O
Espírito Santo normalmente é associado ao litoral, com praias famosas e forte
referência à moqueca capixaba, mas deixamos o mar e subimos a serra em uma road
trip pelas principais cidades serranas.
Começamos
pelo principal destino turístico da região: Domingos Martins, que está a apenas
50 Km de distância da capital Vitória, e é o ponto de partida para conhecer os
arredores serranos.
Domingos Martins com sua arquitetura alemã |
Estávamos
com um casal de amigos e alugamos uma casa por lá, então não posso indicar
hospedagens na região, mas existem muitas e para todos os bolsos, sendo uma boa
dica para quem está de carro, buscar também opções em Marechal Floriano, cidade
vizinha a poucos quilômetros de Domingos Martins.
Road Trip em grupo: Viajamos com um casal de amigos para explorar as Montanhas Capixabas |
Na
estrada, perto da entrada da cidade está a Cachoeira da Bica que é de fácil
acesso e muito procurada para refrescar os dias quentes, mas não é muito
grande, apenas uma queda e uma piscina, praticamente embaixo da ponte da
rodovia.
Cachoeira da Bica |
Era o
primeiro fim de semana do ano e há na cidade há uma grande festa ao ar livre
que só termina no Dia de Reis. A praça central fica repleta de barracas e
aproveitamos para degustar uma cerveja artesanal na Choperia Fritz Frida
(vantagem de viajar com mais pessoas é que sempre tem alguém que não bebe e
pode dirigir, no caso a esposa do amigo estava grávida, logo foi a motorista do
dia, pós cervejaria rs).
A Choperia Fritz Frida representa a cultura alemã dos colonizadores |
A dica
que deixo aqui é conhecer as cidades e atrações dos arredores durante o dia,
deixando o centro de Domingos Martins para o fim de tarde e noite, assim
seguimos para Marechal Floriano.
Marechal Floriano |
A
antiga estação de trem foi transformada em Casa de Cultura e a pouco tempo por
aqui cruzava o Trem das Montanhas Capixabas, que permitia um passeio desde Viana
até Araguaya, mas que não estava mais operando quando estivemos lá no início de
2019 (existiam estudos e ideias para que voltasse a operar).
Marechal
é uma cidade pacata e bem estruturada, com vários orquidários e ruas limpas e
tranquilas. Mas a principal atração é uma cachoeira que não está no centro e
sim a 20 Km de distância.
Cachoeira do Zeca |
A Cachoeira
do Zeca é um ótimo lugar para passar um tempo com a família ou amigos. O Zeca é
super simpático e montou uma boa infraestrutura no complexo de cachoeiras no
seu terreno.
Nós com o simpático Sr. Zeca |
Cachoeira em meio à mata |
Normalmente
não curto ir em cachoeiras pagas com bares e estrutura ao lado, pois
descaracterizam muito o lugar e tiram o clima de natureza, mas ali é diferente.
A
cachoeira principal está bem preservada e tem uma ótima queda d’água, o rio que
segue é ideal para crianças e tem até rede de vôlei.
Trecho de rio com rede de vôlei para famílias e amigos |
Ao
lado do rio um bar e mais a frente, em uma área sem nenhuma estrutura, estão
três outras cachoeiras em sequência.
Três quedas e três poços em sequência |
Ficamos
quase a metade do dia ali, aproveitamos os petiscos do Bar do Zeca com algumas
marcas de cervejas artesanais da região (continuamos contando com a grávida
para dirigir depois hehehe) e curtimos as cachoeiras relaxantes.
Relaxante o banho na cachoeira: Vale a visita |
Depois
seguimos para Araguaya, uma simpática vila de origem italiana a apenas 10 km de
distância da cachoeira.
A
estação era o ponto final do passeio de trem pelo circuito das montanhas
capixabas e integrou a antiga Estrada de Ferro Leopoldina, que operou no
circuito cafeeiro da região.
Estação Araguaya e os trilhos da antiga Estrada de Ferro Leopoldina |
Uma
réplica das primeiras casas dos habitantes da região foi erguida bem junto a
estrada principal, a Casa do Nono é um lembrete de como eram as construções dos
primeiros imigrantes italianos no passado e bem perto está uma bomba manual de
abastecimento de combustíveis original que chama a atenção.
Antiga bomba manual de abastecimento de gasolina |
O
Centro de Cultura e o Museu Casa Rosa contam um pouco da história da vila que
também possui alguns restaurantes italianos, mas como havíamos petiscado bem na
cachoeira, deixamos essa experiência para outra oportunidade.
Casa de Cultura |
Museu Casa Rosa |
Deixando
Araguaya seguimos para nosso último destino do dia: Matilde, já na região de
Alfredo Chaves. Existem três atrações para os visitantes: A cachoeira, o túnel
e a Estação Rodoviária.
Não
chegamos a conhecer as cidades, apenas a famosa Cachoeira Engenheiro Reeve,
conhecida como Cachoeira de Matilde, que tem uma pequena janela que faz sucesso
nas fotos em redes sociais. A janela é uma vista para o vale à frente, mas
infelizmente a paisagem só mostra terra desmatada e pasto, melhor seria uma
vista de área preservada, mas...
Depois
é só descer o caminho de pedras até o mirante de onde se tem uma vista da linda
cachoeira. São 70 metros de queda livre, sendo a maior do Espírito Santo e apesar
do poço, quando estivemos lá a força da água era muito grande (época das chuvas
de verão) e não permitia entrar, mas após o mirante um caminho em trilha de
terra leva até a base da cachoeira, que também é usada para a prática de rapel.
A Cachoeira de Matilde é a maior do Espírito Santo |
Antes
do dia escurecer voltamos para Domingos Martins e curtimos a noite na festa de
Luzes Natalinas da praça principal, que fica bem iluminada e enfeitada desde o
natal até o Dia de Reis.
Nós quatro curtindo o clima natalino na serra |
Depois
de uma noite de descanso na serra, seguimos em direção à Rota do Lagarto, na
região da Pedra Azul.
O início da Rota com a Pedra Azul e seu Lagarto de lado ao fundo |
A
pequena estrada, de apenas 8,5 Km de extensão, liga as rodovias BR-262 e ES-264
e é conhecida pela vista da Pedra Azul e seu “Lagarto”, uma formação geológica
que vista da estrada lembra um lagarto subindo a pedra.
A Pedra Azul com o seu "Lagarto", a pedra menor que parece estar subindo pela encosta à direita |
O "lagarto" e a Pedra Azul vistos da estrada |
Mas o
que torna o lugar especial não é apenas a vista da pedra e sim um longo roteiro
de pousadas, restaurantes, cafeterias e fazendas que tornam essa estrada uma
rota charmosa e romântica que vem atraindo turistas, principalmente no inverno,
para curtir um descanso no frio da serra.
A Rota do Lagarto tem diversas opções de restaurantes e cafeterias com todo tipo de guloseima |
Uma
dica é visitar a Casa do Turista, no quilômetro 88 da BR-262 no início da Rota
do Lagarto, lá você encontra todas as informações que vai precisar da região,
além de algumas lojas de artesanato e delícias do agroturismo local.
A Casa do Turista |
Lojas de artesanato e docerias |
A
principal atração da Rota do Lagarto é o Parque Estadual da Pedra Azul, destino
mais procurado da região serrana e que tem esse nome devido a coloração da
pedra que muda com o passar do dia e as condições de luminosidade.
Descobrimos
que devido a alta no turismo da região as trilhas são fechadas após um certo
número de visitantes, o que fez com que não conseguíssemos fazer as trilhas do
parque, logo se você pretende conhecer a Pedra Azul de perto tem que chegar bem
cedo...
O pórtico
de entrada do parque está a 800 metros da portaria principal, mas se não houver
vagas para as trilhas já terá uma plaquinha lá embaixo avisando isso...
O
parque possui uma trilha de 2,5 Km (ida e volta) que leva até as piscinas
naturais que nascem em meio as pedras e uma trilha de 1,9 Km (ida e volta) até
a base da pedra. Infelizmente não conseguimos ir em nenhuma, mesmo com pessoas
já voltando das trilhas a segurança do parque não reabre as trilhas ou permite
a entrada do mesmo número de pessoas que saíram, ou seja, depois que fecha não
reabre mais no mesmo dia.
Deixando
o parque e a Rota do Lagarto seguimos para Venda Nova do Imigrante, conhecida
como Capital do Agroturismo, mas nossa visita foi rápida.
A
cidade possui uma cachoeira próxima ao centro e um mirante no alto do Morro da
Antena, mas devido ao horário não fomos visitar nenhum dos dois.
Centro de Agroturismo de Venda Nova do Imigrante |
Venda
Nova do Imigrante é uma cidade gastronômica e repleta de boas referências para
comer alguma coisa, além de ser polo cervejeiro, com algumas marcas artesanais.
Impossível resistir aos sabores de Venda Nova |
Destaque
para a Fazenda Saúde, na zona Rural, que serve um almoço excelente, e para a
Cafeteria Altoé da Montanha, junto à estrada no centro, que serve um bufê
colonial no fim da tarde e possui grande variedade de bolos, doces e salgados.
Uma pequena parte do Café da Roça no Altoé da Montanha |
Seguimos
para Castelo em meio as plantações de café que dominam a região e decepcionados
por não conseguir tomar um banho nas piscinas naturais da pedra azul, seguimos
para o Parque Estadual do Forno Grande, menos conhecido e menos visitado, mas
que vale muito ir conhecer (me arriscaria a dizer que é melhor do que o outro,
mas como não trilhei a Pedra Azul, fica difícil afirmar com certeza).
Os cafezais dominam a região serrana capixaba |
O
Parque do Forno Grande possui uma trilha de 1,8 Km que leva até o Mirante da
Pedra Azul, que fica de frente para o Mirante do Forno Grande que está lá no
Parque da Pedra Azul...
Trilhando no Parque Estadual do Forno Grande |
A
vantagem aqui é que a trilha até as piscinas naturais tem apenas 840 metros e
ainda passam pela Cachoeirinha e pela Gruta da Santinha, que estão a 300 metros
e 420 metros da entrada respectivamente.
Trilha do parque bem sinalizada |
Cachoeirinha com pouca água nesse dia |
Gruta da Santinha |
Poços Amarelos |
Como o
Forno Grande é menos visitado não tivemos problemas em entrar, mesmo perto de
meio dia e ir para as piscinas naturais, que são ótimas.
Após
as piscinas, mais alguns metros acima na trilha está o Poço do Forno Grande,
com uma queda d’água e boa profundidade.
Poço do Forno Grande: Boa profundidade e uma pequena cachoeira |
No fim
da tarde seguimos para o centro de Castelo e vimos um lindo pôr do sol nas
montanhas capixabas. Foi o fim de nossa road trip pelas montanhas.
Pôr do sol nas montanhas em Castelo |
A biblioteca municipal de Castelo iluminada para as festas de fim de ano |
Dicas
e Informações:
-
Existem muitas outras cachoeiras na região, bem próximo a de Matilde tem a da
Vovó Lúcia que é bem sinalizada;
-
Recomendamos fazer essa road trip em três dias, mas dá para curtir bem as
montanhas em um fim de semana indo a partir de Vitória;
- O
inverno é alta temporada na montanha por conta do clima, mas no verão você pode
aproveitar melhor as cachoeiras.