Depois de mais uma noite de sono em um ônibus, chegamos por volta de
5h30min da manhã em Tacna que é a cidade mais ao sul do Peru, quase na
fronteira com o Chile.
A rodoviária é dividida em duas partes, uma de onde saem os ônibus
nacionais e outra de onde saem os ônibus internacionais com destino ao Chile.
Não existia nenhum lugar para comer, somente pequenas lojas que vendiam
produtos industrializados, como biscoitos, pipocas prontas, entre outros.
Nos informamos sobre o procedimento para cruzar a fronteira e
descobrimos que existem taxis que fazem o translado, mas o valor chega a ser
três vezes maior que os ônibus e existem diferentes tipos de ônibus para o translado, sendo que os mais baratos fazem o percurso saindo em intervalos de
1h a preços bem populares.
Sentíamos fome e resolvemos aproveitar que estávamos em Tacna e ir ao
centro da cidade para comer alguma coisa e assim aproveitaríamos para conhecer
mais uma cidade no percurso e não apenas desembarcar na cidade e embarcar para
o Chile.
Existem diversos taxis na entrada da rodoviária e eles cobram o valor de
4 nuevos soles (preço em 2014) para o percurso até a
Praça de Armas da cidade.
Havia acabado de amanhecer quando o taxista nos levou até a bonita praça
no centro de Tacna e o lugar ainda estava completamente deserto. A cidade parecia
dormir ainda. Nem sinal de um lugar onde poderíamos tomar um desayuno. A praça é composta de um
grande arco de pedra, um grande chafariz em meio a jardins muito bem cuidados e
uma igreja ao fundo.
Aline mochilando na Plaza de Armas de Tacna |
A praça com o arco e a catedral ao fundo |
Caminhamos até o grande Arco Parabólico que com 18 metros de altura foi
construído em homenagem aos heróis da Guerra do Pacífico e inaugurado no ano de
1959.
Nas extremidades do arco estão as estátuas em tamanho real de dois
homenageados: o Almirante Miguel Grau e o Coronel Francisco Bolognesi.
Coronel Francisco Bolognesi |
Almirante Miguel Grau |
Diante do arco está um grande chafariz de 6 metros de altura, construído
em bronze sobre uma base de granito. Ao redor da pileta principal estão quatro
figuras que representam as quatro estações do ano. Foi construído e oferecido à
cidade de Tacna no ano de 1869.
O chafariz com 6 metros de altura no centro da praça |
As estações do ano em forma humana |
A praça é muito bem cuidada e tem um ótimo projeto de jardinagem, com
espaços para descanso e lazer.
Na outra extremidade da praça está a Catedral de São José, cuja
construção teve início em 1875. A obra ficou paralisada pela Guerra do Pacífico
em 1879 e a ocupação chilena, sendo finalizada apenas em 1954.
O desenho arquitetônico neo-renascentista foi modelado com pedras
extraídas do morro Intiorko, o mesmo de onde vieram as pedras de cantaria que
formam o Arco Parabólico.
Infelizmente a igreja estava fechada, igual a tudo ao redor da praça e
não pudemos conhecer o altar e as obras de arte sacras que existem em seu
interior. Atrás da Catedral uma bonita estátua do Papa João Paulo
II.
Continuávamos procurando um lugar para comer, mas não havia nada aberto
e o lugar parecia uma cidade fantasma. Seguimos adiante e atravessamos a via
principal chegando ao Parque da Locomotiva, que foi construído para acolher à
centenária Locomotiva Nº 3 (1859), construída na Pensilvânia, e que levou às
tropas peruanas a defender o Morro de Arica, durante a Guerra com o Chile em 1879.
Durante a invasão chilena, a locomotiva continuou interligando Tacna e Arica.
Em 1940, parou de funcionar, mas foi concertada e levada para o Parque em 1977.
Aline e eu diante da histórica locomotiva nº 3 |
Percebemos que não conseguiríamos comer nada na cidade e decidimos
voltar para a rodoviária. Retornamos pela Alameda Bolognesi, localizada a dois
quarteirões do passeio cívico na praça de armas.
Entre os jardins e palmeiras da alameda encontramos um monumento em
homenagem ao quarto centenário da descoberta das Américas. Sobre uma base
encontra-se a figura de Cristóvão Colombo.
De volta a praça de armas paramos diante de um casarão, cuja placa na
parede informava se tratar da casa do ilustre historiador Jorge Basadre
Grohmann, declarado patrimônio histórico e artístico em 1978. No local funciona
hoje um museu que como tudo na cidade estava fechado.
Por fim comemos os biscoitos e doces que havíamos comprado em Arequipa
na noite anterior e paramos diante do prédio da Municipalidade de Tacna para
tomar um taxi de volta à rodoviária.
Compramos as passagens nos ônibus populares que cruzam a fronteira,
pagamos a taxa de embarque e antes de ir para a plataforma passamos em um
guichê de câmbio para trocar os últimos 60 nuevos
soles peruanos por 12.600 pesos chilenos. A diferença numérica entre os
valores me fez ficar um pouco confuso a princípio.
O ônibus era decadente e sujo, com poeira cobrindo os assentos e piso.
Sentamos nos últimos lugares ao lado do banheiro. As pessoas iam subindo até
não ter mais lugar. Me senti no transporte público do Rio de Janeiro no horário
de pico, pois as pessoas se amontoavam no corredor.
Deixamos a cidade de Tacna rumo a fronteira, atravessando o deserto
peruano. A poeira entrava pelas janelas de vidros amarelados e emperradas de
forma a não fechar. Em um determinado momento a porta do banheiro se abriu e vi
que o lugar servia como depósito de materiais que ficavam amontoados no chão e
encobriam o vaso e a pia. Não podíamos nem conversar, pois além da poeira,
moscas e mais moscas empesteavam o ônibus.
Apenas 52 Km separam a cidade da fronteira e rapidamente chegamos a
aduana peruana. Descemos com as mochilas para o processo de saída do país.
Assinatura de papéis, bagagens no raio-x, revista pessoal e estávamos fora do
Peru. Voltamos ao ônibus e seguimos mais 300 metros para descer novamente
e passar pelo controle de fronteiras chileno. Assinatura de papéis, bagagens no
raio-x, revista pessoal e estávamos no Chile.
Cruzando a fronteira |
Gastos
para 2 pessoas em meio dia de 15/03/2014:
-Taxi
para o centro de Tacna: S./ 4,00
-
Taxi para rodoviária: S./ 3,00- Passagem para Arica: S./ 20,00
- Taxa de embarque: S./ 2,00
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