5º Dia no
Peru (dia 5 do mochilão)
No dia 11
de março de 2014 acordamos as 8h, pois iríamos fazer o último tour já
contratado: Terraços agrícolas de Moray e Salinas de Maras. Tomamos o desayuno e nos pomos a esperar o guia
como sempre.
Aline na recepção do Hostel Villa San Blas |
Esse tour
não é tão cedo quanto os outros e o guia passou para nos buscar as 9h45min, com
15 minutos de atraso para a hora agendada. Entramos no micro ônibus e logo
tivemos uma agradável surpresa: A primeira parada seria em Chinchero, apesar de
esse tour normalmente não parar lá.
No dia
anterior a subida à Machu Picchu fizemos o tour pelo Vale Sagrado dos Incas, no
entanto, não chegamos a última parada do passeio, que era Chinchero, pois
tomamos o trem em Ollantaytambo.
E agora teríamos a chance de conhecer o lugar, mesmo que rapidamente.
Chinchero está a 28
Km de Cusco e sua principal atração turística é uma ruína onde existe uma
igreja e o mercado de artesanato, cujo melhor dia para visitar é o domingo.
Infelizmente essa visita só se faz no tour do Vale Sagrado mesmo e nós fomos
até lá para conhecer a fabricação têxtil artesanal.
Paramos em uma
oficina têxtil, para observar o trabalho das artesãs na confecção de roupas.
Éramos esperados por duas senhoritas vestidas a caráter para demonstração de
como elas ainda lavam a lã de alpacas e lhamas e tingem o material com corantes
naturais.
Elas nos mostraram um
parasita agregado a cactos que se amassado sobre as mãos pode-se
extrair um líquido rubro usado para tingir o tecido. Misturado a outras
substâncias como sal e limão, o líquido adquire diferentes tons de vermelho.
Outras cores, como azul, verde e amarelo são obtidas também naturalmente através
de outras plantas e raízes. Elas realizam o tingimento de alguns tecidos ali
diante de nós como demonstração.
Cacto com parasita usado para tingimento |
Aula de tingimento natural de tecidos |
Uma das demonstrações
mais interessantes é o chamado “xampu Inca”, substância espumante, semelhante a
sabão, extraída de uma raiz dos Andes usada para lavar as lãs e, segundo as
mulheres, o segredo para o cabelo negro das descendentes indígenas, uma vez que
ele combateria os fios brancos quando usado para lavar os cabelos.
Nativa dando explicações sobre a cultura e o artesanato |
No fim da “aula” elas
nos servem chá de munia (Aline achou bem melhor do que chá de coca e eu admito
que nem provei) e não cobram nada pela demonstração, mas tentam nos vender seus
produtos. Nós não compramos nada, mas achamos que valeu muito a visita, pois a
oportunidade de conhecimento da cultura inca não tem preço.
Deixamos Chinchero e
atravessando uma longa estrada de terra em meio a lindas paisagens andinas, rumamos
para Moray, um distrito de Urubamba.
De longe Moray parece
um anfiteatro grego, mas de perto vê-se um grande complexo de terraços
agrícolas que em forma de escada apresentam variação de temperatura de até 15°C
entre o topo e a base no centro, com cada degrau apresentando uma temperatura
diferente, devido a variação altitude e de exposição ao sol.
Moray foi um grande
laboratório de agricultura dos incas que era usado para testar as melhores
condições para o cultivo de diversas espécies. Os terraços elípticos
se chamam Muyus e há três deles bem
visíveis em Moray, tendo o maior quase 50 metros de profundidade.
Muyu maior |
Muyu intermediário |
Muyu Menor |
O guia explica que
todo o sistema foi erguido sobre muros de arrimo preenchidos com terra e
irrigados por um complexo sistema e que os terraços, de 2m de altura, exibem
traços de mais de 250 tipos de cereais e legumes.
Detalhe dos terraços agrícolas |
Caminhando nos Muyus |
Subindo os terraços |
No horizonte as
nuvens negras começavam a se formar enquanto caminhávamos entre os terraços.
Aline e eu nas terras agrícolas incas |
Nuvens negras se aproximam |
O vento frio
aumentava e apesar do sol ainda alto no céu o clima estava mais parecido com o
dos picos nevados no horizonte a frente. Nos apressamos em sair enquanto a
chuva nos cercava pela estrada.
Picos nevados entre as nuvens de chuva |
A chuva chegando no Muyu menor |
Seguimos no micro
ônibus para o povoado de Maras. A chuva nos cercava e fizemos um city tour de dentro do veículo com o
guia apontando o humilde e simples povoado pela janela.
Chuva na estrada para Maras |
Praça de Armas de Maras |
Ruas simples do povoado de Maras |
Chegamos finalmente
as famosas Salinas de Maras, que remontam aos tempos pré-colombianos. A descida
da estrada principal para as salinas é feita em uma estradinha minúscula de
terra, onde só passa um veículo de cada vez. A sensação é de que o ônibus vai
despencar pelo barranco, mas no fim chegamos todos bem.
O complexo salineiro
é abastecido por um olho d’água e pequenos canais que distribuem a água
extremamente salgada por 4.828 “piscinas” onde a água evapora sob o sol para a
extração de sal. Centenas de mineradores ainda trabalham no local utilizando a mesma antiga técnica extratora.
Piscinas das salinas de Maras |
Ficamos livres para
caminhar por entre as piscinas de sal por um tempo e aproveitei para algumas
fotos do lugar que eu, particularmente, achei extremamente interessante, pois
nunca havia visto água salgada brotando da terra naturalmente tão distante do mar.
Salinas expostas para evaporação da água e extração do sal |
Caminhando pelas piscinas de sal |
Aline e as piscinas |
O lugar é impressionante |
No fim, como de
costume, o tour nos levou a lojas no lugar. Além do já cansativo artesanato
peruano podia-se comprar os 3 tipos de sal produzidos em Maras.
Retornamos ao micro ônibus
e voltamos para a estrada rumo a cidade. A chuva ficou para trás e pudemos observar
a linda paisagem andina, com uma mistura de cores vivas da natureza.
Estrada para Cusco |
Paisagens de cores vivas |
A natureza parece uma pintura |
Eram mais de 15h
quando retornamos a Cusco. Ainda do ônibus avistamos a Iglesia de San Cristobal construída sobre o que foi outrora o
palácio de Manco Capac. Segundo o guia, sua construção começou em 1673 e era
uma paróquia destinada aos índios e nativos locais. É um templo de uma torre,
cuja arquitetura é quase igual à da Igreja de Santa Clara, a torre da igreja é
de pedra, mas a igreja em si é feita de adobe.
O micro ônibus nos
deixa na Praça de Armas, diante da bonita Igreja da Companhia de Jesus, junto à
Catedral. Ela foi construída à custa da destruição do palácio inca de Huayna
Cápac que se encontrava no mesmo local. Erguida pelos jesuítas em 1571 e
destruída pelo terremoto de 1650, a Companhia de Jesus passou por um processo
de reconstrução até 1688. Deixamos para visitar a igreja após as 17h, quando a
visitação é livre (e acabamos não voltando).
Ao lado
encontra-se a famosa Catedral, construída em 1560, levou mais de um
século para ser completamente terminada. Sua base está edificada sobre o antigo
palácio do inca Wiracocha e, como se não bastasse essa destruição, os blocos de
pedra usados para erguê-la vieram da fortaleza inca, agora arruinada, de
Sacsayhuamán, que visitamos no City Tour do primeiro dia em Cusco.
Aproveitamos para
fazer o cambio de U$ 150,00 por S./ 415,50, em uma taxa bem próxima da que
pagaram da outra vez. Seguimos em direção ao hostel, passando pela praça e
igreja de San Blas. Pegamos nossas mochilas e encerramos nossa estadia no
hostel.
Caminhamos pelas ruas
de Cusco e compramos a passagem de ônibus com destino a cidade de Puno para as
22h, o que nos deu um bom tempo livre para conhecer mais um pouco da cidade.
Arquitetura cusquenha |
Ruas de Cusco |
Praças e canteiros |
Não havíamos conhecido o interior de nenhuma igreja em Cusco, então
seguimos em direção a Igreja e Monastério de Santa Teresa. A igreja estava
fechada e só é possível chegar até a porta do claustro onde existe uma pequena
janelinha que serve para atendimento a população e única comunicação das
freiras enclausuradas com o mundo.
Igreja e Monastério de Santa Teresa |
Monastério |
Aline na entrada do claustro |
Saímos da igreja e, sob nuvens negras de chuva, passamos diante do prédio da Municipalidade
de Cusco e resolvemos conhecer algum museu cusquenho.
Existem diversos
museus na cidade e fomos visitar o Museu de História Regional, antiga casa do
historiador e poeta inca do século XVI, Garcilaso de La Vega.
Não se permitem fotos
nas salas do museu que exibe peças datadas da época pré-cerâmica até o período
colonial, além de diversas pinturas da escola cusquenha.
Antiga casa de Garcilasco de La Vega |
Um quarto conta a
história do antigo dono da casa: o escritor e historiador peruano mestiço e
cronista inca Garcilaso de La Vega. Nascido em Cusco, mudou-se para Espanha aos
20 anos de idade e hoje é considerado como o pai das letras do continente
americano. Filho de um cavaleiro espanhol e da princesa inca filha do imperador
Huallpa-Túpac, educou-se entre referências culturais das tradições inca e
espanhola. Serviu o exército espanhol chegando a ser capitão, mas abandonou o
posto devido ao preconceito com sua condição de mestiço e voltou-se para o
estudo da história e à leitura e tradução dos poetas clássicos e
renascentistas.
Saímos do museu e fomos surpreendidos com a chuva forte que havia nos
cercado mais cedo em Maras e Moray. As igrejas de Cusco abrem para visitação
após as 17h então corremos em direção a Plaza
de San Francisco, onde encontramos a igreja aberta e entramos para nos
proteger da chuva.
Gostaríamos de conhecer o Museu Inca e outros pontos turísticos de
Cusco, mas a chuva forte caía incansavelmente fazendo com que não tivéssemos
outra opção a não ser ficar na Igreja de São Francisco esperando. Já havíamos
encerrado a estadia no hostel e iríamos para a rodoviária para tomar um ônibus
para Puno, onde também não teríamos estadia, viajando a noite para chegar e
para sair de lá, portanto, não poderíamos nos dar ao luxo de tomar um banho de
chuva já que não haveria onde, nem como, trocar de roupas depois. Aproveitamos
para conhecer a igreja por dentro e por lá ficamos por mais de 2h até a chuva
cessar.
Altar lateral |
Detalhes do interior da igreja |
A Igreja e Convento de São Francisco foram fundados em 1645. O
complexo foi destruído pelo grande terremoto de 1650 e posteriormente
reconstruído sob a supervisão de padres franciscanos. A igreja possui uma só
torre com a fachada de pedras marrons como todas as outras. No seu interior, há
um grande órgão no coro acima da entrada da nave principal.
Quando deixamos a igreja já era noite e precisávamos comer alguma coisa.
Encontramos um ótimo lugar chamado Café
Panam diante da Plaza Regocijo.
De lá nos comunicamos com as meninas que havíamos conhecido no trem retornando
de Águas Calientes e marcamos um último jantar antes de irmos embora da cidade.
As mineirinhas Juliana e Lígia nos encontraram e juntos comemos ótimas
empanadas de queijo e alfajores como sobremesa enquanto conversávamos como se
nos conhecêssemos a anos, apesar de ser a segunda vez que nos víamos na vida.
Foi nossa despedida das novas amigas de viagem, pois iríamos seguir, enquanto
elas permaneceriam mais alguns dias em Cusco.
Por volta das 21h nos despedimos, com a promessa de que voltaríamos a
nos ver no Brasil, e tomamos um taxi para a rodoviária, onde as 22h15min
embarcamos em um ônibus da empresa Transzela
para uma viagem noturna com destino a cidade de Puno.
Gastos
para 2 pessoas em 11/03/2014:
-
Entrada nas Salinas Maras: S./ 14,00
- Água:
S./ 3,00- Lanche: S./ 3,00
- Passagem para Puno (ônibus da Transzela): S./ 80,00
- Jantar: S./ 27,00
- Taxi para rodoviária: S./ 5,00
- Taxa de embarque da rodoviária: S./ 2,60
Câmbio
em Cusco: U$ 1,00 = S./ 2,77
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