quarta-feira, 23 de março de 2016

Trilha do Pico do Cabugi/RN


No meio do estado do Rio Grande do Norte está o Pico do Cabugi, uma montanha solitária em meio a caatinga nordestina a 140 Km da capital, Natal.

 
Pico do Cabugi no Rio Grande do Norte

Apesar da clássica forma de um vulcão o Cabugi nunca chegou a “explodir” e, portanto, nunca expeliu magma não possuindo uma cratera em seu topo o que o torna único na paisagem brasileira.

 
O Cabugi e a BR-304

Para se chegar ao Cabugi, partindo de Natal, siga pela BR-304, sentido Mossoró. Apesar de estar geograficamente localizado no município de Anjicos, sua entrada de acesso é feita próximo a Lajes. Aproximadamente 7 Km após passar pela entrada de Lajes você verá, a sua esquerda, o bar Oasis do Cabugi, que fica junto a duas grandes antenas de TV. Não tem como errar.

O bar é a rota de entrada para a trilha que leva ao topo do pico e funciona como ponto de apoio para quem quiser fazer a subida. O Sr. Luiz é o dono super atencioso do lugar e ajuda aqueles que querem pernoitar na propriedade permitindo armar barracas de camping no local. O bar possui uma estrutura simples mas oferece refeições caso os caminhantes precisem.

Bar Oasis do Cabugi junto as antenas

Admito que olhando de baixo os 590 metros de altitude do Cabugi não assustam muito e tem-se a impressão de que é fácil vencer sua encosta, no entanto, a verdade não é bem essa e percorrer os 2,5 Km da trilha que leva ao topo do pico é um desafio de classificação “média”.

O início da caminhada ainda na área do bar
Fizemos a trilha guiados por uma moradora de Natal e que já havia subido o pico algumas vezes, inclusive tendo pernoitado no topo da montanha (aproveito para agradecer a Sandra pela experiência).

 
Aline e nossa guia, Sandra

Para subir ao pico cruze o bar e a porteira atrás da casa e ande até a cerca de arame farpado no fim do pasto, siga beirando a cerca até encontrar a porteira para cruzá-la, vire a esquerda e continue seguindo junto ao arame farpado pelo lado de fora da propriedade.




No ponto onde a cerca vira-se na direção da estrada existe uma pequena encruzilhada de caminhos. Deste ponto utilize o caminho que cruza a tubulação adutora de água a frente e suba em direção ao pico margeando o duto.

O caminho a frente: cruze o duto e vire a direita sempre subindo

O caminho é bem definido e com pouca sombra, pois a vegetação baixa, típica do lugar, não oferece alívio ao caminhante. Prefira fazer a trilha logo cedo (dormindo em Lajes ou acampando no bar) ou no final do dia, quando o sol está mais baixo e o calor é menor.

 
Subida junto a adutora de água

A trilha se divide em duas partes bem definidas. A primeira é um caminho de terra que é facilmente percorrido em no máximo 1 hora de caminhada. No fim deste caminho já se encontram algumas pedras cobrindo o solo ainda em meio a vegetação.

 
Subindo a trilha bem definida

Pedras cobrem o solo no fim do primeiro trecho


A segunda parte da trilha é bem mais difícil e interessante, pois deve ser toda percorrida em meio a milhares de pedras que rodeiam o pico, como se amontoadas por alguém.


Início do segundo trecho
Aconselho uma parada para descanso nas pedras antes de sair de baixo da vegetação, pois a segunda parte da subida é completamente exposta. Do ponto inicial das pedras até o topo percorre-se mais 1 hora de caminhada montanha acima, com muitos trechos de escalaminhada.

Subindo o segundo trecho em meio as pedras
 

Muita atenção nesta segunda parte, para não perder-se no caminho seguindo trechos errados e ter que caminhar muito mais do que o necessário sobre as rochas. Não há muitas marcações, mas alguns trilheirois deixaram pequenas marcas em algumas pedras que indicam o caminho. Se você não ver nenhuma marcação não se alarme, elas são raras e muito difícil de achar.

 
Terá sorte se encontrar alguma marcação

Siga sobre as pedras, sempre com muito cuidado já que as elas estão soltas na grande pilha. Siga em direção aos postes de ferro, em fila, que seguem na direção do topo. Estes foram colocados ali para levar energia elétrica a uma pequena capela que havia sido construída no pico para pagamento de alguma promessa. Hoje não existe mais a capela e nem os fios, mas os postes estão lá para ajudar como referência.



Linha de postes metálicos indicam o caminho


Suba seguindo a linha de postes metálicos até o penúltimo deles. Este trecho vai exigir apoio das mãos em alguns pontos. Quando estiver junto ao penúltimo poste metálico siga para direita, ao invés de subir, até perceber um caminho de pedras menores marcado na paisagem.

 
Deixe os postes e siga pela direita até achar a trilha nas pedras

O pior já passou e o trecho final vai ser circundando o entorno da montanha em toda sua volta. Atenção: Não suba direto escalaminhando pelas pedras, dê esta volta pela trilha em meio as rochas e acesse o pico em segurança.




Do topo do Pico do Cabugi tem-se uma visão de 360° de toda a região e pode-se ver a BR-304 cortando o Rio Grande do Norte e o município de Lajes inteiro abaixo.

 
O topo do Cabugi



Lajes aparece como uma mancha branca em meio a paisagem do sertão nordestino



A descida é mais rápida, no entanto, é mais difícil uma vez que as pedras soltas que cercam o Cabugi se tornam um desafio maior. Tenha muita atenção e não caminhe em grupos enfileirados, já que o deslocamento de uma pedra pode atingir quem está mais embaixo.




A subida do Pico do Cabugi é com certeza uma experiência única e me encantei com a pitoresca encosta pedregosa da montanha.

 
A encosta como um mar de pedras atiradas contra o solo

Dicas básicas:

- Use roupas leves e calçados já usados antes para evitar calos e bolhas;
- Beba água, muita água! O calor do sertão vai te acompanhar em toda a trilha.
- Proteja-se do sol sempre. A trilha é praticamente toda exposta, principalmente a segunda parte em meio as pedras e no topo, onde não há nenhuma sombra;
- Não tente subir sozinho, um acidente em meio as pedras pode deixa-lo abandonado a própria sorte;
- Apesar de termos subido durante o dia acredito que vale a pena subir no fim de tarde e ver o pôr do sol lá de cima, pernoitando no topo e apreciando o nascer do dia no pico, para depois descer;
- Atenção ao caminho, pois não existem placas de sinalização e as poucas indicações foram deixadas por trilheiros (quando estivemos lá encontramos técnicos do órgão ambiental estadual que informaram estar estudando o lugar para instalação de placas de sinalização nas rotas).