No primeiro dia útil do ano fomos a Punta Del Este, o famoso balneário
uruguaio. Compramos a passagem na empresa COT, cujos ônibus partem do terminal
de Tres Cruces em Montevidéu.
Acordamos cedo e chegamos na rodoviária por
volta das 7h da manhã. Tomamos o ônibus que partia as 7h45min e a viagem de
Montevidéu até Punta demorou cerca de duas horas, que eu aproveitei para
cochilar mais um pouco.
A rodoviária de Punta fica diante da Praia
Brava, onde fica o famoso Monumento Los Dedos e é só atravessar a rua para
chegar na praia e na escultura.
Apesar do céu azul o vento frio parecia
espantar os turistas da areia. Na verdade, Punta é uma cidade que acorda tarde
e o movimento nas ruas começa após as 10h, com isso pudemos tirar fotos no
monumento sem precisar disputar a areia com milhares de turistas.
Nós quatro no Monumento aos Afogados da Praia Brava |
Los Dedos de Punta del Este |
Punta possui uma costa banhada pelo Oceano
Atlântico e uma banhada pelo Rio da Prata. A Playa Brava é uma praia oceânica e
com os fortes ventos possui ondas boas para o surf.
Cruzamos para o lado banhado pelo rio, onde
fica a Playa Mansa, que apesar do
nome estava com pequenas ondas devido ao vento neste dia.
Em uma praça diante das areias encontra-se
a Casa da Liga de Fomento, onde funciona o Centro de Informações Turísticas de
Punta Del Este. Lá pode-se obter um mapa da cidade e dicas do que fazer.
Ficamos apenas um dia por lá e tentamos
alugar um carro para nos locomover a vontade, mas com a cidade lotada devido ao
feriado de réveillon não havia uma única agência com veículos disponíveis. Logo
deixo uma dica, pois se for próximo a feriados reserve com antecedência. Outro
ponto importante é que dificilmente irá conseguir alugar por menos de 3 dias.
Por fim saiba que caminhar pelo centro é muito melhor do que andar de carro e o
aluguel só compensa para ir as praias mais distantes, além da famosa Casapueblo, que eu conto mais a
frente...
Seguindo pela principal rua do centro
chega-se a Plaza Artigas, que é
conhecida como a praça dos artesãos, pois lá funciona uma feira de artesanatos locais.
A Feira
de Los Artesanos funciona em uma área construída com mais de 200 stands que
vendem artesanatos típicos para turistas, como brincos, cordões, imãs, roupas e
peças diversas com referências a Punta e ao Uruguai.
Até este momento ainda procurávamos, em
vão, um carro para alugar, pois queríamos ir ver o pôr do sol em Casapueblo e
todas as indicações diziam que era difícil ir de ônibus. Resolvemos então
voltar para a rodoviária e comprar um pacote de turismo que nos levasse até lá
no fim do dia.
Caminhamos pelas ruas de Punta de volta e
reservamos um tour de ônibus que sairia da rodoviária as 17h e nos levaria nos
arredores da cidade até Casapueblo. Sinceramente não acho que seja um passeio
muito bom ou indispensável, mas foi a única forma que encontramos de chegar no
lugar mais famoso de Punta para ver o pôr do sol. Outra maneira é alugar uma bike e pedalar pelas ruas e arredores da
cidade, mas como nem todos do nosso quarteto sabiam andar de bicicleta não
tivemos outra opção.
Saindo da rodoviária (de novo) e voltando
pelo caminho em direção a praia mansa encontramos o prédio mais alto da cidade,
onde funciona o Restaurante Giratório La Vista, que permite uma visão de 360º
da cidade.
A entrada para o restaurante fica dentro de
uma galeria de arte que chama a atenção pelas réplicas de personagens de filmes
e programas de TV.
A subida para o restaurante é feita por um
elevador panorâmico a partir da loja e deve-se pagar uma taxa de duzentos pesos
por pessoa (bem caro). Para comer no restaurante deve-se reservar com
antecedência, mas paga-se a taxa de subida da mesma forma.
Admito que não vimos a placa informando o
pagamento e subimos direto e só lá em cima descobrimos que não se pode almoçar
sem reserva. Admito também que fiquei feliz, pois a comida é caríssima no
lugar.
Aproveitamos o mirante e tiramos várias
fotos da cidade de cima. Neste dia em especial ventava muuuuito em Punta e lá
em cima parecia que iríamos voar do terraço.
Punta vista de cima |
Praia Brava vista do restaurante |
Praia Mansa vista do terraço aberto |
Nossa ideia original era almoçar no lugar,
mas como não foi possível descemos e fomos procurar onde comer. O centro da
cidade é cheio de opções de restaurantes e escolhemos o Restaurante Blás. Com a
cidade lotada os atendentes parecem se enrolar com o movimento (e isso de forma
geral por lá) e tudo fica mais demorado, o prato do Blás é gigantesco e servia
facilmente duas pessoas...
Restaurante Blás |
Nosso almoço muito bem servido |
Voltamos para as margens do rio onde encontra-se
a Rambla General Artigas e o Paseo Peatonal de Madera por onde caminhamos
em direção ao Yacht Club, margeando o
Rio da Prata. É um passeio bem agradável e é grande o número de pessoas que
sentam-se nos bancos diante do rio para admirar a paisagem e descansar. Paramos
na Glorieta, um pequeno coreto
montado em um tablado sobre as águas, que permite vislumbrar a baía do porto e
os barcos ancorados.
Eu no Paseo Peatonal de Madera |
Os amigos Leandro e Juliana descansando |
O rio e a Glorieta vistos da Rambla |
La Glorieta |
Se tomar a rua 2 de Feberero diante do porto chega-se a Praça da Matriz, onde está
a Igreja de Nossa Senhora da Candelária, construída inicialmente em 1911 e
ampliada uma década depois. Em 1941 o templo foi reformado completamente
ganhando os contornos atuais.
Igreja da Candelária |
Altar da Igreja Matriz |
Imagem de Nossa Senhora da Candelária |
Diante da igreja está o Farol de Punta Del
Este, com 45 metros de altura, construído em 1860 para orientar as embarcações
no Oceano Atlântico e no Rio de La Plata.
Mais a frente encontra-se a Plazoleta Gran Bretanha, em uma
península de onde se pode ver o encontro das águas do Oceano Atlântico e do Rio
da Prata.
Encontro do Rio com o Oceano |
Neste ponto foram construídas, a uns anos
atrás, algumas esculturas representando sereias nas pedras. Com o tempo, e a
falta de manutenção, as figuras que deveriam ser lindas foram se degradando e
hoje apenas restam os fantasmas das figuras mitológicas. As duas figuras que
ainda encontram-se nas pedras estão em condições que mais se assemelham a
zumbis do que sereias.
Da península pode-se ver a Isla Gorriti com seu farol. A ilha que
fica na foz do Rio de La Plata é uma
Reserva Natural considerada Patrimônio Histórico Nacional e é permitido banho
em suas praias e paradas de barco durante o dia, mas não se pode dormir no
local.
Seguindo pelo lado banhado pelo Oceano
encontramos a Rambla General Artigas,
e com o sol forte de um dia de verão podemos ver um desfile de pessoas
caminhando com crianças, cachorros e carrinhos de bebê, além de muitos andando
de patins e bicicletas.
A Playa
de Los Ingleses possui uma pequena faixa de areia e fica junto a rambla. O
mar possui águas mais agitadas do que o lado banhado pelo rio, mas esta praia é
bem protegida por pedras e tem ondas baixas. Ótima para um mergulho!
Mais a frente está uma península toda
formada por conchas. Uma pequena construção em homenagem a Nossa Senhora da
Candelária repousa no lugar exato onde Juan Diaz de Solis desembarcou pela
primeira vez em 1516 na chegada espanhola que se deu no dia da santa. Este é o
ponto onde foi rezada a primeira missa pelos descobridores.
Caminhamos de volta para rodoviária, onde
tomaríamos o ônibus para o city tour. Para quem tem pouco tempo em Punta, este
passeio permite conhecer os arredores da cidade e seus pontos turísticos. O
tour passa pelo porto e faz uma parada na Igreja de N. Sra. da Candelária e
depois pode-se ver pela janela as praias e o Monumento aos Afogados (Los Dedos) e sai do centro da cidade,
seguindo para os Bairros de San Rafael e Beverly Hills, onde estão as grandes
mansões dos ricos e famosos. Depois faz-se uma parada em La Barra e uma última
para se apreciar o pôr do sol em Casapueblo.
Eu realmente não recomendo o tour se você
tiver outra forma de chegar a Casapueblo, mas nós só encontramos essa solução
em meio a um feriadão com o balneário lotado.
Depois de deixar o tumultuado transito do
centro de Punta seguimos para La Barra, uma antiga vila de pescadores que
cresceu e apareceu no mapa. Para quem tem tempo na cidade e alugou um carro
vale muito a pena conhecer este cantinho com praias lindas, mas para nós
(escravos do ônibus) apenas restou uma parada para conhecer a famosa ponte
ondulada.
Vila de pescadores de La Barra |
Passar pela ponte em velocidade faz com que
sinta-se um frio na barriga devido a seu formato em “M”. Ao chegar em La Barra
encontra-se uma realidade bem diferente da sofisticada Punta Del Este. O lugar
é cheio de lojas de artes e antiguidades, possuindo um ar meio hippie e o
ônibus logo para novamente em uma loja de artesanato e cafeteria local (típico
nesses passeios).
Depois o ônibus faz um tour belo bairro de
Beverly Hills, onde os riquíssimos e famosos de todo o mundo possuem uma
pequena mansão. O guia vai apontando algumas das casas de personalidades e como
existem muitos brasileiros no ônibus ele se esforça para mostrar casas de
nossos compatriotas ricos. Passamos pelo Museo
Ralli, que possui uma grande e importante coleção de obras de arte.
Finalmente segue-se para Punta Ballena, a última parada do dia e
o motivo de embarcarmos no tour, a 15 Km de distância de Punta Del Este. O ônibus para na península de Punta Ballena, onde um mirante permite ver a Playa de Las Grutas e os prédios de Punta Del Este ao fundo.
Nesta península esta situada Casapueblo, que foi erguida pelo pintor
e escultor uruguaio Carlos Paez Vilaró, com suas próprias mãos, começando a ser
construída em 1958 a partir de um cômodo feito de latas e foi concluída 36 anos
depois.
Depois o artista revestiu as paredes com
ripas de madeira e por fim fixou uma tela de galinheiro nas paredes revestindo
tudo com cimento e cal, pintando tudo de branco e dando a construção o aspecto
que tem até hoje.
Mas o que atrai milhares de turistas é o
espetáculo natural do pôr do sol, que em Casapueblo é acompanhado de uma
gravação do artista que declara um poema em homenagem ao sol e é reproduzido em
sintonia com o anoitecer. Esse espetáculo, que só pode ser acompanhado no
verão, é oferecido a todos como uma experiência única e relaxante, mas nossa
experiência não foi bem assim não...
Por se tratar de um feriadão de ano novo o
lugar estava lotado. Centenas de carros tomavam a península e diversos ônibus
despejavam turistas na porta da casa por volta das 19h. A fila na entrada era
imensa e ficamos uns 20 minutos só para chegar na entrada.
Pode-se pagar em pesos uruguaios, dólares
americanos ou em Real mesmo e a visita nos leva através da casa que tem um
museu, uma galeria de arte, uma loja e um restaurante/cafeteria. Além disto o
complexo também possui um hotel construído em anexo e com as mesmas
características da casa original.
Logo na entrada está o
restaurante/cafeteria. Próximo a ele há uma sala de projeção com uma tela, onde
se pode assistir um documentário sobre a casa e a vida do artista que morou na
propriedade até sua morte em fevereiro de 2014.
A casa é bem interessante e pudemos ver com
calma as obras de arte e aspectos construtivos do lugar. São várias pinturas,
esculturas e objetos, em ambientes interligados por pequenas passagens e
escadas. Na loja os preços são bem salgados, mas tem diversos itens bem
interessantes, como gravuras e quadros do artista e itens que são usados na
decoração da própria casa.
Uma curiosidade é que o filho do artista,
Carlos Miguel, foi um dos dezesseis sobreviventes do famoso acidente aéreo do
Vôo 571 da Força Aérea Uruguaia que caiu nos Andes em 1972. Na época Vilaró
participou pessoalmente das buscas e depois escreveu um livro sobre o momento
que viveu. O livro pode ser comprado na casa em diferentes línguas.
O terraço é o ponto alto da visita e todos
se reúnem para ver o sol se pôr, o que em Punta ocorre por volta das 21h. e é
aí que todo o encanto acabou para nós, pois o lugar estava mega lotado e era
difícil chegar na sacada de frente para o mar.
Conseguimos uma brecha para fotos na lateral,
e depois tentamos achar um lugar para ver o sol, mas não dava para chegar nem
perto.
Neste dia o céu tinha muitas nuvens e acho
que por isso erraram o momento em que inicia o poema pelas caixas de som
fazendo com que a gravação terminasse antes do dia. Não que eu tenha conseguido
ouvir alguma coisa, pois a barulheira de conversas e risos dos turistas não
permitia ouvir nada.
Com as nuvens encobrindo o sol, muitas
pessoas ficaram decepcionados e ainda reclamavam sem perceberem o verdadeiro
espetáculo da natureza. O barulho e os reclames me incomodaram bastante e nem
de longe consegui relaxar e aproveitar nada ali.
A vantagem era que com o sol encoberto
muitas pessoas saíram da sacada e eu consegui chegar a tempo. No fim o poema
acabou antes do sol atingir o mar e deu para ver o restinho de luz por debaixo
das nuvens tocando o mar, muito rapidamente e bem depois do fim da gravação.
A volta para o ônibus foi em meio a uma
multidão que deixava a casa e a volta foi tranquila. Quando chegamos na
rodoviária faltava um pouco para voltar a Montevidéu e demos uma caminhada pelo
centro em meio a pessoas super bem arrumadas que invadiam as ruas para a noite
do balneário. Ante de ir embora ainda entramos em um cassino para tentar a
sorte. Leandro catou uns trocados e partiu para a máquina de fichas. Fizemos
pensamento positivo na esperança de ganhar uma grana em um lance de sorte, mas
tudo que conseguimos foi perder o pouco que ainda tínhamos. Era hora de ir
embora!
Na volta de nosso único dia na cidade
cheguei a conclusão de que é uma cidade comum, igual a muitos outros balneários
com preços bem acima do padrão de um mochileiro. Um lugar de gente com dinheiro
e curiosas praias que vale muito para quem quer descansar na areia e tomar
banho de mar por uns dias. Para mim, que apenas fui conhecer, achei um dia o
suficiente.
Gastos para 2 pessoas em Janeiro de 2015:
- Ônibus Montevidéu x Punta Del Este: U$
37,50
- Almoço: $ 906,00 UYU;- Artesanato de lembrança: $ 80,00 UYU;
- City Tour: U$ 50,00;
- Entrada de Casapueblo: R$ 40,00;
- Sorvete: $ 180,00 UYU.
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