Cavernas de Minas Gerais: Rei do Mato, Maquiné e Lapinha

Um dos nossos objetivos ao irmos para Belo Horizonte era o de conhecer as cavernas das regiões próximas. As três principais são: Gruta Rei do Mato (Sete Lagoas), Gruta da Lapinha (Lagoa Santa) e Gruta do Maquiné (Cordisburgo), essa última um pouco mais distante de BH. Precisamos de dois dias para conhecer as três cavernas, sempre voltando para Belo Horizonte.

O circuito de cavernas da Rota Lund possui fácil acesso e iluminação especial

As cavernas estão na chamada Rota Lund, em homenagem a Peter Lund, um botânico e zoólogo dinamarquês que viveu e trabalhou na região, tendo morrido em Lagoa Santa já com idade avançada. O estudioso naturalista é considerado o pai da paleontologia no Brasil e foi o responsável pela descoberta e estudo de animais e fósseis em centenas de cavernas.

Nossa rota era em direção as cavernas descobertas por Peter Lund

Gruta Rei do Mato (Sete Lagoas)

A Gruta Rei do Mato está localizada junto a BR-040, bem perto do trevo de acesso a Sete Lagoas a 70 Km de Belo Horizonte e tem placas (que poderiam ser melhores) indicando sua localização. A entrada de acesso está no Km 472, sentido Brasília.

Informações úteis: Gruta Rei do Mato

O lugar é uma Unidade de Conservação e deve-se pagar para a visitação (R$15,00 em 2016). É aberta a visitação guiada e possui amplo estacionamento, banheiros e uma lanchonete com preços bem salgados. Uma caminhada de 200 metros separa a portaria da entrada da gruta.

Guia conduz o grupo em direção a caverna

Entrada da Gruta Rei do Mato

Se você está imaginando um ambiente selvagem e escuro, esquece! O lugar está totalmente adaptado para o turismo, com iluminação especial e passarelas de acesso.

Passarela de acesso cruzando um trecho da gruta

A Rei do Mato é uma das 50 maiores cavernas de Minas Gerais e tem quase 1000 metros de extensão, mas só 220 metros são visitáveis, tendo um desnível de aproximadamente 40 metros que são facilmente vencidos com escadas de concreto.

Escadas ajudam a vencer o desnível dentro da gruta

Mirantes dentro da gruta

O guia do local leva o grupo pelos quatro salões principais explicando um pouco sobre as formações geológicas e os espeleotemas (estalactites, estalagmites e colunas). A visita dura cerca de 1h e vale muito a pena, pois a caverna é impressionante e pensar que tudo ali demorou milhões de anos para chegar a este ponto nos deixa pequenos diante da natureza e seu tempo infinito.

Estalactites pendem no teto

Colunas que são a junção de estalactites e estalagmites

Estalagmites no solo são resultado de gotejamentos

A Rei do Mato é considerada uma “caverna viva” já que a água que penetra pelas rochas lentamente ainda cria novos caminhos e transforma a estrutura fazendo com que tudo ainda esteja em formação.

A beleza do interior da caverna é realçada pela iluminação especial 

Vale uma visita para quem está passando na BR-040 nesta região

O nome Rei do Mato está associado a uma formação rochosa no interior de uma das câmaras, que lembra a forma de um rei em pé.

O Rei do Mato: formação que lembra um homem de coroa e manto inspirou o nome da caverna

Próximo a Rei do Mato está a grutinha que tem pinturas rupestres feitas em sangue e gordura vegetal de mais de 6.000 anos, mas que não estava aberta a visitação no dia e horário em que fomos (esta não abre em feriados e dias de grandes movimentos).

Acesso a Grutinha

Gruta do Maquiné (Cordisburgo)

Deixamos a Gruta Rei do Mato e pegamos a estrada para Cordisburgo, que fica a 50 Km de distância dali (totalizando 120 Km de Belo Horizente). Para chegar na cidade é só seguir a BR-040 e pegar a MG-231.

Cordisburgo

Cordisburgo é uma pequena cidade típica do interior, onde o tempo parece não passar e se pode encontrar pessoas sentadas diante de casa jogando conversa fora.

Ruas simples de Cordisburgo

Mas a cidade tem outro atrativo que dá um charme especial ao lugar, além de abrigar uma das cavernas da Rota Lund, Cordisburgo é a terra natal do grande escritor Guimarães Rosa e possui 95 marcos territoriais citados em sua obra.

Estação de trem é um dos marcos da obra de Guimarães Rosa

Os marcos são numerados e citados em cada local

Tudo na cidade gira em torno deste dois temas: Cavernas pré-históricas e poesia de Guimarães Rosa e as vezes as duas se encontram, já que o escritor deixou poesias que falam sobre a Gruta do Maquiné.

Um dos marcos da obra com poesia sobre a Gruta do Maquiné

A casa onde o autor de “Grande Sertão: Veredas” nasceu e morou até os 9 anos de idade é hoje o Museu Guimarães Rosa e abriga um pequeno acervo sobre o poeta e seu trabalho.

Casa de Guimarães Rosa foi transformada em um museu

Na praça da cidade foi erguido o “Zoo de Pedra” com animais pré-históricos esculpidos e espalhados pelo lugar como uma referência as descobertas de Peter Lund na região.

Uma das imagens do Zoo de Pedras na praça

Demos uma volta pela pequena cidade e subimos na Praça da Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus, que fica em uma área mais elevada da cidade permitindo uma bonita vista da região.

Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus em um ponto alto de Cordisburgo

Aproveitamos para almoçar na cidade e escolhemos o Restaurante Sarapalha com uma estrutura rústica e bem aconchegante. Nas paredes desenhos e poesia de Guimarães Rosa e no fogão a lenha uma deliciosa comida mineira.

Restaurante Sarapalha

Arte e poesia nas paredes

A boa comida mineira no fogão à lenha

Era hora de seguir para a maior atração da cidade, a Gruta do Maquiné, que está a uns 6 Km de distância do centro, seguindo por uma estrada bem sinalizada. Logo que se chega ao lugar encontra-se uma grande estrutura com um Museu totalmente voltado para Peter Lund e suas descobertas.

O museu é bem moderno e interessante

O valor do ingresso (R$16,00 em 2016) inclui a caverna e o museu que é bem moderno e interativo, possuindo algumas seções voltadas para o público infantil.

Crianças tem espaço próprio com jogo da memória e outras atrações

Não só crianças... rs

Do museu até a gruta são poucos metros e assim que chegamos percebemos logo que o lugar está mais do que adaptado ao turista, com uma entrada bem longe do que se espera de uma caverna. O piso foi trabalhado e uma bancada de pedras foi erguida onde montaram uma lojinha de lembranças do lugar.

Entrada da Gruta do Maquiné

Loja para turista dentro da gruta (!!!)

Junto a esta área uma roleta e uma porta de ferro separam os ambientes e depois que o guia reúne o número de pessoas (entra na fila e espera...) adentramos a caverna de verdade.

Fila de espera: a entrada é de hora em hora com número máximo

Porta de entrada da gruta (!!!!!!)

O lugar recebeu o nome quando sua entrada (sem o portão... rs) foi descoberta, em 1825, pelo proprietário das terras onde ela se encontra, o Sr. Joaquim Maria Maquiné.

Mas foi Peter Lund quem adentrou pela primeira vez a Gruta do Maquiné, uma década depois de sua descoberta, para explorar, mapear e estudar os fósseis que lá estavam.

Espeleotemas na Gruta do Maquiné

Como a primeira que visitamos esta também é totalmente adaptada para o turismo, com passarelas de acesso e iluminação especial direcionada para os espeleotemas que se quer destacar.

Caminhos marcados e passarelas ajudam o visitante no interior da gruta

Detalhe para a porta de acesso sobre o espeleotema em destaque

A gruta tem 650 metros de extensão e a visita percorre cerca de 400 metros deste total, em aproximadamente uma hora de caminhada.

O lugar impressiona pela beleza

Um dos salões que se perde na escuridão longe da iluminação artificial

Ao longo da visita o guia brinca com as formas das rochas que lembram animais, mas ou menos como quando olhamos as nuvens no céu e imaginamos formas diferentes...

Um pouco de imaginação para ver um animal nessa forma da rocha

A visita é bem interessante, pois a gruta é linda, possuído grandes salões com interessantes formações geológicas e se você tem crianças é uma ótima oportunidade de levar os pequenos para uma aventura inesquecível.

O último salão que se visita

Aline em meio ao imenso salão subterrâneo

No fim da tarde voltamos para Belo Horizonte, onde passamos as noites, para no dia seguinte ir conhecer a última das três cavernas da Rota Lund na região.

Mapa da Rota Lund na região

Gruta da Lapinha (Lagoa Santa)

Era hora de conhecer a Gruta da Lapinha, a que está mais perto de Belo Horizonte das três da Rota Lund, a 52 Km do centro da capital mineira. Para chegar até lá siga pela MG-10, sentido Lagoa Santa, no caminho para a serra do Cipó. No bairro Campinho, entrar à esquerda sentido Lapinha no km 44 (tem placa, fica tranquilo).

Reprodução da INTERNET: Mapa de acesso passando por Lagoa Santa

A caverna está dentro do Parque Estadual do Sumidouro, que possui outras atrações além da famosa gruta. O parque tem duas portarias, a Portaria Gruta da Lapinha e a Portaria Fernão Dias, que está a 6 km de distância da primeira pela estrada de acesso que falei acima. Gostaríamos de fazer umas trilhas no parque e conhecer outras áreas, mas não tínhamos tempo e mantivemos o foco de conhecer apenas as atrações relacionadas a gruta.

Parque Estadual do Sumidouro: Portaria Gruta da Lapinha

Logo junto a portaria está o Museu Peter Lund, que funciona desde 2012 e é bem menor e menos equipado do que o de Cordisburgo, mas tem uma exposição de 80 fósseis descobertos na região (na época enviados para Dinamarca) e que estavam antes expostos no Museu Natural de Capenhague.

Museu Peter Lund

Próximo a entrada da gruta está o Museu Arqueológico da Lapinha, que funciona em uma interessante construção em forma de castelo.

Museu Arqueológico de Lagoa Santa ou Museu da Lapinha

O museu foi fundado na década de 1970 e apresenta uma viagem no tempo pela região, com artefatos pré-históricos até o período colonial e animais taxidermizados (empalhados, no popular... rs).

Itens expostos no Museu da Lapinha

Visita rápida, pois o museu é bem pequeno

O item mais interessante do acervo é sem dúvida o “Homem de Lagoa Santa”, uma ossada humana encontrada em 1987 e que data de 10 mil anos e que está exposta na mesma posição em que foi encontrada em uma caverna da região.

O Homem de Lagoa Santa: fóssil com mais de 10.000 anos

Por fim a atração principal, a Gruta da Lapinha, onde é exigido uso de capacete para visitação. Os capacetes são entregues ao grupo no Museu Peter Lund, onde os guias passam as instruções de sempre: não andar sozinho, não tocar em nada, não comer no interior da caverna, etc...

Entrada da Gruta da Lapinha

Das três essa é a mais simples em termos de intervenção para o turismo, apesar de apresentar as mesmas passarelas e iluminação especial.

Entrada com escada e corrimão

Por dentro da Lapinha

Descoberta em 1835 e eleita uma das sete maravilhas da Estrada Real em uma votação popular em 2011 a Gruta da Lapinha encanta com seus oito salões visitáveis e as diversas estalactites, estalagmites, colunas, e espeleotemas que lembram candelabros e cortinas.

A visita dura cerca de 40 minutos e percorre os 511 metros da gruta com um desnível de 40 metros facilmente vencidos com escadas e rampas.

Terminando a visita voltamos a Belo Horizonte, onde encerramos nossa reserva no hostel e seguimos para Sabará. Valeu muito ter conhecido o circuito das grutas da Rota Lund, apesar de no fim perceber que todas são bem parecidas do modo que são apresentadas (já que o tipo de iluminação e visita são padronizados entre elas). Aprendi bastante sobre cavernas, mas admito que se fossemos a mais cavernas no mesmo estilo seria muito repetitivo. Enfim, recomendo a visita a qualquer uma delas e espero que o blog ajude se tiver que escolher apenas uma...

Fim das nossas visitas às cavernas nos arredores de Belo Horizonte

Informações Importantes:

- Fizemos o percurso de carro saindo de belo Horizonte (veja aqui), por isso as indicações são para este tipo de transporte, que é o mais fácil de se chegar nestes lugares, já que o transporte público não ajuda muito para esse programa;

- As grutas são bem turísticas e mesmo que você não goste de cavernas ou ambientes fechados pode ir visitar que não vai se arrepender, pois os espaços são amplos e é como se caminhasse por um museu;

- Em todas as grutas a visitação acontece de 9h as 16h, sempre de hora em hora com guia local;

- Use calçados fechados, não é permitida entrada em nenhuma das cavernas com sandálias ou sapatos abertos;

- Crianças de até 12 anos, estudantes e idosos pagam meia entrada em todas as três grutas;

- Em dias de muito movimento o tempo de espera pode ser grande, pois os grupos se formam com tamanhos limitados;

- Na Gruta Rei do Mato não é permitida entrada de crianças menores de 6 anos;

- A Gruta da lapinha não funciona as segundas-feiras.