domingo, 13 de setembro de 2015

Albergaria-a-Velha, Aveiro e Santa Maria da Feira

Deixando Lisboa, pela Estação Oriente, seguimos para Estarreja, onde uma tia nos esperava para uma carona até a freguesia de Branca na cidade de Albergaria-a-Velha que fica no distrito de Aveiro. Era nossa hospedagem temporária e o lugar seria ponto de partida para conhecer várias cidades.

Neste post relato um pouco dessa região que foge bastante do circuito turístico normal e que percorremos de carro.




Albergaria-a-Velha

Albergaria-a-Velha surgiu em 1117 quando a Rainha D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, doa uma vasta terra a um fidalgo que em sinal de gratidão funda uma albergaria para abrigar os viajantes pobres (história mal contata, mas... rs). Na verdade a própria família real se abrigava na albergaria quando fazia o caminho entre Lisboa e o Porto.

 
Aline diante da Estação de Trem de Albergaria-a-Velha

Com o tempo a antiga (hoje chamada de velha) albergaria foi circundada por uma vila que cresceu e hoje é considerada uma cidade. A antiga albergaria é hoje o prédio da prefeitura que fica diante de um belo jardim na Praça Ferreira Tavares.

 
A velha Albergaria que deu nome a cidade é hoje o prédio da prefeitura

A então Vila de Albergaria ganhou o título de “velha” depois que uma nova albergaria surgiu e hoje é Albergaria-a-Nova (muita criatividade).

 
Casario de Albergaria-a-Velha

Albergaria-a-Velha é conhecida pelo circuito dos moinhos, já que possui mais de 350 moinhos de água espalhados nos seus seis distritos. A grande quantidade de moinhos deve-se a grande tradição da região na fabricação de pães, tanto que anualmente ocorre na cidade o Festival do Pão de Portugal. Infelizmente o festival ocorre no mês de maio e nós não estivemos lá nesta época para conhecer, mas para quem estiver na região na época do festival vale uma passada no Torreão de Albergaria-a-Velha onde além de exposições e degustações, são apresentas diversas atividades lúdicas e culturais sobre o pão português.

 
Torreão: Palco do Festival do Pão de Portugal

Um dos lugares que conhecemos bem foi a freguesia de Branca, onde mora minha tia que nos abrigou. Branca é uma típica região do interior português com casas simples e um povo tranquilo, cercado de montes verdes.

 
Serra de Branca em um dia de inverno
 
Antiga estação de trem de Branca


A Igreja Matriz de Branca, dedicada a São Vicente, foi construída nos finais do século XVII e tem a particularidade de possuir a torre na parte de trás da construção, por trás do altar, e não na frente como é comum se ver nos templos.

 
Igreja Matriz de Branca
 
Frente da igreja dedicada a São Vicente

Altar Mor


Reconheço que nunca iria a Branca se não fosse a morada de minha tia e deixo aqui meu agradecimento pela hospedagem de alguns dias. A localidade não possui nenhum atrativo turístico, mas é um daqueles lugares que guardamos com carinho pelas experiências que vivemos, pois foi lá que comemorei meu aniversário no melhor estilo português e passamos uma semana abusando da hospitalidade e das caronas para outras cidades.

 
Família reunida

Aveiro

Esta pequena cidade já foi um rico porto salineiro, mas com o assoreamento causado por uma tempestade em 1575 o porto se fechou e ao longo dos últimos séculos a cidade se reestruturou e hoje abriga uma importante universidade e tem sua costa muito procurada pelos turistas no verão.

Aveiro

A cidade é dividida por canais da Ria
 



Com o assoreamento surgiu uma grande laguna, a Ria de Aveiro, que possui quase 50 Km de comprimento e que pode ser acessada pelo centro da cidade onde os elegantes Moliceiros, barcos com alegres decorações artísticas, podem ser admirados na Ria.

 
Os coloridos Moliceiros na Ria de Aveiro

Esses são barcos de trabalho para se pegar moliço (algas) que são utilizados na indústria de fertilizantes, mas que podem ser usados para um passeio turístico pela Ria de Aveiro.




No centro de Aveiro está a Catedral de São Domingos, construída no século XV, a Igreja das Carmelitas com quadros que retratam a vida se Santa Teresa em seu interior e a Igreja da Misericórdia, na Praça da República, com fachadas de azulejos de 1867.

 
Catedral de São Domingos
 
Interior da Catedral

Igreja da Apresentação da Vera Cruz

Bonito interior da igreja da Vera Cruz


Igreja da Misericórdia com os azulejos originais de 1867

Detalhe da fachada da igreja


Ainda na Praça da República está o majestoso Paço do Conselho, onde funciona a prefeitura.

 
Paço do Conselho: Prefeitura de Aveiro

Caminhando pela cidade é possível perceber uma cidade simples com as marcas do passado ainda bem afloradas. O Arco do Comércio e as estátuas de salineiros e trabalhadores portuários remetem a um passado de riquezas que chegavam e partiam pelo antigo porto.

 
Ruas de Aveiro
 

Arco do Comércio

Estátua em homenagem aos salineiros


Deixando o centro da cidade e seguindo em direção ao mar encontramos o Farol da Barra.

 
Aline e eu diante do Farol de Aveiro

Seguimos na direção de um dos maiores balneários da região: Costa Nova. Era um dia frio de inverno e o mar agitado com uma neblina fina que tomava tudo não lembrava em nada uma paisagem de um balneário de verão.

 
Praia da Costa Nova - Friiiiiio!!!

Uma das grandes marcas da Costa Nova está em suas construções apelidadas de “Casinhas Pijamas” devido a curiosa pintura de suas fachadas.

 
"Casas Pijamas" da Costa Nova
 


As casas típicas originais foram erguidas pelos pescadores da região, utilizando restos de madeiras e sucatas na construção. Para melhorar a estética das casas, foram pintadas as madeiras em tiras intercaladas o que virou uma marca da região. Hoje as casas já não são feitas de madeiras, mas mantém-se a pintura em tiras como um símbolo do lugar.

Casas listradas são a característica do lugar

Santa Maria da Feira

Deixando Aveiro e seguindo mais para o norte encontramos Santa Maria da Feira, conhecida pela exploração da cortiça e famosa pelo mercado montado no Rossio mensalmente, o que reforça a tradição que deu nome a esta cidade de Santa Maria.

 
Rua de Santa Maria da Feira com o Castelo da cidade ao fundo no topo da colina

No largo do Rossio uma escadaria dupla nos leva até a Igreja dos Loios, com seus dois campanários decorados com azulejos.

 
Igreja dos Loios

Do outro lado uma fonte ornamental e uma escadaria marcam as ruas de casas do século XVII. No alto encontra-se a Igreja da Misericórdia, do século XVIII.

 


Rua com casas do século XVIII

Mais a maior atração de Santa Maria da Feira é um castelo que fica no topo de uma colina. Totalmente reformado o castelo mantém o desenho original do século XV e é aberto a visitação.

 
Castelo de Santa Maria da Feira

Infelizmente era uma segunda-feira quando estivemos lá e este é um dia onde muitas atrações estão fechadas para manutenção, incluindo o castelo...

 
Infelizmente não pudemos entrar neste dia

Este foi um dia de temperaturas baixas e chuva fina, além de atrações como museus e o castelo não abrirem, mas que nos proporcionou um dia bem agradável. Aproveitamos para provar os famosos “Ovos Moles de Aveiro” um doce típico da região. O dia foi marcante para mim, em especial, pois era meu aniversário de 35 anos (to velho!) e tive uma comemoração bem portuguesa.

Comemorando aniversário em terras portuguesas

Ficamos uma semana na casa de minha tia e passamos os dias indo a outros lugares, mas deixávamos para jantar sempre a noite em casa e por isso não vão haver muitas indicações de restaurantes típicos e nem nada disso. Mas a fama de boa mesa portuguesa está em todo lugar e isto unido a um monte de brasileiros que não sabem viver sozinhos produzia grandes banquetes em algumas noites.

 
Come-se bem em Portugal!




Gastos para 2 pessoas em Março de 2015:

- Desjejum: € 7,60
- Metro: € 2,80
- Trem Lisboa x Estarreja: € 40,40
- Almoço: 12,24

2 comentários:

  1. Buscando informações sobre a terra da minha mãe, achei seu blog ! Gostaria de saber um pouco sobre o lugar onde ela nasceu, a casa do seu avô, onde foi criada, o lugar onde meu avô construiu, muitos anos depois uma casa...
    Os nomes que sei são: Branca, Pinheiro da Bemposta, Nubrijo, Figueiredo. Nem sei como procurar na net, pois não encontro muita informação sobre esses lugares...
    Obrigada por mostrar um pouco da Branca.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Flora, que bom que gostou do blog, a ideia dele é ajudar as pessoas mesmo, mas destes lugares que vc citou só conheci Branca. Não sei se vc leu os demais posts sobre nossa viagem a Portugal, mas fomos com o intuito de encontrar nossas raízes, assim como vc tb, queríamos encontrar as cidades de nossos pais e avós e mesmo com poucas informações na net, uma vez em terras lusitanas conseguimos chegar a todos os lugares e encontrar as casas de nossos antepassados, inclusive encontramos parentes que nem conhecíamos. Se vc tiver a oportunidade vá atrás de sua história e boa sorte! Se precisar de alguma ajuda é só entrar em contato. Fique à vontade para seguir o blog e a pag do face ;-)

      Excluir

Deixe aqui seu comentário, dúvida ou sugestão