terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Vinícolas em Luján de Cuyo (Mendoza)


1º Dia na Argentina (dia 20 do mochilão)

Acordamos e tomamos o desayuno no hotel e saímos para conhecer Mendoza. Quando chegamos no centro (algumas quadras do hotel) um senhor nos entrega um panfleto de pacotes turísticos pela região e resolvemos ir até a agência para tentar algum passeio para o dia.

A mulher na agência da Wanka Viajes y Turismo nos oferece algumas opções, entre elas o tour “Alta Montanha” pelo Parque Provincial Aconcagua, mas como havíamos vido de ônibus pela estrada do parque, não nos interessamos em voltar lá. Este passeio faz o mesmo trajeto do ônibus que vem (ou vai) de Santiago, com a diferença de que realiza paradas para fotos, indo até um mirante diante do Pico Aconcagua, em um lago andino e na estátua do Cristo Redentor na divisa com o Chile. Mas é um passeio que dura um dia todo e a maior parte dele será na estrada (que nós já conhecíamos pela janela do ônibus).

Nos interessamos pelo pacote com visitas a vinícolas da região de Lujan de Cuyo, na grande Mendoza e pelo tour no Cañon Del Atuel na cidade de San Rafael. O primeiro com duração de meio dia e o segundo com um dia todo fora da cidade, mas como tínhamos um dia sobrando no planejamento por não ter ido a La Serena (um dos dois dias já usado na viagem diurna entre Santiago e Mendoza), resolvemos realizar os dois passeios, sendo o primeiro já neste dia.

O tour pelas vinícolas se iniciava as 14h, então aproveitamos para um rápido passeio até o Parque Central, uma grande área de lazer com bancos e espaço para recreação que fica a dez quadras de distância da Plaza Independencia (praça de armas). O parque é bom para quem quer caminhar ou pedalar, mas é só isso...

 
Parque Central de Mendoza

Aline e eu no parque

Lanchamos um salgado como almoço e seguimos para o hotel, onde as 14h uma van da operadora turística foi nos buscar.

 
Mendoza

Conhecemos nosso guia e motorista da van que nos levaria a Lujan de Cuyo. A viagem é relativamente rápida e tranquila, no caminho o guia vai explicando que o passeio tem três paradas, sendo a primeira em uma fábrica de azeite de oliva e as outras duas em vinícolas, sendo uma artesanal e outra industrial.

Nossa primeira parada é na fábrica de azeite de oliva PaSrai, na região de Maipú, que oferece visitas guiadas bilíngue (espanhol/inglês) de segunda a sexta-feira de 10h a 12h30min e de 15h a 18h30min.

 
Fábrica de azeite de oliva

No jardim da pequena fábrica existem alguns exemplares de Oliveiras, usadas para a extração das sementes que darão origem aos produtos.

 
Oliveira
 
Quintal da PaSrai



Somos apresentados a um guia que nos conduz pela fábrica e explica que a PaSrai é uma empresa familiar dedicada a produção de frutos secos e azeite de oliva extra virgem.

 
Fábrica de azeite PaSrai

Visitamos as prensas e o guia nos explica que o azeite de oliva é um óleo obtido com a prensagem, em temperatura ambiente, das azeitonas.


Prensas
Após extraído, o óleo das azeitonas, fica em grandes tonéis metálicos por 2 meses e meio para a decantação de resíduos.

 
Tonéis metálicos para armazenar o azeite

Tivemos uma verdadeira aula sobre o azeite e pudemos ver como se dá a extração dos diversos tipos O azeite extra virgem é feito da primeira prensagem das azeitonas e possui menor acidez (máxima de 1%), o que gera melhor qualidade e um sabor mais intenso.

 
Instalações da fábrica

Depois do tour pela fábrica somos levados a uma sala, onde também funciona a loja de produtos. Nos é oferecida uma degustação dos diversos tipos de azeite de oliva fabricados pela PaSrai.


Loja de produtos e local da degustação


Degustação de azeites

Além dos produtos gourmet, a empresa também fabrica diversos outros voltados para higiene e beleza, sempre a partir do fruto da oliveira. É possível comprar sabonetes, óleos corporais, entre outros. No fim Aline comprou apenas uma garrafa de azeite com sabor de orégano, pelo qual ela se apaixonou.

 
Produtos corporais feitos a partir da azeitona

Deixamos a fabrica e seguimos para Lujan de Cuyo, um tipo de distrito dentro da grande Mendoza, onde se tem diversas bodegas artesanais e industriais. Pelo caminho fomos conhecendo a cidade pela janela da van e vendo os vinhedos na beira da estrada e ainda fizemos uma pequena parada, não programada, para fotos.

 
Vinhedos em Luján de Cuyo
 

Igreja de Luján de Cuyo



Nossa próxima parada foi na Bodega “Cavas de Don Arturo”, uma vinícola familiar de produção artesanal. Um guia nos apresentou o local e explicou que a bodega produz somente quatro variedades de vinho tinto: merlot, malbec, cabernet sauvignon e syrah.

 
Vinícola


Bodega Cavas de Don Arturo

Visitamos os vinhedos carregados de uvas, já que estávamos em pleno mês da colheita, que é feita somente uma vez por ano, em março. O guia explica que durante esse período a vinícola conta com 150 empregados, contra apenas nove no resto do ano e que dois meses antes da colheita as uvas passam por um processo chamado “estresse hídrico”, no qual ficam quase sem ser regadas até a colheita para melhorar a qualidade e o sabor do vinho.

 
Vinhedos
 

Uvas prontas para colheita



O lugar é super simples e pudemos ver todo o equipamento onde se dá o processo de fabricação dos vinhos e os grandes armazéns de estocagem. Alguns vinhos passam também por barris de madeira e podem ficar ali armazenados por até um ano (linha premium).

 
Sala Vendimia para onde se leva a uva após a colheita

O guia conta que na vinícola nada é desperdiçado já que as sementes que sobram da uva são vendidas à fabricas de azeite que produzem  o azeite de uva, típico da região. Já o bagaço é vendido à industrias de bebidas e de cosméticos, que  produzem produtos à base de uva.

 
Porta do tonel onde fica o vinho para fermentar

Era hora de provar os vinhos fabricados na bodega e para acompanhar a degustação foram servidos pães e azeite de uva. O guia explica que os vinhos “Cavas de Don Arturo” não são vendidos em lojas convencionais, a vinícola vende somente para pessoas que visitam o local e diretamente para consumo próprio de seus clientes.

 
Degustação de vinhos

A visitação durou aproximadamente 1h30min e ao final fomos para a loja da vinícola, onde o próprio dono nos apresentava os produtos, e ainda pudemos degustar um Cabernet Sauvignon da linha premium. Acabamos comprando uma garrafa de Syrah.

 
Loja da vinícola e mais degustação

Deixamos a bodega artesanal e voltamos para as ruas de Lujan de Cuyo com destino a próxima vinícola. Pelo caminho diversos vinhedos confirmam a vocação do lugar para a atividade.

 
Vinhedos esperando a colheita de março

O guia nos mostra como funciona a irrigação na região. Canais captam as águas provenientes de degelo na Cordilheira dos Andes, abastecendo as vinícolas. Com a escassez de chuvas na região, os canais não são capazes de atender a toda a demanda, sendo instituído o “turno de água”, que é o tempo em que uma comporta fica aberta para irrigar um trecho da cidade. Após o fim deste turno um fiscal do governo fecha manualmente a drenagem e alinha a água para um turno de outra região, fazendo com que cada vinícola tenha uma certa quantidade de água determinada pelo tempo de cada turno. Os turnos são informados em placas e pudemos ver algumas delas no Canal de Lunlunta.

 
Turno de água do canal de Lunlunta

A última parada do dia era para conhecer uma vinícola industrial, a Bodega Florio, fundada em 1912 por um imigrante italiano.

 
Bodega Florio: Vinícola industrial

Somos apresentados a uma guia local que nos recebe diante do casarão e explica que no passado o vinho era armazenado em tonéis de 30 mil litros que eram feitos com madeira argentina. Hoje servem somente para exposição, pois os barris atuais possuem capacidade de 300 litros e são feitos com madeira francesa, chegando a custar 800 euros.

 
Antigos barris de armazenamento de vinho

Na Bodega Florio a colheita da uva é feita em 2 épocas do ano: em janeiro quando a uva ainda está verde para a produção e espumantes e em março quando a uva já está madura para produção de vinhos.

 
Vinhedos da Florio

Era hora de conhecer a fábrica e a menina que nos guiava ia explicando que cada hectare plantado produz, aproximadamente, 5 mil litros de vinho e que para a produção do vinho branco utiliza-se somente o miolo da uva, enquanto para o vinho rose utiliza-se o miolo e vestígios da casca. O vinho tinto é feito utilizando-se tanto o miolo quanto a casca.

 
Pequeno laboratório na fábrica

Todo o processo na Florio é automatizado e existem grande tanques de aço inoxidável para os diversos tipos de vinho, cada um com um tipo de controle quanto a temperatura e tempo de guarda. Para melhorar a qualidade, do vinho ele é armazenado em barris de madeira por até 1 ano e meio. Quanto mais tempo o vinho ficar armazenado nos barris de madeira, maior será a sua qualidade.

 
Fábrica

Antes de ser esmagada e mandada para fermentação, a uva tem suas sementes removidas. Após a fermentação o vinho branco e o rose ficam 2 meses repousando e depois já podem ser engarrafados. Já o vinho tinto fica por cerca de 10 dias sendo misturado com a própria casca e depois 2 meses repousando antes de ser engarrafado.

 
Tanques de aço nas paredes e barris ao fundo

Depois de uma aula sobre o vinho seguimos para a loja onde seria realizada a degustação. Fomos apresentados a sete diferentes tipos de vinho fabricados na Florio e no fim compramos mais uma garrafa.

 
Loja da Bodega


Degustação de muitos vinhos

Era o fim do nosso tour e voltamos para o centro de Mendoza. A van nos deixou na Plaza de Armas já a noite e fomos buscar algum lugar para jantar. Não lembro o nome do restaurante em que comemos, mas não foi nenhuma ótima opção, na verdade era um restaurante bem comum, que como todo restaurante argentino servia, basicamente, carne com batata. Depois voltamos ao hotel, pois no dia seguinte teríamos que levantar bem cedo para ir até a cidade de San Rafael visitar o Cañon Del Atuel.

 
De volta a Mendoza

Gastos para 2 pessoas em 26/03/2014:

- Passeio pelas vinícolas: A$ 240,00
- Almoço: A$ 64,00
- Compra de azeite PaRsai: A$ 45,00
- Compra de vinho em Luján de Cuyo: A$ 160,00
- Jantar: A$ 200,00
- Hotel em Mendoza (Wine Aparts) A$ 340,00

Câmbio em Mendoza: U$ 1,00 em A$ 12,00

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Cruzando os Andes: Santiago X Mendoza


11º Dia no Chile (dia 19 do mochilão)

Acordamos tarde, tomamos o desayuno, descansamos no hotel, arrumamos nossas mochilas e encerramos a estadia no caidíssimo Hotel Parlamento em Santiago. Seguimos com a mochila nas costas até o metrô próximo ao Mercado Central, que desta vez estava aberto. Aproveitamos e entramos para conhecer o lugar que tem muitos restaurantes.

 
Mercado Central de Santiago: Despedida da cidade

Almoçamos e as 13h40min embarcamos em um ônibus semi-leito da Tur-Bus com destino a Argentina, encerrando assim nossa visita ao Chile e rumando para as últimas cidades de nossa viagem (havíamos comprado as passagens por 32.000 pesos chilenos, por pessoa, no dia anterior).

A viagem entre Santiago, no Chile e Mendoza, na Argentina dura aproximadamente seis horas, fora o tempo parado na imigração. Sempre viajamos a noite para ganhar tempo e economizar na hospedagem, já que se dorme no ônibus e acorda-se já no seu destino para aproveitar o dia, mas neste trecho optamos por fazer o trajeto de dia, pois tínhamos um dia sobrando no roteiro por não ter visitado a cidade de La Serena (dois dias de vantagem, na verdade), além disso, todos diziam que a paisagem compensava.

 
Pela janela do ônibus

Outro bom motivo para ir de dia é a imigração entre os dois países, pois sua noite de sono no ônibus será interrompida para passar pelos tramites de saída do Chile e entrada na Argentina.

Saindo de Santiago o caminho cruza o famoso Vale Nevado, que em março não tinha um grão de neve. A paisagem que no inverno deve ser branca, tinha cor de terra e era possível ver teleféricos desativados sobre a rocha e pistas de esqui em terra pura.
Teleférico parado no vale sem neve
A estrada do lado chileno é bem sinuosa. Depois de subir bastante, chega-se a fronteira entre os dois países, intitulada Paso de Los Libertadores, o lugar marca a passagem utilizada pela coluna principal do Exército dos Andes, liderado pelo general San Martín em 1817, que após decretar a independência da Argentina, partiu em direção ao Chile e Peru com o mesmo propósito.

 
Foto de Reprodução da Internet: Estrada nos Andes

Paramos na fronteira em um grande galpão e descemos do ônibus. Apesar de o sol estar bem forte no meio de uma tarde de verão, o clima no topo da montanha é bem frio. A aduana é dupla e devemos carimbar nossos passaportes de saída do Chile e de entrada na Argentina, tudo isso em uma mesma cabine com uma pessoa de cada país em um terminal lado a lado. Todas as malas são retiradas do ônibus e colocadas na esteira de Raios-X e depois amontoadas em um canto onde cães farejadores vasculham tudo.

Algumas bagagens são separadas para uma vistoria interna pela imigração Argentina. Nossas mochilas passaram tranquilas, mas acompanhamos algumas pessoas tendo que abrir as malas diante dos guardas e dos cães... nada de mais.

 
Revista de malas na aduana

Voltamos ao ônibus e seguimos viagem pelo lado argentino. No topo da montanha existe uma estátua do Cristo Redentor de 1902, que marca a paz entre os dois países depois de muitas guerras. Antigamente a estrada cruzava diante da estátua, mas hoje existe um túnel que corta este trecho e não vi o Cristo. Para quem quiser é possível ir até lá de carro ou em um passeio guiado a partir de Mendoza.

 
Foto de reprodução da Internet




No lado argentino a estrada é bem mais suave e cruza o Parque Provincial Aconcagua que tem o pico de mesmo nome como ponto alto da região. Nuvens negras encobriam os picos andinos enquanto passávamos, mas a vista das montanhas é realmente linda, mesmo em pleno verão sem um floco de neve.

 
Argentina

Não foi possível ver o famoso Aconcagua que é um dos maiores picos do mundo, com 6092 metros de altitude, mas a viagem cruzando a Cordilheira dos Andes durante o dia foi boa e por volta de 20h chegamos ao terminal rodoviário de Mendoza.

 
Paisagem pela janela
 
Parque Provincial Aconcagua


Paisagens andinas



Fizemos o cambio do dinheiro transformando nossos últimos 6.000 pesos chilenos em 110 pesos argentinos (e a cabeça demora a entender a troca do dinheiro e o preço das coisas... rs) e trocando alguns dólares na moeda local.


Havíamos visto algumas opções de hostel na cidade pela internet e pegamos um taxi até uma delas para tentar uma vaga. O Wine Aparts é um hotel bem legal e bom preço, além de ficar relativamente perto da praça central da cidade. Nos instalamos em um quarto e pedimos uma pizza pelo telefone da recepção. Depois banho e cama.

Mendoza


Gastos para 2 pessoas em 25/03/2014:

- Metrô para rodoviária em Santiago: $ 1.000,00 CLP
- Almoço em Santiago: $ 8.100,00 CLP
- Taxi para o Hotel em Mendoza A$ 20,00
- Hotel (Wine Aparts) A$ 340,00
- Pizza: A$ 40,00
- Refrigerante: A$ 10,00

 Câmbio na rodoviária de Mendoza: U$ 1,00 em A$ 10,00

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Viña del Mar e Valparaíso


10º Dia no Chile (dia 18 do mochilão)


Acordamos bem cedo e tomamos o desayuno no hotel, depois seguimos caminhando para a agência da Turistik que fica no Mercado Central de Santiago. Havíamos reservado um tour de um dia em Viña del Mar e Valparaíso. A operadora oferece diversas opções de pacotes na região (www.turistik.cl).


Existem diversas maneiras de se conhecer as duas cidades vizinhas de Santiago, a mais barata é ir de ônibus da rodoviária e por lá contratar uma agência local que oferece o passeio (esta opção deve sair por, aproximadamente, $ 15.000 CLP) ou seguir por condução pública fazendo seu próprio roteiro. A Turistik oferece dois pacotes: “Viña del Mar e Valparaíso” ($ 30.600 CLP) e “Vinhos, Valparaíso e Neruda” ($ 52.200 CLP). A diferença entre os dois pacotes da Turistik é que no segundo se faz uma visita a uma vinícola e à casa de Pablo Neruda e só passa por Viña, enquanto o primeiro tem paradas na cidade, além de uma caminhada por Valparaíso. Havíamos fechado o pacote simples, sem a vinícola e sem a visita ao interior da casa de Neruda.


Viña Del Mar

Embarcamos em um ônibus da operadora turística e seguimos para Viña Del Mar. O trajeto de 120 Km é percorrido vagarosamente, devido as curvas da estrada. Já nos arredores da cidade pode-se ver as vinícolas que dominam a região.

 
Vinícola Veramonte vista da estrada

O guia explica que Viña del Mar é uma cidade pequena, com aproximadamente 300 mil habitantes, totalmente voltada para o turismo. A cidade surgiu no século XIX da união de duas fazendas e recebeu seu nome devido aos famosos vinhedos plantados no local, sendo oficialmente fundada em 1878 por José Francisco Vergara. Enquanto o guia explicava apenas víamos a cidade passar pelas janelas do ônibus...

 
A cidade pela janela do ônibus

Nossa primeira parada foi para conhecer a Quinta Vergara, um parque de grande área verde com exemplares da flora local e internacional. Lá estão o Palácio Vergara e um anfiteatro. Na época colonial, o local era a Fazenda Sete Irmãs, que juntamente com a Fazenda Viña del Mar deu origem à cidade. Em 1840 um comerciante português comprou a propriedade e instalou ali sua residência. Sua mulher, uma amante de plantas exóticas, começou a cultivar uma enorme variedade de árvores e flores no seu jardim, que hoje constituem o parque. Com o passar dos anos a única herdeira da fazenda casou-se com o engenheiro José Francisco Vergara, que viria a fundar Viña del Mar.

 
Quinta Vergara
 
Palma Chilena


Caminhamos um pouco pelo parque e paramos diante do Palácio Vergara, construído entre 1906 e 1910 para a família do fundador da cidade. O casarão sediava o Museu de Belas Artes até quando este foi fechado para reformas. Diante do palácio dois leões de bronze que guardam sua entrada.

 
Leão de bronze

O guia explica que o palácio está totalmente destruído por conta de um terremoto ocorrido em fevereiro de 2010 e que pode desabar a qualquer momento. De perto se pode ver os estragos causados pelo tremor. Com danos irreparáveis, o prédio foi fechado e iniciou-se um significativo projeto de restauração, que custará quase cinco milhões de dólares, mas a demora na execução do projeto pode fazer com que tudo vá ao chão antes da conclusão, principalmente se houver outro forte terremoto na cidade.

 
Palácio Vergara quase desabando devido a um grande terremoto
 

Fachada do palácio apresentando diversas rachaduras


Caminhamos até o anfiteatro e o guia nos conta que a cidade ganhou fama e popularidade mundial a partir de 1960, com o Festival Internacional da Canção de Viña del Mar, que acontece neste local até os dias de hoje, sempre no mês de fevereiro.

 
Anfiteatro

O anfiteatro tem capacidade para 15 mil pessoas e é usado para o festival e também para outros grandes eventos. A construção foi finalizada em 2001 e antes disso as pessoas traziam cadeiras de casa e se instalavam no gramado para assistir ao festival de música. Era armada uma grande lona de circo e uma concha acústica simples no lugar do palco do anfiteatro.

 
Interessante estrutura do anfiteatro
 
Atual palco do Festival Internacional da Canção


Na saída da Quinta Vergara encontra-se um monumento em homenagem aos dois maiores poetas chilenos: Pablo Neruda e Gabriela Mistral.

 
Monumento em homenagem a Pablo Neruda e Gabriela Mistral

Voltamos ao ônibus e seguimos para nossa segunda parada: A Playa los Cañones.

 
Playa los Cañones

Uma parada de trinta minutos na praia que fica entre as praias Los Marineros e Del Deporte. A Los Cañones tem esse nome porque nela está o Museu a céu aberto de canhões navais.

 
Museu de Canhões na orla

O dia estava mega nublado e o vento frio desanimava qualquer contato com a água. Ficamos por ali caminhando e olhando o mar entre os canhões, até o guia nos chamar de volta ao ônibus.

 
Praia em Viña del Mar

Seguindo nosso city tour pela janela do ônibus, passamos em frente ao cassino mais antigo do Chile que foi inaugurado em 1930 e vimos olhando para o alto, o topo do Castillo Brunet, construído em estilo medieval e declarado Monumento Histórico Nacional. Apontando apenas a torre acima dos prédios o guia conta que o castelo foi construído para servir de hospedagem para visitantes das altas classes sociais e ser usado para festas e recepções da elite chilena na cidade. Mas só vimos o topo e de longe...

Cassino de Valparaíso

Topo do Castelo Brunet acima dos prédios

Em seguida rumamos para um dos cartões-postais da cidade: o Relógio das Flores. Descemos do ônibus para conhecer de perto o famoso relógio que foi trazido da Suíça em 1962 por ocasião da Copa do Mundo e está montado em um belo jardim.

 
Relógio de Flores de Viña del Mar

Depois seguimos pela orla e passamos pelo Castillo Wulff, construído sobre as rochas do mar em 1906 pelo empresário alemão Gustavo Wulff. Segundo o guia o castelo possui um piso transparente que permite a visão do mar e das pedras em baixo da construção e abriga exposições itinerantes de mostras de arte. O castelo abre de terça a domingo, das 10h00min às 17h30min, fechando para almoço entre 13h30min e 15h00min e a entrada é gratuita.

 
Castelo Wulff

Já passava do meio dia quando fizemos a parada para o almoço, a última em Viña Del Mar, no Restaurante Castillo Del Mar, que fica na praia, bem perto do Castillo Wulff. O guia explica que aqueles que não quiserem almoçar estão livres para conhecer a orla e podem visitar o Castillo Wulff. Eu queria muito ir até lá, mas estava com fome e não tinha outra opção para comer (nem uma barraquinha de empanadas havia por perto), então fomos almoçar.

 
O Castelo visto do restaurante

O Castillo Del Mar é uma construção do século XIX que é usado como casa de festas, além de operar um restaurante, digamos, fora dos padrões dos mochileiros...

 
Castillo del Mar

Não tínhamos outra opção (achei isso errado no tour, mas...) e fomos almoçar em alto estilo neste dia. Logo na entrada do salão principal, uma mesa exibe os diversos vinhos chilenos servidos no restaurante, para que o cliente possa escolher o que mais o agrada.

 
Entrada do restaurante no castelo: Várias opções de vinhos chilenos

O restaurante, montado no salão principal, possui a vista toda livre para o mar à frente. A especialidade são os frutos do mar, mas servem massas e carnes também. No geral a comida no Chile é bem cara, mas em Viña Del Mar é mais cara ainda e todos os tours vão levar você para um restaurante sofisticado, pois esse é o estilo da cidade.

 
Aguardando o almoço

O problema foi que a parada do almoço teve duas horas de duração. Eu que sempre prefiro comer algo rápido para poder aproveitar o tempo conhecendo o lugar, fiquei preso no restaurante à espera de todos que pareciam comer lentamente. O serviço também não parece ter a mínima pressa, servindo a todos bem vagarosamente. Aproveitamos para ficar apreciando o mar e tirando fotos na piscina no fundo do castelo.

 
Piscina do Castelo
 
Castillo del Mar



Era o fim do nosso rápido city tour por Viña Del Mar e seguimos após o almoço para Valparaíso, que fica a aproximadamente 10 minutos de distância de Viña.


Valparaíso

Assim que entramos nas ruas de Valparaíso os trolebus nos chamaram a atenção. Um ônibus elétrico antigo que é a melhor opção para se locomover pela cidade, caso não esteja preso em um tour como nós. O guia nos explica que o transporte é uma atração turística de Valparaíso e é o mais antigo ônibus elétrico continuamente em operação no mundo, pois está operando há mais de 60 anos ininterruptamente.

 
Trólebus de Valparaíso: Ônibus elétrico

Valparaíso é uma cidade portuária bem simples, bem diferente de Viña del Mar. O guia explica que a cidade possui cerca de 295 mil habitantes e que sua economia gira em torno das atividades portuárias, da pesca e do turismo. O porto é o primeiro do Chile e é tido como um dos mais importantes da América Latina.

 
Porto de Valparaíso visto pela janela do ônibus

Uma das cidades mais antigas do Chile, Valparaíso foi fundada com o nome de Puerto Natural de Santiago del Nuevo Extremo, em 1544, pelo conquistador Pedro de Valdívia. A cidade foi erguida em uma área montanhosa e está assentada sobre 42 “cerros” (morros e colinas) e o ônibus vai subindo as ladeiras estreitas enquanto observamos as casas coloridas pela janela. Como um bom brasileiro minha primeira impressão de Valparaíso é de uma grande favela, sendo a diferença entre os morros chilenos e os cariocas apenas o fato de que por lá as construções simples são pintadas com diversas cores, enquanto as da cidade maravilhosa apresentam tijolos expostos sem nenhum tipo de acabamento e pintura.

 
Os cerros de Valparaíso lembra muito os morros cariocas

Seguimos pelo Cerro Bella Vista para nossa primeira parada depois que chegamos à cidade. Descemos do ônibus na Plaza La Sebastiana, diante da casa do poeta chileno Pablo Neruda que tem o mesmo nome. Logo na praça nos chama a atenção uma grande pintura do rosto do poeta que decora a parede de uma escola que tem o nome de Neruda. Na praça uma pequena obra de arte em forma de banco exibe as curvas do famoso poeta.

 
Pablo Neruda: Arte no muro
 
Plaza La Sebastiana com banco em homenagem ao poeta



A visita à Casa La Sebastiana não estava incluída no tour e não havia previsão de tempo ali para os que quisessem vê-la por dentro, portanto apenas podíamos apreciar a fachada. O guia reúne o grupo e nos conta que a casa foi inaugurada em 1961 e possui este nome em homenagem ao arquiteto que a projetou: Sebastián Collado.

 
La Sebastiana: Casa de Pablo Neruda em Valparaíso

Depois de conhecer La Chascona eu queria muito entrar em La Sebastiana, uma pena o guia não ter deixado um tempinho para isto e fiquei pensando que perdemos duas horas almoçando em Viña, quando o tempo podia ter sido bem mais distribuído para se visitar a casa...

Aline e eu diante da fachada lateral de La Sebastiana

Para quem puder visitar, a entrada custava 3000 pesos chilenos e dentro da casa de quatro andares existem objetos e coleções das viagens do poeta, além de um mirante para a baía de Valparaíso. O museu abre apenas de terça a domingo das 10h às 18h de março a dezembro e das 10h30min às 18h50min em janeiro e fevereiro.

A casa em que não pudemos entrar
 
A cidade vista do pátio da casa de Neruda

Voltamos ao ônibus e seguimos por mais um pouco sempre subindo. O guia nos explica que iríamos descer caminhando e depois de funicular e aqueles que não pudessem, ou não quisessem caminhar poderiam aguardar no veículo e depois nos encontraria lá embaixo. Me animei um pouco, pois estava bem cansado de city tour pela janela...

Cortiço em Valparaíso

Finalmente descemos do ônibus e seguimos a pé por entre as casa coloridas da cidade. O guia vai na frente contando que o centro histórico de Valparaíso foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO em 2003.

 
Casas de aparência bem pobre

As casinhas simples e coloridas, em ruas estreitas, foram inicialmente erguidas pelos estivadores. As paredes de muitas delas foram feitas de telhas de zinco ou amianto e coloridas, pois os materiais eram de baixo custo, muitas vezes sobras de cargas.

 
Casa de telhas de zinco pintadas de vermelho como forma de embelezar o material

Seguimos caminhando pelas ruas entre casa coloridas e com pinturas de arte de rua nas paredes, enquanto o guia explica que em agosto de 1906 um grande terremoto causou graves danos em toda a cidade, que era naquele tempo o coração da economia chilena, deixando mais de 3000 mortos e 20.000 feridos. Os danos foram avaliados em centenas de milhões de pesos à época. Durante o trabalho de reconstrução foi realizado o alargamento das ruas criando as avenidas atuais.

 
Arte nas paredes de Valparaíso

As pequenas casas coloridas ainda abrigam a população mais pobre, mas atualmente, nos Morros Conceição e Alegre, uma leva de artistas e gente de melhores condições sociais as adquiriu, valorizando os bairros e elevando o conceito de se morar nas casinhas com estilo.

 
A casa roxa montada com placas metálicas
 
Ladeira de Valparaíso



Durante a idade de ouro da cidade, entre os anos de 1848 e 1914 Valparaíso recebeu um grande numero de estrangeiros, especialmente ingleses, alemães e italianos, que influenciaram sua arquitetura, deixando construções marcantes até os dias de hoje.

 
Casas de materiais reaproveitados se misturam a construções em estilo europeu
 
Ruas e casas estreitas nas ladeiras da cidade



Depois de uma boa caminhada pelas ruas da cidade, chegamos ao Paseo Yugoslavo, uma praça de onde se tem uma ótima vista do porto abaixo. Ao seu redor estão algumas construções históricas, como o Palacio Baburizza, erguido em 1916, que sedia o Museu de Belas Artes.

 
Valparaíso vista do Paseo Yugoslavo
 
Palácio Baburizza



Na praça está um dos quinze ascensores de Valparaíso, o ascensor El Peral, um tipo de funicular que liga as partes baixas às partes altas da cidade. O guia nos explicou que poucos destes estão em operação, mas que o governo possui um plano de recuperação para todos eles. O Ascensor El Peral foi inaugurado em 1902 e hoje é de propriedade municipal.

 
Casa de máquinas do ascensor
 
Ascensor El Peral



Descemos pelo El Peral, e chegamos na Plaza Sotomayor, a principal praça de Valparaíso que fica na base do Cerro Alegre. A praça reúne vários edifícios históricos, como o imponente prédio da Comandancia Jefe de La Armada. Construída em 1910, é utilizada como residência de verão do presidente do Chile. O prédio também é sede de governo do prefeito e do governador, além de abrigar, desde 1970, o comando geral da marinha chilena.

 
Prédio da Armada do Chile na Plaza Sotomayor

Diante do prédio sede do Corpo de Bombeiros o guia explica que a cidade cresceu desordenadamente e com casas construídas de diversos materiais de baixo custo, por isso sempre sofreu com incêndios. De forma a tentar controlar o problema os imigrantes formaram as primeiras unidades de combate a incêndios voluntários, fundando o Corpo de Bombeiros (o mais antigo da América do Sul), em 1851. A atividade de combate a incêndios ainda é voluntária até os dias de hoje no Chile (hoje, enquanto escrevia este relato, me lembrei de que em abril de 2014, após nosso retorno do mochilão, um incêndio de grandes proporções atingiu a cidade causando pelo menos 11 mortes e destruindo 2.000 casas).

 
Prédio do Corpo de Bombeiros

No centro da praça está o “Monumento aos Heróis de Iquique”, uma homenagem à tripulação do navio Esmeralda, afundado na batalha naval de Iquique em 21 de maio de 1879 durante a Guerra do Pacífico. No conflito a embarcação mais antiga da marinha chilena enfrentou o navio peruano Huascar por horas. A corveta chilena afundou e o comandante Arturo Prat morreu na batalha, após saltar para dentro do navio adversário e combater os inimigos no convés. A derrota em Iquique fez com que muitos jovens chilenos, inspirados por Prat, se alistassem, aumentando as forças do país e levando-os a vitória no fim da guerra. O Chile incorporou as cidades costeiras de Antofagasta, Iquique e Arica, e aumentou seu território, retirando da Bolívia o acesso ao Pacífico. Até hoje os bolivianos tem como um objetivo nacional de honra (registrado em sua constituição) a recuperação do acesso ao mar, perdido durante a guerra. Uma estátua de bronze de Prat destaca-se no monumento que é considerado um dos mais importantes da Guerra do Pacífico e abriga uma cripta com seus restos mortais. O Monumento, também conhecido como Monumento Prat, foi inaugurado em 1886, logo depois do final da guerra, por pressão popular para que os combatentes do Pacífico fossem reconhecidos como heróis.



  

Monumento e mausoléu de Prat


Ainda na praça está o Palacio de La Justicia, construído em 1939 e que acomoda o tribunal de Valparaíso. Na frente do prédio uma estátua de três metros de altura representa a justiça, mas diferente da imagem tradicional esta não exibe os olhos vendados, símbolo da imparcialidade, e não ostenta uma balança em equilíbrio e sim sobre seu braço. Achei isso muito curioso e imaginei que fosse um recado claro sobre como é feita a justiça na cidade, mas o guia nos conta que, segundo a lenda, foi um comerciante que se sentiu injustiçado por um julgamento injusto que mandou instalar a estátua... OK! Mas ainda acho que foi um recado bem dado... hehehe

 
A imagem da Justiça de Valparaíso
 
Palácio da Justiça



Era o fim de nosso tour por Valparaíso e seguimos para o ônibus de onde vimos mais um pouco da cidade pela janela no caminho de volta.


Na verdade achei o passeio pelas duas cidades em um dia, um pouco corrido, mas acho que foi o suficiente pelo que se tem a oferecer por lá. Volto a afirmar que para quem, como eu, não gosta de ficar vendo a cidade pela janela, é melhor ir por conta própria, pegando um ônibus em Santiago. Valparaíso é uma cidade bem grande e apesar do tour se resumir a um passeio pelo Cerro Alegre, acho que foi o suficiente para mim. Quanto a Viña Del Mar, eu achei uma cidade bem comum e um pouco fora dos padrões mochileiros, mas minha má impressão pode ter sido por conta do roteiro do tour que me fez ver a cidade pela janela, além de perder muito tempo em um almoço super caro ao invés de caminhar um pouco pelo lugar. No fim eu senti falta de conhecer em Valparaíso a Casa de Neruda, La Sebastiana, por dentro e queria ter passado pelo famoso Museo Fonck, em Viña, onde há um Moai da Ilha de Páscoa real.


De volta a Santiago

Em Santiago seguimos até o guichê da Tur-Bus na rodoviária para comprar as passagens para Mendoza, na Argentina, para onde seguiríamos, cruzando a Cordilheira dos Andes e depois fomos jantar em um barzinho na rua diante da entrada do Pátio Bella Vista (a rua tem vários bares e restaurantes).


Gastos para 2 pessoas em 24/03/2014:

- Pacote Viña e Valparaíso: $ 64.600,00 CLP
- Almoço em Viña Del Mar: $ 25.000,00 CLP
- Ascensor de Valparaíso: $ 200,00 CLP
- Jantar: $ 8.450,00 CLP
- Hotel: $ 35.000,00 CLP
- Ônibus para Mendoza (Tur-Bus): $ 35.800,00 CLP