terça-feira, 11 de novembro de 2014

Tacna

9º Dia no Peru (dia 9 do mochilão – parte 1)

Depois de mais uma noite de sono em um ônibus, chegamos por volta de 5h30min da manhã em Tacna que é a cidade mais ao sul do Peru, quase na fronteira com o Chile.

A rodoviária é dividida em duas partes, uma de onde saem os ônibus nacionais e outra de onde saem os ônibus internacionais com destino ao Chile. Não existia nenhum lugar para comer, somente pequenas lojas que vendiam produtos industrializados, como biscoitos, pipocas prontas, entre outros.

Nos informamos sobre o procedimento para cruzar a fronteira e descobrimos que existem taxis que fazem o translado, mas o valor chega a ser três vezes maior que os ônibus e existem diferentes tipos de ônibus para o translado, sendo que os mais baratos fazem o percurso saindo em intervalos de 1h a preços bem populares.

Sentíamos fome e resolvemos aproveitar que estávamos em Tacna e ir ao centro da cidade para comer alguma coisa e assim aproveitaríamos para conhecer mais uma cidade no percurso e não apenas desembarcar na cidade e embarcar para o Chile.

Existem diversos taxis na entrada da rodoviária e eles cobram o valor de 4 nuevos soles (preço em 2014) para o percurso até a Praça de Armas da cidade.

Havia acabado de amanhecer quando o taxista nos levou até a bonita praça no centro de Tacna e o lugar ainda estava completamente deserto. A cidade parecia dormir ainda. Nem sinal de um lugar onde poderíamos tomar um desayuno. A praça é composta de um grande arco de pedra, um grande chafariz em meio a jardins muito bem cuidados e uma igreja ao fundo.

 
Aline mochilando na Plaza de Armas de Tacna
 
A praça com o arco e a catedral ao fundo


Caminhamos até o grande Arco Parabólico que com 18 metros de altura foi construído em homenagem aos heróis da Guerra do Pacífico e inaugurado no ano de 1959.

 
Arco Parabólico de Tacna

Nas extremidades do arco estão as estátuas em tamanho real de dois homenageados: o Almirante Miguel Grau e o Coronel Francisco Bolognesi.

 
Coronel Francisco Bolognesi
 
Almirante Miguel Grau


Diante do arco está um grande chafariz de 6 metros de altura, construído em bronze sobre uma base de granito. Ao redor da pileta principal estão quatro figuras que representam as quatro estações do ano. Foi construído e oferecido à cidade de Tacna no ano de 1869.

 
O chafariz com 6 metros de altura no centro da praça
 
As estações do ano em forma humana


A praça é muito bem cuidada e tem um ótimo projeto de jardinagem, com espaços para descanso e lazer.

 
Gazebo de árvores: espaço para descanso na praça

Na outra extremidade da praça está a Catedral de São José, cuja construção teve início em 1875. A obra ficou paralisada pela Guerra do Pacífico em 1879 e a ocupação chilena, sendo finalizada apenas em 1954.

 
Catedral de São José no centro de Tacna

O desenho arquitetônico neo-renascentista foi modelado com pedras extraídas do morro Intiorko, o mesmo de onde vieram as pedras de cantaria que formam o Arco Parabólico.

 
Lateral da igreja

Infelizmente a igreja estava fechada, igual a tudo ao redor da praça e não pudemos conhecer o altar e as obras de arte sacras que existem em seu interior. Atrás da Catedral uma bonita estátua do Papa João Paulo II.

 
Eu diante da homenagem a João Paulo II

Continuávamos procurando um lugar para comer, mas não havia nada aberto e o lugar parecia uma cidade fantasma. Seguimos adiante e atravessamos a via principal chegando ao Parque da Locomotiva, que foi construído para acolher à centenária Locomotiva Nº 3 (1859), construída na Pensilvânia, e que levou às tropas peruanas a defender o Morro de Arica, durante a Guerra com o Chile em 1879. Durante a invasão chilena, a locomotiva continuou interligando Tacna e Arica. Em 1940, parou de funcionar, mas foi concertada e levada para o Parque em 1977.

Aline e eu diante da histórica locomotiva nº 3

Percebemos que não conseguiríamos comer nada na cidade e decidimos voltar para a rodoviária. Retornamos pela Alameda Bolognesi, localizada a dois quarteirões do passeio cívico na praça de armas.

 
Aline e os lindos jardins de Tacna

Entre os jardins e palmeiras da alameda encontramos um monumento em homenagem ao quarto centenário da descoberta das Américas. Sobre uma base encontra-se a figura de Cristóvão Colombo.

 
Cristóvão Colombo

De volta a praça de armas paramos diante de um casarão, cuja placa na parede informava se tratar da casa do ilustre historiador Jorge Basadre Grohmann, declarado patrimônio histórico e artístico em 1978. No local funciona hoje um museu que como tudo na cidade estava fechado.

 
Antiga casa de Basadre Grohmann e atual museu

Por fim comemos os biscoitos e doces que havíamos comprado em Arequipa na noite anterior e paramos diante do prédio da Municipalidade de Tacna para tomar um taxi de volta à rodoviária.

 
Municipalidade de Tacna

Compramos as passagens nos ônibus populares que cruzam a fronteira, pagamos a taxa de embarque e antes de ir para a plataforma passamos em um guichê de câmbio para trocar os últimos 60 nuevos soles peruanos por 12.600 pesos chilenos. A diferença numérica entre os valores me fez ficar um pouco confuso a princípio.

O ônibus era decadente e sujo, com poeira cobrindo os assentos e piso. Sentamos nos últimos lugares ao lado do banheiro. As pessoas iam subindo até não ter mais lugar. Me senti no transporte público do Rio de Janeiro no horário de pico, pois as pessoas se amontoavam no corredor.

Deixamos a cidade de Tacna rumo a fronteira, atravessando o deserto peruano. A poeira entrava pelas janelas de vidros amarelados e emperradas de forma a não fechar. Em um determinado momento a porta do banheiro se abriu e vi que o lugar servia como depósito de materiais que ficavam amontoados no chão e encobriam o vaso e a pia. Não podíamos nem conversar, pois além da poeira, moscas e mais moscas empesteavam o ônibus.

Apenas 52 Km separam a cidade da fronteira e rapidamente chegamos a aduana peruana. Descemos com as mochilas para o processo de saída do país. Assinatura de papéis, bagagens no raio-x, revista pessoal e estávamos fora do Peru. Voltamos ao ônibus e seguimos mais 300 metros para descer novamente e passar pelo controle de fronteiras chileno. Assinatura de papéis, bagagens no raio-x, revista pessoal e estávamos no Chile.

Cruzando a fronteira

Dicas:

- Pesquise bem os valores para cruzar a fronteira, se quiser economizar vale pegar o ônibus popular ao invés de taxis;
- Tacna é uma bonita cidade mas não chega a ser muito turística, pois as pessoas desembarcam na rodoviária e logo tomam o ônibus para outros destinos, não rodando pela cidade;
- Os trâmites de fronteira são simples, mas podem demorar um pouco. Policiais revistam as bagagens com cães e podem pedir para abrir alguma mochila para verificações;
- Depois de sair de um país volta-se ao ônibus que percorre mais 300 metros onde se deve descer com toda a bagagem novamente para entrada no outro país. Novamente se faz preenchimento dos formulários e vistorias antes de voltar ao ônibus que leva até a rodoviária do outro país;
- Tanto Peru como Chile possuem formulários que são preenchidos na entrada e que devem ser devolvidos na saída, portanto não os perca!
- Não nos fizeram nenhuma pergunta sobre hospedagens e endereços para onde iríamos em Arica (ainda bem, pois não sabíamos ainda), apenas perguntas sobre o tempo de permanência e motivo da viagem. Apesar disso é sempre bom já ter a hospedagem reservada antes de cruzar a fronteira, para caso o agente policial pergunte seu destino certo;
- Por fim a dica de sempre para cruzar fronteiras: deixe a mão os documentos importantes (passaporte, carteira de vacinação, formulários de entrada/saída do país, etc). vale deixar isto sempre com fácil acesso e não embaixo de um monte de roupas dentro da mochila.

Gastos para 2 pessoas em meio dia de 15/03/2014:

-Taxi para o centro de Tacna: S./ 4,00
- Taxi para rodoviária: S./ 3,00
- Passagem para Arica: S./ 20,00
- Taxa de embarque: S./ 2,00

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