terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Salvador/BA


Passamos apenas um único dia na capital baiana, mas foi possível conhecer muito da cidade. Deixo aqui um pouco do nosso dia por lá para ajudar aos viajantes que dispõe de pouco tempo e não sabem o que dá para fazer em um dia. Mas aviso: Nosso dia foi bem corrido! Deixamos para descansar depois ;-)




Hospedagem

Ficamos apenas um dia, mas passamos a noite na cidade para viajar no dia seguinte então nos hospedamos na Pousada Papaya Verde (Rua Eng. Milton Oliveira, 177, Barra) e recomendo o lugar. Próximo a Praia do Farol da Barra, a localização é ótima e o custo x benefício excelente. Funcionários super atenciosos e um ótimo desjejum. Alguns pontos negativos por conta do pouco espaço no quarto, mas nada de mais para um mochileiro. O lugar é simples e agradável.

 
Pousada Papaya Verde

Dejejum na pousada


Igreja do Bonfim

O primeiro lugar que conhecemos em Salvador foi a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, parada obrigatória para os que possuem interesse em turismo religioso. Como bons cristãos seguimos de ônibus até a base da pequena colina onde está a igreja. O ônibus nos deixa diante do Mercado Municipal do Bonfim, depois é só caminhar subindo a Colina Sagrada por alguns poucos metros.

 
Mercado do Bonfim

Estivemos por lá na primeira sexta feira do mês, quando acontece uma tradicional cerimônia de Nosso Senhor do Bonfim e a igreja estava cheia. Diante da igreja o sincretismo religioso, típico da Bahia, pode ser visto e sentido com uma benção com arruda (seguida rapidamente por um pedido de contribuição financeira do turista...).

 
Igreja do Bonfim

Já que está no momento de fé e sincretismo religioso aproveite e amarre uma fitinha do senhor do Bonfim nas grades que cercam a igreja, fazendo um pedido e dando três nós na amarração ;-)

 
Grade de fitas cerca a igreja

Aline amarrando sua fitinha

Aline e as fitas do Senhor do Bonfim na grade da Igreja


A conclusão da construção da igreja se deu em 1754 quando as imagens do Nosso Senhor do Bonfim e de Nossa Senhora da Guia, que vieram de Portugal, foram colocadas no altar.

 
Altar da igreja com as imagens vindas de Portugal

Quem estiver em Salvador no início do ano pode acompanhar a tradicional lavagem das escadarias da igreja que começou a ser feita em 1773 no interior do templo, mas que com a associação ao candomblé através de sincretismo foi proibida de ser realizada dentro da igreja e passou a ser feita nas escadas e no adro diante do templo.

 
Interior da Igreja do Bonfim

Memorial Irmã Dulce

A pouco mais de 1 Km de distância da Igreja do Bonfim (caminhamos tranquilamente em um dia de sol) está o Memorial Irmã Dulce, montado em um anexo do Convento de Santo Antônio, sede das obras de caridade da freira.

 
Memorial Irmã Dulce

Inaugurado em 1993 o lugar preserva objetos pessoais da Beata e conta sua interessante história de vida.

 
Quarto com objetos da freira

Na capela está o marco onde o Santo Padre João Paulo II se ajoelhou e rezou em 1991 quando esteve visitando Irmã Dulce, já doente, um ano antes de seu falecimento.

 
Capela onde João Paulo II orou

Próximo ao memorial está a Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, que faz parte das construções de obras sociais da freira e que abriga hoje seu túmulo.

 
Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus

Túmulo de irmã Dulce


Praia da Boa Viagem

É possível ir caminhando do Memorial Irmã Dulce até a Praia da Boa Viagem. No caminho você verá o prédio do Abrigo Dom Pedro II, um solar construído em meados do século XIX.

 
Abrigo montado em um solar do século XIX

Finalmente chega-se a Praia da Boa Viagem e acredito que foi um pouco decepcionante para mim. Não pela beleza do lugar, que possui águas esverdeadas e calmas que atraem turistas de todo o mundo, mas minha decepção se deve ao tamanho da praia, pois sempre ouvi falar do lugar e imaginava algo mais grandioso.

 
Praia da Boa Viagem

A pequena faixa de areia me fez duvidar de onde estava. Um pequeno caminho de cimento conduz entre a areia e bares e em um deles confirmei que estava no lugar certo. Imaginava uma praia imensa, como Copacabana ou Ipanema, mas me deparei com um lugar simples digno de paz e tranquilidade, bem diferente das praias cariocas, apesar da fama parecida...

 
Pequena faixa de areia e águas claras da Baía de Todos os Santos na Boa Viagem

No Largo da Boa Viagem, junto a praia, está a Igreja da Boa Viagem construída no século XVIII e que abriga a imagem do Bom Jesus dos Navegantes que é levada em procissão marítima no primeiro dia do ano.

 
Igreja no Largo da Boa Viagem

A igrejinha é bonita apesar da aparência de abandonada, infelizmente não conseguimos entrar no dia em que estivemos por lá. Mas se você tiver tempo aconselho parar um tempo e tomar um banho de mar, almoçando nos bares a beira mar que existem nos arredores.

 
Igreja da Boa Viagem que abriga a Imagem de Bom Jesus dos Navegantes

No fim da faixa de areia uma pequena elevação permite apreciar a praia de cima com as águas da Baía de Todos os santos reluzindo sob o sol forte.

 
As águas da Baía de Todos os Santos banhando a Praia da Boa Viagem

Monte Serrat

Entre a Boa Viagem e o Bonfim está uma pequena colina chamada de Monte Serrat, que abriga um forte e a Ponta Humaitá, uma península onde há um farol e uma igrejinha.

Ponta Humaitá vista do Monte Serrat

O Forte de Monte Serrat está no topo da colina de onde se tem uma linda vista da Baía de Todos os Santos e foi concluído em 1742.

 
Forte de Monte Serrat

Na península Humaitá encontramos, diante do farol, a Igreja e Mosteiro de Nossa Senhora de Monte Serrat.

 
Igreja, mosteiro e Farol na Ponta Humaitá



O lugar é um convite aos casais e tem um ar de romance diante das águas da Baía de Todos os santos, pois é calmo e tranquilo.

Igreja de Nossa Senhora de Monte Serrat

Passamos toda a parte da manhã neste percurso que inclui a Igreja do Bonfim, Monte Serrat, Praia da Boa Viagem e Memorial Irmã Dulce e depois de apreciar a paisagem e descansar diante da Baía de Todos os Santos, tomamos um ônibus em direção ao centro da cidade.


Mercado Modelo

Uma visita a Salvador não pode deixar de passar pelo Mercado Modelo, que é um típico centro de artesanato e cultura baiana.

 
Mercado Modelo

O prédio, que já abrigou a alfândega, fica diante da marina de Salvador (de onde partem os barcos para Morro de São Paulo, por exemplo) e está aberto todos os dias da semana, mas atenção, pois aos domingos e feriados as atividades encerram as 14h e não as 19h como nos demais dias.

 
Mercado Modelo por dentro

Dentro do mercado estão mais de duzentos comerciantes que vendem tapeçarias, rendas, objetos de decoração, pinturas e quinquilharias diversas.

 
Encontra-se de tudo no Mercado Modelo

Aproveite que está no Mercado Modelo para almoçar em um restaurante típico, pois no andar de cima estão dois deles: Maria de São Pedro e Camafeu de Oxóssi. Escolhemos o segundo e depois de uma manhã cansativa entre o Bonfim e a Boa Viagem, degustamos uma ótima refeição para nos preparar para a segunda metade do dia

 
Restaurantes no andar superior

Almoço típico no Mercado Modelo


Elevador Lacerda

Construído em 1873 o elevador é um dos pontos mais conhecidos de Salvador, que com seus 72 metros de altura liga a parte baixa à parte alta da cidade.

 
Elevador Lacerda visto de baixo com seus 72 metros de altura

Considerado mais alto elevador urbano do mundo quando foi inaugurado, o Elevador Lacerda encanta os turistas e é usado como meio de transporte para a população até os dias de hoje.

Elevador visto de cima

Por dentro é um elevador normal, sem vista panorâmica, que percorre o trecho entre as praças Cairu (cidade baixa) e Thomé de Souza (cidade alta) em aproximadamente 30 segundos.


Por dentro da estrutura

Do alto a vista é linda! Pode-se ver o Mercado Modelo, a Marina e o Forte São Marcelo, tudo isso diante da bela Baía de Todos os Santos.

 
Vista de cima a Baía de Todos os Santos completa a paisagem com a Marina, o Forte e o Mercado Modelo


Praça Thomé de Souza

A praça que é a porta de entrada da cidade alta guarda, além do Elevador Lacerda, o bonito prédio do Palácio Rio Branco, a Prefeitura de Salvador e o prédio da Câmara Municipal da cidade. A curiosidade fica por conta do fato de que o Palácio Rio Branco foi bombardeado em janeiro de 1912, mas está totalmente reformado atualmente.

 
Palácio Rio Branco


O interior do palácio
Na praça estão também inúmeros guias turísticos oferecendo seus serviços a todos com cara de turista que saem do elevador. Não fizemos nenhum roteiro com guia e seguimos tudo por nossa conta, então se quiser economizar, vá por sua própria conta e verá tudo sozinho sem problemas.

Câmara Municipal
 
Prédio da Prefeitura de Salvador

Ainda nos arredores da praça está o monumento da Cruz Caída, que marca o lugar onde esteve a antiga Catedral da Sé de Salvador. Incrível imaginar que a gigantesca e histórica igreja, que foi erguida entre 1612 e 1617 (no mesmo lugar da anterior), foi demolida no ano de 1933, junto a mais prédios históricos, para dar lugar aos trilhos do bonde no então novo projeto de revitalização da região.

 
Cruz Caída marca o lugar da antiga Igreja da Sé

Pelourinho

Na parte alta da cidade encontra-se o centro histórico de Salvador que tem sua história mais preservada no bairro do Pelourinho, que se estende desde o Terreiro de Jesus até o Largo do Pelourinho.

 
Pelourinho

É fácil caminhar pelo centro histórico de Salvador e em poucos minutos se chega na praça conhecida como Terreiro de Jesus, cujo nome foi dado após ser erguido no local o prédio do Colégio da Companhia de Jesus, em 1590.

 
Terreiro de Jesus

Antigo prédio da Companhia de Jesus


Na praça está localizada a Basílica de São Salvador, a atual Catedral da cidade que foi erguida com pedras vindas de Portugal, a Igreja de São Domingos Gusmão e a Igreja de São Pedro dos Clérigos.

 
Basílica de São Salvador

Igreja de São Pedro dos Clérigos


No Largo do Cruzeiro, quase de frente para o Largo do terreiro de Jesus, estão a Igreja e o Convento de São Francisco.

 
Largo do Cruzeiro com a Igreja de São Francisco de Assis ao fundo

A igreja foi construída entre 1708 e 1723 e é a mais rica em decoração de talha dourada de Salvador. Vale a pena conferir de perto a beleza do interior desta igreja que conta com oito alteres laterais, além do altar mor, todos muito bem decorados em ouro.

O interior da Igreja de São Francisco é um dos mais decorados em talha dourada da cidade

Não deixe de visitar a sacristia da igreja que é linda e ricamente decorada em madeira talhada revestida de ouro.

 


O convento ainda está em uso, mas pode-se cruzar o claustro quadrado decorado com azulejos e apreciar a arte das pinturas bíblicas.

 
Convento da Ordem de São Francisco

É muito gostoso caminhar pelas ruas do Pelourinho e ao contrário do quem muitos dizem achei as ruas bem limpas e cuidadas, com seus casarões coloniais bem conservados, na grande maioria.

 
Ruas do Pelourinho

Lojas de artesanatos e restaurantes dividem as ruas


O Pelourinho é hoje uma área de comércio e cultura e caminhando encontra-se diversas lojinhas com produtos para turistas, além da sede do famoso Olodum. Não é difícil encontrar uma apresentação do grupo de percursionistas diante do casarão ou nas ruas próximas.

 
Casa do Olodum

Grupo Olodum nas ruas do Pelourinho


Outra atração cultural do bairro é a casa onde viveu o escritor Jorge Amado e onde ele escreveu o romance “Suor” que retrata a vida miserável nos cortiços da região. Mais adiante encontra-se o grande casarão em que o escritor viveu com sua mulher e onde hoje funciona a Fundação Jorge Amado.

 
Cortiço onde cresceu Jorge Amado

Casarão da Fundação Jorge Amado onde o escritor morou


Finalmente chegamos ao Largo do Pelourinho, que apesar do nome não ostenta mais o antigo pelourinho onde os escravos e condenados eram amarrados e torturados, muitas vezes até a morte. No largo está a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, do século XVIII.



Largo do Pelourinho

Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos



Igreja do Carmo

Para finalizar nossa visita ao centro histórico de Salvador recomendo ir a um lugar fora do Pelourinho, mas bem próximo. A Igreja da Ordem Terceira do Carmo.

 
Igreja da Ordem Terceira do Carmo

A igreja, erguida em 1644 na Ladeira do Carmo pela irmandade que se instalou em 1636 no lugar, foi destruída por um incêndio no ano de 1788. A visita inclui o interior do templo e seu coro alto, onde está o Órgão Cavaillé-Coll vindo da França e inaugurado no natal de 1889 (do mesmo organeiro que criou o da Catedral de Notre Dame).

Interior visto do Coro Alto

Órgão Cavaillé-Coll


No convento pode-se visitar um pequeno museu de arte sacra, mas a principal atração do lugar é a escultura do Senhor Morto, uma impressionante obra de arte do escultor baiano Francisco Xavier Chagas, o “Cabra”, esculpida em 1730 e que possui centenas de rubis incrustados nas chagas de Cristo, dando uma veracidade as feridas e ao sangue que escorre.

 
Convento do Carmo

Escultura do Senhor Morto cravejada de rubis representando o sangue de Cristo


Para finalizar desça rapidamente as catacumbas do convento que possui um túnel estreito, que não se pode acessar, ligando a Igreja aos subterrâneos de palácios e mosteiros da cidade.

 
Descida para as catacumbas do Convento

Passagem estreita com túnel na parede

Catacumbas do Carmo


Região da Barra

Para finalizar o dia seguimos de ônibus na direção de nosso hostel, próximo a região da Barra de Salvador.

 
Barra de Salvador

Junto a Praia do Porto da Barra estão os Fortes de Santa Maria e de São Diogo, um de cada lado da faixa de areia. Não visitamos as fortalezas devido o horário (dá para fazer muito em um dia, mas nem tudo...).

 
Forte de Santa Maria

Praia do Porto da Barra entre os fortes

Forte de São Diogo


Entre o mar e o Forte São Diogo, junto as areias da Praia do Porto da Barra, encontra-se o monumento que marca a fundação da cidade. Uma coluna de pedra portuguesa com o escudo de Portugal e a Cruz de Cristo diante de um painel de azulejos que retrata a chegada do fundador Thomé de Souza.

 
Marco de fundação da cidade de Salvador

Para terminar o dia uma visita a outro dos pontos turísticos mais conhecidos de salvador: Farol da Barra.

 
Farol da Barra onde funciona o Museu Marítimo

No farol funciona o Museu Marítimo, que não visitei devido ao horário, mas o lugar realmente dispensa comentários pela beleza externa.

 
Fim do dia na Praia do Farol da Barra

Esperamos o fim do dia nas areias da Praia do Farol da Barra e nos deparamos com um espetacular pôr do sol com o farol como paisagem. Acredito que o fim do dia possa ser visto de outros pontos de igual beleza, como o Elevador Lacerda, mas escolhemos o farol já que estávamos hospedados na região.




A noite de salvador possui muitos bares e restaurantes dignos de nota, estando os principais na região do rio Vermelho e da Barra, que são os principais lugares escolhidos pelos turistas como hospedagem.

 
Praia do Porto da Barra a noite

Nós já havíamos almoçado em um restaurante típico então resolvemos conhecer algo diferente na noite da cidade e encontramos o ótimo Bistrô Porto Sol (rua César Zama, nº 51 - Porto da Barra), indicado por uma amiga baiana e moradora de Salvador.

 
Bistrô Porto Sol

O restaurante Áustro-Húmgaro estranhamente decorado com referências pop e Cult serve uma ótima comida, mas o charme extra fica por conta da bebida. A cerveja comum é servida com lúpulo extra (pingado em gotas no copo) que faz com que a bebida fique especialmente encorpada, com jeitão de chopp alemão. Vale a pena conferir!!!

 
Decoração "Cult" do lugar

Embalados pela cerveja com lúpulo extra e pelo cansaço de um dia mega cheio, voltamos caminhando pela orla para o hostel. Teríamos uma noite de descanso e no dia seguinte partiríamos de Salvador com a certeza de que aproveitamos o máximo possível um dia na cidade.

Orla próxima ao Farol da Barra iluminada a noite