sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Sevilha


Chegamos na Estação de Trens de Santa Justa em Sevilha já no meio da tarde. A viagem entre Madrid e Sevilha em um trem de alta velocidade é bem tranquila e para nos deslocar da estação para o hotel resolvemos tomar um taxi, pois a estação fica fora do centro histórico.

Sevilha é uma grande metrópole espanhola, mas a cidade velha (centro histórico) não é tão grande assim. No caminho entre a estação e o hotel pudemos ver os restos da antiga muralha da cidade, além das belas ruas e bonitas praças e construções da parte nova de Sevilha. Foi nosso único contato com a cidade fora do centro histórico.

 
Chegando na cidade velha de Sevilha

Ficamos apenas dois dias na cidade, sendo a metade do dia em que chegamos, mais um dia e meio até partirmos de volta a Portugal, mas posso dizer que me apaixonei por Sevilha! Vale muito conhecer a cidade e guardar um pouco mais de tempo para ela, pois fizemos apenas o circuito básico, conhecendo os principais lugares... faltou tempo para curtir a cidade e aproveita-la mais!

 
Ruas de Sevilha

Ficamos hospedados no Hostal Trajano, próximo a Alameda de Hércules e não muito longe da Catedral (caminhada básica e tranquila até lá). Para quem curte o circuito de compras, pode aproveitar o El Corte Ingles, um tipo de shopping outlet de grandes marcas que fica próximo a Plaza Duque de La Victoria.

Plaza Duque de La Victoria com El Corte Ingles ao fundo

Em Sevilha encontram-se ainda vestígios da ocupação romana, sendo as colunas de um antigo templo do século I fortes evidências deste tempo. As colunas foram construídas na época do Imperador Adriano e estão na cota original a 4,5 metros abaixo do nível da rua, possuindo 9 metros de altura cada uma. Duas das colunas originais foram retiradas do seu lugar de origem e transportadas para a Alameda de Hércules, como parte de sua revitalização, mas ainda estão no mesmo lugar outras cinco colunas.

 
Colunas Romanas

A grande praça chamada Alameda de Hércules é um dos lugares que vale ser visitado, nem tanto pela alameda em si, mas sim pela grande quantidade de bares, restaurantes, cafeterias, teatros e casas de espetáculos ao redor.

 
Alameda de Hércules

A alameda recebeu o nome do fundador mítico da cidade (dizem que o próprio Hércules, filho de Zeus, fundou Sevilha) e é considerada a praça mais antiga da Espanha. Em 1574 uma grande remodelação tornou o espaço mais parecido com o que é hoje, sendo instaladas duas das grandes colunas romanas da cidade. No topo das colunas foram afixadas estátuas de Hércules e Júlio César.

 
Alameda de Hércules

Atualmente a alameda possui mais duas colunas que são réplicas das originais e o espaço é usado para feiras e eventos. Quando estivemos por lá estava ocorrendo um “Mercado Romano”, um tipo de feira medieval típica, com barracas vendendo produtos nos moldes dos tempos de Hércules.

 
Mercado Romano montado na praça
 
Feira medieval típica


Eu havia ouvido falar bastante dessas feiras típicas na Europa, mas não havia dado a sorte de ver uma até chegar a Sevilha. Vendedores vestidos com roupas medievais vendem ervas, chás, artesanatos e outros itens. Um ferreiro fabricava espadas e objetos de metas em uma forja, enquanto um casal vendia sanduíches com pães feitos em forno de barro na hora.




Fabricação de pães

Um ferreiro fabricava peças artesanais para venda

Pratos conhecidos são vendidos de forma um pouco menos tradicional e pode-se ver o carneiro sendo assado inteiro em uma fogueira no chão, além de diversos tipos de carnes, embutidos e queijos... nem fui comer nos restaurantes ao redor da alameda, e no fim do dia voltamos para jantar lá mesmo!

 
Carnes preparadas no braseiro medieval

Além das barracas outra atração chamava a atenção: Um combate de gladiadores! Tá certo que não era um espetáculo (rs), mas achei que fosse ser tosco e no fim me diverti bastante.

 
Gladiadores se preparando para o combate
 
Aline e um gladiador romano

Eu e o vencedor do combate


Outra praça que merece sua visita é a bela e grandiosa Plaza Del Triunfo, diante da catedral, que guarda algumas construções interessantes, como o Palácio Arcebispal, que ainda hoje é usado pelo clero, e o Palácio das Índias do século XVI, que foi erguido para ser uma bolsa de mercadores.

 
Palácio Arcebispal na Praça do Triunfo
 
Palácio das Índias


Ligada a Praça do Triunfo está a Plaza Virgem de Los Reyes, de onde se pode tomar uma carruagem para um passeio por Sevilha. No centro há uma fonte do início do século.

 
Carruagem na Plaza Virgem de Los Reyes

Diante da praça está uma das atrações imperdíveis de Sevilha: a imponente catedral. Construída a partir de 1401 sobre uma antiga mesquita do século XII, o templo demorou um século para ser concluído.

Catedral de Sevilha

Uma das primeiras atrações da Catedral está no cata vento de bronze do século XVI que foi originalmente instalado no alto do campanário La Giralda e que representa a Fé. A escultura original está exposta na entrada da igreja, estando uma réplica no topo do campanário.

 
La Giralda com a réplica da escultura
 
Escultura de bronze original de La Giralda


Por dentro a Catedral é tão grandiosa quanto aparenta por fora. No altar impressiona o retábulo com a figura de Santa Maria de La Sede, a padroeira da catedral, envolto em uma verdadeira cachoeira de ouro cercada por 44 painéis dourados em alto relevo feitos por escultores espanhóis entre os anos de 1482 e 1564.

 
Retábulo do altar da Catedral: Revestido por ouro vindo das Américas

Uma das atrações que mais atrai a atenção é o túmulo do navegador Cristóvão Colombo datado de 1890 e que encontra-se no interior do templo. Seu caixão é levado por figuras que representam os reinos de Castela, Leão, Aragão e Navarra.

 
Túmulo do navegador Cristóvão Colombo

A Sacristia Maior guarda um tesouro em obras de arte, incluindo quadros do grande pintor espanhol Francisco Goya.

Sacristia
 
Quadro de Goya de 1817: St. Justa e St. Rufina
 
Tesouro da Catedral


É possível subir pelo campanário La Giralda e ter uma bela vista dos telhados da catedral e da paisagem com a cidade ao redor.

 
Sinos de La Giralda
 
Sevilha vista de La Giralda


O campanário La Giralda é remanescente da mesquita original e era um mirante no século XII. As esferas mulçumanas do topo da torre foram substituídas por símbolos cristãos durante o século XIV. Um novo campanário foi projetado e mudou o topo da torre no ano de 1568, permanecendo da mesma forma até os dias de hoje.

 
Pátio das laranjeiras na Catedral visto de cima

A visita a Catedral é bem demorada, pois o lugar é grandioso e depois de descer de La Giralda segue-se para o Patio de Los Naranjos, que como o nome diz, está repleto de laranjeiras.


pátio de Los Naranjos com suas laranjeiras

Na época moura os fiéis lavavam suas mãos e pés na fonte sob as laranjeiras deste pátio antes das orações no interior da mesquita. Diante do pátio está a Porta do Perdão que separa a área da antiga mesquita e atual Catedral das ruas de Sevilha.

 
Fonte construída pelos mouros para limpar pés e mãos antes de entrarem na mesquita

Não muito distante da Catedral está outra das principais, e imperdíveis, construções da cidade: O Real Alcazár.

 
Diante da entrada do Real Alcazár

Em 1364 Pedro I ordenou a construção de uma residência real dentro dos palácios que haviam sido construídos pelos antigos governantes da cidade. Em dois anos artesãos de Granada e Toledo criaram uma joia de pátios e salões mudéjares, o Palácio Pedro I, hoje no coração do Real Alcazár.



Monarcas posteriores acrescentaram suas marcas: Isabel I despachou navegadores para explorar o Novo Mundo de sua Casa de La Contratación e Carlos V construiu aposentos grandiosos e ricamente decorados.

 
Pátio interno do palácio
 
Detalhe dos azulejos


O complexo todo tem sido a casa dos reis espanhóis por quase sete séculos e o andar de cima ainda hoje é usado pela família real e portanto, alguns aposentos não podem ser visitados.




O palácio é simplesmente lindo e os jardins intermináveis com seus terraços e fontes são um convite a passar um dia todo por ali...

 
Jardins do Real Alcazár
 

Paz e harmonia nos jardins


Entre os destaques do palácio está o Salão dos Embaixadores, construído em 1427 com o domo do teto feito de madeira entalhada, entrelaçada e pintada de dourado. Arcos de ferradura decorados com azulejos em três arcadas simétricas, com três arcos cada, marcam as entradas deste salão.

 
Porta com os três arcos no Salão dos Embaixadores
 
O lindo domo de madeira revestida em ouro no teto do salão


O Pátio de Gesso é composto por um jardim com canteiros de flores e um canal que mantém as características do antigo alcazár almóada do século XII.

 
Pátio de Gesso e sua estrutura moura do século XII


Detalhe da arquitetura

O complexo de palácios interligados por pátios revela o estilo mudéjar, na fachada do Palácio Pedro I, grandes tapeçarias no quarto de Carlos V e bonitos trabalhos em estuque do Pátio das Donzelas.

 
Tapeçarias expostas nas paredes

Sob o Patio Del Cucero encontram-se as termas “Baños de Maria Padilla” escavadas na terra para manter a temperatura e umidade ideais contra o calor.

 
Banhos de Maria Padilla

Passamos horas nos jardins do Real Alcazár e encontramos um refúgio no coração da cidade. Nos perdemos no Jardim Labirinto e descansamos sob árvores frutíferas e arbustos floridos.



Em meio ao Jardim Labirinto

Porta do Privilégio em meio aos jardins


Ao deixar o palácio encontramos um casal de dançarinos que se preparava para uma apresentação de Flamenco. Paramos para assistir em meio a uma pequena turma de turistas que se agrupava em meio círculo ao redor dos artistas de rua. No fim foi uma ótima oportunidade de conhecer a dança e a música espanhola.



Show de Flamenco com artistas de rua


Caminhando pelo bairro judeu de Santa Cruz encontramos um encantador labirinto de casas brancas, becos e pátios que são o berço da cultura de Sevilha, com artistas de rua exibindo seus trabalhos nas esquinas, dando um ar pitoresco ao lugar.

 
Charmosa arte de rua em Sevilha

Uma curiosidade é a relíquia de Santa Bárbara exposta na Igreja de San Alberto. Um pedaço de osso do fêmur da santa pode ser visto em um relicário simples na sacristia da igreja, que conta com um belo altar mor na nave principal.

 
Igreja de San Alberto
 
Altar trabalhado em madeira

Pedaço de osso: Relíquia de Santa Bárbara


Na Plaza La Encamación encontra-se a maior estrutura de madeira do mundo: O Metropol Parasol.




A estrutura que foi concluída em 2011 tem 150 m x 70 m de base e 26 m de altura e é conhecida popularmente como “Cogumelos da Encarnación” e possui quatro pisos, sendo um Antiquarium onde há vestígios arqueológicos romanos e árabes em exibição no subsolo e dois terraços panorâmicos, além de um restaurante e um mercado em seu interior.

Metropol Parasol a noite

A noite em Sevilha reserva diversas opções de bares e restaurantes, mas independente de em qual você optar por se alimentar, não deixe de comprar um sorvete nas diversas sorveterias de rua da cidade. Além de gigantescos os “gelados” espanhóis são deliciosos.


O último bairro que conhecemos em Sevilha foi El Arenal, as margens do Rio Guadalquivir. Seguimos para comprar as passagens de ônibus para o sul de Portugal na estação rodoviária e conhecemos a Antiga Estação de Córdoba, agora transformada em um tipo de Shopping Center.

 
Antiga Estação de Córdoba
 
Cafeteria na antiga estação


Cruzando a Ponte Cristo de La Expiracion e margeando o Rio Guadalquivir encontramos a Iglesia de La O e o Castelo de São Jorge, que infelizmente estava fechado na hora em que estivemos por lá. Uma parada no Mercado de Triana e voltamos para El Arenal, na margem oposta do rio.

Ponte Cristo de La Expiracion

Iglesia de La O

Castelo de São Jorge

Mercado de Triana

Entre as atrações do bairro está a Plaza de Toros de La Maestranza, um dos monumentos mais visitados de Sevilha. Optamos por não fazer a visita, pois tínhamos conhecido a Plaza de Las Ventas em Madrid, mas para quem não conhece uma praça de touros recomendo visitar (lembrando que sou completamente contra a pratica de touradas...).

 
Plaza de Toros de La Maestranza

Junto ao rio e diante da praça está a Torre Del Oro que foi construída no século XIII para proteger o porto de Sevilha e que fazia parte da antiga muralha que ligava a torre ao Real Alcazár.

 
Torre del Oro

A torre ganhou o torreão em 1760, mais de duzentos anos depois de construída, de onde se tem uma bela vista do rio e suas margens.

Torreão da torre

Sevilha e o Rio Guadalquivir vistos da torre

A construção que foi utilizada como depósito de pólvora, capela, prisão e serviço portuário ao longo de anos, abriga hoje um museu marítimo com mapas, antiguidades e réplicas reduzidas das caravelas da época dos descobrimentos, que contam um pouco a história da evolução marítima das forças espanholas.

 
Exposição marítima no interior da torre

Chama a atenção o Palácio de San Telmo que foi construído em 1682 para abrigar o colégio do seminário da Universidade dos Comerciantes e hoje abriga a Presidência da Junta de Andalucia.

 
Palácio de San Telmo

Ao lado do palácio um imenso jardim que no passado ligava todo um complexo que terminava em uma construção no mínimo interessante mais a frente. Conhecida como Costurero de La Reina o pequeno prédio triangular tem o nome original de Pabellón de San Telmo e data de 1893. Este era o limite sul do Palácio de San Telmo e hoje abriga um Centro de Informações Turísticas.

 
Costurero de La Reina

A Universidade de Sevilha tem seu prédio principal funcionando no prédio da antiga fábrica de tabacos da cidade e é uma das mais antigas da Espanha, tendo sido fundada no ano de 1505.

 
Antiga fábrica de tabacos: Universidade de Sevilha

Para finalizar uma visita ao Parque Maria Luiza é indispensável! O parque foi criado em 1914, mas ganhou suas principais atrações em 1929 quando ocorreu a Exposição Iberoamericana de Sevilha.

 
Parque Maria Luiza
 
Trilhando, mochilando e brasileirando na Praça de Espanha


Um dos principais cartões postais de Sevilha é a lindíssima e impressionante Plaza de España. Admito que fiquei encantado com o lugar!!!

 
Plaza de España

Na praça está uma construção semicircular com 170 metros de diâmetro e com duas torres de 80 metros de altura em cada extremidade que chegou a ser usada como set de filmagens dos filmes Star Wars, episódios I e II.




Um lago e um canal que cruza diante da construção podem ser usados para passeios de barcos que podem ser alugados pelos turistas e casais apaixonados.





Ao longo da construção estão painéis azulejados que representam 48 províncias espanholas, faltando apenas a própria Sevilha e os arquipélagos de Canárias e Baleares.




O Parque Maria Luiza é uma imensa área verde, bem comum nas cidades europeias, com fontes de água e muita sombra para um agradável passeio nos dias quentes do verão e um refúgio para o frio do inverno.

 
Parque Maria Luiza
 
Jardins do parque


O Museu de Artes e Costumes Populares e o Museu Arqueológico foram construídos especialmente para a exposição de 1929 e podem ser visitados de terça a domingo no limite sul do parque.

 
Museu de Artes e Costumes Populares
 
Museu Arqueológico

Era nosso fim de viagem na Espanha, pois voltaríamos a Portugal e apesar de termos visitado poucas cidades espanholas, posso dizer que o pouco tempo por lá foi bem intenso e Sevilha fechou com chave de ouro essa visita. Amamos a cidade que preserva as tradições e antiguidades sem deixar de ser bem moderna.

Passeio em Sevilha

Gastos para 2 pessoas em Março de 2015:

- Taxi (estação de trem x hostel): € 10,50
- Catedral de Sevilha: € 18,00
- Almoço (1° dia): € 6,80
- Real Alcazár: € 19,00
- Doação artistas de rua (dançarinos de Flamenco): € 2,50
- Jantar (1° dia): € 12,00
- Sorvete: € 6,80
- Desjejum (2º dia): € 2,20
- Almoço (2º dia): € 7,99
- Jantar (2° dia): € 14,30
- Desjejum (3º dia): € 10,20
- Taxi (hostel x rodoviária): € 4,60
- Passagens para Faro (Portugal): € 44,00

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