segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Zipaquirá

3° dia em Bogotá

Usamos nosso último dia em Bogotá para ir conhecer a famosa Catedral de Sal na cidade vizinha de Zipaquirá.

Nós na famosa Catedral de Sal de Zipaquirá: Visita de um dia a partir de Bogotá

É possível ir por conta própria e economizar uma grana, já que muitas agências cobram um tanto caro para levar até lá, sem falar que por nossa conta não ficaríamos presos aos horários do tour.


Acordamos cedo, tomamos o desayuno do hostel, em Bogotá, e seguimos caminhando para uma estação da Transmilenio (terminais rodoviários interligados por ônibus articulados que cortam a cidade em vias exclusivas).

Estação Transmilênio de ônibus articulados de Bogotá

Para chegar a Zipaquirá pegamos dois ônibus: O primeiro foi um Transmilenio e o segundo um ônibus intermunicipal. Saindo do centro tomamos a linha B74 até a estação Portal Del Norte, que é um tipo de rodoviária que concentra o fim da linha dos veículos articulados e os integra a muitas outras linhas, municipais e intermunicipais. Daí é só cruzar a roleta, saindo da estação da Transmilenio (mas ainda dentro do terminal) e pegar o micro ônibus identificado com o letreiro “ZIPA”. Este leva até Zipaquirá! Não tem como errar já que os motoristas e trocadores ficam gritando “zipa... zipa... zipa...”.

Mochilando em "Zipa"

O percurso total demorou 2h, sendo uns 40 min até a Portal Del Norte no Transmilenio e mais 1h 20min até Zipaquirá no segundo ônibus. É só pedir ao motorista que ele avisa onde descer, se bem que é o ponto onde desembarca a maior parte das pessoas, já que no nosso ônibus quase todos eram turistas que iam para a catedral.

Calçadão onde desembarcamos do ônibus em Zipaquirá

Do ponto do ônibus em uma movimentada avenida até a entrada do complexo das minas de sal, ainda se deve dar uma boa caminhada e aproveitamos para conhecer a cidade no caminho.


Logo no fim da rua encontramos a antiga estação ferroviária, onde está o Centro de Informações Turísticas de Zipaquirá e aproveitamos para ver o que a cidade oferecia aos visitantes.

Antiga Estação Ferroviária de Zipaquirá onde hoje encontra-se o Centro de Informações Turísticas

Deixamos para ir até a praça central e conhecer os museus indicados depois que deixássemos a catedral, assim teríamos bastante tempo para curtir as minas de sal sem nos preocupar com horário.


Uma caminhada de aproximadamente 20 minutos nos leva até o portal de entrada do complexo saleiro, onde uma linha branca conduz pelas escadas morro acima em mais alguns minutos de um percurso um tanto cansativo.




No final da subida o platô revela um belo mirante de onde se vê a cidade abaixo e onde barraquinhas vendem artesanatos feitos com sal como lembranças do lugar.

A cidade vista da entrada da mina


Artesanato em sal

Seguimos para a bilheteria e descobrimos que existem algumas opções de “combo” com diferentes tipos de tours, cada um com seu preço. O mais simples dá direito ao complexo onde está a catedral, um segundo inclui o Museo La Salmuera, existe um que inclui tudo isso e um passeio com um trenzinho pela cidade e mais outro que inclui um tour pelas minas de sal em funcionamento. Compramos o que tinha a Catedral e o museu...


A visita é guiada e ao término o visitante pode ficar dentro do complexo o tempo que quiser, apesar de que os turistas que chegam com as agências devem partir em seguida, mas nós teríamos tempo suficiente para não precisar correr.


A Catedral de Sal de Zipaquirá é considerada a Primeira Maravilha da Colômbia e foi erguida dentro de uma mina em atividade.

Entrada da mina

Na verdade, os mineiros erguem pequenas igrejas e altares dentro das minas de sal para orações e proteção durante o trabalho pesado embaixo da terra e a igreja original encontra-se no primeiro nível de exploração, que não está mais aberto ao público devido a riscos de desmoronamento.

Entrando na mina para a visita guiada

Este espaço, que está a 180 metros de profundidade, foi aberto para visitação em 1995 e é onde se encontra a nova igreja, que neste ponto se tornou uma Catedral completa, com nave principal, e laterais, coro alto e tudo mais que tem em uma igreja comum.


O caminho inicial é pela Via-crúcis escavada na rocha de sal. Com iluminação especial e simbologia abstrata, só é possível entender o significado de cada estação da Via Sacra com a explicação do guia. Mas no geral cada estação possui uma cruz que representa Jesus e em cada parada ela está em uma posição diferente (por exemplo: na estação que representa a queda de Jesus, a cruz está inclinada sobre a parede), até que a última estação, que representa a ressurreição de Cristo, nos dá um espaço vazio em forma de cruz em uma pedra de sal (com a explicação do guia tudo faz sentido... rs).


Estações da Via Sacra com representações abstratas na parte inicial do percurso

Toda Catedral que se preze tem uma cúpula no teto e apesar desta ser subterrânea não esqueceram disto, portanto o caminho passa por uma câmara que o teto é em forma arredondada e com uma iluminação azul que remete aos céus. É um dos lugares mais bonitos do percurso, apesar da simplicidade.

A cúpula da Catedral: a foto não mostra a beleza que os olhos veem

Dali o guia nos leva ao coro alto da igreja, de onde se tem uma vista total da ampla nave principal com a imensa cruz ao fundo. Tudo bem iluminado por um jogo de luzes de nos deixar babando.



Era hora de descer e a catedral possui alguns ambientes sendo a nave central a mais impressionante, com uma cruz de 16 metros no altar e quatro colunas representando os evangelistas sustentando o teto. Destaque ainda para a impressionante escultura que homenageia Michelangelo.

A nave princiapl da Catedral dentro da antiga mina de sal


Na lateral uma capela dedicada a Virgem Maria, onde são realizadas missas dominicais, com esculturas e pinturas das diversas padroeiras da América do Sul. Estão lá imagens de Nossa Senhora de Lujan, da Virgem de Guadalupe e de Nossa Senhora Aparecida, entre outras.

Capela lateral dedicada as Padroeiras da América Latina

Imagem de N. Sra. Aparecida na capela

Duas outras naves estão conectadas ao centro da Catedral, na da esquerda encontra-se uma imensa cachoeira de sal na parede do fundo e na da direita está o batistério.

Cachoeira de sal em uma das paredes desta capela

O tour termina em um tipo de shopping subterrâneo, como é comum nesse tipo de passeio os turistas são levados a lojas e barracas onde se pode comprar várias lembranças do lugar.

Lojas para turistas no subterrâneo

Interessante são as lojas que vendem esmeraldas a bons preços, sendo possível comprar anéis e brincos da pedra com apenas vinte dólares...

Objetos feitos de sal e jóias à venda

É possível comprar esmeraldas por U$ 40,00!!!!

Também é possível comer por ali, mas tudo é um pouco caro, além de existirem lojinhas de produtos de beleza a base de sal e de todos os tipos de bugiganga que um turista pode querer.

Lanchonetes vendem de tudo um pouco dentro da mina

Um pouco de sal para esfoliação da pele ;-) rs

Um detalhe interessante é a escultura na parede de acesso a esta área (local onde termina o tour), que representa a exploração da mina pelos povos indígenas da região no período pré-hispânico.

A arte esculpida na parede de sal demonstra a exploração da área pelos povos indígenas

O ingresso dá direito a dois eventos que ali acontecem: Show de Luzes e Som e Cinema 3D. O primeiro é um rápido espetáculo em uma gruta escura com luzes e uma música, nada de mais.


O cinema 3D vale muito ir, pois é contata toda a história da mina em um breve filme com linguagem para todos os públicos.

Ambiente dentro da área turística da mina

Outro ambiente interessante é o Espelho D’Água que foi criado para mostrar como os espelhos são feitos à base de sal. Uma fina camada de água extremamente salgada reflete o teto da câmara e nos da a impressão nítida de profundidade, que na verdade, não existe...

Espelho de água e sal

Para finalizar um museu mostra um pouco da história da mineração de esmeraldas na Colômbia, com uma exposição das pedras preciosas e objetos de extração.

Carro típico usado no passado pelos exploradores e símbolo da Colômbia

Exposição de pedras preciosas

Como tínhamos tempo voltamos percorrendo todo o caminho com calma até a saída. Do lado de fora tem toda uma estrutura de lazer com parede de escalada, rapel e tirolesa, mas não fizemos nada disso. Na ampla área externa existem restaurantes, lojas e banheiros. Aproveitamos para almoçar por ali.

Parede de escalada e rapel na área externa

Seguimos para o Museuo de La Salmuera, construído nos antigos tanques de tratamento dos rejeitos da primeira mina aberta aqui.


A visita guiada é simples e rápida explicando sobre a estrutura da mina e seus quatro níveis de extração. A menina que nos guia fala um pouco sobre o processo da exploração do sal e sobre os estudos geológicos do complexo que ainda tem previsão de funcionar pelos próximos 500 anos (fica tranquilo, não precisa ter pressa para ir).

Paredes de sal da área de tratamento de rejeitos da antiga mina

Interior da área de tratamento de resíduos do primeiro nível da mina

Em meio aos antigos dutos de escória aprendemos que tudo começou a ser explorado antes da colonização espanhola, por índios da região e que os conquistadores escravizaram os índios que depois foram substituídos por trabalhadores.

Área de escórias da mina antiga

O primeiro nível data de 1836 e o segundo funcionou por apenas 2 anos entre 1876 e 1878, quando problemas estruturais fizeram encerrar as atividades. A primeira igreja no nível superior da mina foi erguida em 1954, enquanto se explorava o nível mais profundo. O terceiro nível, onde hoje está a catedral, funcionou até a década de 1990, quando se expandiu para um quarto nível que funciona até hoje com tecnologias diferentes e extração em bolsões verticais.

Esquema simples mostra os diferentes níveis da mina

No fim a simpática guia explica que o antigo sistema de tratamento de rejeitos ainda está ali na frente e na saída pudemos ver que transformaram as chicanas do floculador em um labirinto para as crianças brincarem (e os adultos também!!!! rs).

Antigo tanque de efluentes da mina

Área do floculador virou um labirinto para "crianças"

Deixamos as minas e voltamos para a cidade, passando pelo Museu Arqueológico que está junto a entrada do complexo. O museu abriga uma exposição com mais de mil peças do período pré-colombiano.

Museu Arqueológico

No Centro de Informações Turísticas nos haviam recomendado conhecer o Museu Casa de Quevedo, então seguimos para ele.

Museu Casa de Quevedo

O museu é uma casa colonial típica com objetos de várias épocas em exposição, com destaque para a máquina de escrever de Gabriel Garcia Marquez e uma máquina de lavar roupas de 1899 que eu nunca tinha visto antes (e olha que vamos a muitos museus e exposições com objetos de época...).

Máquina de escrever de Gabriel Garcia Marquez

Máquina de lavar roupas de 1899

Uma menina simpática nos guia e conta sobre os aspectos construtivos típicos da casa e sua história, que se mistura com a história colonial colombiana através de alguns personagens que nós nem conhecíamos e outros que estranhamente conhecíamos melhor do que os colombianos que estavam ali visitando também (prova do quanto se aprende viajando). No fim valeu a visita, mas não é nada de mais...

Pátio interno da casa: visita simples e rápida

Caminhamos pelas ruas de Zipaquirá e percebemos que não há muito mais o que ver pela cidade.


Terminamos nossa caminhada na praça principal diante da Igreja da Santíssima Trindade no centro da cidade.

Igreja da Santíssima Trindade na praça principal de Zipaquirá

Na praça cercada por casarões antigos e bem conservados, onde também está o bonito prédio da prefeitura.

Prédio da Prefeitura da cidade na praça

Na praça existem diversos restaurantes e cafeterias que nos convidam a um lanche antes de retornar. Depois voltamos caminhando para o ponto onde chegamos e tomamos o ônibus de volta a Bogotá.

Restaurantes e cafeterias estão nos arredores da grande praça

Desembarcamos no Portal Del Norte de Bogotá e pegamos um Transmileio para a rodoviária, na verdade, foram dois, já que tivemos que fazer baldiação no caminho... Mas depois de muitas informações pedidas nas estações, finalmente chegamos na rodoviária onde compramos a passagem para Cali. Embarcamos as 22h para nossa primeira noite em um ônibus.

Dicas e Informações:

- O horário de visita na Catedral de Sal é de 9h as 16h30min;
- Vale ir de ônibus, sai mais barato do que qualquer tour que ofereçam e é super fácil;
- O Museu da Salmonera não é grande coisa;
- Se você estiver com um carro alugado é possível chegar facilmente a Zipaquirá e o complexo mineiro da Catedral de Sal possui um amplo estacionamento;
- Existe um museu dedicado a Gabriel Garcia Marquez na cidade, perto da Igreja no centro, mas não fomos visitar devido o horário.

Gastos para duas pessoas em março de 2017:

- Cartão de ônibus Transmilenio: $ 3.000,00
- Ônibus Transmilenio: $ 8.000,00 (ida e volta)
- Ônibus intermunicipal: $ 20.000,00 (ida e volta)
- Água: $ 3.000,00
- Catedral de Sal e Museu: $ 106.000,00
- Almoço: $ 26.000,00
- Jantar (Bogotá): $ 20.200,00
- Ônibus para Cali: $ 80.000,00


4 comentários:

  1. Olá Tiago!
    Parabéns, muito bom o seu relato.
    Eu estou pesquisando informações sobre como chegar à Catedral de Sal e as suas dicas estão sendo bastante úteis, porém ainda estou com uma dúvida: é fácil achar o local para tomar o ônibus de volta à Bogotá? Como o desembarque não é feito em um terminal ou rodoviária, fico com receio e ter dificuldades para retornar. Você pode falar um pouquinho sobre isso?

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    1. Oi Gláucia, que bom que as informações estão ajudando, quanto a volta, não precisa ter medo, pois você pega o ônibus no mesmo ponto em que desceu, só que do outro lado da rua... é super tranquilo. É uma avenida principal com um grande calçadão dividindo as pistas, vc desce de um lado e depois pega o ônibus do outro (tem uma foto com esse calçadão aí no relato, a legenda diz que foi onde desembarcamos) e depois vai descer no terminal em Bogotá. Espero ter ajudado, qq dúvida pode comentar aqui ou curtir a pag no face e deixar msgm por lá tb ;-)

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  2. Ah, que bom! Assim fico mais tranquila.
    Eu tinha pensado em contratar uma excursão até lá, mas lendo o seu relato e alguns outros, percebi que é possível fazer por conta própria e eu adoro essa liberdade ... rsrsrs
    Muito obrigada pela atenção e continue relatando suas aventuras mundo afora, pois isso contribui demais para o sucesso da viagem de outros trilheiros e mochileiros.
    Valeu, Tiago ;)

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    1. Obrigado! Você vai curtir mais indo por sua conta com certeza e ainda vai economizar rs, a ideia do blog é ajudar mesmo, fico feliz de ter te ajudado. Boa viagem pra ti

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