terça-feira, 29 de agosto de 2017

Estrada Real: Caminho Velho

O Caminho Velho da Estrada Real possui 710 Km de extensão e liga a cidade de Ouro Preto ao mar em Paraty. O caminho que hoje é percorrido em uma semana de carro demorava mais de 60 dias para ser vencido pelos tropeiros no século XVII.


Mais de 80% do caminho são percorridos em estradas de terra que cruzam cidades históricas, ótimas cachoeiras, belas paisagens e muita história nos museus e igrejas.

O Caminho Velho da Estrada Real conecta lugarejos bucólicos com cidades históricas incríveis

Nosso roteiro pelo Caminho Velho:

Dia 1: Ouro Preto x Lagoa Dourada
Dia 2: Lagoa Dourada x Tiradentes
Dia 3: Tiradentes x Carrancas
Dia 4: Carrancas x São Lourenço
Dia 5: São Lourenço x Guaratinguetá
Dia 6: Guaratinguetá x Paraty
Dia 7: Paraty
Dia 8: Paraty (e volta ao RJ)

Nosso percurso pelo Caminho Velho da Estrada Real de Ouro Preto até Paraty

Dia 1: Ouro Preto x Lagoa Dourada

Ouro Preto é o centro da Estrada Real, pois todos os caminhos se encontram na cidade. Vale tirar um dia inteiro para conhecer a mais famosa cidade histórica mineira, mas nós já a conhecíamos (veja aqui), portanto apenas fizemos pequenas paradas entre cada caminho por lá.

Ouro Preto com seu casario e igrejas coloniais

Não deixe de conhecer o Museu da Inconfidência, na Praça Tiradentes, a Casa dos Contos, no Largo do Chafariz e a Igreja de São Francisco de Assis, com a feirinha de artesanato na praça do outro lado da rua.

Igreja de São Francisco com a famosa feirinha diante dela

Seguindo o Caminho Velho logo chegamos a São Bartolomeu, cuja Igreja Matriz é considerada uma das mais antigas de Minas Gerais.

Trecho entre Ouro Preto e São Bartolomeu

A Igreja de São Bartolomeu é uma das mais antigas do caminho

A cidadezinha simples tem fama de ter ótimos doces de goiabada e boas cachoeiras no entorno, mas apenas cruzamos suas ruas do século XVIII e voltamos para estrada.

São Bartolomeu é uma típica cidade do interior mineiro

Passamos rapidamente por Glaura, pois já havíamos passado por lá no Caminho do Sabarabuçu.


Saindo da Igreja Matriz de Santo Antônio seguimos em direção a Cachoeira do Campo. A planilha é um pouco confusa nessa saída da cidade e se depois de deixar a BR-356 demorar muito para encontrar os marcos da ER provavelmente você errou o caminho...

Matriz de Santo Antônio no centro de Glaura

Tentamos encontrar a Feira de Artesanato de Cachoeira do Campo, que a planilha do Instituto Estrada Real indica, mas descobrimos que não estava sendo realizada na época que passamos por lá.

Chegada em Cachoeira do Campo

Em Santo Antônio do Leite carimbamos os passaportes no Restaurante Chalé da Praça, perto da Igreja Matriz e se não fosse tão cedo teríamos almoçado, pois o cheiro da comida caseira estava uma delícia.


Igreja Matriz de Santo Antônio

Uma larga estrada de terra batida e com grande fluxo de caminhões nos leva, em meio a poeira, até Miguel Burnier. O distrito tem esse nome em homenagem a um antigo diretor da estrada de ferro e a pequena Estação Ferroviária, inaugurada em 1887, ainda está lá junto à Estrada Real.

Na Estrada Real
Chegada em Miguel Brunier

Já chegando a Lobo Leite passamos por debaixo das impressionantes pontes da linha férrea por onde passam os minérios extraídos no quadrilátero ferrífero em direção aos portos de Santos e do Rio.

Estrada de ferro cruzando a pista

Me chamou a atenção a Igreja de Nossa Senhora da Soledade, na praça de Lobo Leite, que não possui torre sineira, estando os sinos em uma armação de madeira e telhas no chão ao lado da Matriz


Igreja de Nossa Senhora da Soledade com os sinos em uma campana de madeira ao lado do templo

Seguimos pela Estrada Real comendo um pouco de terra e pouco mais de 4h depois de deixar Ouro Preto chegávamos a Congonhas, conhecida como Cidade dos Profetas devido as impressionantes imagens criadas por Aleijadinho que estão na entrada da Igreja de Bom Jesus dos Matosinhos.

A famosa Igreja de bom Jesus dos Matosinhos em Congonhas com as obras de Aleijadinho

Almoçamos em um dos únicos restaurantes que existem na região da Praça do Jardim dos Passos. Da primeira vez em que estivemos na cidade (veja aqui) visitamos as igrejas e o Museu de Congonhas, então dessa vez apenas caminhamos pelo jardim e visitamos as lojinhas depois do almoço, onde compramos nossa lembrança da viagem: um mini totem da Estrada Real de pedra :-)

Jardim dos Passos no centro de Congonhas

No trecho entre Congonhas e Alto Maranhão a Estrada Real está bem conservada e calçada com paralelepípedos, passando pelas ruínas da antiga Cadeia Pública. Depois um pouco de terra até Pequeri.

Ruínas da Cadeia Pública de Alto Maranhão

Em Pequeri tomamos a BR-383 em direção a São Brás do Suaçuí, pois a Estrada Real atravessa trechos de trilha para caminhantes e por dentro de fazendas.

São Brás do Suaçuí

O trecho entre a Igreja Matriz de São Brás e Entre Rios de Minas é somente para carros com tração, pois são 20 Km de terra e lama, onde se atravessa um trecho de rio. Apesar de estarmos em um 4x4 optamos pelo caminho alternativo, pois apenas 13 Km de estrada asfaltada leva até o próximo destino (ganhamos no mínimo 1h neste percurso pela estrada).


Na pequena cidade de Entre Rios de Minas paramos para carimbar os passaportes da Estrada Real e conhecemos a neogótica Igreja de Nossa Senhora de Brotas.

A igreja marca a chegada planilhada em Entre Rios de Minas

Voltando para a Estrada Real são mais 60 Km de muita terra, passando por Casa Grande, até chegar em Lagoa Dourada, em um percurso de mais de 2h de duração.

Depois de um banho na pousada em Lagoa Dourada

Nossa intenção era de ir até Prados, mas estávamos cansados depois de um dia inteiro dirigindo e optamos por parar e dormir em lagoa Dourada. Aproveitamos a Pousada das Vertentes, que é ponto de carimbo, e negociamos um quarto por um bom preço com a educada senhora dona do lugar. A pousada é super simples em um casarão com alguns séculos de idade e o café da manhã bem humilde, mas valeu pela economia.

Pousada das Vertentes: Ponto de carimbo do passaporte

Nosso quarto: Sempre ficamos no mais barato durante a viagem

A cidade foi fundada pelo bandeirante Oliveira Leitão em 1625 e entre as igrejas históricas da cidade destacam-se a Matriz de Santo Antônio, a pequena Igrejinha de Bom Jesus dos Matosinhos e a Igreja do Rosário.

Igreja de Santo Antônio ao lado da pousada

Igreja de Bom Jesus dos Matosinhos de Lagoa Dourada

Igreja do Rosário no centro da cidade

Mas Lagoa Dourada é famosa por ser a cidade do Rocambole, onde o doce teria sido criado. São diversas lojas especializadas em rocamboles, onde se pode montar seu próprio doce com recheios personalizados. Passar pela cidade e não provar um desses bolos é perder a maior atração de Lagoa Dourada!!!

Foi aqui que o Rocambole foi inventado

Antes de comer o doce lanchamos na ótima loja “Sabor da Empada” que fica do outro lado da rua, diante do Legítimo Rocambole. Recomendo o lugar que tem empadas deliciosas de diversos sabores. Depois de um salgado era só escolher o rocambole e engordar nas delícias de Minas Gerais... rs.

Lagoa Dourada é a terra do Rocambole

Esse foi um dos dias com maior quilometragem em toda viagem e foi bem cansativo, pois percorremos mais de 180 Km neste dia e mesmo tendo utilizado algumas vias asfaltadas ainda é muito para um dia na Estrada Real. Então depois de lanchar fomos dormir, até porque não há mais o que se fazer em Lagoa Dourada...

Fim do dia em Lagoa Dourada

Dia 2: Lagoa Dourada x Tiradentes

Saímos cedo de Lagoa Dourada e tomamos a Estrada Real em direção à Prados, que fica a 22 Km de distância.


Foram aproximadamente 50 minutos até chegarmos na loja ArtFer Artesanato, onde paramos para carimbar os passaportes.

Loja de arte em ferro e ponto de carimbo da Estrada Real em Prados

Da Igreja de Nossa Senhora do Carmo de Prados, na Estrada Real, até o distrito de Bichinho foram apenas 20 min de estrada.

Distrito de Vitoriano Veloso conhecido como Bichinho

O charmoso distrito de Vitoriano Veloso é conhecido como Bichinho e possui uma população de pouco mais de 1000 habitantes.


Mas o lugar é um centro de artesanato da região e recebe centenas e centenas de turistas vindos de Tiradentes. Vale parar o carro e percorrer as lojinhas que vendem todo tipo de arte mineira.

Bichinho é totalmente voltada para o turismo com lojas de artesanatos, cafeterias e restaurantes

Artesanato de Bichinho

Em Bichinho está o Museu do Automóvel da Estrada Real que possui uma interessante coleção de carros das décadas de 1930 a 1960 e aproveitamos para mais uma parada por ali. Fique atento no dia em que for passar por lá, pois o museu não abre as segundas e terças-feiras.

Museu do Automóvel da Estrada Real

Vale uma visita entre Bichinho e Tiradentes

Próximo ao meio dia chegamos em Tiradentes, a cidade histórica mineira que mais me encanta e por isso reservamos o resto do dia para curtir as ruas repletas de lojinhas e restaurantes deliciosos.

A chegada planilhada em Tiradentes é no Largo das forras

O percurso para esse dia foi bem curto, já que percorremos apenas 40 Km, mas a cidade merece que se passe pelo menos uma tarde e uma noite por lá. Nós já conhecíamos Tiradentes, mas sempre tivemos vontade de voltar, se quiser ver um pouco mais da cidade clique aqui.

Prédio da Secretaria de Turismo que é ponto de carimbo

Da primeira vez que fomos a Tiradentes ficamos mais tempo e pudemos conhecer as trilhas com cachoeiras na Serra de São José, se você planeja ficar mais um dia inteiro na cidade pode aproveitar o ecoturismo e não só a cidade histórica, veja aqui as trilhas da região.

Reserve uma noite para descansar em Tiradentes

Dia 3: Tiradentes x Carrancas

Saindo do Largo das Forras, no centro de Tiradentes, o caminho planilhado nos leva até Cachoeira do Despacho, já no distrito de Santa Cruz de Minas.


A cachoeira tem esse nome porque na época colonial era neste ponto que os comerciantes se reuniam para despachar as mercadorias com os tropeiros que seguiam a estrada para Paraty.

Cachoeira do Despacho com pouca água...

Fica aqui o Marco Zero do Projeto Estrada Real que depois veio a planilhar todo o caminho e inserir os totens de pedra numerados que seguimos pelos quatro caminhos existentes.

Marco Zero do Projeto Estrada Real

Todos os 11 Km do caminho até São João Del Rei estão com calçamento em bom estado e rapidamente se chega na cidade onde nasceu, morou e está enterrado o ex-presidente Tancredo Neves.

São João Del Rei

Já conhecíamos a cidade (veja aqui), pois alguns poucos anos atrás quando fomos a Tiradentes fizemos o passeio de trem até São João Del Rei e paramos apenas para carimbar os passaportes.


O trecho a seguir é de trilha para caminhante então tivemos que seguir pela BR-265 até a próxima cidade: Rio das Mortes


Foi nesta cidade, às margens da Estrada Real, que no ano de 1810 nasceu a beata Francisca de Paula Jesus, conhecida como Nhá Chica. O totem nº 947 está junto a igrejinha que marca o lugar onde ela nasceu.

Pequena capela que marca o local onde nasceu Nhá Chica

Ainda em Rio das Mortes está o lugar onde a beata foi batizada, mas a antiga igreja já não existe mais e o lugar é apenas uma representação no meio do mato a mais de 10 Km de distância e estrada de barro bem ruim... apesar de termos ido até lá, não recomendo conhecer e não está na Estrada Real.

Batistério de Nhá Chica: bem longe do centro e da ER

Seguir pela Estrada Real até São Sebastião da Vitória é só para quem está com um carro 4x4, pois o trajeto atravessa rio e muita lama. Para os demais a alternativa é continuar seguindo pela BR-265.

Evite o trecho entre Rio das Mortes e São Sebastião da Vitória se não estiver em um 4x4

De São Sebastião da Vitória até Caquende são 23 Km em estrada de terra. Pegamos um pouco de chuva no caminho e as estradas viraram lama.

A chuva começa a nos cercar no caminho para Caquende

Em Caquende deve-se tomar uma balsa para cruzar as águas da Represa de Camargos até o distrito de Capela do Saco, na outra margem.

Balsa no lago da Represa de Camargos e a chuva chegando

A nuvem negra de chuva que nos cercava na estrada estava se aproximando enquanto esperávamos a balsa, mas felizmente a chuva não chegou enquanto estávamos ali.

Embarcando na balsa para a travessia

Fique atento aos horários, pois a balsa funciona de 7h as 12h e das 14h as 17h. O nível da água da represa estava bem baixo e a travessia durou apenas 10 minutos e custou R$ 15,00 para um carro.

Travessia de balsa entre Caquende e Capela do Saco

Capela do Saco é um pequeno distrito que cresceu em torno da Capela de Nossa Senhora da Conceição, datada de 1712, que pertencia a Fazenda do Saco no passado e por isso o nome do lugar.



A capela da antiga Fazenda do Saco que dá nome ao lugar

A tempestade de verão nos alcançou na estrada para Carrancas e passamos um bom tempo em meio a forte chuva no para-brisa e lama nos pneus.

E a chuva que nos seguia finalmente nos alcançou

São apenas 30 Km até Carrancas, mas longe de ser fácil, pois o terreno é bem íngreme e subimos a encosta pedregosa da montanha ainda com o solo molhado, apesar da chuva ter nos deixado ainda lá embaixo (UFA!!!).

Estrada até Carrancas é uma das mais bonitas
Subimos pelo terreno montanhoso depois da chuva

Não recomendo esse trecho para quem não está com um 4x4. Se o carro não possui tração vale ir direto para Carrancas sem passar pela represa, pois depois não haverá outra alternativa.

Ainda hoje sinto falta da paz e tranquilidade da Estrada Real

Cruzamos a serra deslumbrados pelas paisagens incríveis e 1h depois estávamos chegando na Igreja Matriz de Carrancas e apesar de muita lama, em partes do caminho, o céu já estava azul quando chegamos na cidade.

Estrada Real nos topos de morro seguindo para Carrancas

Neste dia foram menos de 100 Km que percorremos em aproximadamente 3h de viagem, permitindo que tivéssemos tempo para aproveitar um banho de cachoeira nos arredores da cidade.

Chegada em Carrancas

Carrancas tem poucas (mas boas) opções de restaurantes e hospedagens, incluindo campings, clique aqui e veja um pouco mais da cidade e de suas cachoeiras.

Aproveite para curtir as cachoeiras de Carrancas

Dia 4: Carrancas x São Lourenço

Alguns imprevistos sempre acontecem em uma viagem como essa e na manhã deste dia o pneu estava totalmente vazio, mas depois da mangueira do radiador arrebentada no topo de uma colina entre Córregos e Conceição do Mato Dentro, no Caminho dos Diamantes, o pneu furado em Carrancas foi molezinha de resolver. Na borracharia da entrada da cidade o rapaz retirou um prego e fechou o buraco rapidamente...

Parada rápida na borracharia: Prego no pneu

Seguimos a Estrada Real passando pela Fazenda Tarituba no caminho para Cruzília, mas a fazenda estava fechada para visitação.

Fazenda Tarituba

Cruzamos a estrada de terra passando por fazendas, subindo e descendo os morros da região, por aproximadamente 68 Km desde Carrancas até Cruzília.


Até hoje não sei o que está abreviado na placa (Montanha Mágica?!?! rs)

Cruzília é conhecida como a cidade do cavalo Mangalarga Marchador, uma das raças mais nobres do mundo, e tem um museu dedicado a história da criação do animal na cidade (ponto de carimbo da Estrada Real).

Museu do Cavalo Mangalarga Marchador

Outro atrativo da cidade é o queijo e não podemos de deixar de provar... Aproveitamos para caminhar pelas ruas e conhecemos a bonita praça diante da Igreja Matriz de São Sebastião, no centro da cidade.

Praça do centro de Cruzília: Nuvens negras continuam nos cercando pelo caminho Velho

Nossa próxima parada foi na cidade de Baependi, conhecida por ter sido o local onde viveu e morreu Nhá Chica, mas a cidade também guarda boa gastronomia e cachoeiras nos arredores, para aqueles que não se interessam pelo turismo religioso.


Para nós, depois de conhecer o lugar onde a beata nasceu era hora de aprender um pouco sobre sua história de vida e visitar sua casa e túmulo. No complexo entre a igreja e a casa humilde onde ela viveu, carimbamos os passaportes e visitamos o museu que conta um pouco de sua história de vida.
  
Casa simples onde morou a Beata Nhá Chica

Conhecida por sua fervorosa religiosidade e boas ações com os necessitados, era chamada de “Mãe dos Pobres de Baependi”. Filha e neta de escravos construiu com recursos próprios (apesar de poucos) uma pequena capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, junto a sua casa.

Nós com a estátua da Beata diante da igreja

A capela ficou abandonada e desabou depois de sua morte, mas no mesmo lugar foi erguida uma igreja maior e que hoje abriga seu túmulo e depois de sua beatificação em 2013, passou a ser conhecida como Santuário de Nhá Chica.

O túmulo de Nhá Chica está no interior da igreja

As próximas paradas estão no Circuito das Águas de Minas Gerais e logo a Estrada Real nos leva até Caxambu e São Lourenço, nossos últimos destinos do dia.


As duas cidades são separadas por 30 Km de estrada e tem como atração principal suas instâncias hidrominerais. Os Parques das Águas de São Lourenço e Caxambu que são pontos de carimbo da Estrada Real.

Caxambu

Indico conhecer os dois lugares e suas fontes de águas com propriedades medicinais (veja aqui), mas se não puder escolha pelo menos um deles para visitar.

Visitamos os Parques das Águas das duas cidades

Terminamos o dia em São Lourenço e a noite saímos pelo centro e encontramos o ótimo Bar Circuito das Cervejas, bem próximo ao Parque das Águas.

Noite em São Lourenço degustando os sabores da ER

Cerveja artesanal de Ouro Preto para celebrar a ER

Depois de mais de 120 Km neste dia encontramos um bom lugar para descansar a noite no centro da cidade e dormimos no Hotel Aliança, com um ótimo “custo x benefício” (bom café da manhã e piscina, por um preço justo). Aproveitamos o descanso para planejar o final da viagem e calcular o tempo de estrada do próximo dia, pois queríamos tomar um banho na piscina do hotel antes de partir.

Antes de dormir é hora de rever as planilhas e o planejamento para o próximo dia

Dia 5: São Lourenço x Guaratinguetá

Começamos o dia na piscina do hotel para descansar, pois até Guaratinguetá seriam 140 Km e o dia inteiro dirigindo. Depois de encerrar a hospedagem nos despedimos de São Lourenço e seguimos para Pouso Alto.

Descanso na piscina do hotel em São Lourenço
Depois da piscina: de volta à Estrada Real

Apenas 30 minutos depois estávamos na praça da cidade. Carimbamos os passaportes e subimos até a Praça da Matriz para ver a cidade do alto, já que a Igreja de Nossa Senhora da Conceição fica no alto de uma colina, no centro da cidade, de onde se tem uma bela vista da paisagem.

Pouso Alto

Igreja de Nossa Senhora da Conceição no alto de uma colina

Pouso Alto é uma simpática cidadezinha interiorana cala e tranquila, com belas praças e um povo bem acolhedor.


A praça diante da igreja é também um mirante

Poucos quilômetros de estrada asfaltada ligam Pouso Alto a São Sebastião do Rio Verde, cidade que tem algumas cachoeiras, mas não fomos conhecer.



Seguindo viagem a Estrada Real cruza trechos asfaltados e de terra até passar por Capivari. Depois é só seguir a BR em direção a Itamonte.

Lindas paisagens nos trechos asfaltados
Lindas paisagens nos trechos de terra

Capivari

Apenas 10 Km depois estávamos em Itanhandu e estacionamos o carro na praça do centro da cidade, em frente a Igreja Matriz, para caminhar pela alameda e carimbar os passaportes.

Chegada na Igreja Matriz de Itanhandu


O caminho até Passa Quatro é asfaltado na grande maioria do trecho e logo chegamos em uma das cidades mais charmosas da região das Terras Altas da Mantiqueira. Aproveitamos a parada para almoçar por ali.

Estação Ferroviária de Passa Quatro
Igreja Matriz de São Sebastião no centro da cidade

Praça em Passa Quatro

Depois de carimbar os passaportes seguimos para um dos lugares mais icônicos do Caminho Velho: a Garganta do Embaú. O lugar marca a divisa entre Minas Gerais e São Paulo.

Divisa entre Minas Gerais e São Paulo diante da Garganta do Embaú

A passagem dos tropeiros pela Serra da Mantiqueira se dava nesta falha geográfica conhecida como “Garganta”, em um caminho que cruza a linha férrea várias vezes. Aos sábados, domingos e feriados é possível conhecer a região em um passeio de trem que sai de Passa Quatro e vai até a Estação Coronel Fulgêncio. Esse é um trecho histórico importante e foi palco de batalhas da Revolução Constitucionalista de 1932. Neste trecho está o famoso Túnel da Mantiqueira, dividindo MG e SP e quem está a pé ou de bicicleta pode cruzar o caminho original, atravessando o túnel que tem 1 Km de extensão.

Túnel da Mantiqueira na Garganta do Embaú

Para quem, como nós, esta fazendo a Estrada Real de carro não resta outra opção a não ser cruzar o trecho por cima, na rodovia asfaltada, já que não passam carros pelo túnel. Um mirante dedicado a Nossa Senhora da Conceição permite a vista do Vale do Paraíaba por cima.

Mirante de onde se vê a Garganta do Embaú

A descida da Serra da Mantiqueira mescla trechos de terra originais da estrada Real com trechos onde a mesma se mistura a rodovia SP-052 até a chegada na Vila do Embaú, onde no passado as tropas se reuniam antes de cruzar as montanhas.

As montanhas vistas da Vila do Embaú depois de descer a serra: A chuva continua nos perseguindo

Deste ponto até Guaratinguetá são quase 40 Km pelo Vale do Paraíba, passando por dentro de Lorena em um trecho que exige bastante atenção.

Deste marco no Embaú em diante tenha muita atenção para não errar

Chamada carinhosamente de “Guará” pelos moradores, a cidade é conhecida por ser terra de Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro, sendo um ponto de grande turismo religioso.

Imagem de Frei Galvão em Guaratinguetá

A chegada planilhada se dá na Catedral de Santo Antônio no centro da cidade. A igreja foi erguida em 1630 e sofreu várias reformas até atingir o tamanho e formas atuais.

Seguindo a planilha chegamos na Igreja Matriz

Dormimos na cidade em um hotel simples ao lado do Shopping, a noite as nuvens negras que vimos no Vale do Embaú chegaram na cidade e trouxeram muita chuva. Saímos apenas para comer alguma coisa no próprio shopping.

Igrejas e estações de trem são os marcos de quase todas as cidades na Estrada Real

Dia 6: Guaratinguetá x Paraty

Neste dia fomos conhecer um pouco da história de Frei Galvão e visitamos a Igreja do santo e o seminário onde ele estudou. Se você se interessa por turismo religioso não deixe de ir (veja aqui).

Seminário de Frei Galvão em Guaratinguetá

Deixando Guaratinguetá seguimos para Cunha em um trecho que alterna estradas de terra com a rodovia SP-171.


Cunha é uma linda cidade cravada na Serra da Mantiqueira e entre seus encantos está a boa comida, sendo a truta e o cordeiro pratos fáceis de se comer por lá. Aproveitamos para almoçar na cidade que também é famosa pela arte em cerâmica em seus ateliês.

Chegando em Cunha: Penúltima cidade do caminho

Caminhamos pela praça do centro e carimbamos os passaportes ainda com o céu azul e o sol forte sobre nós, mas o tempo na serra é bem instável no verão e logo fomos surpreendidos por uma tempestade.

As nuvens negras se aproximando novamente

O trecho final da Estrada Real sobe bastante pelas colinas em estradas de terra junto a fazendas, passando pela Cachoeira do Desterro e pela impressionante Cachoeira do Pimenta, mas com a forte chuva uma grande Cabeça D’Água tomou o lugar.

Cachoeira do Pimenta com volume de uma Cabeça D'água

Se você não está em um carro com tração tome cuidado nesse trecho, pois se for surpreendido por uma chuva terá problemas na estrada. O volume de água era muito grande e as estradas viraram rios, além de trechos de subida que exigiram muito do carro na lama. Uma alternativa é utilizar a SP-171 cortando esse trecho.

A chuva formou um rio que cruzou a estrada

Mas a sensação de percorrer os últimos trechos originais do caminho do ouro cruzando a Serra da Mantiqueira é incrível. Além de belas paisagens tivemos alguns quilômetros em uma estradinha estreita que corta a mata atlântica nativa e foi uma experiência diferente de todo o resto do caminho.

Subimos bastante pela estrada real entre Cunha e Paraty
Paramos para admirar a paisagem no meio da Estrada Real depois da tempestade de verão


Neste último trecho a estrada segue por dentro da mata atlântica em uma paisagem diferente de todo o resto

Depois de mais de 20 Km subindo a montanha em estradas de lama chegamos a Rodovia Cunha-Paraty onde a Estrada Real desce conduzindo até o final da nossa viagem.

Depois de subir pela terra é hora de descer em direção ao mar pela Estrada Real asfaltada

O percurso pela SP-171 é bem sinalizado, mas não possui acostamento e passa pela Cachoeira do Mato Limpo, que fica às margens da rodovia. Vale uma parada ;-)

Cachoeira do Mato Limpo na beira da estrada

Seguindo pela estrada chegamos na última fronteira estadual da viagem, onde a SP-171 passa para a RJ-165 (na verdade a mesma rodovia que hoje faz parte da BR-459). Depois de sair do Rio, indo para Minas Gerais e uma rápida passagem por São Paulo, estávamos de volta ao Rio de Janeiro.


A estrada até Paraty é bem bonita percorrendo um corredor dentro da mata atlântica e cercada por uma área de preservação ambiental dentro do Parque Nacional da Serra da Bocaina.


Tenha atenção na estrada sinuosa, pois a declividade é grande e são mais de 20 Km descendo sempre. As pastilhas de freio queimam e o número de calotas abandonadas demonstra que muitas derretem com o calor nas rodas.

A estrada corta o Parque Nacional da Serra da Bocaina

Depois de quase 20 dias de viagem, nos quatro caminhos da Estrada Real, chegamos a nosso último destino: Paraty.


No bairro da Penha está parte do caminho com o calçamento original feito pelos escravos no século XVII. Este trecho da Estrada Real deve ser percorrido a pé e possui 4 Km de extensão montanha acima só podendo ser feito com guia.

Estrada Real com calçamento original

Mais à frente está o Parque Temático Mini Estrada Real com uma interessante mostra de réplicas em miniaturas das construções importantes de todo o caminho.

Não deixe de ir ao Parque Mini Estrada Real para fechar a viagem

Depois de conhecer todos aqueles lugares foi bem interessante fazer a visita guiada que explica um pouco a história do caminho. Se você estiver começando a Estrada Real por Paraty não deixe de ir conhecer antes de prosseguir, pois para nós fechou a viagem, mas é uma boa introdução também.

Miniaturas dos principais pontos da ER

Réplica em miniatura da Praça Tiradentes em Ouro Preto

No fim do dia chegamos ao marco onde ficava o antigo portão de entrada da cidade murada de Paraty.

Entrada da cidade histórica de Paraty

O último marco (ou marco inicial, para quem começa aqui o caminho) está na Praça do Chafariz da Pedreira. A fonte histórica foi erguida em mármore branco no ano de 1851.

Chafariz da Pedreira

A noite caminhamos pelo charmoso centro histórico repleto de lojas, restaurantes, cafeterias, sorveterias e tudo o mais que se possa imaginar e terminamos em uma charmosa pizzaria, onde brindamos o fim da viagem.

Último marco da nossa viagem!!!

Dia 7: Paraty

Paraty é uma cidade que merece mais de um dia para quem não a conhece. Mesclando história e boa gastronomia com cachoeiras e praias, oferece um roteiro completo para o visitante (veja aqui).


Passeios de barco saem da marina diante da famosa Igreja de Santa Rita no cais que já foi o responsável pelo embarque do ouro que descia pela Estrada Real e nada melhor que um mergulho para fechar a viagem do caminho do ouro em direção ao mar.

Depois de muita terra é hora de um banho de mar para lavar a alma

Dia 8: Paraty e Volta para Casa


Pegamos nosso certificado de conclusão do Caminho Velho no Centro de Informações Turísticas, concluindo assim os quatro caminhos e encerrando nossa viagem. Encerramos a hospedagem por volta do meio dia e voltamos para casa felizes por ter terminado essa verdadeira aventura!

Passaporte e os certificados de cada um dos quatro caminhos