Brumadinho
é uma pequena cidade em Minas Gerais que cresceu ao lado de Belo Horizonte, mas
que começou a aparecer no mapa com o surgimento do Instituto Inhotim, um grande
museu de arte contemporânea, mas estando cravado entre a Serra do Rola Moça e a
Serra da Moeda, Brumadinho possui distritos e atrações que podem ir além do
famoso museu.
Como
Chegar
Brumadinho
está a apenas 65 Km de distância de Belo Horizonte e pode ser acessado pelas
rodovias Fernão Dias (BR-381) e BR-040. Para quem vai pela primeira basta pegar
a saída 501 para Mário Campos, virando a direita em um posto de gasolina BR a
estrada te levará até o centro de Brumadinho. Quem vai pela BR-040 deve seguir
no sentido BH-RJ e pegar a saída 567 para Inhotim. Atenção, pois existe a
possibilidade de pegar a saída 565 para Piedade do Paraopeba, mas neste caso
fique atento na saída que é meio escondida por ter o trecho de 10 metros entre
a BR e a estrada secundária de terra, depois disso a estrada é asfaltada
(apesar de não ser muito boa).
Serra
da Moeda
Indico
seguir pela saída 567 da BR-040 (sentido RJ), pois a estrada sobe a Serra da
Moeda e em poucos quilômetros te leva até o “Topo do Mundo”.
Topo do Mundo: Restaurante e pista de parapente |
O
Topo do Mundo é um restaurante instalado no topo da Serra da Moeda ao lado de
uma rampa de voo livre. O lugar é bem concorrido, principalmente no fim do dia
onde o pôr do sol é um espetáculo no lugar.
Restaurante com uma linda vista no topo do mirante |
O
lugar é bem distante de Brumadinho (aproximadamente 35 Km) e quem esperar o fim
do dia no mirante vai encontrar uma estrada bem ruim em meio a noite até o
centro de Brumadinho (neste caso vale a hospedagem em Piedade do Paraopeba, que
é mais pertinho do mirante).
Paisagem no mirante Topo do Mundo |
Só
fique atento com os dias e horários, pois nas segundas feiras o restaurante não
abre e aos domingos fecha as 19h.
Fazenda
dos Martins
Seguimos
pela via alternativa e tomamos a estrada de terra para conhecer uma das
construções mais antigas da região.
A
Fazenda dos Martins foi construída no século XVIII e a história da visitação
deste lugar é meio confusa, pois a fazenda foi tombada pelo Instituto Estadual
de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais desde o ano de 1977, mas só
em 2012 foi feito um acordo para que os donos abrissem a visitação turística.
Por
fora o casarão é de alvenaria e pedra, por dentro paredes de pau a pique
separam os cômodos, mas não entramos para conhecer. Nos foi indicado que os
moradores habitam a casa e que poderíamos bater a porta e pedir para conhecer,
mas ao chegar lá encontramos a placa turística com o nome do lugar tapada com
um saco preto e deduzimos que talvez não quisessem receber visitas... pode ser
que sim ou que não, mas nunca saberei, apenas visitamos as áreas externas do
casarão.
O
casarão já foi a Casa Grande da Senzala de uma época em que a escravidão
dominava a região. A região de Brumadinho é repleta de Comunidades Quilombolas
e muitas se devem a esta fazenda. Atrás
do casarão, no pátio cercado por um muro de pedras, está o que restou da antiga
senzala: O chão de pedras.
Seguimos
pelas estradas de terra que levam até as comunidades quilombolas da região e
seguimos em direção a Piedade do Paraopeba.
Percorremos as estradas de terra que cruzam fazendas e Comunidades Quilombolas de Brumadinho |
Piedade
do Paraopeba
Este
é um dos municípios mais antigos de Minas Gerais e muita gente que vai a
Inhotim escolhe este lugar como estadia, já que por aqui existem mais opções de
hospedagem e restaurantes do que em Brumadinho, além da proximidade com o Topo
do Mundo.
Chegando a Piedade do Paraopeba |
Entre
os pontos interessantes do lugarejo estão as igrejas de Nossa Senhora da
Piedade e de Nossa Senhora do Rosário, datada de 1729.
Igreja de Nossa Senhora da Piedade |
Altar da igreja |
Igreja do Rosário construída para uso dos escravos da região |
Uma
das atrações pouco conhecidas do lugar é a Cachoeira do Carrapato que fica bem
pertinho da praça da igreja. Para se chegar até ela é só descer pela rua que
está quase diante da Igreja da Piedade (diante da quina do muro da igreja do
outro lado da rua da frente), virando a direita após a ponte sobre o córrego.
Caminhe até o final da rua e ao cruzar a segunda ponte tome a esquerda, a rua
te levará ao início da trilha.
Cachoeira do Carrapato |
A
trilha que margeia o córrego é bem demarcada e curta, logo você estará na
cachoeira. Disseram que o nome da queda d’água é por conta do pasto que existia
antigamente no local, mas a verdade é que no dia seguinte encontrei alguns
pequenos (minúsculos) carrapatos em mim, portanto vale ficar atento.
Cachoeira bem no centro de Piedade do Paraopeba: Fácil acesso |
A
Cachoeira do Carrapato é uma boa queda e com um bom poço para banho (raso) em
uma clareira que permite a entrada de luz solar. Apesar dos carrapatos que dão
nome ao lugar (e eu não tenho certeza que os que estavam em mim foram dali...)
vale conhecer, pois é de muito fácil acesso, mesmo não tendo placas de sinalização. São 10 minutos de
caminhada da Igreja Matriz até ela, na dúvida pergunte a um transeunte, pois todos por
lá a conhecem e te indicarão o caminho facilmente.
Trilha curta até a queda d'água |
Brumadinho
Seguindo
por uma estrada em péssimo estado chegamos a Brumadinho. Admito que achei que o
lugar fosse menor, mas encontrei uma cidadezinha bem estruturada, com bares,
mercados e um grande e imponente Teatro Municipal.
Teatro Municipal de Brumadinho |
Nos
hospedamos no Hostel 70 VIP (são duas sedes deste hostel, uma apenas com
quartos compartilhados no centro da cidade e outra, a VIP, em uma casa com
quartos privados).
Hostel 70 VIP |
A
unidade foi montada em uma casa e não conta com portaria o tempo todo, o que
nos deixou na rua quando chegamos, achei um pouco mal estruturado nesse
sentido. O lugar não é ruim e tem uma boa atmosfera, meio hippie, mas uma casa
com quatro quartos e apenas um banheiro não é bem o que costumo ver em hostels,
acho que o lugar merecia uma adaptação para ficar perfeito, mas é uma boa opção
para quem quer um quarto privativo a um bom preço. A unidade no centro com
quartos compartilhados parece bem melhor administrada.
Hostel 70 |
Resolvemos
dar uma volta na cidade para ver o que ela oferecia e não encontramos muita
coisa. No centro encontramos um posto de informações turísticas na Casa de
Cultura Carmita Passos.
Casa de Cultura e Centro de Informações Turísticas |
As
informações que nos deram eram de algumas atrações nos arredores, como a
Fazenda dos Martins e o Topo do Mundo (nada que já não soubéssemos), acho que
ainda precisam evoluir muito em Brumadinho para receber pessoas. A própria casa
de cultura não apresenta muita coisa, tendo uma pequena exposição sobre a
cidade e uma réplica do casarão dos Martins.
Centro de cultura com pouca coisa para ver |
Maquete da Casa da Fazenda dos Martins |
No
centro da cidade está a Igreja Matriz de São Sebastião, uma construção
relativamente nova já que é do século XX.
Igreja Matriz de São Sebastião |
A
única construção histórica que encontramos por lá foi a Estação Ferroviária que
foi inaugurada no ano de 1917, o mesmo de fundação da cidade.
Estação Ferroviária de Brumadinho |
Passamos
duas noites por lá e descobrimos que se de dia não há muito o que fazer na
cidade, a noite não é diferente! Poucas opções de lugares para sair e comer e
todas fechando cedo... Em uma grande praça na rua do Hostel encontramos o Bar
do Jessinho e adoramos o lugar, na verdade um boteco de rua frequentado pelos
locais apenas, um típico lugar que vale a pena parar quando se está
mochilando... rs
Nada de gastronomia sofisticada... rs |
Outra
boa opção é jantar no Hotel Nossa Fazendinha, que serve uma pizza bem boa. Na
nossa segunda noite por lá uma grande coincidência fez que eu encontrasse uma
amiga de faculdade que nos indicou o lugar, aproveitamos para nos rever e
conhecer a pizzaria. O hotel fica um pouco antes da entrada de Brumadinho na
estrada que liga o lugar a Belo Horizonte, a poucos quilômetros do centro.
Restaurante do Hotel Nossa Fazenda: Encontrando amigos |
Instituto
Inhotim
Independente
de encontrar outras atrações pela região, todos os visitantes de Brumadinho vão
até lá para conhecer o famoso Museu de Inhotim.
Inhotim |
Inhotim
é um dos maiores museus de arte contemporânea ao ar livre do mundo e recebe
mais de 150 mil turistas por ano.
Aline diante da obra Narcissus Gardem |
Em uma das salas de exposições do grande museu |
Normalmente
recomendam no mínimo dois dias para se percorrer todo o lugar, mas fizemos em
um único dia. Quem não quer se cansar tanto e não se importa de gastar um pouco
mais pode pagar pelo direito de percorrer o lugar em carrinhos de golf, mas
isso vai de cada um...
Versão de Inmensa de 1982, criada em 2002 especialmente para Inhotim |
Famosa composição de vigas de aço de Chris Burden |
O
gosto por arte é bem individual de cada um, portanto deixo para cada um de
vocês ir e escolher o que gostou e não gostou (deixe um comentário contanto
suas obras prediletas e as que não curtiram...).
Pavilhão em domo na mata para obra de Mathew Barney |
Interessante obra com o trator que foi usado no local |
A
minha obra predileta (que sempre me fez querer ir até lá) é o Pavilhão Sônico,
composto de um furo de pouco mais de 200 metros de profundidade com microfones
e amplificadores para que se possa ouvir o “som da terra”. O visitante pode
ouvir o som vindo naturalmente do subterrâneo em um pavilhão de vidro vazio.
Bem interessante!!!
Pode-se ouvir o som da terra no pavilhão |
Furo com 202 metros de profundidade e microfones |
São
cerca de 500 obras de mais de cem artistas, como Tunga, Hélio Oticica, Vik
Muniz e outros.
Obra de Hélio Oticica |
Obra Ttéia 1C na Galeria Lygia Pape |
Além
das obras de arte espalhadas ao ar livre e em pavilhões, Inhotim apresenta
também um imenso jardim botânico, composto de diversos jardins com mais de 4000
espécies.
Jardins e paisagens são um convite a relaxar |
Espelhos harmonizam galerias no ambiente |
Galerias que interagem com a paisagem |
Uma
das mais conhecidas áreas do complexo é onde se pode plantar o próprio jardim
em letras, mas no dia em que fomos lá havia muito poucas opções de letras nas
prateleiras, eu queria formar as palavras “trilhar e mochilar” aqui para o
blog, mas só consegui fazer meu nome mesmo...
Crie seus jardins em letras e palavras |
Poucas letras disponíveis... só deu para escrever meu nome |
Algumas
obras em Inhotim oferecem experiências sensoriais e em um dia de verão você
pode mergulhar (literalmente) em algumas obras. Além de diversas obras de
interação do artista Hélio Oticica na exposição Cosmococa existe a famosa obra Piscina de Jorge Macchi ao ar livre.
Piscina com agenda telefônica: Obra ao ar livre que permite um mergulho do visitante |
São cinco obras que permitem interação total com o visitante na galeria das Cosmococas |
Caleidoscópio nos jardins |
Minha visão da Aline pelo Caleidoscópio |
Existem opções de restaurantes (caros...) e cafeterias (no mesmo padrão) na área do Instituto, já que se passa o dia todo lá dentro.
Um dos restaurantes de Inhotim |
A simpática Cafeteria do Teatro |
Casa
Branca
O
distrito é conhecido por abrigar uma das mais antigas comunidades hippies do
país e abriga uma boa quantidade de pousadas e alguns poucos bons restaurantes.
Clima "paz e amor" de Casa Branca |
Passamos
por lá apenas para conhecer e almoçamos no "Angu e Couve", que fica em um casarão
colonial ao lado da Igreja de São Sebastião, na praça principal. Nos
recomendaram o Verdes Folhas também, mas não fomos conferir (mas é super bem
falado esse restaurante, caso queira conhecer...).
Pintura no restaurante mostra o casarão e a igreja em um passado bem distante |
Capela de Casa Branca: Estão erguendo uma igreja ao lado (matando a bela paisagem da capelinha) |
Era
nossa volta para casa e resolvemos chegar na BR-040 passando pela estrada que
corta o Parque Estadual do Rola Moça.
Estrada segue pelo topo da Serra |
Mirante dos Veados |
No
topo da serra está o Mirante dos Veados (não faço ideia de onde vem o nome, nem
do parque, nem do mirante).
Mirante dos Veados |
O
vista do mirante é linda e se pode apreciar a serra com a cidade de Belo
Horizonte logo abaixo.
Belo Horizonte vista do Mirante do Parque Estadual do Rola Moça |
Dicas:
-
Existem algumas cachoeiras na região, mas não são sinalizadas e estão longe dos
centros urbanos, nas encostas das serras que delimitam o município.
Infelizmente as cachoeiras ainda não são atrações turísticas e poucas pessoas
vão te falar delas, mas algumas pousadas podem oferecer guias até lá;
-
Brumadinho não parece aproveitar o potencial turístico da região e não oferece
muitas opções de pousadas e restaurantes. É um lugar bem típico do interior e
por isso muitos não se hospedam por lá. Não digo que aconselho ficar por lá,
mas procure nas imediações também;
-
Apesar de quase nenhuma opção de restaurantes (que fecham cedo ainda por cima)
eu aconselho a ficar em algum dos distritos de Brumadinho ao invés de Belo
Horizonte ou outra opção, mais distante. Aproveite para descansar quando não
estiver caminhando por Inhotim;
-
Fizemos todo Inhotim em apenas um único dia (sim, é possível!!!), mas foi
super, mega, ultra cansativo e vale fazer em dois dias para aproveitar mais (só
fica mais caro o passeio, já que serão duas entradas no museu);
-
Piedade do Paraopeba e Casa Branca são dois distritos que podem ser usados como
base para quem está indo a Brumadinho, mas não espere nada sofisticado em
nenhum dos dois lugares. Não há muitas opções do que se fazer em nenhum dos
distritos;
-
Por fim, não deixe de passar pelos mirantes, faça como nós e chegue a
Brumadinho entrando pelo Topo do Mundo e saia de lá passando pela Serra do Rola
Moça, assim percorrerá todos os distritos e conhecerá os dois mirantes.
Atenção, pois fazer o caminho ao contrário deste pode ser mais complicado,
principalmente nas imediações do Rola Moça.
Gostei demais da parte do seu blog sobre Brumadinho. Até porque, tenho uma ligação especial com o local. Uma dica: você pode achar a razão do nome da Serra do Rola Moça, em um poema de Mário de Andrade.
ResponderExcluirhttps://www.escritas.org/pt/t/2313/a-serra-do-rola-moca
Que bom que gostou do post e obrigado pelo poema do Mário de Andrade, eu suspeitava de algo assim, mas a história parece ser mais triste do que eu imaginava
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