Chegamos na Estação de Trens de Santa Justa em Sevilha já no meio
da tarde. A viagem entre Madrid e Sevilha em um trem de alta velocidade é bem
tranquila e para nos deslocar da estação para o hotel resolvemos tomar um taxi,
pois a estação fica fora do centro histórico.
Sevilha é uma grande metrópole espanhola, mas a cidade velha
(centro histórico) não é tão grande assim. No caminho entre a estação e o hotel
pudemos ver os restos da antiga muralha da cidade, além das belas ruas e
bonitas praças e construções da parte nova de Sevilha. Foi nosso único contato
com a cidade fora do centro histórico.
Ficamos apenas dois dias na cidade, sendo a metade do dia em que
chegamos, mais um dia e meio até partirmos de volta a Portugal, mas posso dizer
que me apaixonei por Sevilha! Vale muito conhecer a cidade e guardar um pouco
mais de tempo para ela, pois fizemos apenas o circuito básico, conhecendo os
principais lugares... faltou tempo para curtir a cidade e aproveita-la mais!
Ficamos hospedados no Hostal Trajano, próximo a Alameda de
Hércules e não muito longe da Catedral (caminhada básica e tranquila até lá).
Para quem curte o circuito de compras, pode aproveitar o El Corte Ingles, um tipo de shopping
outlet de grandes marcas que fica próximo a Plaza Duque de La Victoria.
Plaza Duque de La Victoria com El Corte Ingles ao fundo |
Em Sevilha encontram-se ainda vestígios da ocupação romana, sendo
as colunas de um antigo templo do século I fortes evidências deste tempo. As
colunas foram construídas na época do Imperador Adriano e estão na cota
original a 4,5 metros abaixo do nível da rua, possuindo 9 metros de altura cada
uma. Duas das colunas originais foram retiradas do seu lugar de origem e
transportadas para a Alameda de Hércules, como parte de sua revitalização, mas
ainda estão no mesmo lugar outras cinco colunas.
A grande praça chamada Alameda de Hércules é um dos lugares que
vale ser visitado, nem tanto pela alameda em si, mas sim pela grande quantidade
de bares, restaurantes, cafeterias, teatros e casas de espetáculos ao redor.
A alameda recebeu o nome do fundador mítico da cidade (dizem que o
próprio Hércules, filho de Zeus, fundou Sevilha) e é considerada a praça mais
antiga da Espanha. Em 1574 uma grande remodelação tornou o espaço mais parecido
com o que é hoje, sendo instaladas duas das grandes colunas romanas da cidade.
No topo das colunas foram afixadas estátuas de Hércules e Júlio César.
Atualmente a alameda possui mais duas colunas que são réplicas das
originais e o espaço é usado para feiras e eventos. Quando estivemos por lá
estava ocorrendo um “Mercado Romano”, um tipo de feira medieval típica, com
barracas vendendo produtos nos moldes dos tempos de Hércules.
Mercado Romano montado na praça |
Feira medieval típica |
Eu havia ouvido falar bastante dessas feiras típicas na Europa,
mas não havia dado a sorte de ver uma até chegar a Sevilha. Vendedores vestidos
com roupas medievais vendem ervas, chás, artesanatos e outros itens. Um
ferreiro fabricava espadas e objetos de metas em uma forja, enquanto um casal
vendia sanduíches com pães feitos em forno de barro na hora.
Fabricação de pães |
Um ferreiro fabricava peças artesanais para venda |
Pratos conhecidos são vendidos de forma um pouco menos tradicional
e pode-se ver o carneiro sendo assado inteiro em uma fogueira no chão, além de
diversos tipos de carnes, embutidos e queijos... nem fui comer nos restaurantes
ao redor da alameda, e no fim do dia voltamos para jantar lá mesmo!
Além das barracas outra atração chamava a atenção: Um combate de
gladiadores! Tá certo que não era um espetáculo (rs), mas achei que fosse ser
tosco e no fim me diverti bastante.
Gladiadores se preparando para o combate |
Aline e um gladiador romano |
Eu e o vencedor do combate |
Outra praça que merece sua visita é a bela e grandiosa Plaza Del Triunfo, diante da catedral, que
guarda algumas construções interessantes, como o Palácio Arcebispal, que ainda
hoje é usado pelo clero, e o Palácio das Índias do século XVI, que foi erguido
para ser uma bolsa de mercadores.
Palácio Arcebispal na Praça do Triunfo |
Palácio das Índias |
Ligada a Praça do Triunfo está a Plaza Virgem de Los Reyes, de onde se pode tomar uma carruagem para
um passeio por Sevilha. No centro há uma fonte do início do século.
Diante da praça está uma das atrações imperdíveis de Sevilha: a
imponente catedral. Construída a partir de 1401 sobre uma antiga mesquita do
século XII, o templo demorou um século para ser concluído.
Catedral de Sevilha |
Uma das primeiras atrações da Catedral está no cata vento de
bronze do século XVI que foi originalmente instalado no alto do campanário La Giralda e que representa a Fé. A
escultura original está exposta na entrada da igreja, estando uma réplica no
topo do campanário.
La Giralda com a réplica da escultura |
Escultura de bronze original de La Giralda |
Por dentro a Catedral é tão grandiosa quanto aparenta por fora. No
altar impressiona o retábulo com a figura de Santa Maria de La Sede, a
padroeira da catedral, envolto em uma verdadeira cachoeira de ouro cercada por
44 painéis dourados em alto relevo feitos por escultores espanhóis entre os
anos de 1482 e 1564.
Uma das atrações que mais atrai a atenção é o túmulo do navegador
Cristóvão Colombo datado de 1890 e que encontra-se no interior do templo. Seu
caixão é levado por figuras que representam os reinos de Castela, Leão, Aragão
e Navarra.
A Sacristia Maior guarda um tesouro em obras de arte, incluindo
quadros do grande pintor espanhol Francisco Goya.
Sacristia |
Quadro de Goya de 1817: St. Justa e St. Rufina |
Tesouro da Catedral |
É possível subir pelo campanário La Giralda e ter uma bela vista
dos telhados da catedral e da paisagem com a cidade ao redor.
Sinos de La Giralda |
Sevilha vista de La Giralda |
O campanário La Giralda é remanescente da mesquita original e era
um mirante no século XII. As esferas mulçumanas do topo da torre foram
substituídas por símbolos cristãos durante o século XIV. Um novo campanário foi
projetado e mudou o topo da torre no ano de 1568, permanecendo da mesma forma
até os dias de hoje.
A visita a Catedral é bem demorada, pois o lugar é grandioso e
depois de descer de La Giralda segue-se para o Patio de Los Naranjos, que como
o nome diz, está repleto de laranjeiras.
pátio de Los Naranjos com suas laranjeiras |
Na época moura os fiéis lavavam suas mãos e pés na fonte sob as
laranjeiras deste pátio antes das orações no interior da mesquita. Diante do
pátio está a Porta do Perdão que separa a área da antiga mesquita e atual
Catedral das ruas de Sevilha.
Não muito distante da Catedral está outra das principais, e
imperdíveis, construções da cidade: O Real Alcazár.
Em 1364 Pedro I ordenou a construção de uma residência real dentro
dos palácios que haviam sido construídos pelos antigos governantes da cidade.
Em dois anos artesãos de Granada e Toledo criaram uma joia de pátios e salões
mudéjares, o Palácio Pedro I, hoje no coração do Real Alcazár.
Monarcas posteriores acrescentaram suas marcas: Isabel I despachou
navegadores para explorar o Novo Mundo de sua Casa de La Contratación e Carlos
V construiu aposentos grandiosos e
ricamente decorados.
Pátio interno do palácio |
Detalhe dos azulejos |
O complexo todo tem sido a casa dos reis espanhóis por quase sete
séculos e o andar de cima ainda hoje é usado pela família real e portanto, alguns
aposentos não podem ser visitados.
O palácio é simplesmente lindo e os jardins intermináveis com seus
terraços e fontes são um convite a passar um dia todo por ali...
Jardins do Real Alcazár |
Paz e harmonia nos jardins |
Entre os destaques do palácio está o Salão dos Embaixadores,
construído em 1427 com o domo do teto feito de madeira entalhada, entrelaçada e
pintada de dourado. Arcos de ferradura decorados com azulejos em três arcadas
simétricas, com três arcos cada, marcam as entradas deste salão.
Porta com os três arcos no Salão dos Embaixadores |
O lindo domo de madeira revestida em ouro no teto do salão |
O Pátio de Gesso é composto por um jardim com canteiros de flores
e um canal que mantém as características do antigo alcazár almóada do século
XII.
Detalhe da arquitetura |
O complexo de palácios interligados por pátios revela o estilo
mudéjar, na fachada do Palácio Pedro I, grandes tapeçarias no quarto de Carlos
V e bonitos trabalhos em estuque do Pátio das Donzelas.
Sob o Patio Del Cucero encontram-se as termas “Baños de Maria
Padilla” escavadas na terra para manter a temperatura e umidade ideais contra o
calor.
Passamos horas nos jardins do Real Alcazár e encontramos um
refúgio no coração da cidade. Nos perdemos no Jardim Labirinto e descansamos
sob árvores frutíferas e arbustos floridos.
Ao deixar o palácio encontramos um casal de dançarinos que se
preparava para uma apresentação de Flamenco. Paramos para assistir em meio a
uma pequena turma de turistas que se agrupava em meio círculo ao redor dos
artistas de rua. No fim foi uma ótima oportunidade de conhecer a dança e a
música espanhola.
Caminhando pelo bairro judeu de Santa Cruz encontramos um
encantador labirinto de casas brancas, becos e pátios que são o berço da
cultura de Sevilha, com artistas de rua exibindo seus trabalhos nas esquinas,
dando um ar pitoresco ao lugar.
Uma curiosidade é a relíquia de Santa Bárbara exposta na Igreja de
San Alberto. Um pedaço de osso do fêmur da santa pode ser visto em um relicário
simples na sacristia da igreja, que conta com um belo altar mor na nave
principal.
Na Plaza La Encamación
encontra-se a maior estrutura de madeira do mundo: O Metropol Parasol.
A estrutura que foi concluída em 2011 tem 150 m x 70 m de base e
26 m de altura e é conhecida popularmente como “Cogumelos da Encarnación” e
possui quatro pisos, sendo um Antiquarium
onde há vestígios arqueológicos romanos e árabes em exibição no subsolo e dois
terraços panorâmicos, além de um restaurante e um mercado em seu interior.
A noite em Sevilha reserva diversas opções de bares e
restaurantes, mas independente de em qual você optar por se alimentar, não
deixe de comprar um sorvete nas diversas sorveterias de rua da cidade. Além de
gigantescos os “gelados” espanhóis são deliciosos.
O último bairro que conhecemos em Sevilha foi El Arenal, as margens do Rio Guadalquivir. Seguimos para comprar as
passagens de ônibus para o sul de Portugal na estação rodoviária e conhecemos a
Antiga Estação de Córdoba, agora transformada em um tipo de Shopping Center.
Cruzando a Ponte Cristo de
La Expiracion e margeando o Rio
Guadalquivir encontramos a Iglesia de
La O e o Castelo de São Jorge, que infelizmente estava fechado na hora em
que estivemos por lá. Uma parada no Mercado de Triana e voltamos para El Arenal, na margem oposta do rio.
Entre as atrações do bairro está a Plaza de Toros de La Maestranza, um dos monumentos mais visitados
de Sevilha. Optamos por não fazer a visita, pois tínhamos conhecido a Plaza de Las Ventas em Madrid, mas para
quem não conhece uma praça de touros recomendo visitar (lembrando que sou
completamente contra a pratica de touradas...).
Junto ao rio e diante da praça está a Torre Del Oro que foi
construída no século XIII para proteger o porto de Sevilha e que fazia parte da
antiga muralha que ligava a torre ao Real Alcazár.
A torre ganhou o torreão em 1760, mais de duzentos anos depois de
construída, de onde se tem uma bela vista do rio e suas margens.
A construção que foi utilizada como depósito de pólvora, capela,
prisão e serviço portuário ao longo de anos, abriga hoje um museu marítimo com
mapas, antiguidades e réplicas reduzidas das caravelas da época dos
descobrimentos, que contam um pouco a história da evolução marítima das forças
espanholas.
Chama a atenção o Palácio de San Telmo que foi construído em 1682
para abrigar o colégio do seminário da Universidade dos Comerciantes e hoje
abriga a Presidência da Junta de Andalucia.
Ao lado do palácio um imenso jardim que no passado ligava todo um
complexo que terminava em uma construção no mínimo interessante mais a frente.
Conhecida como Costurero de La Reina o pequeno prédio triangular tem o nome
original de Pabellón de San Telmo e data de 1893. Este era o limite sul do
Palácio de San Telmo e hoje abriga um Centro de Informações Turísticas.
A Universidade de Sevilha tem seu prédio principal funcionando no
prédio da antiga fábrica de tabacos da cidade e é uma das mais antigas da
Espanha, tendo sido fundada no ano de 1505.
Para finalizar uma visita ao Parque Maria Luiza é indispensável! O
parque foi criado em 1914, mas ganhou suas principais atrações em 1929 quando
ocorreu a Exposição Iberoamericana de Sevilha.
Um dos principais cartões postais de Sevilha é a lindíssima e
impressionante Plaza de España.
Admito que fiquei encantado com o lugar!!!
Na praça está uma construção semicircular com 170 metros de
diâmetro e com duas torres de 80 metros de altura em cada extremidade que
chegou a ser usada como set de filmagens dos filmes Star Wars, episódios I e
II.
Um lago e um canal que cruza diante da construção podem ser usados
para passeios de barcos que podem ser alugados pelos turistas e casais
apaixonados.
Ao longo da construção estão painéis azulejados que representam 48
províncias espanholas, faltando apenas a própria Sevilha e os arquipélagos de
Canárias e Baleares.
O Parque Maria Luiza é uma imensa área verde, bem comum nas
cidades europeias, com fontes de água e muita sombra para um agradável passeio
nos dias quentes do verão e um refúgio para o frio do inverno.
O Museu de Artes e Costumes Populares e o Museu Arqueológico foram
construídos especialmente para a exposição de 1929 e podem ser visitados de terça
a domingo no limite sul do parque.
Era nosso fim de viagem na Espanha, pois voltaríamos a Portugal e apesar de termos visitado poucas cidades espanholas, posso dizer que o pouco tempo por lá foi bem intenso e Sevilha fechou com chave de ouro essa visita. Amamos a cidade que preserva as tradições e antiguidades sem deixar de ser bem moderna.
Gastos para 2 pessoas em Março de 2015:
- Taxi
(estação de trem x hostel): € 10,50
- Catedral
de Sevilha: € 18,00- Almoço (1° dia): € 6,80
- Real Alcazár: € 19,00
- Doação artistas de rua (dançarinos de Flamenco): € 2,50
- Jantar (1° dia): € 12,00
- Sorvete: € 6,80
- Desjejum (2º dia): € 2,20
- Almoço (2º dia): € 7,99
- Jantar (2° dia): € 14,30
- Desjejum (3º dia): € 10,20
- Taxi (hostel x rodoviária): € 4,60
- Passagens para Faro (Portugal): € 44,00
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