segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Cavernas do PETAR

Fomos conhecer o Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR) com suas cavernas espetaculares em São Paulo, mas já quase na divisa com o Paraná, no município de Iporanga.

PETAR: Cavernas incríveis

O Parque Estadual abriga mais de 350 cavernas, no entanto, apenas 12 são abertas a visitação e estão espalhadas em quatro diferentes núcleos do PETAR: Núcleo Santana, Núcleo Ouro Grosso, Núcleo Casa de Pedra e Núcleo Caboclos.

Muitas cavernas possuem rios e cachoeiras em seu interior

Como Chegar

O PETAR está a 340 Km da cidade de São Paulo e 185 Km de Curitiba e o acesso é feito pela Rodovia Régis Bittencourt até Iporanga. Para chegar no Bairro da Serra serão mais 16 Km de estrada de terra em boas condições.

Onde Ficamos

Passamos três dias no PETAR usando o Camping do Benjamim (Solar dos Anjos) como base no Bairro da Serra, afastado do centro de Iporanga, mas perto dos principais núcleos.



O Bairro da Serra é o mais próximo aos Núcleos Santana e Ouro Grosso e possui uma infra estrutura mínima para receber o turista, com algumas pousadas e campings. A noite, nos fins de semana, funciona a ótima Pizzaria Mangarito, mas durante a semana as opções de restaurantes são quase nulas.

Noite no Mangarito

Apesar de Iporanga ser a referência para visitar o complexo, os núcleos ficam bem distantes do centro da cidade e não visitamos a cidade que todos dizem não ter nenhum atrativo turístico, além de que tudo o que lemos sobre o lugar nos levou a crer que Iporanga não sabe usar o potencial turístico que tem (mas se você foi até lá e viu que a história não é bem assim, deixe seu comentário no final do post e ajude a quem está se planejando para ir...).

Núcleo Santana

O principal núcleo do PETAR está a 3 Km do Bairro da Serra de Iporanga e guarda a maior parte dos atrativos que se pode visitar no parque, estão lá as cavernas Santana, Cafezal, Couto, Morro Preto e Água Suja, além das cachoeiras do Couto, Andorinhas e Beija Flor.

Entrada do Núcleo Santana

Não é possível conhecer todo o Núcleo Santana em um único dia e precisamos de dois dias inteiros por lá para visitar todas as suas atrações.

Trilha no Núcleo Santana

A trilha que leva até a Caverna Santana é fácil e rápida, pois a entrada está a menos de cinco minutos da portaria do núcleo.

Entrada da Caverna Santana

A Caverna Santana é uma das maiores do PETAR com 8 Km de extensão e são quase duas horas percorrendo suas galerias e salões



É uma visita seca, pois apesar de existir um rio no interior da caverna foram construídas passarelas de acesso que permitem conhecer a o local sem precisar entrar na água.

Ponte de madeira sobre os lagos subterrâneos da Caverna Santana

Escadas ajudam a subir os diferentes níveis

Dentro pode-se visualizar as diversas formações geológicas típicas de ambientes de caverna, com estalactites, estalagmites, colunas e muitas outras.

Estalactites na Caverna Santana

Caminhando nos corredores da caverna

Os guias contam histórias da região e divertem o grupo com as comparações de estruturas naturais que parecem com figuras conhecidas, mas ou menos como buscar formas nas nuvens, só que debaixo da terra.

Pata de Elefante: Uma das formações rochosas

Saindo da caverna vale parar para um banho refrescante na piscina natural formada no rio, mas acima a Cachoeira do Couto é um convite irrecusável em um dia quente.

Piscina natural para refrescar o corpo

Entre uma caverna e outra um banho na Cachoeira do Couto

Depois é hora de seguir para a Trilha do Morro Preto, onde estão duas cavernas, sendo que a Caverna do Couto é praticamente um conduto de drenagem de água que liga dois pontos em linha reta, passamos, olhamos mas não entramos nela.

Trilha do Morro Preto

Uma trilha leve e rápida leva até a Caverna do Morro Preto que tem uma entrada com 25 metros de altura e um imenso salão formado por desmoronamentos no passado.

Chegando na Caverna do Morro Preto

Essa caverna foi habitada por povos primitivos a milhares de anos e foram encontrados muitos vestígios arqueológicos por aqui.

Local onde foram encontrados diversos vestígios dos povos primitivos na entrada da caverna

A entrada da Caverna Morro Preto vista do imenso salão interno é um cartão postal do PETAR

No nosso segundo dia no Núcleo Santana seguimos a Trilha que margeia o Rio Betari em direção as últimas cavernas e cachoeiras da região, com um percurso total de 7,2 Km (ida e volta).


A Trilha do Betari margeia o rio
Trilhas fáceis e bem definidas no Núcleo Santana

Logo no início da trilha está a Praça Mesozóica que funciona para a educação ambiental, com as pegadas dos animais encontrados no parque marcadas em placas de cimento no chão.



A trilha é longa e passa diversas vezes pelo leito do Rio Betari e os guias conduzem o grupo cruzando de um lado a outro das margens.


A trilha revela bonitas paisagens no Rio Betari

Apenas perto da Praça das Águas é possível cruzar o rio por uma ponte suspensa, mas nos outros pontos deve-se entrar nas águas frias do Rio Betari para seguir a trilha do outro lado.

Ponte sobre o Rio Betari é a única travessia seca de uma margem a outra


Atravessando o rio

A trilha cruza o leito do rio diversas e diversas vezes

São algumas horas caminhando pelas margens do rio em meio a natureza até chegar na Cachoeira das Andorinhas, uma linda queda d’água em um poço fundo no meio de dois paredões de pedras. Uma placa avisa do risco de se entrar na água e é proibido ir até o poço por conta de acidentes no passado.

Cachoeira das Andorinhas: Dezenas de pássaros no paredão revelam o porque do nome

Voltando à trilha e caminhando mais cem metros está a queda de água no paredão do outro lado, trata-se da Cachoeira do Beija-Flor ou Bertarzinho. Se a primeira já era linda essa surpreendeu mais e ainda não há restrição de banho, a não ser encarar a água fria.

Cachoeira do Beija-Flor, também conhecida como Betarzinho

Nas águas do Rio Betari

O caminho que leva até as cachoeiras é também o mesmo que leva a mais algumas cavernas, mas deixe para conhece-las na volta. A primeira no percurso de descida é a Caverna Cafezal que exige bastante rastejo em buracos para entrar e cruzar alguns corredores.


Caverna Cafezal

Percorremos a caverna passando por túneis bem apertados e grandes salões e depois saímos inteiramente sujos de terra na roupa já molhada...

Literalmente descendo pelo buraco

Hora de nos limpar na última caverna do núcleo e uma das mais famosas do PETAR: Caverna da Água Suja.
  

Entrando na famosa Caverna da Água Suja: ainda com a água abaixo dos joelhos

Apesar do nome a água é bem limpa e a imensa caverna é cortada por um rio em toda sua extensão. Quase 1 Km de caminhada em duas horas levam o visitante até uma cachoeira dentro da caverna.

Os guias conduzindo o grupo na caverna

A única iluminação vem das lanternas

Cruzando o rio e a caverna

O nível de água pode variar, mas no mínimo alcançará a cintura em alguns pontos. Fotos famosas mostram as pessoas cruzando um corredor com água no pescoço e o teto baixo, mas o guia explica que esse trecho é proibido, pois o nível da água pode subir muito rápido com uma “cabeça d’água” e não há tempo para evacuação do salão com a cachoeira do outro lado.

Um banho de cachoeira dentro da caverna

Núcleo Ouro Grosso

A entrada para este núcleo fica bem próxima ao bairro onde estávamos acampados e fomos caminhando até a portaria. O Núcleo Ouro Grosso é bem pequeno contando com uma trilha que leva até a Caverna e conhecemos ele em uma manhã.


Centro de Visitantes do Núcleo Ouro Grosso

A Trilha da Figueira tem 392 metros de extensão e tem o nível de dificuldade considerado baixo, sendo rapidamente percorrida.

Trilha da Figueira

A trilha tem esse nome por cruzar por dentro (isso mesmo!) de uma figueira centenária no caminho que leva até a entrada da Caverna Ouro Grosso.

Trilha passando por dentro de uma figueira gigantesca

A Caverna é do tipo molhada e possui diversas cachoeiras em seu interior, a visita completa dura aproximadamente 2 horas.

Caverna Ouro Grosso

Cachoeira no interior da caverna

A caverna exige bastante rastejo na lama e pequenas escalaminhadas em pedras, com passagem por buracos e túneis apertados, tudo isso cruzando os rios que cortam a caverna.

Trechos de escalaminhada e muita lama

Trilha dentro da caverna pelo leito do rio

Núcleo Caboclos

Não fomos visitar esse núcleo que fica no Bairro Espírito Santo (26 Km de Apiaí) e conta com uma área para camping dentro do parque. Lá estão as Cavernas Temenina, Desmoronada e Pescaria, além de cachoeiras.

Núcleo Casa de Pedra

O mais próximo ao centro de Iporanga, está a aproximadamente 10 Km de distância da cidade e tem a Caverna Casa de Pedra como a principal atração. A caverna é conhecida por ter o maior pórtico de entrada do mundo, com 215 metros de altura, mas a entrada nela é restrita (não ocorre visitação interna, apenas apreciação do pórtico). Segundo o PETAR a caminhada até sua entrada é difícil e dura 3 horas e não fomos conhecê-la ainda...

Caverna do Diabo

Situada fora da área do PETAR a caverna fica no Parque Estadual Caverna do Diabo a menos de 40 Km de distância de Iporanga, mas já no município de Eldorado.



Aconselho muito a quem for ao PETAR parar neste lugar para conhecer a caverna que é uma das mais bonitas e impressionantes que eu já visitei.

As formações impressionam pela grandiosidade

A caverna do Diabo possui cerca de 6 Km de extensão, mas apenas 600 metros estão abertos à visitação.


Totalmente adaptada para receber visitantes esta caverna é bem diferente das que estão no PETAR, pois aqui a acessibilidade é total, com passarelas e escadarias que permitem ao visitante caminhar tranquilamente pelo seu interior, tudo muito turístico.

Passarelas conduzem pela linda caverna

O lugar impressiona pela grandiosidade, além das beleza indescritíveis e nem vou tentar descrever o que se vê por lá e tão pouco as fotos retratam bem o que os olhos podem ver.

Nos sentimos pequenos diante de belezas indescritíveis na Caverna do Diabo

Uma curiosidade é a origem do nome da caverna que é atribuído a uma imagem formada naturalmente no fundo da área visitável. A mancha na parede lembra um rosto um tanto macabro que os primeiros exploradores atribuíram a uma imagem do capeta e por isso deram o nome de “Caverna do Diabo”.

O rosto do "diabo" que da o nome à caverna

Detalhe do rosto caso você não tenha identificado na foto anterior

Já visitamos muitas cavernas e grutas, como as famosas formações existentes na Rota Lund, nos arredores de Belo Horizonte (clique aqui e veja nosso post sobre a região), e apesar da grande interferência humana, afirmo que a Caverna do Diabo foi a mais bonita e impressionante de todas as que já visitamos até hoje.

Os imensos salões impressionam pela grandiosidade

O Parque Estadual Caverna do Diabo foi criado em 2008 e guarda diversas trilhas e cachoeiras, além da famosa caverna, sendo a Trilha do Araçá, que leva até a cachoeira de mesmo nome, a mais curta e próxima da entrada e do centro de Visitantes.





Dicas e informações úteis:

- É obrigatória contratação de guias locais para entrada nos núcleos das diversas cavernas;
- Viajamos com a SOLEIL VIAGENS que fez nosso translado (ida e volta) contratou os guias e disponibilizou a hospedagem no camping;
- Não há onde comprar nada dentro dos núcleos, portanto vá preparado para um dia de trilhas e caminhadas completo, levando sua alimentação;
- É obrigatório uso de calçados fechados no interior das cavernas (nada de sandálias e nem papetes);
- Muitas cavernas do PETAR possuem riachos e cachoeiras em seu interior e para se chegar até elas deve-se cruzar rios, portanto esteja preparado para molhar os pés (leve calçados extras);
- O trecho que se anda com água no pescoço na Caverna da Água Suja é proibido, então preste muita atenção, pois violar essa regra pode ser perigoso no caso de chuvas na cabeceira do Rio Betari;
- Os núcleos ficam distantes entre si e para visitar todos eles você vai precisar estar de carro e reservar no mínimo 5 dias no PETAR;
- O Parque Estadual da Caverna do Diabo é uma ótima opção para quem está com crianças. No PETAR os pequenos vão curtir uma aventura no Núcleo Santana ao visitar a caverna de mesmo nome e a Cachoeira do Couto;
- Todas as entradas são pagas.