esposa do amigo estava grávida, logo foi a motorista do dia, pós cervejaria rs).

A Choperia Fritz Frida representa a cultura alemã dos colonizadores

A dica que deixo aqui é conhecer as cidades e atrações dos arredores durante o dia, deixando o centro de Domingos Martins para o fim de tarde e noite, assim seguimos para Marechal Floriano.

Marechal Floriano

A antiga estação de trem foi transformada em Casa de Cultura e a pouco tempo por aqui cruzava o Trem das Montanhas Capixabas, que permitia um passeio desde Viana até Araguaya, mas que não estava mais operando quando estivemos lá no início de 2019 (existiam estudos e ideias para que voltasse a operar).





Marechal é uma cidade pacata e bem estruturada, com vários orquidários e ruas limpas e tranquilas. Mas a principal atração é uma cachoeira que não está no centro e sim a 20 Km de distância.

Cachoeira do Zeca

A Cachoeira do Zeca é um ótimo lugar para passar um tempo com a família ou amigos. O Zeca é super simpático e montou uma boa infraestrutura no complexo de cachoeiras no seu terreno.

Nós com o simpático Sr. Zeca

Cachoeira em meio à mata

Normalmente não curto ir em cachoeiras pagas com bares e estrutura ao lado, pois descaracterizam muito o lugar e tiram o clima de natureza, mas ali é diferente.


A cachoeira principal está bem preservada e tem uma ótima queda d’água, o rio que segue é ideal para crianças e tem até rede de vôlei.

Trecho de rio com rede de vôlei para famílias e amigos

Ao lado do rio um bar e mais a frente, em uma área sem nenhuma estrutura, estão três outras cachoeiras em sequência.

Três quedas e três poços em sequência

Ficamos quase a metade do dia ali, aproveitamos os petiscos do Bar do Zeca com algumas marcas de cervejas artesanais da região (continuamos contando com a grávida para dirigir depois hehehe) e curtimos as cachoeiras relaxantes.

Relaxante o banho na cachoeira: Vale a visita

Depois seguimos para Araguaya, uma simpática vila de origem italiana a apenas 10 km de distância da cachoeira.


A estação era o ponto final do passeio de trem pelo circuito das montanhas capixabas e integrou a antiga Estrada de Ferro Leopoldina, que operou no circuito cafeeiro da região.

Estação Araguaya e os trilhos da antiga Estrada de Ferro Leopoldina

Uma réplica das primeiras casas dos habitantes da região foi erguida bem junto a estrada principal, a Casa do Nono é um lembrete de como eram as construções dos primeiros imigrantes italianos no passado e bem perto está uma bomba manual de abastecimento de combustíveis original que chama a atenção.


Antiga bomba manual de abastecimento de gasolina

O Centro de Cultura e o Museu Casa Rosa contam um pouco da história da vila que também possui alguns restaurantes italianos, mas como havíamos petiscado bem na cachoeira, deixamos essa experiência para outra oportunidade.

Casa de Cultura

Museu Casa Rosa

Deixando Araguaya seguimos para nosso último destino do dia: Matilde, já na região de Alfredo Chaves. Existem três atrações para os visitantes: A cachoeira, o túnel e a Estação Rodoviária.


Não chegamos a conhecer as cidades, apenas a famosa Cachoeira Engenheiro Reeve, conhecida como Cachoeira de Matilde, que tem uma pequena janela que faz sucesso nas fotos em redes sociais. A janela é uma vista para o vale à frente, mas infelizmente a paisagem só mostra terra desmatada e pasto, melhor seria uma vista de área preservada, mas...


Depois é só descer o caminho de pedras até o mirante de onde se tem uma vista da linda cachoeira. São 70 metros de queda livre, sendo a maior do Espírito Santo e apesar do poço, quando estivemos lá a força da água era muito grande (época das chuvas de verão) e não permitia entrar, mas após o mirante um caminho em trilha de terra leva até a base da cachoeira, que também é usada para a prática de rapel.

A Cachoeira de Matilde é a maior do Espírito Santo

Antes do dia escurecer voltamos para Domingos Martins e curtimos a noite na festa de Luzes Natalinas da praça principal, que fica bem iluminada e enfeitada desde o natal até o Dia de Reis.



Nós quatro curtindo o clima natalino na serra

Depois de uma noite de descanso na serra, seguimos em direção à Rota do Lagarto, na região da Pedra Azul.

O início da Rota com a Pedra Azul e seu Lagarto de lado ao fundo

A pequena estrada, de apenas 8,5 Km de extensão, liga as rodovias BR-262 e ES-264 e é conhecida pela vista da Pedra Azul e seu “Lagarto”, uma formação geológica que vista da estrada lembra um lagarto subindo a pedra.

A Pedra Azul com o seu "Lagarto", a pedra menor que parece estar subindo pela encosta à direita

O "lagarto" e a Pedra Azul vistos da estrada
Mas o que torna o lugar especial não é apenas a vista da pedra e sim um longo roteiro de pousadas, restaurantes, cafeterias e fazendas que tornam essa estrada uma rota charmosa e romântica que vem atraindo turistas, principalmente no inverno, para curtir um descanso no frio da serra.


A Rota do Lagarto tem diversas opções de restaurantes e cafeterias com todo tipo de guloseima

Uma dica é visitar a Casa do Turista, no quilômetro 88 da BR-262 no início da Rota do Lagarto, lá você encontra todas as informações que vai precisar da região, além de algumas lojas de artesanato e delícias do agroturismo local.

A Casa do Turista

Lojas de artesanato e docerias

A principal atração da Rota do Lagarto é o Parque Estadual da Pedra Azul, destino mais procurado da região serrana e que tem esse nome devido a coloração da pedra que muda com o passar do dia e as condições de luminosidade.



Descobrimos que devido a alta no turismo da região as trilhas são fechadas após um certo número de visitantes, o que fez com que não conseguíssemos fazer as trilhas do parque, logo se você pretende conhecer a Pedra Azul de perto tem que chegar bem cedo...


O pórtico de entrada do parque está a 800 metros da portaria principal, mas se não houver vagas para as trilhas já terá uma plaquinha lá embaixo avisando isso...


O parque possui uma trilha de 2,5 Km (ida e volta) que leva até as piscinas naturais que nascem em meio as pedras e uma trilha de 1,9 Km (ida e volta) até a base da pedra. Infelizmente não conseguimos ir em nenhuma, mesmo com pessoas já voltando das trilhas a segurança do parque não reabre as trilhas ou permite a entrada do mesmo número de pessoas que saíram, ou seja, depois que fecha não reabre mais no mesmo dia.


Deixando o parque e a Rota do Lagarto seguimos para Venda Nova do Imigrante, conhecida como Capital do Agroturismo, mas nossa visita foi rápida.


A cidade possui uma cachoeira próxima ao centro e um mirante no alto do Morro da Antena, mas devido ao horário não fomos visitar nenhum dos dois.

Centro de Agroturismo de Venda Nova do Imigrante

Venda Nova do Imigrante é uma cidade gastronômica e repleta de boas referências para comer alguma coisa, além de ser polo cervejeiro, com algumas marcas artesanais.

Impossível resistir aos sabores de Venda Nova

Destaque para a Fazenda Saúde, na zona Rural, que serve um almoço excelente, e para a Cafeteria Altoé da Montanha, junto à estrada no centro, que serve um bufê colonial no fim da tarde e possui grande variedade de bolos, doces e salgados.


Uma pequena parte do Café da Roça no Altoé da Montanha

Seguimos para Castelo em meio as plantações de café que dominam a região e decepcionados por não conseguir tomar um banho nas piscinas naturais da pedra azul, seguimos para o Parque Estadual do Forno Grande, menos conhecido e menos visitado, mas que vale muito ir conhecer (me arriscaria a dizer que é melhor do que o outro, mas como não trilhei a Pedra Azul, fica difícil afirmar com certeza).

Os cafezais dominam a região serrana capixaba

O Parque do Forno Grande possui uma trilha de 1,8 Km que leva até o Mirante da Pedra Azul, que fica de frente para o Mirante do Forno Grande que está lá no Parque da Pedra Azul...


Trilhando no Parque Estadual do Forno Grande

A vantagem aqui é que a trilha até as piscinas naturais tem apenas 840 metros e ainda passam pela Cachoeirinha e pela Gruta da Santinha, que estão a 300 metros e 420 metros da entrada respectivamente.

Trilha do parque bem sinalizada

Cachoeirinha com pouca água nesse dia

Gruta da Santinha

Poços Amarelos

Como o Forno Grande é menos visitado não tivemos problemas em entrar, mesmo perto de meio dia e ir para as piscinas naturais, que são ótimas.




Após as piscinas, mais alguns metros acima na trilha está o Poço do Forno Grande, com uma queda d’água e boa profundidade.

Poço do Forno Grande: Boa profundidade e uma pequena cachoeira

No fim da tarde seguimos para o centro de Castelo e vimos um lindo pôr do sol nas montanhas capixabas. Foi o fim de nossa road trip pelas montanhas.

Pôr do sol nas montanhas em Castelo

A biblioteca municipal de Castelo iluminada para as festas de fim de ano


Dicas e Informações:

- Existem muitas outras cachoeiras na região, bem próximo a de Matilde tem a da Vovó Lúcia que é bem sinalizada;

- Recomendamos fazer essa road trip em três dias, mas dá para curtir bem as montanhas em um fim de semana indo a partir de Vitória;

- O inverno é alta temporada na montanha por conta do clima, mas no verão você pode aproveitar melhor as cachoeiras.