terça-feira, 21 de abril de 2015

Punta Del Este


No primeiro dia útil do ano fomos a Punta Del Este, o famoso balneário uruguaio. Compramos a passagem na empresa COT, cujos ônibus partem do terminal de Tres Cruces em Montevidéu.

Acordamos cedo e chegamos na rodoviária por volta das 7h da manhã. Tomamos o ônibus que partia as 7h45min e a viagem de Montevidéu até Punta demorou cerca de duas horas, que eu aproveitei para cochilar mais um pouco.

A rodoviária de Punta fica diante da Praia Brava, onde fica o famoso Monumento Los Dedos e é só atravessar a rua para chegar na praia e na escultura.




Apesar do céu azul o vento frio parecia espantar os turistas da areia. Na verdade, Punta é uma cidade que acorda tarde e o movimento nas ruas começa após as 10h, com isso pudemos tirar fotos no monumento sem precisar disputar a areia com milhares de turistas.

Nós quatro no Monumento aos Afogados da Praia Brava

Los Dedos de Punta del Este

Punta possui uma costa banhada pelo Oceano Atlântico e uma banhada pelo Rio da Prata. A Playa Brava é uma praia oceânica e com os fortes ventos possui ondas boas para o surf.

 
Praia Brava: Oceano Atlântico

Cruzamos para o lado banhado pelo rio, onde fica a Playa Mansa, que apesar do nome estava com pequenas ondas devido ao vento neste dia.

 
Praia Mansa: Rio da Prata

Em uma praça diante das areias encontra-se a Casa da Liga de Fomento, onde funciona o Centro de Informações Turísticas de Punta Del Este. Lá pode-se obter um mapa da cidade e dicas do que fazer.

 
Casa de Fomento: Informações Turísticas

Ficamos apenas um dia por lá e tentamos alugar um carro para nos locomover a vontade, mas com a cidade lotada devido ao feriado de réveillon não havia uma única agência com veículos disponíveis. Logo deixo uma dica, pois se for próximo a feriados reserve com antecedência. Outro ponto importante é que dificilmente irá conseguir alugar por menos de 3 dias. Por fim saiba que caminhar pelo centro é muito melhor do que andar de carro e o aluguel só compensa para ir as praias mais distantes, além da famosa Casapueblo, que eu conto mais a frente...

 
Plaza Artigas

Seguindo pela principal rua do centro chega-se a Plaza Artigas, que é conhecida como a praça dos artesãos, pois lá funciona uma feira de artesanatos locais.

 
Feira de Los Artesanos

A Feira de Los Artesanos funciona em uma área construída com mais de 200 stands que vendem artesanatos típicos para turistas, como brincos, cordões, imãs, roupas e peças diversas com referências a Punta e ao Uruguai.

 
Artesanato local

Até este momento ainda procurávamos, em vão, um carro para alugar, pois queríamos ir ver o pôr do sol em Casapueblo e todas as indicações diziam que era difícil ir de ônibus. Resolvemos então voltar para a rodoviária e comprar um pacote de turismo que nos levasse até lá no fim do dia.

 
Ruas de Punta

Caminhamos pelas ruas de Punta de volta e reservamos um tour de ônibus que sairia da rodoviária as 17h e nos levaria nos arredores da cidade até Casapueblo. Sinceramente não acho que seja um passeio muito bom ou indispensável, mas foi a única forma que encontramos de chegar no lugar mais famoso de Punta para ver o pôr do sol. Outra maneira é alugar uma bike e pedalar pelas ruas e arredores da cidade, mas como nem todos do nosso quarteto sabiam andar de bicicleta não tivemos outra opção.


Saindo da rodoviária (de novo) e voltando pelo caminho em direção a praia mansa encontramos o prédio mais alto da cidade, onde funciona o Restaurante Giratório La Vista, que permite uma visão de 360º da cidade.

 
Restaurante Giratório La Vista no topo do prédio

A entrada para o restaurante fica dentro de uma galeria de arte que chama a atenção pelas réplicas de personagens de filmes e programas de TV.






A subida para o restaurante é feita por um elevador panorâmico a partir da loja e deve-se pagar uma taxa de duzentos pesos por pessoa (bem caro). Para comer no restaurante deve-se reservar com antecedência, mas paga-se a taxa de subida da mesma forma.

 
Aline na entrada do restaurante

Admito que não vimos a placa informando o pagamento e subimos direto e só lá em cima descobrimos que não se pode almoçar sem reserva. Admito também que fiquei feliz, pois a comida é caríssima no lugar.

 
Restaurante Giratório

Aproveitamos o mirante e tiramos várias fotos da cidade de cima. Neste dia em especial ventava muuuuito em Punta e lá em cima parecia que iríamos voar do terraço.

 
Punta vista de cima
 
Praia Brava vista do restaurante


Praia Mansa vista do terraço aberto


Nossa ideia original era almoçar no lugar, mas como não foi possível descemos e fomos procurar onde comer. O centro da cidade é cheio de opções de restaurantes e escolhemos o Restaurante Blás. Com a cidade lotada os atendentes parecem se enrolar com o movimento (e isso de forma geral por lá) e tudo fica mais demorado, o prato do Blás é gigantesco e servia facilmente duas pessoas...

 
Restaurante Blás
 
Nosso almoço muito bem servido


Voltamos para as margens do rio onde encontra-se a Rambla General Artigas e o Paseo Peatonal de Madera por onde caminhamos em direção ao Yacht Club, margeando o Rio da Prata. É um passeio bem agradável e é grande o número de pessoas que sentam-se nos bancos diante do rio para admirar a paisagem e descansar. Paramos na Glorieta, um pequeno coreto montado em um tablado sobre as águas, que permite vislumbrar a baía do porto e os barcos ancorados.

 
Eu no Paseo Peatonal de Madera
 
Os amigos Leandro e Juliana descansando


O rio e a Glorieta vistos da Rambla


La Glorieta



Se tomar a rua 2 de Feberero diante do porto chega-se a Praça da Matriz, onde está a Igreja de Nossa Senhora da Candelária, construída inicialmente em 1911 e ampliada uma década depois. Em 1941 o templo foi reformado completamente ganhando os contornos atuais.

 
Igreja da Candelária
 
Altar da Igreja Matriz


Imagem de Nossa Senhora da Candelária



Diante da igreja está o Farol de Punta Del Este, com 45 metros de altura, construído em 1860 para orientar as embarcações no Oceano Atlântico e no Rio de La Plata.

 
Farol de Punta

Mais a frente encontra-se a Plazoleta Gran Bretanha, em uma península de onde se pode ver o encontro das águas do Oceano Atlântico e do Rio da Prata.




Encontro do Rio com o Oceano

Neste ponto foram construídas, a uns anos atrás, algumas esculturas representando sereias nas pedras. Com o tempo, e a falta de manutenção, as figuras que deveriam ser lindas foram se degradando e hoje apenas restam os fantasmas das figuras mitológicas. As duas figuras que ainda encontram-se nas pedras estão em condições que mais se assemelham a zumbis do que sereias.

 
As sereias decadentes de Punta

Da península pode-se ver a Isla Gorriti com seu farol. A ilha que fica na foz do Rio de La Plata é uma Reserva Natural considerada Patrimônio Histórico Nacional e é permitido banho em suas praias e paradas de barco durante o dia, mas não se pode dormir no local.

 
Ilha Gorriti e seu farol

Seguindo pelo lado banhado pelo Oceano encontramos a Rambla General Artigas, e com o sol forte de um dia de verão podemos ver um desfile de pessoas caminhando com crianças, cachorros e carrinhos de bebê, além de muitos andando de patins e bicicletas.

 
A Rambla Artigas percorre a orla de Punta

A Playa de Los Ingleses possui uma pequena faixa de areia e fica junto a rambla. O mar possui águas mais agitadas do que o lado banhado pelo rio, mas esta praia é bem protegida por pedras e tem ondas baixas. Ótima para um mergulho!

 
Praia dos Ingleses

Mais a frente está uma península toda formada por conchas. Uma pequena construção em homenagem a Nossa Senhora da Candelária repousa no lugar exato onde Juan Diaz de Solis desembarcou pela primeira vez em 1516 na chegada espanhola que se deu no dia da santa. Este é o ponto onde foi rezada a primeira missa pelos descobridores.

 
Ermita de N. Sra. da Candelária

Caminhamos de volta para rodoviária, onde tomaríamos o ônibus para o city tour. Para quem tem pouco tempo em Punta, este passeio permite conhecer os arredores da cidade e seus pontos turísticos. O tour passa pelo porto e faz uma parada na Igreja de N. Sra. da Candelária e depois pode-se ver pela janela as praias e o Monumento aos Afogados (Los Dedos) e sai do centro da cidade, seguindo para os Bairros de San Rafael e Beverly Hills, onde estão as grandes mansões dos ricos e famosos. Depois faz-se uma parada em La Barra e uma última para se apreciar o pôr do sol em Casapueblo.

Eu realmente não recomendo o tour se você tiver outra forma de chegar a Casapueblo, mas nós só encontramos essa solução em meio a um feriadão com o balneário lotado.

 
Casarões a beira mar

Depois de deixar o tumultuado transito do centro de Punta seguimos para La Barra, uma antiga vila de pescadores que cresceu e apareceu no mapa. Para quem tem tempo na cidade e alugou um carro vale muito a pena conhecer este cantinho com praias lindas, mas para nós (escravos do ônibus) apenas restou uma parada para conhecer a famosa ponte ondulada.

 
Ponte ondulada de La Barra
Vila de pescadores de La Barra


Passar pela ponte em velocidade faz com que sinta-se um frio na barriga devido a seu formato em “M”. Ao chegar em La Barra encontra-se uma realidade bem diferente da sofisticada Punta Del Este. O lugar é cheio de lojas de artes e antiguidades, possuindo um ar meio hippie e o ônibus logo para novamente em uma loja de artesanato e cafeteria local (típico nesses passeios).



Cafeteria e loja de artesanato típica


Depois o ônibus faz um tour belo bairro de Beverly Hills, onde os riquíssimos e famosos de todo o mundo possuem uma pequena mansão. O guia vai apontando algumas das casas de personalidades e como existem muitos brasileiros no ônibus ele se esforça para mostrar casas de nossos compatriotas ricos. Passamos pelo Museo Ralli, que possui uma grande e importante coleção de obras de arte.

Mansão em Beverly Hills
 
Museu Ralli

Finalmente segue-se para Punta Ballena, a última parada do dia e o motivo de embarcarmos no tour, a 15 Km de distância de Punta Del Este. O ônibus para na península de Punta Ballena, onde um mirante permite ver a Playa de Las Grutas e os prédios de Punta Del Este ao fundo.

 
Playa Las Grutas em Punta Ballena

Nesta península esta situada Casapueblo, que foi erguida pelo pintor e escultor uruguaio Carlos Paez Vilaró, com suas próprias mãos, começando a ser construída em 1958 a partir de um cômodo feito de latas e foi concluída 36 anos depois.

Marco de Casapueblo

Depois o artista revestiu as paredes com ripas de madeira e por fim fixou uma tela de galinheiro nas paredes revestindo tudo com cimento e cal, pintando tudo de branco e dando a construção o aspecto que tem até hoje.

 
Casapueblo vista de fora

Mas o que atrai milhares de turistas é o espetáculo natural do pôr do sol, que em Casapueblo é acompanhado de uma gravação do artista que declara um poema em homenagem ao sol e é reproduzido em sintonia com o anoitecer. Esse espetáculo, que só pode ser acompanhado no verão, é oferecido a todos como uma experiência única e relaxante, mas nossa experiência não foi bem assim não...




Por se tratar de um feriadão de ano novo o lugar estava lotado. Centenas de carros tomavam a península e diversos ônibus despejavam turistas na porta da casa por volta das 19h. A fila na entrada era imensa e ficamos uns 20 minutos só para chegar na entrada.

 
Pintura da parede
 
Escultura na entrada


Pode-se pagar em pesos uruguaios, dólares americanos ou em Real mesmo e a visita nos leva através da casa que tem um museu, uma galeria de arte, uma loja e um restaurante/cafeteria. Além disto o complexo também possui um hotel construído em anexo e com as mesmas características da casa original.




Logo na entrada está o restaurante/cafeteria. Próximo a ele há uma sala de projeção com uma tela, onde se pode assistir um documentário sobre a casa e a vida do artista que morou na propriedade até sua morte em fevereiro de 2014.

 
Leandro e eu na sala de projeção

A casa é bem interessante e pudemos ver com calma as obras de arte e aspectos construtivos do lugar. São várias pinturas, esculturas e objetos, em ambientes interligados por pequenas passagens e escadas. Na loja os preços são bem salgados, mas tem diversos itens bem interessantes, como gravuras e quadros do artista e itens que são usados na decoração da própria casa.

 
Loja de Casapueblo
 
Galeria de Artes


Uma curiosidade é que o filho do artista, Carlos Miguel, foi um dos dezesseis sobreviventes do famoso acidente aéreo do Vôo 571 da Força Aérea Uruguaia que caiu nos Andes em 1972. Na época Vilaró participou pessoalmente das buscas e depois escreveu um livro sobre o momento que viveu. O livro pode ser comprado na casa em diferentes línguas.

 
Livros e quadros a venda
 
Pintura da galeria



O terraço é o ponto alto da visita e todos se reúnem para ver o sol se pôr, o que em Punta ocorre por volta das 21h. e é aí que todo o encanto acabou para nós, pois o lugar estava mega lotado e era difícil chegar na sacada de frente para o mar.

 
Terraço lotado de turistas barulhentos

Conseguimos uma brecha para fotos na lateral, e depois tentamos achar um lugar para ver o sol, mas não dava para chegar nem perto.





Neste dia o céu tinha muitas nuvens e acho que por isso erraram o momento em que inicia o poema pelas caixas de som fazendo com que a gravação terminasse antes do dia. Não que eu tenha conseguido ouvir alguma coisa, pois a barulheira de conversas e risos dos turistas não permitia ouvir nada.





Com as nuvens encobrindo o sol, muitas pessoas ficaram decepcionados e ainda reclamavam sem perceberem o verdadeiro espetáculo da natureza. O barulho e os reclames me incomodaram bastante e nem de longe consegui relaxar e aproveitar nada ali.

 
Um lindo fim de dia em meio as nuvens

A vantagem era que com o sol encoberto muitas pessoas saíram da sacada e eu consegui chegar a tempo. No fim o poema acabou antes do sol atingir o mar e deu para ver o restinho de luz por debaixo das nuvens tocando o mar, muito rapidamente e bem depois do fim da gravação.

 
Pôr do Sol visto de Casapueblo
 
Casapueblo

Fim do dia e a lua surgindo acima das nuvens sobre a casa


A volta para o ônibus foi em meio a uma multidão que deixava a casa e a volta foi tranquila. Quando chegamos na rodoviária faltava um pouco para voltar a Montevidéu e demos uma caminhada pelo centro em meio a pessoas super bem arrumadas que invadiam as ruas para a noite do balneário. Ante de ir embora ainda entramos em um cassino para tentar a sorte. Leandro catou uns trocados e partiu para a máquina de fichas. Fizemos pensamento positivo na esperança de ganhar uma grana em um lance de sorte, mas tudo que conseguimos foi perder o pouco que ainda tínhamos. Era hora de ir embora!

Foto de reprodução da Internet

Na volta de nosso único dia na cidade cheguei a conclusão de que é uma cidade comum, igual a muitos outros balneários com preços bem acima do padrão de um mochileiro. Um lugar de gente com dinheiro e curiosas praias que vale muito para quem quer descansar na areia e tomar banho de mar por uns dias. Para mim, que apenas fui conhecer, achei um dia o suficiente.

Gastos para 2 pessoas em Janeiro de 2015:

- Ônibus Montevidéu x Punta Del Este: U$ 37,50
- Almoço: $ 906,00 UYU;
- Artesanato de lembrança: $ 80,00 UYU;
- City Tour: U$ 50,00;
- Entrada de Casapueblo: R$ 40,00;
- Sorvete: $ 180,00 UYU.

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