sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Sintra


Partimos da Estação Rossio, em Lisboa, na direção da cidade de Sintra. A estação fica na Praça do Rossio no centro de Lisboa e a viagem até Sintra dura 40 min.

Sintra


Sintra é um lugar lindo com muita cultura, aconselho reservar um dia para conhecer a cidadezinha. A chegada na estação de trem já tem um ar aconchegante, com a bilheteria coberta por painéis de azulejos.

 
Estação de comboios de Sintra
 
Charmosa bilheteria da estação de trens


Indo de trem é bem tranquilo conhecer a cidade, mas terá que caminhar bastante. Para quem está de carro pode conhecer toda a Serra de Sintra em um único dia, mas infelizmente nós só ficamos na Vila, pois estávamos sem carro.

 
Castelo dos Mouros na Serra de Sintra



Saindo da estação de trem caminhamos em direção ao centro do vilarejo que foi reconhecido como Patrimônio Cultural da UNESCO em 1995, e encontramos uma das muitas fontes de água utilizadas pela população, a bela e azulejada Fonte Mourisca.

Fonte Mourisca

Já chegando ao centro está a Igreja de São Martinho e inúmeras cafeterias e restaurantes que abriam as portas no início frio da manhã.

 
Igreja de São Martinho
 
Um pouco de Sintra


Na cidade existem três atrações imperdíveis: Castelo dos Mouros, Palácio da Pena e Palácio Nacional de Sintra. Para se explorar as construções é preciso caminhar pelas ruas e ladeiras que são especialmente agradáveis nos dias mais frios e de quebra acaba-se descobrindo pequenas belezas nas fachadas e fontes.


Fonte da Sabuga
 
Ruas de Sintra

Subindo pela Calçada de Santa Maria em direção a Rampa do Castelo encontra-se a Casa onde morou o escritor Hans Christian Andersen quando esteve em Portugal no ano de 1866.

 
Casa de Hans Andersen
 


Seguindo ladeira acima esta o Castelo dos Mouros, uma fortificação militar do século X construída pelos mulçumanos que ocuparam a península ibérica no passado.

 
Castelo dos Mouros

Caminhando se chega a segunda cintura de muralhas que foi um incremento da área fortificada inicial, de modo a proteger os bairros e a população que se instalavam na vertente da montanha nos arredores do castelo.

 
Cintura de muralhas do Castelo dos Mouros
 


Nos antigos bairros mulçumanos existentes entre as duas fileiras de muralhas pode-se ver silos escavados na rocha que serviram para guarda de alimentos, muito comum no mundo árabe na época.

 
Silos escavados para guarda de alimentos

Ainda nesta região esta a área de investigação arqueológica sobre o bairro islâmico e a necrópole medieval cristã, junto da Igreja de São Pedro de Canaferrim. A igreja foi construída no século XII, após a conquista do território pelos portugueses. Hoje as ruínas do templo estão harmonizadas com um projeto arquitetônico que recompôs o telhado e o piso com tablados de madeira.

 
Igreja de São Pedro de Canaferrim
 
Interior do templo do século XII


Diante da igreja está um túmulo erguido para colocação das ossadas encontradas na área durante as obras de construção da igreja e dos caminhos que levam ao castelo. O túmulo foi erguido pelo Rei D. Fernando II que fez diversas edificações sobre a antiga necrópole mulçumana onde havia ossadas humanas.

 
Túmulo junto a uma pequena torre
 
Detalhe do túmulo onde foram depositadas ossadas encontradas na região


Entrando na fortificação encontramos uma grande cisterna construída para armazenamento de água potável. Pode-se descer e entrar na cisterna que hoje conta com um passadiço para os visitantes. Conta a lenda que sob a construção está sepultado um rei mouro

Entrando no castelo
 
Antiga cisterna moura

É possível caminhar pelas muralhas do Castelo que foi conquistado pelo primeiro Rei de Portugal, Dom Afonso Henriques, no ano de 1147.




Ainda era cedo e havia muita neblina no céu. Como estávamos no fim do inverno ainda fazia bastante frio e me lembro até hoje do vento gelado que parecia cortar meu corpo como uma chuva de agulhas.




Abrigada do vento frio pelas muralhas está a Praça de Armas que é o espaço mais amplo da fortaleza. A praça tem esse nome, pois era utilizada para concentração das tropas militares de defesa.

Praça de Armas do Castelo

Próximo a praça encontra-se a chamada “Porta da Traição” muito comum nos castelos medievais. A pequena porta liga o interior da fortaleza ao lado externo da muralha com uma saída escondida e era usada para fuga. Em muitos casos essa saída secreta virava uma entrada para os inimigos que a encontravam, normalmente com ajuda de algum traidor de dentro dos muros e por isso ganhou esse nome popular.

 
Eu sobre a pequena Porta da Traição

No alto da Muralha existem binóculos que permitem apreciar a paisagem ao redor. É possível ver o Chalet Biester, a Quinta da Regaleira e o Palácio Monserrate, além do centro da cidade com o Palácio Nacional de Sintra.

 
Binóculo no topo da muralha
Chalet Biester
 

Centro de Sintra visto de cima
Quinta da Regaleira


Seguindo as muralhas novamente pode-se percorrer a face do castelo até a Torre Real, onde o vento frio volta a castigar e eu congelava. A torre tem uma vista privilegiada de toda a região e era usada pelo Rei D. Fernando II que costumava pintar quadros observando a paisagem. Desta torre pode-se ver o Palácio da Pena no topo do morro a frente.



Palácio da Pena visto do Castelo


Depois foi descer de volta a encosta da montanha e seguir em direção ao Parque da Pena, um conjunto de jardins em meio a mata nas encostas da floresta que rodeia o Palácio da Pena.


Parque da Pena

O parque é imenso e oferece atividades diversas, como trilhas e mirantes. No ponto mais alto da Serra da Sintra está um cruzeiro, a 529 metros de altitude, que pode ser acessado caminhando, mas infelizmente não teríamos tempo para isso. Entrando pelo Portão dos Lagos encontramos cinco lagos para onde drena a água de todo o parque. Destaque para o Lago de São Martinho que possui uma Pateira em forma de torre medieval no meio.

Cruzeiro no alto da Serra

Lago São Martinho e suas torres

Caminhando pelo Parque da Pena

Em destaque no meio dos jardins em um morro alto está o Palácio da Pena. Construído no século XIX sobre as ruínas de um mosteiro do século XVI, que por sua vez havia sido edificado no lugar da Capela de Nossa Senhora da Pena.

 
Palácio da Pena

O palácio foi construído para o Rei Consorte Fernando II, também conhecido como o Rei Artista, casado com a filha de D. Pedro I do Brasil (D. Pedro IV em Portugal). Com a proclamação da república em 1910 o palácio foi transformado em museu que aconselho muito visitar.

 
Entrada do palácio

As paredes vermelhas marcam o espaço do antigo mosteiro com a antiga torre sineira transformada em torre do relógio, enquanto em amarelo está a zona palaciana nova. Entre os dois está o pátio dos arcos, todo azulejado, diante da antiga capela. O Arco do Tritão marca a entrada principal e é decorado com o ser mitológico que lhe deu o nome.

 
Arco do Tritão
 
Pátio dos Arcos e a torre sineira


A área do claustro do antigo mosteiro é decorada com os azulejos originais que também cobrem as paredes do antigo refeitório dos monges que depois foi transformado em sala de jantar por D. Fernando.

 
Antigo refeitório dos monges e sala de jantar real em manutenção

A visita no interior do palácio dura pelo menos uma hora e percorre os quartos do rei e da rainha, a cozinha, a sala de fumo e o lindo salão de baile, além do atelier real e as outras diversas dependências.

 
Quarto de D. Carlos
 
A grande cozinha

O bonito e impressionante Salão Nobre


Destaque para a antiga capela, que antecede o próprio mosteiro, e foi transformada em capela particular de D. Fernando, com um retábulo de alabastro e mármore construído entre 1529 e 1532 contendo cenas da vida e Cristo esculpidas nos nichos.


Capela

Retábulo de mármore e alabastro
Das sacadas e áreas externas do palácio é possível admirar a paisagem, com destaque para o Castelo dos Mouros, no topo de um morro mais baixo que o palácio. Apesar do céu azul o vento frio continuava a nos congelar. Já tinha sentido sua força no castelo e no palácio não foi diferente. Era uma foto e voltar correndo para um lugar abrigado.

 
O castelo visto do palácio

Voltando ao centro do vilarejo encontramos o lugar fervilhando de turistas. Diferente das primeiras horas do dia, quando subimos para o castelo, as lojinhas, cafeterias e restaurantes da cidade estavam todos abertos. Não arrisco indicar lugar para comer, pois com certeza existem inúmeros bons locais. A dica é percorrer os becos da cidade subindo e descendo as ladeiras e descubra as lojas e restaurantes escondidos pelo lugar.

 
Ruelas e lojinhas de artesanatos de Sintra

Diferente dos restaurantes eu vou indicar bons lugares para se comer um docinho, afinal Sintra é conhecida por ser o berço de dois tipos de doces típicos portugueses. O mais conhecido é a Queijadinha que começou a ser fabricada em uma padaria a 160 anos atrás. A pedido do Rei D. Carlos I a padaria virou uma fábrica de queijadas, seu doce predileto em Sintra. Com o nome de Piriquita, a antiga fábrica de queijadas (Rua das Padarias nº 1) se transformou em uma pastelaria (local que se vendem doces em Portugal) e continua vendendo as maravilhosas queijadas até hoje.

 
Aline diante da famosa Piriquita onde foi criada a queijadinha
 
As queijadinhas da Piriquita


Na década de 1940 a surgiu na Piriquita um novo doce que hoje é típico do lugar: O Travesseiro de Sintra. O doce de massa foleada, com ovos e amendoado só é vendido por lá. Uma nova fábrica de queijadas surgiu no caminho para a estação de trem (Volta Duche nº 12). A chamada “Verdadeira Fábrica de Queijadas da Sapa” é hoje uma referência no doce.

 
Fábrica de Queijadas da Sapa: vale a visita

Depois de caminhar pelas ruelas, visitar as lojinhas de artesanato, comer e saborear os doces de Sintra é hora de partir para nossa última atração na cidade: O Palácio Nacional de Sintra. É possível ver de longe as duas grandes chaminés que erguem-se sobre a cozinha.

 
O Palácio Nacional de Sintra com as suas onipotentes chaminés

O palácio foi construído e remodelado ao longo de muitos reinados portugueses. A parte principal, incluindo o bloco central, foi construída por João I no fim do século XIV, em uma área ocupada anteriormente pelos governantes mouros. Acréscimos foram feitos por Manuel I no início do século XVI. O palácio passou a ser o refúgio de verão favorito da corte real e continuou a ser usado pela realeza até a proclamação da independência portuguesa.



O interior do palácio é lindo e impressionante. Destaque para o antigo salão de jantar que tem um teto dividido em painéis octogonais decorados com cisnes pintados no século XV e para as imensas cozinhas sobre as chaminés que faz com que qualquer visitante se perca imaginando como eram os banquetes reais no palácio.

Salão de Jantar

Teto com os cisnes no salão de jantar

As impressionantes cozinhas sob as chaminés


No jardim interno está a interessante Casa de Banhos. Construída em um recuo na área externa a “gruta de banhos” é decorada nas paredes com painéis de azulejos, possuindo pequenos orifícios por onde a água esguichava fazendo um efeito parecido com a atual hidromassagem!

 
O jardim interno
 
Casa de banhos

Furos por onde jorrava água entre os azulejos


Percorrendo o palácio ainda pode-se ver o quarto-prisão de D. Afonso VI, a Capela Palatina e os diversos salões com lindas pintura de tetos.


Capela Palatina

Mas o meu destaque principal vai para a Sala dos Brasões que está na Torre da Meca ao lado do Jardim dos Príncipes. O grande salão é decorado com azulejos nas paredes e com um domo no teto que apresenta os brasões de armas de 72 famílias nobres portuguesas.


 
A Sala dos Brasões impressiona qualquer um que a veja pela primeira vez




É divertido procurar os sobrenomes de descendentes como nós ou de amigos entre os brasões. As famílias mais influentes na época estão representadas na pintura com cervos que ostentam o brasão familiar.

 
Teto com brasões de famílias portuguesas

Aline e eu encontramos nossos sobrenomes entre as figuras. Estavam lá os brasões dos “Sousas”, segundo nome da Aline herdado do pai e dos “Abreus”, meu segundo nome, herdado por parte de minha Avó portuguesa.

 
Brasão da família Sousa
 
Brasão da família Abreu


Fim do dia se aproximando e era hora de voltar para Lisboa, ainda passamos pelo Parque da Liberdade na volta para a estação, mas apenas para uma visita rápida. Visitar palácios e castelos na Europa é quase uma ação cotidiana e Sintra tem as duas opções lado a lado. Recomendo muito a visita!!!


Praça da Sintra diante do Palácio Nacional da Pena: Hora de ir embora

Parque da liberdade no fim do inverno, sem as flores da primavera

Dicas:

- Sintra está próximo a Lisboa (40 min de trem) e é possível visita-la tranquilamente em um bate-volta, como fizemos;

- Um único dia em Sintra é o suficiente para conhecer o castelo e os palácios;

- Se estiver de carro vale conhecer toda a Serra em um caminho que vai até Cascais;

- A linha de ônibus 434 faz o percurso desde a estação de trem até o Castelo e o Palácio da Pena;

- Pode-se comprar um boleto turístico que dá direito a várias atrações e o valor varia dependendo dos lugares que se quer visitar, existindo diferentes pacotes. Procure se informar na bilheteria do castelo ou dos palácios;


Gastos para 2 pessoas em Fevereiro de 2015:

- Desjejum: € 3,10
- Passagens de trem para Sintra: € 9,60
- Entradas para o Castelo e Palácios: € 45,00
- Almoço: 17,75
- Queijadas e lanches: € 9,85

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