A
capital paraense é um destino ideal para quem quer um lugar para passar alguns
poucos dias em um feriado e conhecer um pouco da cultura do norte do Brasil.
Viajamos para um feriado de Réveillon, mas passamos a virada do
ano na Ilha de Marajó e não na capital paraense (conto como foi no próximo
post), tendo apenas 2 dias em Belém e deu para conhecer praticamente tudo na
cidade com calma.
Onde ficar e onde não ficar em Belém
Belém
não é um dos grandes destinos turísticos do país e talvez por isso não conte
com uma rede hoteleira tão grande ou preparada, mas a parte boa disso é que os
preços são bem convidativos rs.
Ficamos no Hostel & Arts |
Apesar
de o centro histórico guardar os principais pontos de interesse e ser bem
movimentado de dia, fica bem deserto a noite e pode não ser um dos lugares mais
seguros e interessantes para ficar hospedado, portanto não recomendo os bairros
mais antigos da cidade como a Cidade Velha e Campina. As melhores opções estão
nos bairros Batista Campos e Umarizal, que ficam próximos ao centro, mas são
mais movimentados.
Escolhemos
o Hostel & Arts que tem uma estrutura simples e um bom preço, mas
infelizmente tivemos noites mal dormidas por lá, principalmente por que a noite
o lugar funciona como bar e recebe visitantes externos, além dos hóspedes no
térreo com festas e música alta até a madrugada. Não sei se era por conta das
festas de fim de ano, pois já ficamos em hostels com festas antes, mas esse era
fora do normal, a música e a faladeira pareciam dentro do quarto...
Quarto privado do hostel: Som no hall incomodou muito |
O que fazer em Belém do Pará em 2 dias
Chegamos
de manhã, passamos pelo hostel para deixar as mochilas e seguimos direto para o
Mercado Ver-o-Peso, um dos mais famosos mercados populares do país e a maior
feira livre da América Latina e que recebeu esse nome na época em que se pesavam as mercadorias para cobrança de impostos no século XVII.
Mercado Ver-o-Peso junto ao rio |
O
mercado era na verdade a estrutura montada no prédio junto ao rio, mas que se
estendeu em uma grande feira de produtos regionais com uma estrutura de
cobertura para os vendedores não ficarem expostos ao tempo.
Admito
que esperava um lugar bem diferente e foi até decepcionante, principalmente
porque o lugar é bem sujo, um pouco pela falta de educação dos visitantes que
largam resíduos por toda a parte, um pouco por falta de cuidado dos próprios
vendedores, que deixam sacos de lixos junto as barracas de comida e tem uma
higiene duvidosa nas mesas e bancas.
Em meio ao mercado que funciona como uma feira livre |
Mas o
que torna o Ver-o-Peso interessante é justamente a questão cultural, pois aqui
se pode provar os sabores do norte do país e ver um pouco do dia a dia da
população local.
O
mercado é dividido em secções e tem uma grande área destinada as frutas e
sabores regionais, ao lado das barracas de alimentação onde paramos para
almoçar o famoso peixe com açaí do Pará.
O peixe com açaí é o prato mais tradicional vendido no mercado |
Mais a
frente estão as benzedeiras que oferecem seus serviços e vendem todo tipo de
ervas, óleos e poções que se possa imaginar.
Encontra-se uma receita natural para qualquer coisa |
Junto
da grande feira está o verdadeiro conjunto arquitetônico do Ver-o-Peso com o
prédio principal onde se vende peixes nas margens do Rio Guarajá, o Solar da
Beira e o Mercado Municipal, que vende carnes do outro lado da rua.
Mercado Municipal ou Mercado de Carnes, junto ao Ver-o-Peso |
Cruzamos
o mercado caminhando e chegamos na região onde os barcos chegam com os produtos
pelo rio, a Pedra do Peixe, com seu casario com um colorido desbotado e
revoadas de urubus
Revoadas de urubus são comuns na pedra do peixe onde os barcos chegam no cais |
Logo a
frente está a Praça Siqueira Campos, mais conhecida como Praça do Relógio por
conta da torre de 12 metros de altura que ostenta um grande relógio inglês de
1930. Essa é a principal região de interesse turístico no centro com outras
duas praças próximas: a Frei Damião e a Dom Pedro II, onde está o Museu do Estado
do Pará.
Uma
questão interessante em Belém é a chuva, pois chove praticamente todos os dias
na capital paraense e no período em que estivemos por lá chovia várias vezes no
mesmo dia. O dia está lindo e ensolarado, daí aparecem nuvens carregadas,
chove, volta a fazer sol e depois vem uma tempestade, volta o sol e no cair da
noite vem vento e chuva e depois o céu estrelado e assim por diante...
Praça Frei Damião minutos antes da chuva |
Cada
vez que chovia procurávamos um lugar para nos abrigar e assim, em meio a uma
chuva torrencial que durou 15 min, entramos correndo no Museu do Círio.
Museu do Círio de Nazaré |
O
Círio de Nazaré é a maior festa religiosa da cidade e uma das mais tradicionais
do país e o museu conta um pouco sobre as origens e ritos para termos uma noção
do tamanho do evento e entendermos mais sobre esses atos de fé que marcam Belém
todo mês de outubro de cada ano.
Deixamos
o museu com o fim da chuva e chegamos na Praça Frei Damião com a Catedral
Metropolitana e a Igreja de Santo Alexandre, onde funciona o Museu de Arte
Sacra.
Igreja de Santo Alexandre e Museu de Arte Sacra |
Catedral Metropolitana |
Um
pouco mais de chuva e entramos na Catedral para nos abrigar, mas logo passou e
cruzamos a praça até o Complexo Feliz Lusitânia que marca o local de fundação
da cidade em 1616.
Forte do Presépio no Complexo feliz Lusitânia |
É um
lugar rico em história, pois aqui se estabeleceram franceses que tentaram
dominar o norte do país após o descobrimento e foram expulsos por portugueses
que para ocupar a região ergueram uma colônia chamada Feliz Lusitânia. Ergueu-se
então o Forte do Presépio, que tem esse nome devido a data de partida das naus
que trouxeram os soldados do Rio Grande do Norte, em 25 de dezembro de 1615.
No
interior do forte há um museu sobre o processo de colonização portuguesa na
região amazônica, com um acervo que inclui artefatos pré-históricos da região e
material proveniente das escavações no próprio forte e seu entorno.
Cerâmica exposta no Museu do Encontro |
Ainda
no Complexo Feliz Lusitânia está a Casa das Onze Janelas, que foi erguida como
um palacete e depois serviu como Hospital Militar antes de se tornar um Centro
Cultural. Ao lado está ancorada a Corveta Solimões, convertida em museu e
aberta à visitação.
Casa das Onze Janelas |
Corveta-Museu Solimões |
Circulamos
um pouco pelas ruas do entorno até que a chuva nos empurrou para dentro da
Igreja do Carmo, mas logo passou e voltamos a caminhar pelo centro voltando na
direção das docas.
Ruas da região da Cidade Velha |
Na
Praça das Mercês estão diversas barracas de rua vendendo artesanatos e itens
locais, na praça está também a igreja de onde sai o Círio em direção à Nazaré
durante os festejos religiosos.
Igreja das Mercês |
Ainda
estávamos na praça quando a chuva resolveu cair de forma mais contínua e
corremos na direção das Docas, ali pertinho.
A
Estação das Docas era o antigo porto da cidade e foi completamente restaurada
funcionando agora como complexo turístico e gastronômico de Belém.
Armazém da Estação das Docas com restaurantes e lojas |
Ao
contrário do resto da cidade, este espaço foi feito espacialmente para o
turismo, aqui estão os sabores da Amazônia e um pouco da cultura do Pará. Entre
os pratos típicos paraenses que todo visitante quer provar estão o Tacacá com
Tucupi e o Açaí Amazônico, entre muitos outros que são facilmente encontrados
aqui.
O famoso Tacacá com Tucupi |
Nas
docas encontramos também produtos do dia a dia com sabores típicos da região
como os sorvetes e as cervejas que aqui tem um toque amazônico, com destaque
para os sorvetes da Gelateria Damazônia e da Sorveteria Cairú e a cerveja
artesanal Amazon Beer, fabricada e servida nos armazéns das docas.
Sorvetes Cairu |
Gelateria Damazônia |
Cerveja Artesanal Amazon Beer |
Aproveitamos
para comer durante o anoitecer nas docas e antes de voltar para o hostel, enquanto
caminhávamos pelo espaço encontramos um grupo de Carimbó, dança de roda típica do
norte do país que apesar de origem africana tem forte influência indígena. Foi
o fim do nosso primeiro dia em Belém.
Grupo de Carimbó nas docas |
A chuva atrapalhou o pôr do sol que dizem ser lindo nas docas |
No
segundo dia na cidade seguimos caminhando do hostel até a Igreja de Nazaré,
lugar onde termina a procissão do Círio e para onde peregrinam milhões de fiéis
anualmente.
Igreja de Nazaré que recebe o Círio anualmente |
Depois
seguimos caminhando até a Praça da República, que mais parece um parque, com
fontes e muito verde. Caminhar pela praça arborizada em um dia de sol forte foi
refrescante.
Na
praça estão alguns prédios históricos como o antigo Teatro Experimental e o
prédio do Instituto de Ciência e Arte, mas o destaque turístico da região fica
com o imponente Teatro da Paz, que infelizmente estava fechado no dia em que
fomos.
O bonito prédio do Instituto de Ciência e Arte |
Teatro da Paz |
Para a
segunda metade do dia seguimos para a Praça Princesa Isabel, no bairro do
Condor em uma área mais pobre e não muito convidativa da cidade, mas de onde
partem os barcos para a Ilha do Combu.
Posto de abastecimento flutuante no meio do rio |
Ir na
Ilha do Combu é quase que obrigatório para quem vai a Belém, percorrer a paisagem
fluvial em uma “voadora” entre a mata preservada e tomar um banho de rio é uma
experiência bem proveitosa.
A ilha
não tem acessos que não sejam pelo rio e todas as construções estão ligadas a
ele. Praticamente tudo lá gira em torno dos restaurantes que oferecem comidas
típicas e área para banho no rio.
Almoçamos
em dos muitos bares a beira rio e em meio ao chove e para de Belém, curtimos um
banho nas águas do Guamá.
Restaurantes junto ao rio oferecem piscina natural nas águas do Guamá |
Uma
super dica é ir até a casa do Chocolate da dona Nena, conhecida como Filha do
Combu, e provar o delicioso chocolate artesanal feito de puro cacau plantado
ali no quintal mesmo.
Os famosos brigadeiros da Dona Nena |
Para
finalizar nosso último dia em Belém, voltamos da ilha e seguimos para o Mangual
das Garças, um parque ecológico que abriga diversas espécies de aves da região.
Mangual das Garças |
O
parque conta com um museu, um borboletário, um orquidário e um viveiro de aves,
mas a maior parte dos pássaros que ali estão são espécies livres, não estão
cercadas por grades.
Uma
torre permite ver a cidade do alto e apesar de um pouco de chuva durante o dia,
o fim de tarde foi seco e pudemos apreciar um belo pôr do sol em um mirante
sobre o rio, fechando com chave de ouro nossa visita.
Pôr do sol diante do rio no Mangual das Garças |
No dia
seguinte de manhã cedo seguiríamos para a Ilha de Marajó, onde passaríamos
alguns dias para o réveillon e depois teríamos mais um fim de dia em Belém
antes de voltar para casa, mas nessa última noite apenas voltamos as docas.
Dicas e Informações:
-
Éramos 4 pessoas e usamos o Uber em todos os deslocamentos na cidade, incluindo
trajetos entre a cidade e o aeroporto e achamos que valeu muito;
-
Fizemos esse roteiro em 2 dias. Em um feriado de 3 dias dá para conhecer bem
Belém, incluindo a Ilha do Mosqueiro, no último dia, que faltou para nós;
- No
centro fizemos tudo caminhando tranquilamente desde as docas até o complexo do
forte passando pelo mercado Ver-o-Peso;
- A
cidade me pareceu bem suja, principalmente no Mercado Ver-o-Peso e na Pedra do
Peixe com muito resíduo acumulado, mas na época disseram que havia tido uma
greve dos coletores de lixo, portanto não sei se normalmente é mais limpo do
que vimos;
-
Entre o Ver-o-Peso e a pedra do peixe está a Praça do Açaí, onde toda
madrugada, antes do amanhecer, os barcos descarregam o fruto amazônico. Não
fomos ver, mas acompanhar isso parece ser uma imersão na cultura local;
-
Belém tem preços bem justos e é um destino que cabe facilmente no bolso, ideal
para um mochileiro;
- Não
deixe de provar os diversos pratos do Ponto do Açaí, todos feitos com o fruto
típico amazônico.