domingo, 31 de agosto de 2014

Cusco


2º Dia no Peru (dia 2 do mochilão)


No dia 08 de março de 2014 acordamos as 6h50min e tomamos o desayuno. O táxi foi reservado na noite anterior, no próprio Hostel. Saímos as 7h30min rumo ao Aeroporto Internacional Jorge Chavez, onde tomaríamos o voo para a cidade de Cusco.

Apenas 1h20min de voo e estávamos no Aeroporto Velazco Astete em Cusco. Ainda no aeroporto buscamos o Centro de Informações Turísticas para pegar um mapa da cidade e indicações de lugares para hospedagem. No aeroporto existem muitos agentes de hostels e de companhias de turismo tentando empurrar pacotes para uns dias em Cusco. Ouvimos vários deles para ter uma noção de preço e resolvemos tomar um taxi para o centro histórico.

A praça central de Cusco e suas igrejas
Assim conhecemos o Sr. Edgar um taxista que também é agente da empresa “Expediciones Waynapicchu” e nos indicou o Hostel Villa San Blas (Calle Chihuampata, 621 – Diária de S./ 65,00 o quarto para casal), no bairro de mesmo nome nos arredores da Praça de Armas. Resolvemos olhar sem compromisso e acabamos ficando por lá mesmo. O hostel é bem tranquilo e não fica longe da praça, sendo necessária apenas uma caminhada de 5 min para chegar lá. O Sr. Edgar esperou que nos acomodássemos para então oferecer também os pacotes turísticos da Expediciones Waynapicchu. Ouvimos as propostas e notamos que os preços estavam dentro do que esperávamos, pois estavam parecidos com os que havíamos visto de outros mochileiros em relatos antes de viajar e alguns até mais baixos do que vimos no aeroporto.

Hostel Villa San Blas

Fechamos o City Tour por S./ 20 cada um, o Vale Sagrado ficou em S./ 55 por pessoa e a visita a Maras e Moray ficou em S./ 30 para cada um de nós. Estes valores incluíam somente transporte e guia, e deveríamos pagar os ingressos às diversas atrações à parte. Uma grande dica é a aquisição do Boleto Turístico de Cusco, vendido através da prefeitura, na Avenida El Sol e também nas bilheterias de algumas atrações nos arredores de Cusco. O boleto dá direito à entrada em 16 atrações turísticas da região (vale por até 10 dias) e deve-se apresentá-lo na bilheteria de forma a não pagar o valor da entrada no local. A opção de comprar ingressos para cada atração separadamente fica bem mais cara, mesmo que não se visite todos os 16 pontos turísticos do boleto (nós fomos a oito) vale a pena pagar os S/. 130,00 pelo boleto.

Faltava apenas o pacote para Machu Picchu e foi aí que descobrimos que o turismo por lá é realmente caro. Tudo gira em dólar quando de fala das ruínas incas. A Expediciones Waynapicchu nos ofereceu o pacote com translado desde Cusco, incluindo o trem (ida e volta), por U$ 220,00 cada um (isso mesmo, em dólar!!!), depois de muita choradeira de preço.

Basilica de La Catedral
Cusco é uma cidade bem grande que vive praticamente voltada para o turismo. Aproveitamos o tempo de espera para o primeiro passeio guiado conhecendo o centro histórico por nossa conta. Descemos a rua do hostel até a Plaza Mayor (ou Praça de Armas) onde estão localizadas as Igrejas da Companhia de Jesus, construída em 1571 e a Catedral de 1560 (ambas reconstruídas após o grande terremoto de 1650).




Praça de Armas de Cusco


Estávamos um pouco chocados com os preços em Cusco, que não é uma cidade econômica, e não entramos nas igrejas, pois elas cobravam ingressos dos turistas durante o dia, estando algumas abertas à visitação durante as missas diárias após as 17h. Decidimos que voltaríamos em outro horário e dia (infelizmente não aconteceu e acabamos não conhecendo as igrejas da praça nesta viagem).

 

No centro da praça está a Pileta que é uma estátua dourada sobre um chafariz e representa um inca que estende seu braço em saudação na direção de Sacsayhuamán. Depois descobrimos que existe uma rejeição por grande parte da população quanto a Pileta, pois segundo historiadores a estátua é um atentado ao patrimônio cultural, uma vez que sua vestimenta não representa com exatidão os incas, além de possuir emblemas pré-incas. Polêmicas a parte, achamos a estátua bem interessante e fotogênica J rs

A Pileta e o Chafariz

Cusco está situada a mais de 3400 metros acima do nível do mar, portanto é comum que os viajantes sofram do chamado mal de altitude e para evitar os sintommas passamos em uma farmácia e compramos sorochi pills e começamos a tomar de forma preventiva (um comprimido a cada 8hrs). Eu já havia sofrido os sintomas quando estive em Potossí na Bolívia e Aline não queria passar pela experiência e os comprimidos fizeram seu papel muito bem.


Saímos da Plaza de Armas e seguimos até a Plaza Regocijo nos arredores. No passado, quando Cusco era o centro do poder inca, as duas áreas eram regiões distintas de uma mesma Plaza Mayor.

 
Plaza Regocijo

Ao deixar a praça fomos na direção da Igreja e Convento de La Merced que estavam fechados.

Iglesia de La Merced
Seguimos adiante, Pela Calle Marquez onde pode-se admirar exemplos da arquitetura cusquenha, como as casas do Marquês de San Lorenzo de Valleumbroso (séculos XVI-XVII) e Alonso de Toro (século XVI), entre outras.

 
Ruas de Cusco: Casa de Alonso de Toro

A rua margeia a Praça de São Francisco, onde estão a Igreja e Monastério de mesmo nome, e cruza o Arco de Santa Clara. Na igreja fomos informados que era possível um tour pelo lugar, mas não teríamos tempo, pois estávamos esperando o city tour nos arredores de Cusco, então seguimos adiante.

 
Igreja de São Francisco de Assis

Cruzando o portal do Arco encontramos a Igreja e Convento Santa Clara. A rua nos faz sentir que estamos na era medieval novamente. De um lado a Igreja e do outro os muros do Colégio Nacional de Ciências erguido sobre um muro de pedras inca e ao fundo a Igreja de São Pedro.

 
Arco de Santa Clara
 
Igreja de Santa Clara

Muro sobre o qual encontra-se o Colégio Nacional


Seguimos até a Plazoleta de San Pedro onde está a bonita Igreja de São Pedro que apesar de ter sido construída no ano de 1556, foi completamente destruída em 1650 pelo grande terremoto e reconstruída entre 1688 e 1699, mantendo o desenho original com a fachada de pedras de estilo barroco. No outro lado da praça está a estação de trem e em frente a praça o Mercado de mesmo nome, que oferece comida, frutas, artesanato típico e roupas, mas não havia tempo para olhar com calma, muito menos comprar nada. Já estava quase na hora marcada para o início do City Tour, então voltamos em uma reta (6 quadras grandes) até a Praça de Armas, onde estava marcado o início do tour.

 
Igreja de São Pedro

O City Tour pelos arredores de Cusco é um ótimo passeio que recomendamos muito. Ele se inicia as 14h e pontualmente a esta hora estávamos embarcando em um micro-ônibus turístico onde conhecemos nosso guia, o Sr. Jesus. Depois da péssima experiência com a guia em Lima, não poderia haver melhor compensação do que o Jesus. O sujeito era ótimo guia, um senhor com um guarda chuva lilás na mão que falava pausadamente e explicava incansavelmente tudo a respeito da cidade e dos lugares pelos quais passávamos.

 
Cusco pela janela do ônibus

Cusco, diferentemente da maioria das outras cidades do país, não foi fundada pelos conquistadores espanhóis. Ela já existia na época pré-hispânica e era a mais importante cidade do Império Inca. Era considerada o centro do mundo e seu nome atual é uma variação do nome “Qosqo” que em Quéchua (língua inca) quer dizer “umbigo do mundo”.

Cultura inca ainda presente

Nosso guia explica que a história inca tem dois estágios: Lendário e Histórico. A história oral dos incas cita 13 imperadores, dos quais os primeiros, de Manco Cápac a Viracocha são míticos (de 1100 a 1438 dc). Há registros mais precisos de eventos dos cinco últimos imperadores, de Pachacútec a Atahualpa (de 1438 a 1533 dc).


Segundo a lenda, o inca Manco Cápac casou-se com sua irmã Mama Ocllo, depois de emergirem do Lago Titicaca, para criar uma linhagem real e fundaram a cidade de Cusco no século XII, para ser a capital do império. Foi o 9º inca, Pachacútec, que muitos consideram o primeiro imperador inca de fato, o maior governante da cidade, criando um grande código de leis e expandindo os domínios do império.


Os espanhóis chegaram à região em 1524 e foram derrotados em todas as tentativas de conquista. Somente em 1532 conseguiram suas vitórias, pois a civilização inca estava dividida por uma guerra civil, entre o imperador e seu meio-irmão. Em 1533, o conquistador Francisco Pizarro mata o 13º imperador inca Atahualpa, com apoio dos seus inimigos na guerra civil e subjulga de vez o império. O fato marcou o início da derrocada inca e a dominação completa de Cusco pelos europeus.


Até 1545, a maioria das edificações incas da cidade já tinha sido destruída pelos conquistadores com o claro objetivo de apagar os traços da antiga civilização. Novos edifícios coloniais. Igrejas cristãs e demais prédios administrativos dos colonizadores foram construídos sobre as grandes fundações de templos e edificações incas ou se utilizaram das pedras que os constituíam.


Igrejas e conventos foram erguidos sobre os vestígios das áreas sagradas de Qosqo de forma a ajudar na assimilação dos incas conquistados com a nova religião imposta pelos colonizadores. Esse foi o caso da área de Qoricancha nossa primeira parada a alguns quarteirões da Praça de Armas e as margens da principal avenida cusquenha (Av. El Sol). Sobre as ruínas do antigo templo inca foi erguida a Igreja e Convento de Santo Domingo. Diante da construção é possível ver o muro curvo original da época pré-colombiana servindo como a base para a Igreja, que parece incorporada a ele, fazendo uma junção histórica realmente impressionante.

 
Qoricancha e Convento de Santo Domingo

Durante o império inca, Qoricancha (que significa “cercado de ouro”) foi o principal e mais rico templo da cidade. Dedicado primordialmente ao deus sol, tinha suas paredes totalmente laminadas com chapas de ouro, assim como imagens de ouro maciço em forma de animais em tamanho natural decorando altares. Após a conquista europeia, em 1534, os espanhóis saquearam todo o complexo e cenas do universo católico passaram a revestir os muros incas que restaram. A Igreja apagou todos os traços da civilização pagã utilizando apenas os muros e fundação incas, destruindo o restante do prédio anterior.

 
O Convento sobre as fundações incas
 
Convento de Santo Domingo

Área externa do Convento


Convento colonial sobre base inca

O terremoto de 1650 destruiu a igreja e o convento, mas as bases incas mantiveram-se intactas. O complexo foi reconstruído, mas em 1950, outro forte tremor novamente destruiu a igreja, mostrando como as construções incas são planejadas para resistir aos tremores, pois depois de dois terremotos de grandes proporções, as bases e até algumas paredes internas incas ainda permaneceram de pé, enquanto a edificação espanhola era destruída, necessitando sempre de reconstrução.

 
Entrada de Qorikancha
 
Convento de Santo Domingo





Pudemos ver o último pedaço de um afresco, inserido por algum artista local no início do sec. XVI, sobre uma parede inca original. Um fragmento pequeno em um aposento que até o terremoto de 1950 funcionava como sala de reuniões do clero. O pedaço de pintura está exposto desde que foi restaurado em 2005.

 
Afresco do sec. XVI

Mas adiante encontramos uma placa de ouro maciço representando a visão inca sobre os mundos material e espiritual. O guia nos explica que o Condor (Hanan Pacha) representava o mundo superior, onde os deuses viviam, o Puma (Kay Pacha) era o mundo terreno, habitado pelos homens, plantas e animais, enquanto a Serpente (Ukhu Pacha) era a demonstração do mundo inferior onde habitavam as almas dos mortos. Na placa de ouro, outras divindades, sempre relacionadas ao mundo natural, são representadas, como a água, o arco-íris e a árvore, demonstrando a forte ligação dos incas com a natureza.

 
Placa de ouro maciço
 
Legenda da Placa Inca


Seguimos admirando as fundações incas e partes internas ainda intactas, como o espaço aberto para cerimônias religiosas onde podemos observar partes da muralha inca com uma pedra cerimonial ao centro. O guia nos explica que canaletas transportavam água através deste espaço e que ídolos de ouro eram colocados nos espaços arquitetônicos das paredes. A acústica é impressionante no local.

Praça cerimonial

Aline e eu em Qorikancha


Por fim visitamos a pinacoteca, onde estão diversas obras de arte, algumas com forte influência inca, como a imagem da Virgem Maria mascando folhas de coca. Neste espaço não pudemos fotografar. Era o fim do tour, que só visita as construções incas, não passando pelo interior da igreja e convento erguidos acima.

 
Arquitetura inca a frente e colonial ao fundo
 

Junção entre o passado e o presente

Peça do período colonial


Saímos de Qoricancha e entramos no micro-ônibus que nos levou à segunda parada do City Tour, as ruínas de Saqsaywaman, a dois quilômetros do centro de Cusco. O ingresso a esse sítio arqueológico está incluso no Boleto Turístico de Cusco (sem o boleto a entrada fica em S/. 70 soles por pessoa).

  
Saqsaywaman

Saqsaywaman é um conjunto de ruínas com vários setores, separados por escadarias e muros de pedras, entre terraços irregulares em uma área de 3492 hectares, que no passado teve função religiosa. Apesar de o templo mais importante ter sido Qoricancha, o templo de Saqsaywaman foi o maior do império inca.

 
Pátios de Saqsaywaman
 
Descendentes incas e sua cultura


Seguimos nosso guia Jesus através do gramado entre pedras das ruínas e nos sentamos ao chão para que ele nos explicasse um pouco mais sobre o lugar e a cultura inca. De pé diante de todos e com sua fala gentil, seu chapéu de aba redonda e sua inseparável sombrinha lilás, Jesus nos explica que Pachamama, ou Mãe-Terra, é a divindade relacionada à fertilidade e a terra, sendo a grande deusa dos povos andinos até hoje. A divindade representa a terra na sua totalidade e não está em nenhum lugar específico, mas na natureza em geral. Ela não é um deus criador, mas provedor e protetor da vida, podendo, contudo, demonstrar vingança contra o homem, causando doenças e desastres naturais, caso seja ofendida.

 
O guia Jesus com sua sombrinha lilás e chapéu de aba redonda

Cusco foi construída na forma de um Puma e Saqsaywaman seria a cabeça da figura, mas a figura nunca foi completamente concluída já que os espanhóis chegaram antes do projeto estar completamente terminado e destruíram o templo. Os colonizadores acreditavam que o lugar seria uma fortaleza e utilizaram Saqsaywaman como pedreira para as construções coloniais. Entre 1536 e 1570, o complexo foi destruído e suas pedras levadas para a construções de igrejas e de casas na cidade. Somente as rochas maiores e de difícil remoção permaneceram no lugar onde estão até hoje.

 
Aline diante do paredão de rochas incas
 
As maiores rochas não puderam ser levadas pelos coloniozadores


Depois das explicações do guia, fomos deixados livres por vinte minutos para que andássemos pelas escadas, muros e terraços de Saqsaywaman.



Saqsaywaman



Ruínas do antigo templo



Bases de Saqsaywaman


Dando um jeito de tirar nossa própria foto juntos




Da parte alta do complexo pode-se ver toda a cidade de Cusco, ao pé da colina. Nós subimos pelas escadarias para admirar a paisagem do alto no mirante.

 
Por dentro da história
 
Portal ainda intacto

Cusco vista de cima


Fomos ao estacionamento do outro lado da colina onde estavam todos os ônibus de turismo que faziam a visita. O lugar fica cheio de vendedores ambulantes vendendo de tudo com preços muito inferiores aos praticados em Cusco e Lima. Uma característica interessante do comércio ambulante nos arredores de Cusco é que os preços além de baixos são completamente negociáveis, a ponto de cair a metade rapidamente. Me ofereceram um Totem Inca de pedra esculpido a mão com o Condor, o Puma e a Serpente por S/. 30 soles. Diante da minha recusa o valor caiu instantaneamente para S/. 25 soles, ao que respondi que não estava interessado, fazendo com que o preço fosse reajustado para S/. 20 soles. Neste momento me interessei pela peça e peguei para ver e diante do meu interesse o valor caiu para S/. 15, no fim comprei por S/. 10 soles (1/3 do preço inicial!!!!). Entramos no micro-ônibus e partimos para o terceiro sítio arqueológico do City Tour: Tambomachay ou Templo das Águas.

No caminho para Tambomachay passamos por outros sítios históricos que ainda visitaríamos: Q’enqo e Pukapukara. Jesus nos explica que faríamos essa última parte de trás para frente para concorrer com menos visitantes durante o tour.

Tambomachay foi erguido por volta do ano de 1500 e seu nome significa “lugar de descanso”, mas ficou popularmente conhecido como Baños del Inca, pois, vez ou outra, o imperador utilizava suas águas simplesmente para relaxar. O templo está a 3765 metros acima do nível do mar e foi construído para exaltação da água, possuindo aquedutos que interligam um excelente sistema hidráulico, além de várias fontes de água.

 
Tambomachay a 3765 m acima do nível do mar

O guia Jesus nos conta que a água de Tambomachay é considerada a fonte da eterna juventude e que ao tomar um gole desta água deve-se fazer um pedido, que será atendido. Infelizmente, por questão de preservação do patrimônio, não é permitido chegar perto o bastante das fontes a ponto de tocar e beber a água.

 
Fonte da eterna juventude e antigo local de banho do imperador inca

Ficamos 10 minutos livres para fotos diante das fontes de água e subir em uma pequena elevação onde pode-se ver melhor as ruínas. Apesar de estar em pleno verão o vento frio era constante e voltamos para o ônibus. No caminho de volta descendo a rua haviam mais alguns vendedores ambulantes que ofereciam mantas, gorros, luvas e meias de lã de alpaca, além de tapetes e peças decorativas feitas a mão. Novamente somos bombardeados com ofertas de mercadorias. O frio aumentava e eu estava interessado em um gorro de lã, bem típico do Peru, então fui negociar um que me foi oferecido por S/. 20 (preço normal no centro de Cusco e em Lima). Logo que informei que não pagaria esse valor a senhora que negociava perguntou quanto eu queria pagar. Diante da pergunta abusei no desconto e ofereci S/. 5. Obviamente ela achou um absurdo o valor que eu queria pagar e baixou o preço à metade, me oferecendo a peça por S/. 10, não aceitei só para ver o que acontecia e no fim comprei por S/. 8 soles.

 
Ruínas deTambomachay
 
Rio cortando o vale ao lado dos terraços incas


Em seguida, visitamos o conjunto de Pukapukara, quarto lugar do City Tour, a sete quilômetros de Cusco e apenas um de distância de Tambomachay.

Chegando em Pukapukara

Pukapukara era um centro administrativo das rotas incas, um posto de controle de pessoas e de mercadorias, ou seja, uma espécie de aduana. No local funcionava também como um forte militar. Jesus nos explica que quando o imperador inca visitava os banhos de Tambomachay, toda sua comitiva ficava em Pukapukara. Seu nome provém do Quéchua “Puka” (vermelho) e “Pukara” (fortaleza), devido à cor avermelhada que as pedras ganham conforme a incidência da luz do sol.

 
Muralhas avermelhadas de Pukapukara

O “forte vermelho” é cercado por uma muralha e formado por uma praça, ruas e aquedutos. A entrada era guardada por um portão de batente duplo onde todos que se dirigiam a Tambomachay deveriam prestar conta aos administradores.

 
Porta de entrada de batente duplo

Praça de Pukapukara

Ruas e construções internas

Seguimos para as ruínas de Q’enqo, a três quilômetros do centro da cidade e último sítio arqueológico do dia.

 
Q'enqo

Q’enqo, que significa “labirinto” em Quéchua, foi um templo espiritual dedicado a Pachamama e construído em meio as rochas, totalmente conectado com a natureza. Erguido entre cavernas de rochas naturais contém partes artificiais que completaram a construção. Era usado também para observação e estudos astronômicos.

 
Em meio as rochas de Q'enqo

Diante da entrada das grutas do templo existe uma área livre onde se encontra um grande bloco de pedra com de seis metros de altura, cercado de nichos distribuídos ao redor. O guia nos explica que o bloco tinha o formato de um puma (ele aconselha tomar um chá de coca para visualizar melhor ;-) rs). hoje se presume, que o bloco tinha a função de medir o tempo em relação ao sol, para estabelecer as estações, determinar os solstícios e os equinócios. Jesus nos explica que os espanhóis desfiguraram o bloco a marteladas com objetivo de destruir o ídolo pagão.

 
Bloco de pedra com 6 m de altura e antigo ídolo inca

Reunidos ao redor da pedra Jesus nos fala que o interior do templo é um espaço cavernoso para rituais que simbolizava o ventre da Pachamama. Seguimos para o interior das cavernas onde há um fosso no qual ossos de animais foram encontrados, indicando que ali eram oferecidos sacrifícios. Os incas acreditavam que cavernas eram passagens para o reino da Serpente Ukhu Pacha e nesta área os mortos passavam por um ritual de purificação para a viagem ao reino espiritual inferior.

 
Aline entrando no "ventre" de Pachamama

Nos deparamos com uma caverna onde há uma mesa de pedra junto a parede rochosa. Esta câmara subterrânea foi feita inteiramente em uma gigantesca rocha, sendo esculpidos chão, teto, paredes e mesas cerimoniais.

 
Mesa cerimonial

Mais alguns passos e nos deparamos com outra mesa cerimonial, mas essa era maior e mais parecia uma cama. Este era o lugar onde os corpos dos mortos eram mumificados. Aline achou tão interessante a mesa fúnebre que resolveu tirar uma foto em cima dela.

 
Aline na antiga mesa fúnebre

Deixamos Q’enqo em direção ao centro de Cusco, mas ainda havia mais uma parada programada. Uma loja mais sofisticada de artesanatos e vestuário da região. Tivemos uma breve palestra sobre as diferenças entre lãs de alpaca, lhama e vicunha. Andamos pela loja e vimos os casacos, toucas, luvas e cachecóis que não compramos, por serem bem caros. No fim Aline comprou um par de brincos no concorrente da loja que expunha seu material artesanal em uma banquinha na porta.


O City Tour tem previsão de término as 18h (quatro horas de passeio ao todo) e por volta das 18h30min estávamos de volta a Praça de Armas. Estávamos com muita fome após um dia cansativo de tours pelo centro histórico de Cusco e em seus arredores. A noite chegou esfriando mais ainda o frio verão cusquenho e paramos para comer uma pizza nos arredores da praça. A Plaza de Armas fica bem movimentada, pois existem várias lojas, restaurantes e casas de cambio ao seu redor. Passamos em uma casa de cambio e trocamos dinheiro em um cambio melhor do que em Lima. Voltamos para o hostel, tomamos um banho quente e apagamos na cama. No dia seguinte, nós visitaríamos o Vale Sagrado dos Incas, com conexão para Machu Pichhu.

Gastos para 2 pessoas em 08/03/2014:

- Táxi hostel x aeroporto (LIMA): S./ 50,00
- Táxi aeroporto x hostel (CUSCO): S./ 30,00
- City Tour nos arredores de Cusco: S./ 40,00
- Vale Sagrado: S./ 110,00
- Maras e Moray: S./ 60,00
- Pacote Machu Pichhu: U$ 440,00
- Hostel Vila San Blas (1º diária): S./ 65,00
- Soroche pills (4 comprimidos): S./ 10,00
- Água: S./ 3,00
- Artesanato local: S./ 23,00
- Ingresso para Qorikancha: S./ 20,00
- Boleto turístico: S./ 260,00
- Jantar: S./ 36,00

 Câmbio em Cusco: U$ 1,00 = S./ 2,78