No
meio do estado do Rio Grande do Norte está o Pico do Cabugi, uma montanha
solitária em meio a caatinga nordestina a 140 Km da capital, Natal.
Apesar
da clássica forma de um vulcão o Cabugi nunca chegou a “explodir” e, portanto, nunca
expeliu magma não possuindo uma cratera em seu topo o que o torna único na
paisagem brasileira.
Para
se chegar ao Cabugi, partindo de Natal, siga pela BR-304, sentido Mossoró. Apesar
de estar geograficamente localizado no município de Anjicos, sua entrada de
acesso é feita próximo a Lajes. Aproximadamente 7 Km após passar pela entrada
de Lajes você verá, a sua esquerda, o bar Oasis do Cabugi, que fica junto a
duas grandes antenas de TV. Não tem como errar.
O
bar é a rota de entrada para a trilha que leva ao topo do pico e funciona como
ponto de apoio para quem quiser fazer a subida. O Sr. Luiz é o dono super
atencioso do lugar e ajuda aqueles que querem pernoitar na propriedade
permitindo armar barracas de camping no local. O bar possui uma estrutura
simples mas oferece refeições caso os caminhantes precisem.
Bar Oasis do Cabugi junto as antenas |
Admito
que olhando de baixo os 590 metros de altitude do Cabugi não assustam muito e
tem-se a impressão de que é fácil vencer sua encosta, no entanto, a verdade não
é bem essa e percorrer os 2,5 Km da trilha que leva ao topo do pico é um
desafio de classificação “média”.
O início da caminhada ainda na área do bar |
Fizemos
a trilha guiados por uma moradora de Natal e que já havia subido o pico
algumas vezes, inclusive tendo pernoitado no topo da montanha (aproveito para
agradecer a Sandra pela experiência).
Para
subir ao pico cruze o bar e a porteira atrás da casa e ande até a cerca de
arame farpado no fim do pasto, siga beirando a cerca até encontrar a porteira
para cruzá-la, vire a esquerda e continue seguindo junto ao arame farpado pelo
lado de fora da propriedade.
No
ponto onde a cerca vira-se na direção da estrada existe uma pequena encruzilhada
de caminhos. Deste ponto utilize o caminho que cruza a tubulação adutora de
água a frente e suba em direção ao pico margeando o duto.
O caminho a frente: cruze o duto e vire a direita sempre subindo |
O
caminho é bem definido e com pouca sombra, pois a vegetação baixa, típica do
lugar, não oferece alívio ao caminhante. Prefira fazer a trilha logo cedo
(dormindo em Lajes ou acampando no bar) ou no final do dia, quando o sol está
mais baixo e o calor é menor.
A
trilha se divide em duas partes bem definidas. A primeira é um caminho de terra
que é facilmente percorrido em no máximo 1 hora de caminhada. No fim deste
caminho já se encontram algumas pedras cobrindo o solo ainda em meio a
vegetação.
Subindo a trilha bem definida |
Pedras cobrem o solo no fim do primeiro trecho |
A
segunda parte da trilha é bem mais difícil e interessante, pois deve ser toda
percorrida em meio a milhares de pedras que rodeiam o pico, como se amontoadas
por alguém.
Início do segundo trecho |
Aconselho
uma parada para descanso nas pedras antes de sair de baixo da vegetação, pois a
segunda parte da subida é completamente exposta. Do ponto inicial das pedras
até o topo percorre-se mais 1 hora de caminhada montanha acima, com muitos
trechos de escalaminhada.
Subindo o segundo trecho em meio as pedras |
Muita
atenção nesta segunda parte, para não perder-se no caminho seguindo trechos
errados e ter que caminhar muito mais do que o necessário sobre as rochas. Não há muitas marcações, mas alguns trilheirois deixaram pequenas
marcas em algumas pedras que indicam o caminho. Se você não ver nenhuma marcação não se alarme, elas são raras e muito difícil de achar.
Siga
sobre as pedras, sempre com muito cuidado já que as elas estão soltas na grande
pilha. Siga em direção aos postes de ferro, em fila, que seguem na direção do
topo. Estes foram colocados ali para levar energia elétrica a uma pequena
capela que havia sido construída no pico para pagamento de alguma promessa.
Hoje não existe mais a capela e nem os fios, mas os postes estão lá para ajudar
como referência.
Linha de postes metálicos indicam o caminho |
Suba
seguindo a linha de postes metálicos até o penúltimo deles. Este trecho vai
exigir apoio das mãos em alguns pontos. Quando estiver junto ao penúltimo poste
metálico siga para direita, ao invés de subir, até perceber um caminho de pedras
menores marcado na paisagem.
O
pior já passou e o trecho final vai ser circundando o entorno da montanha em
toda sua volta. Atenção: Não suba direto escalaminhando pelas pedras, dê esta
volta pela trilha em meio as rochas e acesse o pico em segurança.
Do
topo do Pico do Cabugi tem-se uma visão de 360° de toda a região e pode-se ver
a BR-304 cortando o Rio Grande do Norte e o município de Lajes inteiro abaixo.
Lajes aparece como uma mancha branca em meio a paisagem do sertão nordestino |
A descida
é mais rápida, no entanto, é mais difícil uma vez que as pedras soltas que
cercam o Cabugi se tornam um desafio maior. Tenha muita atenção e não caminhe
em grupos enfileirados, já que o deslocamento de uma pedra pode atingir quem
está mais embaixo.
A
subida do Pico do Cabugi é com certeza uma experiência única e me encantei com
a pitoresca encosta pedregosa da montanha.
Dicas
básicas:
-
Use roupas leves e calçados já usados antes para evitar calos e bolhas;
-
Beba água, muita água! O calor do sertão vai te acompanhar em toda a trilha.- Proteja-se do sol sempre. A trilha é praticamente toda exposta, principalmente a segunda parte em meio as pedras e no topo, onde não há nenhuma sombra;
- Não tente subir sozinho, um acidente em meio as pedras pode deixa-lo abandonado a própria sorte;
- Apesar de termos subido durante o dia acredito que vale a pena subir no fim de tarde e ver o pôr do sol lá de cima, pernoitando no topo e apreciando o nascer do dia no pico, para depois descer;
- Atenção ao caminho, pois não existem placas de sinalização e as poucas indicações foram deixadas por trilheiros (quando estivemos lá encontramos técnicos do órgão ambiental estadual que informaram estar estudando o lugar para instalação de placas de sinalização nas rotas).