Partimos do Rio de Janeiro,
em 06 de março de 2014, no voo de 16h15min do Aeroporto Internacional Antônio
Carlos Jobim (Galeão) em direção a Guarulhos/SP onde fizemos uma escala. O voo
até São Paulo durou 1h10min e tivemos que esperar até as 19h40min quando
finalmente embarcamos para Lima no Peru. Desembarcamos no Aeroporto
Internacional Jorge Chavez as 22h55min já no fuso horário de 2h a menos que no
Brasil.
No aeroporto fizemos o
cambio de U$100 (252,20 nuevos soles
peruanos) tomamos um táxi para a Av. Larco nº 655
no bairro de Miraflores, onde havíamos reservado previamente um quarto no Kusillus Hostel (única hospedagem reservada do
Brasil, pois todas as outras foram procuradas no momento em que chegávamos as
cidades). Nos animamos muito com o fato de ter gente caminhando pelas ruas
apesar de já passar de meia noite quando chegamos ao Hostel.
1º Dia no
Peru (dia 1 do mochilão)
No dia 07 de março acordamos
cedo, pois só teríamos um único dia em Lima e a ideia era conhecer toda a
cidade, ou pelo menos, todos principais pontos turísticos. Hoje vejo que foi
uma grande ilusão achar que conheceríamos toda a metrópole em um dia, mas fomos
enganados por diversos relatos que diziam que nada havia para ver em Lima.
Ainda no Hostel pegamos
um mapa da cidade e informações de como circular por ela. Tomamos um ônibus na
avenida diante do hostel em direção ao centro histórico e após uns 40 min de
viagem descemos a umas quadras de distância da Praça de Armas.
Aline na recepção do Kusillus Hostel |
Nossa primeira parada
foi na Igreja de Santa Rosa de Lima, a primeira santa das Américas, que na
verdade se chamava Isabel Flores y Oliva, mas que devido a sua beleza teve o
nome trocado para “Rosa”. Nascida em Lima no ano de 1586 e filha de pais ricos
que perderam tudo com a falência de uma indústria de mineração, ela conheceu a
pobreza de perto e passava pimenta no rosto para disfarçar sua beleza e
dispensar os pretendentes.
Igreja de Santa Rosa de Lima |
Santa Rosa de Lima |
Em idade de se casar,
fez o voto de castidade e entrou para a Ordem Terceira Dominicana, contra a
vontade dos pais. Construiu uma cela estreita e pobre no fundo do quintal da
casa dos pais e passou a jejuar constantemente e a usar uma coroa de metal com
pregos e coberta de rosas, além de uma corrente de ferro na cintura que era
presa por um cadeado cuja chave foi atirada em um poço para que nunca se soltasse
dela.
Quarto original construído por Santa Rosa |
Em vida trabalhou
incansavelmente pelos pobres de Lima e já era chamada de “Santa” pela população
que a ela atribuía muitos milagres. Contam as histórias que o demônio veio
tentá-la entre os galhos de um limoeiro onde costumava rezar, próximo a capela
e depois este limoeiro secou e permaneceu dando frutos, mesmo aparentemente
morto. Depois de seu falecimento, no ano de 1617, a população levava os galhos
do limoeiro como lembrança de seus milagres até que a árvore foi totalmente
destruída, restando apenas um tronco seco que hoje é exposto nos jardins do
Santuário.
O Santuário compreende
a área da casa onde ela nasceu, a igreja, um jardim de limoeiros e o poço
onde ela atirou a chave da corrente que usava na cintura. Neste poço os devotos
atiram cartas com pedidos a Santa Rosa de Lima.
Jardins de Santa Rosa de Lima |
Limoeiros no jardim |
Convento na antiga casa de Santa Rosa |
Poço onde Santa Rosa atirou as chaves de sua corrente |
Gostamos muito da
visita ao Santuário e aproveitamos para fazer uma oração pela viagem que se
iniciava e deixar nossos pedidos em pedaços de papel que foram para o fundo do
poço.
Saindo do Santuário de
Santa Rosa de Lima, seguimos para a Plaza de Armas. No caminho nos deparamos
com um grande casarão colonial onde funciona o Centro Cultural Inca Garcilaso
de La Vega. Logo na entrada um simpático rapaz vem nos explicar que não existe
nenhuma exposição no Centro Cultural e que o mesmo funciona como biblioteca e
centro de estudos universitários. Acho que ao perceber nosso interesse de
conhecer o local e as histórias que envolviam o casarão, o rapaz então começa a
nos explicar que o casarão foi construído entre os anos de 1798 e 1808 e que de
sua torre redonda podia-se avistar o mar e os navios que chegavam em Lima com
mercadorias.
Centro Cultural Inca Garcilaso de La Vega |
Ficamos um bom tempo
conversando com o rapaz que nos explicou a relação delicada da população com os
terremotos em todo Peru. Ficamos muito interessados no assunto, pois nunca
sentimos um tremor de terra na vida. Ele nos explicou que de tempos em tempos
Lima é devastada por um terremoto e por isso não se vê muitas construções
antigas na cidade apesar de ela ter sido fundada no ano de 1535. Nos falou dos
grande terremotos, como o de 1650, mas em especial o de 1746, que seguido de
uma tsunami matou mais de 25.000 pessoas na costa peruana. Brincando ele nos
fala para não nos preocupar, pois os maiores terremotos peruanos ocorrem a cada
100 anos aproximadamente e que o último foi em 1950, portanto estaríamos a
salvo da destruição completa da cidade novamente até meados de 2050. Nos despedimos
mas seguimos nosso caminho ainda preocupados com os terremotos.
Aline com a miniatura do Centro Cultural |
Um pouco mais a frente
chegamos as Basílicas de Rosário e de Vera Cruz, além do Convento de Santo
Domingo.
Apesar de o altar
principal da Basílica do Rosário estar em restauração achamos que valeu muito a
parada para as fotos. Em um dos altares secundários uma surpresa no mínimo
estranha: os crânios de Santa Rosa de Lima e de São Martim dos Pobres estão
expostos como relíquias para o povo.
Basílica do Rosário |
Relíquia de San Martin de Pobres |
Relíquia de Santa Rosa de Lima |
A Basílica de Vera Cruz
encontra-se na lateral do complexo e possui diversos altares, todos
impressionantes.
Basílica de Vera Cruz |
Bonito altar da Basílica |
Seguimos mais alguns
metros e passando pela bonita fachada da Casa de La Gastronomia Peruana
chegamos a famosa Plaza de Armas de
Lima.
A Plaza de Armas é lindíssima com seus jardins bem cuidados e em seu
entorno encontra-se três dos edifícios mais importantes da época colonial da
cidade: a Catedral de Lima, o Palácio do Governo e a Municipalidade de Lima.
Jardim da Plaza de Armas |
No centro da praça
encontra-se um grande e imponente chafariz. As construções ao redor remetem aos
séculos XVII e XVIII e estão muito bem conservadas. Pode-se facilmente ver as
tradicionais varandas fechadas de madeira que contribuíram para que a UNESCO
declarasse o Centro Histórico de Lima como Patrimônio da Humanidade em 1988.
Plaza de Armas de Lima |
Casarões ao redor da praça |
No Palácio do Governo
(que foi casa de Francisco Pizarro, fundador de Lima) ocorre diariamente as
11h45min a cerimônia de troca da guarda. Acompanhamos com atenção a cerimônia
com uma banda que tocava enquanto ocorria a troca do batalhão dos Húsares de Junin no Pátio de Honra. A
praça fica lotada de turistas e conseguir ver de perto é quase uma façanha.
A Catedral, de 1746
(reconstruída após o grande terremoto), ocupa o mesmo lugar do edifício
original de 1555. Infelizmente estava fechada e não pudemos visitar o interior
onde encontra-se a tumba de Francisco Pizarro, fundador da cidade. Ao lado da
Catedral está o Palacio Arzobispal
que data de 1924 e possui uma fachada imponente com belos balcões de madeira.
Deixamos a praça em
direção ao Rio Rimac e a ferrovia, onde se encontra a antiga Estação dos
Desamparados, atual Casa de Literatura Peruana atrás do Palácio do Governo.
Casa de Literatura e antiga estação dos Desamparados |
Estação dos Desamparados |
A estação já não
funciona a tempos e a ferrovia atrás do prédio estava em reformas. O prédio
funciona como uma importante biblioteca e centro de estudos. Possui uma bela
arquitetura com grandes pilares e um bonito vitral no teto. As escadarias
ostentam a cultura peruana com frases em cada degrau.
Eu na Casa de Literatura Peruana |
Aline entre os pilares |
Literatura até nas escadas |
Uma parada rápida para
comer umas empanadas e seguimos para o Parque da Muralha, que abriga os restos
da enorme muralha que existiu ao redor de toda a Cidade Velha e que servia como
proteção contra invasões de piratas na época colonial. A entrada é gratuita.
Parque da Muralha |
Diante das ruínas das muralhas de Lima |
Saindo do Parque da
Muralha é só atravessar a rua e logo a frente está a Igreja e Convento de São
Francisco de Assis, datados no século XVI. O convento que já abrigou 300 frades
possui hoje 35 religiosos enclausurados. A visita guiada custa sete nuevos soles por pessoa, dinheiro que
ajuda a manter as atividades do convento.
Eu diante do complexo de São Francisco de Assis |
Essa foi nossa primeira
experiência com guia em espanhol e na verdade foi bem ruim. A guia falava super
rápido e não dava tempo para nenhuma pergunta. Achamos ela péssima como guia
turística e a única vantagem de segui-la era que ao terminar de falar ela
simplesmente se virava e seguia adiante nos deixando correr atrás dela, com
isso pude tirar algumas poucas fotos das famosas catacumbas, apesar da
proibição.
No ano de 1535 a cidade
de Lima já tinha uma capela erguida em uma área destinada à Ordem Franciscana,
mas foi por volta do ano de 1570 que ela foi ampliada com a construção do
convento. No entanto, o conjunto original de igreja e mosteiro foi arrasado
pelo terremoto de 1655. A reconstrução do complexo começou dois anos depois,
ficando a igreja concluída em 1672 e o convento apenas em 1729.
O início da visita nos
leva á biblioteca onde existem mais de 25000 livros. Neste espaço com piso
decorado e teto com aberturas para entrada de luz natural (não se usavam velas
para ler por conta do risco de incêndio) estão guardadas obras raras que datam
do século XV e exibem letras cuidadosamente desenhadas em Francês, Castelhano
Antigo, Português, Quéchua, entre outras, além de mapas, pergaminhos e crônicas
franciscanas. Não foi possível uma foto no local L
O Coro do Convento
chama atenção pelo mobiliário com 130 cadeiras, dispostas uma ao lado da outra
e encostadas nas paredes. Cada cadeira é decorada com figuras e santos
entalhados na madeira de cedro. Outras salas do convento, como a Sala
Capitular, possuem o mesmo tipo de decoração, mas também não foi possível uma
foto no local sequer.
Finalmente rumamos em
direção das famosas catacumbas do convento. No passado essa área era um
cemitério destinado aos religiosos, mas serviu como descanso eterno de vários
políticos e figuras importantes de Lima. Nos subterrâneos as ossadas não se
encontram separadas em gavetas ou túmulos distintos e sim misturadas umas às
outras em tumbas abertas que atingem até quatro metros de profundidade entre
paredes de pedra nua e tetos baixos. Os ossos estão expostos separados em
crânios, fêmures, bacias e outros. Também existem câmaras mortuárias abertas
entre portais de pedras nas paredes cheias de ossos amontoados. Nesse ponto
nossa guia ligeira se afastou e eu pude registrar em uma foto rápida no celular
uma das câmaras.
Mais adiante um enorme
fosso em forma de círculo atrai nossa atenção com um estranho e macabro arranjo
de ossos no fundo. Mais uma vez consegui uma foto rápida.
Deixamos o complexo de
São Francisco impressionados com o lugar. Com Certeza vale a visita e
caminhamos em direção a Plaza Bolívar
diante do prédio do Congresso Nacional, mas o lugar estava cercado e fechado
para alguma comemoração festiva, pelo mesmo motivo não pudemos visitar o Museo de La Inquisición ao lado.
Caminhamos em direção
ao ponto de ônibus e passamos diante da bonita Igreja do Coração de Jesus, que
estava fechada. No caminho passamos em um banco e fizemos o cambio de mais U$
300,00 em S./ 810,00 (melhor cambio que no aeroporto).
Deixamos o centro
histórico de Lima em um ônibus com rumo a Huaca
Pucllana, uma ruína pré-inca, construída pelos Wari e cercada pela
civilização moderna nos arredores de Miraflores.
Considerado um dos mais
importantes centros cerimoniais da cultura de povos pré-hispânicos, Huaca Pucllana destinava-se a adoração
aos deuses e sacrifícios sagrados na sociedade Wari (200 e 700 d.c.). O sítio
arqueológico impressiona pela construção de uma pirâmide de 25 metros de altura
erguida com adobe em uma área que chegou a ter 20 hectares.
Pirâmide de Huaca Pucllana |
Huaca Pucllana com Lima ao redor |
Visitamos as tumbas
Wari, onde foram encontrados restos humanos em posição fetal e itens que
pertenceram ao antigo povo.
Tumba Wari original com representação de uma múmia |
Com a queda do povo
Wari o local foi habitado pelos Ychsma (1000 a 1470 d.c.). Ao longo do percurso
existem diversas maquetes com representações da cultura e rituais dos povos
Wari e Ychsma.
Representação de ritual Wari |
Representação de ritual Ychsma |
O local abriga um museu
que conserva peças encontradas durante as escavações.
Objetos Wari no museu |
O sol já começava a
baixar quando saímos de Huaca Pucllana
e o fim do dia estava próximo. Decidimos acompanhar o pôr do sol no mar do
Pacífico, até então inédito para nós!
Saímos um pouco
apressados das ruínas e corremos para pegar um ônibus lotado com gente saindo
do trabalho. O transito de Lima é assustador e os motoristas fazem barbaridades
ao volante.
Escultura "El Beso" no Parque do Amor |
Farol de Lima |
Praia pedregosa |
Perto do fim do dia chegamos ao
Shopping Center Larcomar, inaugurado em 1998 com um conjunto de lojas chiques e
restaurantes sofisticados, além de diversos bares.
Uma coisa interessante
em Lima é que apesar de ter praia, a cidade está a 154 metros acima do nível do
mar e o motivo disso pode ser visto facilmente do Larcomar: o oceano e a Avenida
Costa Verde estão na base de um penhasco que parece segurar a planície que
sustenta a cidade.
Desnível entre Lima e o Mar do Pacífico |
Mar em Miraflores |
Nosso primeiro pôr do
sol diante do mar do Pacífico foi lindíssimo e ficamos ali admirando o fim de
nosso primeiro dia de mochilão por um bom tempo.
Fim do dia |
Aline e eu |
Pôr do sol em Lima |
O Larcomar é um
shopping a céu aberto com as escadas rolantes, corredores e parte central ao ar
livre que se debruça sobre o mar na encosta de Lima. Não é meu tipo de turismo
ir ao shopping, mas a paisagem vale a visita.
Vista noturna a partir da praça de alimentação do shopping |
Demos uma volta no
shopping e achamos o lugar meio caro para comer ou fazer compras. No fim,
jantamos no Pizza Hunt que tinha
preços compatíveis com os que costumamos pagar no Rio de Janeiro.
Voltamos andando por
Miraflores em direção ao Hostel. Vimos o calçadão de Miraflores e nos
apaixonamos pela cidade de vez. O lugar tem parques, praças, jardins, quadras
de esportes, ciclovias e pistas para correr que se estendem ao longo de
quilômetros.
De volta ao Hostel
ficamos com a sensação de que precisávamos de muito mais tempo em Lima, pois
teríamos que pegar o voo para Cusco na manhã seguinte e não conseguimos
conhecer muita coisa na cidade. Gostaríamos de ver o Espetáculo das Águas, o
Parque Central e muitos outros pontos que são recomendados por
todos. Esta é uma boa dica que deixo para quem estiver planejando uma ida à
Lima: Não acredite em quem fala que a cidade não tem nada para fazer e que
deve-se ficar pouco tempo e ir logo para Cusco. Isto é uma mentira absurda,
porque a cidade é linda e tem muita coisa para conhecer. Vale ficar dois dias por lá.
Gastos para 2 pessoas em
07/03/2014:
- Hostel: U$ 48,00
- Táxi aeroporto x
hostel: S./ 60,00- Ônibus (3 viagens pela cidade): S./ 8,00
- Água: S./ 4,40
- Museu de São Francisco: S./ 14,00
- Lanche: S./ 13,30
- Huaca Pucllana: S./ 24,00
- Jantar: S./ 31,90
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