domingo, 29 de maio de 2016

Galinhos /RN

Descobrimos o paraíso em pleno litoral do Rio Grande do Norte e passamos dois dias de paz e tranquilidade na bucólica vila de Galinhos.

A bucólica vila de pescadores de Galinhos, no Rio Grande do Norte

Galinhos fica a aproximadamente 160 Km de Natal e ainda é pouco conhecida pelos turistas, que preferem transitar pelos litorais norte e sul da capital. Para se chegar a partir de Natal é só seguir a BR-406, sentido Ceará-Mirim. Pelo caminho passará por João da Câmara e a entrada fica logo depois de Jandaíra, onde irá pegar a RN-402.

Na RN-402 é só seguir em frente até o final da estrada e não se assuste quando a estrada ficar mais deserta e cercada de lagoas de sal.

 
RN-402

A estrada termina no estacionamento público diante da balsa que faz a travessia para Galinhos.

 
Fim da estrada na entrada do estacionamento

Estacionamento municipal

Píer no estacionamento, visto da balsa


A vila não fica em uma ilha, mas é como se fosse, já que não há estradas que levem até ela. Erguida em uma península de areia entre o rio e o Oceano Atlântico a única maneira de se chegar sem o barco é com um veículo 4x4 cruzando as dunas e areias das praias.

 
Balsa para Galinhos

Não vá esperando encontrar uma infraestrutura voltada ao turismo, a beleza de Galinhos está na simplicidade. Não há carros ou motos e o transporte local é feito em “jegue-taxi”, mas caminhando se conhece rapidamente todo o vilarejo.



 
Ruas de pedra da pacata Galinhos

A rua principal e poucas adjacentes são de calçamento de pedras, as demais são forradas de areia mesmo, apesar de achar que todas elas devem ser de paralelepípedos, mas as areias das dunas móveis ocupam seu lugar entre as casas cobrindo as ruas.

 
Ruas cobertas por areia

O silêncio toma conta das ruas com os moradores sentados em cadeiras nas portas de suas casas conversando com os vizinhos. Na praça central, diante da Igreja, uma televisão pública (oi?!) reúne os moradores para assistir o telejornal da noite e as novelas. Admito que nunca havia visto isso antes...

 
Praça pública

A cidade tem sua margem do lado do rio e sua margem oceânica e se pode cruzar de uma ponta a outra em pouco tempo.

 
Rua principal chegando na praia

As opções de hospedagem e gastronomia em Galinhos são proporcionais ao tamanho do lugar e devem existir apenas meia dúzia de hotéis e pousadas. Faça uma pesquisa entre todas as opções e escolha a que mais se adapta ao seu estilo e grana.

 
Aline na entrada da Pousada da Dalva

Optamos pela Pousada da Dalva que tem um bom tamanho, mas carece de um melhor aproveitamento da estrutura. Apesar de super simples ela coube exatamente no nosso orçamento mochileiro e me agradou bastante.

 
Área comum da pousada

Escondida na rua de trás, junto à praia, a pousada conta com uma varanda de frente para o mar e acesso direto do nosso quarto para a areia, sendo simples e de bom atendimento.

 
Pousada da Dalva diante do mar



O melhor a se fazer é descansar na praia, mas existem dois tipos de passeios pelos arredores: Buggy ou barco. Como já havíamos feito passeio de buggy nas dunas em Natal, optamos pelo barco e recomendo!

 
Barco no Aratuá

Os barqueiros são pescadores que trabalham em escala para a travessia até o estacionamento e também levam turistas para conhecer o Rio Aratuá e seu entorno. Para fazer o passeio é só pedir na pousada que vão indicar um barco.

Barco só para nós dois

Lindas paisagens

No passeio se navega pelo rio e pode-se observar os manguezais nas margens, com caranguejos e aves diversas, entre elas a garça azul, típica da região e que eu nunca havia visto antes.

Vegetação típica de mangue

Manguezal

Nosso guia pelo Aratuá nos conta a origem do nome do lugar que, segundo ele, vem do peixe-galo pescado nestas águas. Na região próxima ao encontro do rio com o mar eram pescados os peixes pequenos, chamados de galinhos pelos pescadores. Na praia de Galos eram pescados os peixes-galo grandes e por isso diziam que iam pescar nos galinhos ou nos galos grandes, assim batizando as vilas de Galinhos e Galos.


A extração de sal é um mercado muito forte em toda região e próximo ao vilarejo está uma estação de carregamento do produto. O barco contorna a montanha de sal, que parece neve, enquanto o simpático guia se esforça para explicar um pouco da história da indústria na região.

 
Montanha de sal

Parece neve, mas é sal


O ponto alto do passeio é a parada nas Dunas do Capim, a aproximadamente 6,5 Km de distância da vila, onde foi erguido um parque eólico.

 
Eu diante do parque eólico nas Dunas do Capim

O barco ancora no rio e paramos por uma hora (ou mais, já que éramos só nós dois e não estávamos presos a horário) para descansar e relaxar em um tipo de praia particular.






Guardo com carinho esse dia na memória, pois foi muito bom relaxar nas águas quentes e salobras do delta do Aratuá, junto as dunas de areias brancas e finas dignas de cenas de filmes e novelas.

 
Relaxando nas águas quentes do Rio Aratuá

Paraíso "particular"


Na volta uma parada obrigatória na vila de Galos, que fica a 3 Km de Galinhos. Galos está ainda mais isolada no meio da areia e a parada é para almoçar no Restaurante da Irene (acho que o único do lugar), que fica bem diante do píer de desembarque na praia.

 
Praia de Galos

Píer de desembarque em Galos diante do Restaurante


De volta a Galinhos encerramos o passeio de barco e descobrimos que não há muito mais o que se fazer na vila a não ser descansar ou voltar para praia. Aline optou pela primeira e eu pela segunda escolha. Enquanto ela dormia o sono dos justos no quarto eu aproveitava mais uns mergulhos no mar diante da pousada.

 
Praia em Galinhos

A noite nada muda e o lugar continua calmo e sem badalação. Na verdade os restaurantes e hotéis são a mesma coisa por lá e cada pousada abre sua área gastronômica para os visitantes, não havendo opções fora das pousadas.

 
Pousadas abrem seus restaurantes a noite e são as únicas opções

Percorremos alguns e paramos para comer na Pousada “Made In Aqui” onde servem uma ótima pizza no terraço. Uma dica do lugar é a sobremesa “Baba de Camelo” que eu nunca havia ouvido falar e nos apaixonamos (não deixe de pedir).

 
Pizza na "Made In Aqui"


Baba de Camelo: sobremesa de doce de leite


No segundo dia, antes de ir embora, aproveitamos um pouco a Praia de Galinhos. No fim da praia, na ponta da península, está o Farol e para se chegar até lá pode-se caminhar muito ou alugar uma carroça. Depois era só arrumas as mochilas e pegar o barco de volta ao estacionamento público (e grátis) onde o carro ficou nos aguardando.

 
Galinhos diante do mar

Farol de Galinhos


Por fim recomendo passar um ou dois dias em Galinhos, mas não espere um destino turístico e sim a sensação pacata da vida no interior em contato com a natureza, com uma noite estrelada e silenciosa depois de um dia tomando banho de mar e de rio.

 
O píer do estacionamento: Deixe o carro e curta a calma e tranquilidade de Galinhos

terça-feira, 17 de maio de 2016

Touros e São Miguel do Gostoso /RN


Com um carro alugado fomos conhecer o norte do Rio Grande do Norte, conhecendo as praias da região, passando por Touros e indo até a pequena cidade de São Miguel do Gostoso.




Infelizmente esse dia em especial o tempo estava bem nublado e até umas poucas gotas de chuva caíram sobre nós. Não mergulhamos em nenhum das praias e passamos o dia apenas conhecendo a região. Saindo de Natal nossa primeira parada foi Maracajaú.

 
Dia cinzento, mas o mar continua esverdeado

Maracajaú

Pouco mais de 50 Km separam a Natal de Maracajaú e para se chegar lá é só seguir a BR-101 para o norte até ver a placa da saída para o lugar. Da rodovia federal até a praia são 6 Km.


 
Um dos destinos mais badalados do Rio Grande do Norte, a pequena Maracajaú é um distrito da cidade de Maxaranguape e ficou famosa pela região de corais, chamada de Parrachos de Maracajaú, uma Reserva Ecológica Marinha onde os turistas mergulham.

 
Praia de Maracajaú

Esperávamos conseguir fazer o mergulho, mesmo com o tempo ruim, mas logo nos decepcionamos, pois a maré estava alta. Aqui deixo uma dica para quem quer mergulhar na região: Verifique a maré com antecedência, pois as operadoras não fazem o passeio todos os dias. A verdade é que com o tempo ruim a visibilidade também não estaria boa e o passeio ficaria abaixo da expectativa, então não fazer acaba nem sendo tão ruim, mas na hora não pesamos nisso e fiquei bem chateado por não conseguir.

 
Não fizemos o mergulho por conta da maré

Para quem se hospedar na região e quiser um programa família, pode aproveitar o Mano Park, um parque aquático junto a praia que fica bem próximo ao centro de Maracajaú. Chegamos cedo na cidade e como não iríamos fazer o mergulho resolvemos conhecer o parque.
Manoa Park

Tobogã no parque aquático
O lugar parece ser muito bom, principalmente para quem estiver com crianças, fizemos uma visita para conhecer a estrutura antes do lugar abrir, mas com o tempo ruim não ficamos para curtir as piscinas e apenas tiramos umas poucas fotos e voltamos no sentido da BR-101.

 
Ótima estrutura no parque aquático

Para quem está com crianças é imperdível


Touros

Seguindo pela BR-101, Touros está a 85 Km de Natal e a 40 Km da entrada para Maracajaú. A estrada não margeia as praias e a única maneira de conhecê-las é entrando em cada cidade e vila e voltando para estrada novamente. No caminho se passa pelas entradas das praias de Pititinga, Zumbi, Rio do Fogo e Carnaubinha.




Touros foi uma das portas de entrada do Brasil colonial, pois em 1501 os portugueses desembarcaram na região. Um dos comandantes dessa expedição fixou um marco de posse colonial na praia de Touros. Hoje esse marco encontra-se na Fortaleza dos Reis Magos em Natal, enquanto uma réplica está, na agora chamada, Praia do Marco.

 
Touros

Na praça principal está a Igreja de Bom Jesus dos Navegantes. Na fachada estão expostas em uma das torres as pedras originais da época da construção da igreja, em 1800, que foram descobertas durante uma restauração. Em seu interior estão a imagem do padroeiro e o barco utilizado nas procissões marítimas religiosas.

 
Igreja de Bom Jesus dos Navegantes

Pedras originais de 1800

O barco para procissão marítima de Bom Jesus


Ainda na praça estão alguns canhões coloniais que foram deixados na Praia do Marco no ano de 1638 para proteger a costa dos navios holandeses.

 
Canhões Coloniais de Touros

Canhões deixados para proteção da costa


Touros é uma típica cidade do interior de vida simples e é possível ver a devoção religiosa do povo ao Bom Jesus dos Navegantes em diversos pontos. Um rio corta a cidade já quase diante do mar e ao cruzar a ponte chega-se na praia.

 
Homenagem ao Bom Jesus dos Navegantes

A orla na região de Touros tem diversas praias lindas de águas quentes, mas o tempo ruim e nublado não era um convite a um mergulho. Nas areias da Praia de Touros mulheres limpavam os peixes trazidos do mar pelos pescadores.

 
Praia de Touros

Pescadores chegam na praia e as mulheres limpam os peixes ali mesmo


Onde o Vento faz a Curva: O Calcanhar do Brasil

Nesta região está o Marco Zero da BR-101. Para se chegar nele é só seguir a estrada até o final! Óbvio né? Pois é simples assim... rs

 
Chegando ao quilômetro zero da BR-101

Saindo de Touros percorre-se os 4,5 Km que ligam a cidade à BR-101 e depois é só seguir por mais 6 Km até o fim da rodovia. A estrada possui algum movimento até a entrada da RN-221 que vai para São Miguel do Gostoso, mas os últimos 2 Km que ligam a entrada da estrada estadual até o Marco Zero, nós percorremos sozinhos.

 
Marco Zero da BR-101 no Rio Grande do Norte



A região do marco zero tem outra curiosidade: É o ponto onde a costa brasileira deixa de seguir na direção Sul-Norte e passa para a direção Leste-Oeste e por isso o lugar é conhecido como “Calcanhar do Brasil”.


Ponto onde o "Vento faz a curva"
Neste ponto está o maior farol da costa brasileira e segundo maior do mundo em operação (com 62 metros de altura e 298 degraus internos) e que foi batizado em homenagem ao lugar em que se encontra: Farol do Calcanhar.

Farol do Calcanhar
O Farol do Calcanhar está em área militar e a visita guiada ao seu interior é realizada somente aos domingos (entre 14h e 17h), mas não era o caso, então só pudemos ver de longe.


Um pouco mais de praia

Nosso último destino do dia foi São Miguel do Gostoso e para se chegar lá deve-se entrar na RN-221 um pouco antes do Marco Zero da BR-101 e percorrer 17 Km até a cidade. No caminho muitos coqueiros junto a estrada e diversas praias em vilarejos pequenos.




Paramos em algumas praias e destaco a Praia de São José e a Praia de Monte Alegre, essa segunda já na entrada da cidade.

São José na RN-221
 
Praias escondidas pelo caminho
Praia de Monte Alegre

São Miguel do Gostoso

São Miguel do Gostoso é uma pequena vila de pescadores, que apesar de contar com aproximadamente 10.000 habitantes nos dias de hoje, ainda está sendo descoberta pelos turistas.




No centro está a Igreja de São Miguel Arcanjo, construída por um comerciante no início do século XIX em agradecimento por uma graça alcançada e que deu nome a cidade. O curioso nome atual com a palavra “Gostoso” acrescentada a São Miguel se deu por conta de um homem que ali vivia e que era um grande contador de histórias divertidas. Diziam que o homem ria gostoso com elas e por isso passou a ser chamado de “seu Gostoso”, e ficou tão popular que muita gente passou a se referir ao lugar como a vila de “São Miguel de Seu Gostoso”, o nome pegou...

 
Igreja de São Miguel Arcanjo no centro da vila

Talvez pela proximidade com o calcanhar do Brasil a vila parece estar onde o vento faz a curva. Os fortes ventos que sopram nas praias, principalmente na Praia de Santo Cristo, fez São Miguel entrar no circuito de kite e windsurf.

 
Praia de Santo Cristo: vento e mais vento

Diversas praias se dividem em uma única orla com nomes diferentes e para percorrer a região deixe o carro e vá caminhando mesmo. Curta o sossego e a paz e conheça as praias cruzando pela faixa de areia.

 
São Miguel do Gostoso e suas praias desertas

No centro a Praia da Xêpa, com sua larga faixa de areia, é um convite a prática de Lual nas noites da vila. A praia é central e está paralela a rua principal.

 
A Praia da Xêpa é a mais central da cidade

Larga faixa de areia da Xêpa


Concluo afirmando que São Miguel é um lugar para descansar, bem diferente de Pipa ou de ouros destinos simples que cresceram, a cidade continua com o clima de vila pequena, portanto, esqueça a badalação, pois o lugar é calmo de dia e a noite.