segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Congonhas/MG

Congonhas, em Minas Gerais, é conhecida pelas mais famosas obras do artista Antônio Francisco Lisboa. Os Doze Profetas de Aleijadinho estão expostos diante da Igreja de Bom Jesus de Matosinhos no coração histórico da cidade.

Congonhas é conhecida como "Cidade dos Profetas" devido as obras de Aleijadinho

A cidade, que surgiu durante o ciclo do ouro, ganhou sua famosa igreja graças ao empenho de um ex-mineiro, que depois de muitos anos se dedicando a retirada de ouro das entranhas de Minas Gerais, contraiu uma grave doença ocupacional. Reza a lenda que após conseguir se curar o ex-mineiro português, Feliciano Mendes, decidiu construir um templo em homenagem ao Bom Jesus dos Matosinhos como forma de agradecimento.

Igreja de Bom Jesus dos Matosinhos

Feliciano passou o resto de sua vida pedindo esmolas e com este dinheiro começou a construção da igreja no ano de 1757. O português faleceu no ano de 1765 sem ver sua obra concluída.

Interior da Igreja

A história do homem que largou as minas para pedir esmolas e erguer uma igreja em agradecimento a doença curada se espalhou pela região e atraiu alguns artistas famosos da época, que se dirigiram para Congonhas com intuito de ajudar a terminar a obra.

Detalhe da obra de Aleijadinho diante da igreja

Nomes como Manoel da Costa Ataíde, Francisco Xavier Carneiro, João Nepomuceno e Antônio Francisco Lisboa se dedicaram a trabalhar na futura basílica, que foi concluída em 1790, apesar de as obras para escadarias e outras áreas só terem sido concluídas em 1830.


As imagens confeccionadas em tamanho real

Mas foi no ano de 1796 que Aleijadinho começou a trabalhar nas imagens que são consideradas suas obras primas. O artista já era bem famoso nessa época e sua doença estava em estado bem avançado, obrigando-o a trabalhar com as ferramentas amarradas ao corpo.

Detalhe da obra de Aleijadinho

Aline e a imagem do profeta Daniel com o leão aos pés

Entre os anos de 1796 e 1805 Aleijadinho confeccionou 78 imagens em pedra-sabão, sendo os 12 Profetas as mais famosas e que estão hoje expostas no Adro da Igreja. O conjunto arquitetônico e artístico da Igreja de Bom Jesus dos Matosinhos foi reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO em 1985.

A Igreja de Bom Jesus dos Matosinhos com os Doze Profetas de Aleijadinho: Patrimônio Cultural da Humanidade

As outras 66 imagens contam a história da Paixão de Cristo e estão distribuídas no Jardim dos Passos na praça diante da Igreja.

Jardim dos Passos diante da igreja

Cada Passo da Paixão abriga imagens de Aleijadinho, mas muitas destas também apresentam traços de outros artistas, provavelmente discípulos e aprendizes que ajudaram no trabalho.

Uma das capelas dos Passos de Cristo

Obras de Aleijadinho e seus discípulos

Diferente dos 12 Profetas as imagens no Jardim dos Passos ganharam cores, tendo sido pintadas pelos mestres Ataíde e Francisco Xavier.

Parte das 66 obras de Aleijadinho nas Capelas dos Passos

Diferentes dos Profetas estas imagens ganharam cores

Ao lado da igreja chama atenção a sala de Ex-Votos, onde estão centenas de objetos oferecidos em agradecimento a curas e milagres atribuídos ao Bom Jesus dos Matosinhos.

Ex-Votos: Agradecimentos por graças recebidas

Nossa passagem por Congonhas foi rápida, pois passamos apenas metade de um dia por lá, mas aproveitamos para almoçar e indico o Restaurante Casa da Ladeira, próximo a igreja, que tem uma boa comida mineira.

Restaurante Casa da Ladeira

A cidade hoje não apresenta muito mais ao viajante além da igreja e suas obras de arte, mas em dezembro de 2015 foi inaugurado o Museu de Congonhas que conta um pouco da história da região e funciona como uma extensão da parte histórica da cidade e oferece um novo mergulho nas obras de pedra-sabão de Aleijadinho.

Recém inaugurado Museu de Congonhas
Réplica das obras de Aleijadinho serão expostas no museu

O museu conta com sala de exposições, auditório e espaços educativos, além de uma cafeteria e um anfiteatro ao ar livre que cercam a exposição permanente sobre a as obras, a cidade e a fé do povo. Vale a pena passar por lá ;-)

Museu de Congonhas

Exposição permanente sobre religião e cultura

Raro retrato de Aleijadinho no museu

No final da Alameda das Palmeiras está a Romaria, uma área destinada a abrigar os romeiros que até hoje caminham até Congonhas para o Jubileu do Senhor de Bom Jesus de Matosinhos no início do mês de Setembro. As romarias até a cidade ocorrem desde 1770.

Alameda das Palmeiras


Área dedicada as romarias religiosas

Não há muito mais o que ver pela cidade, mas dei uma volta e fui conhecer outras duas igrejas de Congonhas: Igreja de São José Operário e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Ambas estão em uma área alta da cidade e de uma se avista a outra ao longe.

Igreja de São José Operário vista da Igreja de N. Sra da Conceição

Igreja de N. Sra. da Conceição vista da Igreja de São José

A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição foi a primeira da cidade tendo sido aberta em 1735. Conta a história que a construção foi realizada a revelia da Coroa Portuguesa e que seus alicerces foram construídos em apenas um único dia.

A Igreja Matriz de N. Sra. da Conceição foi a primeira de Congonhas

A Igreja de São José Operário encontra-se em meio a um casario colonial na Ladeira do Bom Jesus e sua construção data de 1817. Em seu interior uma imagem de São José ensinando o menino Jesus a rezar.

Igreja de São José Operário

A Ladeira do Bom Jesus abriga o casario colonial


Para finalizar:

- Não há muito o que fazer ou ver em Congonhas além, é claro, das obras de Aleijadinho na Igreja de Bom Jesus dos Matosinhos;
- Metade de um dia já é o suficiente na cidade, logo planeje seu mochilão por Minas Gerais encaixando a cidade no deslocamento
- Se estiver vindo do RJ ou de SP pela estrada para Belo Horizonte, vale uma parada para almoçar em Congonhas, antes de chegar a BH, aproveite e conheça as obras antes de seguir viajem;
- Congonhas está a apenas 70 km de distância de Belo Horizonte.



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