Deixando
Lisboa, pela Estação Oriente, seguimos para Estarreja, onde uma tia nos
esperava para uma carona até a freguesia de Branca na cidade de
Albergaria-a-Velha que fica no distrito de Aveiro. Era nossa hospedagem
temporária e o lugar seria ponto de partida para conhecer várias cidades.
Neste
post relato um pouco dessa região que foge bastante do circuito turístico
normal e que percorremos de carro.
Albergaria-a-Velha
Albergaria-a-Velha
surgiu em 1117 quando a Rainha D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, doa uma
vasta terra a um fidalgo que em sinal de gratidão funda uma albergaria para
abrigar os viajantes pobres (história mal contata, mas... rs). Na verdade a
própria família real se abrigava na albergaria quando fazia o caminho entre
Lisboa e o Porto.
Com
o tempo a antiga (hoje chamada de velha) albergaria foi circundada por uma vila
que cresceu e hoje é considerada uma cidade. A antiga albergaria é hoje o
prédio da prefeitura que fica diante de um belo jardim na Praça Ferreira
Tavares.
A
então Vila de Albergaria ganhou o título de “velha” depois que uma nova
albergaria surgiu e hoje é Albergaria-a-Nova (muita criatividade).
Albergaria-a-Velha
é conhecida pelo circuito dos moinhos, já que possui mais de 350 moinhos de
água espalhados nos seus seis distritos. A grande quantidade de moinhos deve-se
a grande tradição da região na fabricação de pães, tanto que anualmente ocorre
na cidade o Festival do Pão de Portugal. Infelizmente o festival ocorre no mês
de maio e nós não estivemos lá nesta época para conhecer, mas para quem estiver
na região na época do festival vale uma passada no Torreão de
Albergaria-a-Velha onde além de exposições e degustações, são apresentas
diversas atividades lúdicas e culturais sobre o pão português.
Um
dos lugares que conhecemos bem foi a freguesia de Branca, onde mora minha tia
que nos abrigou. Branca é uma típica região do interior português com casas
simples e um povo tranquilo, cercado de montes verdes.
Serra de Branca em um dia de inverno |
Antiga estação de trem de Branca |
A
Igreja Matriz de Branca, dedicada a São Vicente, foi construída nos finais do
século XVII e tem a particularidade de possuir a torre na parte de trás da
construção, por trás do altar, e não na frente como é comum se ver nos templos.
Igreja Matriz de Branca |
Frente da igreja dedicada a São Vicente |
Altar Mor |
Reconheço
que nunca iria a Branca se não fosse a morada de minha tia e deixo aqui meu
agradecimento pela hospedagem de alguns dias. A localidade não possui nenhum
atrativo turístico, mas é um daqueles lugares que guardamos com carinho pelas
experiências que vivemos, pois foi lá que comemorei meu aniversário no melhor
estilo português e passamos uma semana abusando da hospitalidade e das caronas
para outras cidades.
Aveiro
Esta
pequena cidade já foi um rico porto salineiro, mas com o assoreamento causado
por uma tempestade em 1575 o porto se fechou e ao longo dos últimos séculos a
cidade se reestruturou e hoje abriga uma importante universidade e tem sua
costa muito procurada pelos turistas no verão.
Aveiro |
A cidade é dividida por canais da Ria |
Com
o assoreamento surgiu uma grande laguna, a Ria de Aveiro, que possui quase 50
Km de comprimento e que pode ser acessada pelo centro da cidade onde os
elegantes Moliceiros, barcos com alegres decorações artísticas, podem ser
admirados na Ria.
Esses
são barcos de trabalho para se pegar moliço (algas) que são utilizados na
indústria de fertilizantes, mas que podem ser usados para um passeio turístico
pela Ria de Aveiro.
No
centro de Aveiro está a Catedral de São Domingos, construída no século XV, a
Igreja das Carmelitas com quadros que retratam a vida se Santa Teresa em seu
interior e a Igreja da Misericórdia, na Praça da República, com fachadas de
azulejos de 1867.
Catedral de São Domingos |
Interior da Catedral |
Igreja da Apresentação da Vera Cruz |
Bonito interior da igreja da Vera Cruz |
Igreja da Misericórdia com os azulejos originais de 1867 |
Detalhe da fachada da igreja |
Ainda
na Praça da República está o majestoso Paço do Conselho, onde funciona a
prefeitura.
Caminhando
pela cidade é possível perceber uma cidade simples com as marcas do passado
ainda bem afloradas. O Arco do Comércio e as estátuas de salineiros e
trabalhadores portuários remetem a um passado de riquezas que chegavam e
partiam pelo antigo porto.
Ruas de Aveiro |
Arco do Comércio |
Estátua em homenagem aos salineiros |
Deixando
o centro da cidade e seguindo em direção ao mar encontramos o Farol da Barra.
Seguimos
na direção de um dos maiores balneários da região: Costa Nova. Era um dia frio
de inverno e o mar agitado com uma neblina fina que tomava tudo não lembrava em
nada uma paisagem de um balneário de verão.
Uma
das grandes marcas da Costa Nova está em suas construções apelidadas de
“Casinhas Pijamas” devido a curiosa pintura de suas fachadas.
"Casas Pijamas" da Costa Nova |
As
casas típicas originais foram erguidas pelos pescadores da região, utilizando
restos de madeiras e sucatas na construção. Para melhorar a estética das casas,
foram pintadas as madeiras em tiras intercaladas o que virou uma marca da
região. Hoje as casas já não são feitas de madeiras, mas mantém-se a pintura em
tiras como um símbolo do lugar.
Casas listradas são a característica do lugar |
Santa Maria da Feira
Deixando
Aveiro e seguindo mais para o norte encontramos Santa Maria da Feira, conhecida
pela exploração da cortiça e famosa pelo mercado montado no Rossio mensalmente,
o que reforça a tradição que deu nome a esta cidade de Santa Maria.
No
largo do Rossio uma escadaria dupla nos leva até a Igreja dos Loios, com seus
dois campanários decorados com azulejos.
Do
outro lado uma fonte ornamental e uma escadaria marcam as ruas de casas do
século XVII. No alto encontra-se a Igreja da Misericórdia, do século XVIII.
Rua com casas do século XVIII |
Mais
a maior atração de Santa Maria da Feira é um castelo que fica no topo de uma
colina. Totalmente reformado o castelo mantém o desenho original do século XV e
é aberto a visitação.
Infelizmente
era uma segunda-feira quando estivemos lá e este é um dia onde muitas atrações
estão fechadas para manutenção, incluindo o castelo...
Este
foi um dia de temperaturas baixas e chuva fina, além de atrações como museus e
o castelo não abrirem, mas que nos proporcionou um dia bem agradável.
Aproveitamos para provar os famosos “Ovos Moles de Aveiro” um doce típico da
região. O dia foi marcante para mim, em especial, pois era meu aniversário de
35 anos (to velho!) e tive uma comemoração bem portuguesa.
Comemorando aniversário em terras portuguesas |
Ficamos
uma semana na casa de minha tia e passamos os dias indo a outros lugares, mas
deixávamos para jantar sempre a noite em casa e por isso não vão haver muitas
indicações de restaurantes típicos e nem nada disso. Mas a fama de boa mesa
portuguesa está em todo lugar e isto unido a um monte de brasileiros que não
sabem viver sozinhos produzia grandes banquetes em algumas noites.
Buscando informações sobre a terra da minha mãe, achei seu blog ! Gostaria de saber um pouco sobre o lugar onde ela nasceu, a casa do seu avô, onde foi criada, o lugar onde meu avô construiu, muitos anos depois uma casa...
ResponderExcluirOs nomes que sei são: Branca, Pinheiro da Bemposta, Nubrijo, Figueiredo. Nem sei como procurar na net, pois não encontro muita informação sobre esses lugares...
Obrigada por mostrar um pouco da Branca.
Olá Flora, que bom que gostou do blog, a ideia dele é ajudar as pessoas mesmo, mas destes lugares que vc citou só conheci Branca. Não sei se vc leu os demais posts sobre nossa viagem a Portugal, mas fomos com o intuito de encontrar nossas raízes, assim como vc tb, queríamos encontrar as cidades de nossos pais e avós e mesmo com poucas informações na net, uma vez em terras lusitanas conseguimos chegar a todos os lugares e encontrar as casas de nossos antepassados, inclusive encontramos parentes que nem conhecíamos. Se vc tiver a oportunidade vá atrás de sua história e boa sorte! Se precisar de alguma ajuda é só entrar em contato. Fique à vontade para seguir o blog e a pag do face ;-)
Excluir