Passamos
apenas um único dia na capital baiana, mas foi possível conhecer muito da
cidade. Deixo aqui um pouco do nosso dia por lá para ajudar aos viajantes que
dispõe de pouco tempo e não sabem o que dá para fazer em um dia. Mas aviso:
Nosso dia foi bem corrido! Deixamos para descansar depois ;-)
Hospedagem
Ficamos apenas um dia, mas passamos a noite na cidade para viajar no dia seguinte então nos
hospedamos na Pousada Papaya Verde (Rua Eng. Milton Oliveira, 177, Barra) e
recomendo o lugar. Próximo a Praia do Farol da Barra, a localização é ótima e o
custo x benefício excelente. Funcionários super atenciosos e um ótimo desjejum.
Alguns pontos negativos por conta do pouco espaço no quarto, mas nada de mais
para um mochileiro. O lugar é simples e agradável.
Pousada Papaya Verde |
Dejejum na pousada |
Igreja do Bonfim
O
primeiro lugar que conhecemos em Salvador foi a Igreja de Nosso Senhor do
Bonfim, parada obrigatória para os que possuem interesse em turismo religioso.
Como bons cristãos seguimos de ônibus até a base da pequena colina onde está a
igreja. O ônibus nos deixa diante do Mercado Municipal do Bonfim, depois é só
caminhar subindo a Colina Sagrada por alguns poucos metros.
Estivemos
por lá na primeira sexta feira do mês, quando acontece uma tradicional
cerimônia de Nosso Senhor do Bonfim e a igreja estava cheia. Diante da igreja o
sincretismo religioso, típico da Bahia, pode ser visto e sentido com uma benção
com arruda (seguida rapidamente por um pedido de contribuição financeira do
turista...).
Já
que está no momento de fé e sincretismo religioso aproveite e amarre uma
fitinha do senhor do Bonfim nas grades que cercam a igreja, fazendo um pedido e
dando três nós na amarração ;-)
Grade de fitas cerca a igreja |
Aline amarrando sua fitinha |
Aline e as fitas do Senhor do Bonfim na grade da Igreja |
A
conclusão da construção da igreja se deu em 1754 quando as imagens do Nosso
Senhor do Bonfim e de Nossa Senhora da Guia, que vieram de Portugal, foram
colocadas no altar.
Quem
estiver em Salvador no início do ano pode acompanhar a tradicional lavagem das
escadarias da igreja que começou a ser feita em 1773 no interior do templo, mas
que com a associação ao candomblé através de sincretismo foi proibida de ser
realizada dentro da igreja e passou a ser feita nas escadas e no adro diante do
templo.
Memorial Irmã Dulce
A
pouco mais de 1 Km de distância da Igreja do Bonfim (caminhamos tranquilamente
em um dia de sol) está o Memorial Irmã Dulce, montado em um anexo do Convento
de Santo Antônio, sede das obras de caridade da freira.
Inaugurado
em 1993 o lugar preserva objetos pessoais da Beata e conta sua interessante
história de vida.
Na
capela está o marco onde o Santo Padre João Paulo II se ajoelhou e rezou em
1991 quando esteve visitando Irmã Dulce, já doente, um ano antes de seu
falecimento.
Próximo
ao memorial está a Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, que faz parte
das construções de obras sociais da freira e que abriga hoje seu túmulo.
Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus |
Túmulo de irmã Dulce |
Praia da Boa Viagem
É
possível ir caminhando do Memorial Irmã Dulce até a Praia da Boa Viagem. No
caminho você verá o prédio do Abrigo Dom Pedro II, um solar construído em
meados do século XIX.
Finalmente
chega-se a Praia da Boa Viagem e acredito que foi um pouco decepcionante para
mim. Não pela beleza do lugar, que possui águas esverdeadas e calmas que atraem
turistas de todo o mundo, mas minha decepção se deve ao tamanho da praia, pois
sempre ouvi falar do lugar e imaginava algo mais grandioso.
A
pequena faixa de areia me fez duvidar de onde estava. Um pequeno caminho de
cimento conduz entre a areia e bares e em um deles confirmei que estava no
lugar certo. Imaginava uma praia imensa, como Copacabana ou Ipanema, mas me
deparei com um lugar simples digno de paz e tranquilidade, bem diferente das
praias cariocas, apesar da fama parecida...
No
Largo da Boa Viagem, junto a praia, está a Igreja da Boa Viagem construída no
século XVIII e que abriga a imagem do Bom Jesus dos Navegantes que é levada em
procissão marítima no primeiro dia do ano.
A
igrejinha é bonita apesar da aparência de abandonada, infelizmente não
conseguimos entrar no dia em que estivemos por lá. Mas se você tiver tempo
aconselho parar um tempo e tomar um banho de mar, almoçando nos bares a beira
mar que existem nos arredores.
No
fim da faixa de areia uma pequena elevação permite apreciar a praia de cima com
as águas da Baía de Todos os santos reluzindo sob o sol forte.
Monte Serrat
Entre
a Boa Viagem e o Bonfim está uma pequena colina chamada de Monte Serrat, que
abriga um forte e a Ponta Humaitá, uma península onde há um farol e uma
igrejinha.
Ponta Humaitá vista do Monte Serrat |
O
Forte de Monte Serrat está no topo da colina de onde se tem uma linda vista da
Baía de Todos os Santos e foi concluído em 1742.
Na
península Humaitá encontramos, diante do farol, a Igreja e Mosteiro de Nossa
Senhora de Monte Serrat.
Igreja, mosteiro e Farol na Ponta Humaitá |
O
lugar é um convite aos casais e tem um ar de romance diante das águas da Baía
de Todos os santos, pois é calmo e tranquilo.
Igreja de Nossa Senhora de Monte Serrat |
Passamos
toda a parte da manhã neste percurso que inclui a Igreja do Bonfim, Monte
Serrat, Praia da Boa Viagem e Memorial Irmã Dulce e depois de apreciar a
paisagem e descansar diante da Baía de Todos os Santos, tomamos um ônibus em
direção ao centro da cidade.
Mercado Modelo
Uma
visita a Salvador não pode deixar de passar pelo Mercado Modelo, que é um
típico centro de artesanato e cultura baiana.
O
prédio, que já abrigou a alfândega, fica diante da marina de Salvador (de onde
partem os barcos para Morro de São Paulo, por exemplo) e está aberto todos os
dias da semana, mas atenção, pois aos domingos e feriados as atividades
encerram as 14h e não as 19h como nos demais dias.
Dentro
do mercado estão mais de duzentos comerciantes que vendem tapeçarias, rendas,
objetos de decoração, pinturas e quinquilharias diversas.
Aproveite
que está no Mercado Modelo para almoçar em um restaurante típico, pois no andar
de cima estão dois deles: Maria de São Pedro e Camafeu de Oxóssi. Escolhemos o
segundo e depois de uma manhã cansativa entre o Bonfim e a Boa Viagem, degustamos
uma ótima refeição para nos preparar para a segunda metade do dia
Restaurantes no andar superior |
Almoço típico no Mercado Modelo |
Elevador Lacerda
Construído
em 1873 o elevador é um dos pontos mais conhecidos de Salvador, que com seus 72
metros de altura liga a parte baixa à parte alta da cidade.
Considerado
mais alto elevador urbano do mundo quando foi inaugurado, o Elevador Lacerda
encanta os turistas e é usado como meio de transporte para a população até os
dias de hoje.
Elevador visto de cima |
Por
dentro é um elevador normal, sem vista panorâmica, que percorre o trecho entre
as praças Cairu (cidade baixa) e Thomé de Souza (cidade alta) em
aproximadamente 30 segundos.
Por dentro da estrutura |
Do
alto a vista é linda! Pode-se ver o Mercado Modelo, a Marina e o Forte São
Marcelo, tudo isso diante da bela Baía de Todos os Santos.
Vista de cima a Baía de Todos os Santos completa a paisagem com a Marina, o Forte e o Mercado Modelo |
Praça Thomé de Souza
A
praça que é a porta de entrada da cidade alta guarda, além do Elevador Lacerda,
o bonito prédio do Palácio Rio Branco, a Prefeitura de Salvador e o prédio da
Câmara Municipal da cidade. A curiosidade fica por conta do fato de que o
Palácio Rio Branco foi bombardeado em janeiro de 1912, mas está totalmente
reformado atualmente.
O interior do palácio |
Na
praça estão também inúmeros guias turísticos oferecendo seus serviços a todos
com cara de turista que saem do elevador. Não fizemos nenhum roteiro com guia e
seguimos tudo por nossa conta, então se quiser economizar, vá por sua própria
conta e verá tudo sozinho sem problemas.
Câmara Municipal |
Ainda
nos arredores da praça está o monumento da Cruz Caída, que marca o lugar onde
esteve a antiga Catedral da Sé de Salvador. Incrível imaginar que a gigantesca
e histórica igreja, que foi erguida entre 1612 e 1617 (no mesmo lugar da
anterior), foi demolida no ano de 1933, junto a mais prédios históricos, para
dar lugar aos trilhos do bonde no então novo projeto de revitalização da
região.
Pelourinho
Na
parte alta da cidade encontra-se o centro histórico de Salvador que tem sua
história mais preservada no bairro do Pelourinho, que se estende desde o
Terreiro de Jesus até o Largo do Pelourinho.
É
fácil caminhar pelo centro histórico de Salvador e em poucos minutos se chega
na praça conhecida como Terreiro de Jesus, cujo nome foi dado após ser erguido
no local o prédio do Colégio da Companhia de Jesus, em 1590.
Terreiro de Jesus |
Antigo prédio da Companhia de Jesus |
Na
praça está localizada a Basílica de São Salvador, a atual Catedral da cidade
que foi erguida com pedras vindas de Portugal, a Igreja de São Domingos Gusmão
e a Igreja de São Pedro dos Clérigos.
Basílica de São Salvador |
Igreja de São Pedro dos Clérigos |
No
Largo do Cruzeiro, quase de frente para o Largo do terreiro de Jesus, estão a
Igreja e o Convento de São Francisco.
A
igreja foi construída entre 1708 e 1723 e é a mais rica em decoração de talha
dourada de Salvador. Vale a pena conferir de perto a beleza do interior desta
igreja que conta com oito alteres laterais, além do altar mor, todos muito bem
decorados em ouro.
O interior da Igreja de São Francisco é um dos mais decorados em talha dourada da cidade |
Não
deixe de visitar a sacristia da igreja que é linda e ricamente decorada em
madeira talhada revestida de ouro.
O
convento ainda está em uso, mas pode-se cruzar o claustro quadrado decorado com
azulejos e apreciar a arte das pinturas bíblicas.
É
muito gostoso caminhar pelas ruas do Pelourinho e ao contrário do quem muitos
dizem achei as ruas bem limpas e cuidadas, com seus casarões coloniais bem
conservados, na grande maioria.
Ruas do Pelourinho |
Lojas de artesanatos e restaurantes dividem as ruas |
O
Pelourinho é hoje uma área de comércio e cultura e caminhando encontra-se
diversas lojinhas com produtos para turistas, além da sede do famoso Olodum.
Não é difícil encontrar uma apresentação do grupo de percursionistas diante do
casarão ou nas ruas próximas.
Casa do Olodum |
Grupo Olodum nas ruas do Pelourinho |
Outra
atração cultural do bairro é a casa onde viveu o escritor Jorge Amado e onde
ele escreveu o romance “Suor” que retrata a vida miserável nos cortiços da
região. Mais adiante encontra-se o grande casarão em que o escritor viveu com
sua mulher e onde hoje funciona a Fundação Jorge Amado.
Cortiço onde cresceu Jorge Amado |
Casarão da Fundação Jorge Amado onde o escritor morou |
Finalmente
chegamos ao Largo do Pelourinho, que apesar do nome não ostenta mais o antigo
pelourinho onde os escravos e condenados eram amarrados e torturados, muitas
vezes até a morte. No largo está a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos
Pretos, do século XVIII.
Largo do Pelourinho |
Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos |
Igreja do Carmo
Para
finalizar nossa visita ao centro histórico de Salvador recomendo ir a um lugar
fora do Pelourinho, mas bem próximo. A Igreja da Ordem Terceira do Carmo.
A
igreja, erguida em 1644 na Ladeira do Carmo pela irmandade que se instalou em
1636 no lugar, foi destruída por um incêndio no ano de 1788. A visita inclui o
interior do templo e seu coro alto, onde está o Órgão Cavaillé-Coll vindo da
França e inaugurado no natal de 1889 (do mesmo organeiro que criou o da
Catedral de Notre Dame).
Interior visto do Coro Alto |
Órgão Cavaillé-Coll |
No
convento pode-se visitar um pequeno museu de arte sacra, mas a principal
atração do lugar é a escultura do Senhor Morto, uma impressionante obra de arte
do escultor baiano Francisco Xavier Chagas, o “Cabra”, esculpida em 1730 e que
possui centenas de rubis incrustados nas chagas de Cristo, dando uma veracidade
as feridas e ao sangue que escorre.
Convento do Carmo |
Escultura do Senhor Morto cravejada de rubis representando o sangue de Cristo |
Para
finalizar desça rapidamente as catacumbas do convento que possui um túnel
estreito, que não se pode acessar, ligando a Igreja aos subterrâneos de
palácios e mosteiros da cidade.
Descida para as catacumbas do Convento |
Passagem estreita com túnel na parede |
Catacumbas do Carmo |
Região da Barra
Para
finalizar o dia seguimos de ônibus na direção de nosso hostel, próximo a região
da Barra de Salvador.
Junto
a Praia do Porto da Barra estão os Fortes de Santa Maria e de São Diogo, um de
cada lado da faixa de areia. Não visitamos as fortalezas devido o horário (dá
para fazer muito em um dia, mas nem tudo...).
Forte de Santa Maria |
Praia do Porto da Barra entre os fortes |
Forte de São Diogo |
Entre
o mar e o Forte São Diogo, junto as areias da Praia do Porto da Barra,
encontra-se o monumento que marca a fundação da cidade. Uma coluna de pedra
portuguesa com o escudo de Portugal e a Cruz de Cristo diante de um painel de
azulejos que retrata a chegada do fundador Thomé de Souza.
Para
terminar o dia uma visita a outro dos pontos turísticos mais conhecidos de
salvador: Farol da Barra.
No
farol funciona o Museu Marítimo, que não visitei devido ao horário, mas o lugar
realmente dispensa comentários pela beleza externa.
Esperamos
o fim do dia nas areias da Praia do Farol da Barra e nos deparamos com um
espetacular pôr do sol com o farol como paisagem. Acredito que o fim do dia
possa ser visto de outros pontos de igual beleza, como o Elevador Lacerda, mas
escolhemos o farol já que estávamos hospedados na região.
A
noite de salvador possui muitos bares e restaurantes dignos de nota, estando os
principais na região do rio Vermelho e da Barra, que são os principais lugares
escolhidos pelos turistas como hospedagem.
Nós
já havíamos almoçado em um restaurante típico então resolvemos conhecer algo
diferente na noite da cidade e encontramos o ótimo Bistrô Porto Sol (rua César
Zama, nº 51 - Porto da Barra), indicado por uma amiga baiana e moradora de
Salvador.
O
restaurante Áustro-Húmgaro estranhamente decorado com referências pop e Cult
serve uma ótima comida, mas o charme extra fica por conta da bebida. A cerveja
comum é servida com lúpulo extra (pingado em gotas no copo) que faz com que a
bebida fique especialmente encorpada, com jeitão de chopp alemão. Vale a pena
conferir!!!
Embalados
pela cerveja com lúpulo extra e pelo cansaço de um dia mega cheio, voltamos
caminhando pela orla para o hostel. Teríamos uma noite de descanso e no dia
seguinte partiríamos de Salvador com a certeza de que aproveitamos o máximo
possível um dia na cidade.
Orla próxima ao Farol da Barra iluminada a noite |