1º Dia no
Chile (dia 9 do mochilão – parte 2)
Na saída da rodoviária fomos cercados por taxistas nos oferecendo uma
corrida para o centro, mas analisando o mapa percebemos que era possível ir
andando e economizar no taxi.
Caminhamos por aproximadamente 2 Km e chegamos no Parque Carlos Ibanez, um grande calçadão do tipo “passeio” muito
bem cuidado e que cruza grandes quarteirões da cidade, chegando até o Porto de
Arica. Paramos para analisar o mapa e descobrir em que altura tínhamos que sair
do calçadão em direção ao centro.
Uma pequena exposição conta um pouco da história que o parque
homenageia, com algumas fotos históricas. Em 1958 o presidente Carlos Ibáñez del Campo promove a criação de uma junta para alavancar a economia
da cidade e decreta a criação do Porto Livre e do plano de industrialização. Os
resultados deste período ainda se podem ver na cidade, em grandes obras de
engenharia e um bonito planejamento da cidade.
Fotos e histórias na praça |
Seguimos em direção ao centro enquanto procurávamos uma hospedagem, pois
não tínhamos noção de onde ficar. Uma das primeiras paradas foi no Hostel
Athenas (Calle Colon, 678), um lugar que parecia uma pensão com quartos
humildes que tem janelas abrindo para o corredor. O preço era próximo ao que
procurávamos e como só teríamos meio dia para conhecer a cidade e uma noite
apenas no lugar, decidimos ficar por ali mesmo e não perder mais tempo
procurando. Um banho e voltamos para rua.
Chegando no Chile |
Arica é uma cidade em meio ao deserto, apesar de ser costeira, coisa
muito comum no norte do Chile já que o Atacama se estende até o mar. O centro
da cidade é bem bonito, possuindo um passeio cercado de lojas e restaurantes. Queríamos conhecer a cidade e não perder tempo comendo, por isso lanchamos
rapidamente no Mac Donald’s ao lado do centro de informações turísticas em
pleno calçadão do passeio central.
Seguimos adiante e chegamos a antiga ferrovia Arica-La Paz. A cidade se
ergueu durante a época da exploração da prata de Potossi (na Bolívia) e era a
principal rota para escoar a produção para o mar, mas a ferrovia só chegou em
Arica no ano de 1855. Nesta época Arica pertencia ao Peru, condição alterada
durante a Guerra do Pacífico em 1879 quando a cidade foi tomada pelo Chile, e
os trens só transitavam dentro do território nacional indo até Tacna, onde
havíamos conhecido a histórica locomotiva nº 3.
O prédio da centenária estação de trem sedia um museu ferroviário nos
dias de hoje. Construído em 1906, funcionava como terminal da linha entre Arica
e La Paz, hoje desativada, mas que no passado era a segunda maior ferrovia do
mundo, pois percorria 475 Km por altitudes acima de 4200 metros.
Diante do Museo Ferrocarriles
encontra-se uma praça com um chafariz e a vista do famoso Morro de Arica a
frente.
No local encontra-se também o histórico prédio da antiga Aduana da
Ferrocarril, que hoje funciona como Casa de Cultura. Construída na França e
montada em Arica no ano de 1874, quando a cidade pertencia ao Peru, exibe uma
fachada com faixas rosadas e brancas. Não estava aberta a visitação
no momento em que estávamos lá.
Compondo a paisagem diante da antiga Aduana e interligando a Plaza Vicuña Macknna está um tipo de
“piscina” que funciona como chafariz e é cercada por palmeiras que estavam
podadas tirando um pouco a beleza da paisagem.
Praça Vicuña Macknna |
Deste ponto em direção ao mar está o Porto de Arica, que fica diante do
centro da cidade e acaba completamente com a costa que poderia ser “praiana”.
Na direção oposta está a Plaza de Armas
de Arica.
Seguimos para a Praça de Armas onde encontra-se a linda Catedral de São
Marcos, mas que é chamada nos dias de hoje de Plaza Colón, em homenagem a Cristóvão Colombo, exibindo um busto do
navegador em sua extremidade norte.
Busto de Cristóvão Colombo |
A praça é bem bonita e arborizada, possuindo um chafariz em meio aos bem
cuidados jardins e palmeiras.
A Catedral de São Marcos foi pré-fabricada em estrutura metálica no ano de 1875 na França pelo
famoso engenheiro Gustave Eiffel, o mesmo responsável pelo chafariz de Tacna e
pela Aduana de Arica. A igreja foi montada na praça no ano seguinte a sua
construção, se destacando na paisagem com sua fachada em estilo neogótico.
Infelizmente estava fechada e não pudemos visitar o interior que é conhecido
pela sua beleza arquitetônica.
Seguimos caminhando na direção do mar pela costa rochosa. Arica possui
quatro praias principais, estando duas de cada lado do Porto. As praias de La Mancha e Chinchorro estão a 4 Km do centro na direção leste, enquanto a Playa La Lisera está a 2 Km para oeste.
A praia mais próxima é a de El Laucho
que fica a 1 Km do porto diante da Plaza Colón.
Caminhamos até a ex-ilha de Alacran, que tem esse nome por se tratar de
uma antiga ilha que foi ligada ao continente por uma estrada de terra. Um
grande farol é usado para orientar os navegantes. Tiramos algumas fotos e
resolvemos voltar ao centro, pois depois de Aline molhar os pés nas
extremamente geladas águas do Pacífico decidimos que não haveria tempo para um
banho de mar, portanto não adiantaria caminhar até a praia a 1 Km de distância.
Cruzamos a pista diante da orla e encontramos a Praça do Surf, uma
pequena praça com um muro colorido diante da costa com uma grande prancha de
surf como monumento principal.
De volta ao centro da cidade notamos que as ruas possuem placas e
sirenes de alerta contra Tsunamis. Não estamos acostumados com esse tipo de
risco, mas em Arica as ondas gigantes são uma preocupação quase diária, pois a
região é muito afetada por terremotos e muitos deles ocorrem no mar e produzem
os tsunamis. A cidade já foi arrasada no passado por ondas de até, incríveis,
10 metros de altura!!!! As placas são fixadas nas áreas de risco e uma zona
considerada segura na linha mais alta da cidade é demarcada por placas que
apontam para onde a população deve seguir no caso de um alerta de Tsunami.
Preocupados seguimos na direção da parte alta da cidade. Passamos pelo
passeio de pedestres ao lado da Praça de Armas e pelo bonito prédio da
municipalidade de Arica.
Nosso destino era o famoso e histórico Morro de Arica que com 110 metros
de altitude se debruça sobre a cidade.
O acesso ao morro se dá por uma subida no fim da Calle Colón, onde estávamos hospedados. Um pequeno caminho de
pedestres em meio a muita poeira nos conduz morro acima. No meio do caminho uma
parada no Mirador de La Virgen Del Carmen,
um pequeno mirante diante de um monumento dedicado a Virgem Maria.
Mirador de la Virgen del Carmen |
Depois de uma parada para descanso no mirante continuamos a caminhada
sempre para acima e finalmente chegamos ao topo de onde se tem uma vista
privilegiada da cidade.
No topo uma gigantesca bandeira chilena marca o lugar em meio a canhões
e trincheiras que foram usadas durante a Guerra do Pacífico entre os anos de
1879 e 1883.
Uma cidade no deserto |
Lembranças da guerra |
Trincheira |
Em 1999 foi construído no topo do morro El Cristo de la Paz, uma estátua de Cristo, que leva a bandeira do
Peru e do Chile, com intuito de comemorar a paz entre os 2 países.
Imagem de Cristo feita em bronze com 10 metros de altura |
Outro monumento construído no topo do morro é em homenagem aos soldados
desconhecidos mortos na Guerra do Pacífico.
Do alto pudemos ver a praia de El Laucho
em uma pequena baía na orla. As paisagens vistas do Morro de Arica são muito
bonitas e demonstram o encontro do deserto com o mar.
Arica vista de cima |
Para lembrar o episódio mais importante da cidade que foi a Batalha
Naval de Arica que terminou com a tomada do morro e da cidade pelas tropas
chilenas, foi construído o Museu Histórico de Armas em uma área pertencente as
forças militares chilenas em uma região privilegiada do Morro de Arica.
Museu Histórico de Armas |
Maquete do museu |
Armas e canhões utilizados durante a Guerra do Pacífico estão em
exposição e quadros contam a história do dia 07 de junho de 1880, quando as
tropas chilenas atacaram as fortalezas peruanas e ganharam a posse da cidade em
um episódio que ficou conhecido como Batalha de Arica ou Assalto e Tomada do
Morro de Arica.
Metralhadora em esposição |
Canhão de guerra |
Armas expostas no museu |
Canhão exposto no Museu de Armas |
Ficamos um bom tempo no topo do morro. Muitas pessoas ficam ali
esperando o pôr-do-sol que no Mar do Pacífico é bem mais tarde do que estamos
acostumados nas praias do Atlântico. Nós resolvemos não esperar, pois tínhamos
que procurar uma agência para o passeio do Parque Lauca que queríamos fazer no
dia seguinte.
Do alto pudemos ver a ex-ilha de Alacran ligada ao continente por uma
grande faixa de aterro em meio a luz de fim de tarde do sol refletida na água.
Linda a cena.
Voltamos ao centro da cidade e encontramos a agência “Turismo Lauca” com
pacotes para o passeio de um dia pelo Parque Nacional Lauca no extremo norte do
país, já na divisa com Peru e Bolívia. Fechamos o pacote para o dia seguinte.
Voltamos ao hostel bem cansados do dia. Nossa intenção era tomar um
banho, descansar um pouco e sair para jantar, já que não havíamos conseguido
comer de manhã cedo em Tacna e apenas comemos um lanche rápido na hora do
almoço para ganhar tempo. A janta seria nossa única refeição no dia, mas
estávamos tão cansados que nosso descanso virou um sono pesado e acabamos
dormindo a noite toda praticamente em jejum e não conhecemos os encantos
noturnos de Arica.
Assim terminou nosso meio dia na cidade. Infelizmente não foi possível
conhecer todos os pontos turísticos em tão pouco tempo, mas aconselho, a quem
lá for, visitar o Valle Azapa, a 10
Km do centro da cidade onde encontra-se o famoso Museu Arqueológico de Azapa
que não visitamos e os Geoglifos de Azapa que iríamos ver apenas pela janela do ônibus no caminho para o Parque Lauca no dia seguinte.
Gastos
para 2 pessoas em meio dia de 15/03/2014 (fim do dia que começou em Tacna):
- Passagens para San Pedro de Atacama: $ 26.000,00 pesos
- Hostel Athenas: $ 16.000,00 pesos
- Almoço e sorvete no Mac Donald’s: $ 7.200,00 pesos
- Água: $ 700,00 pesos
Câmbio
em Arica: U$ 1,00 = $ 570,00 pesos
Um amigo motoqueiro com estilo southern american easy rider me disse que foi à missa numa Igreja toda de estrutura metálica na cidade de Arica no Chile. Nós 2 frequentamos Igreja e eu então fui conferir a coisa. Eu mandei-lhe uma cartinha com uma foto da Catedral de São Marcos (a própria do eng.º Eiffel) onde eu o lembrava que este ano 2018 é liturgicamente o ano B Marcos e frisei-lhe que quem não tem fé vê coincidência em tudo. Anexei-lhe uma outra imagem vizinha onde escrevi que Arica é uma cidade como que visitada pelos últimos contrafortes do Andes que desceram do alto da Cordilheira e se estenderam até às margens do Pacífico num gesto de amizade e proteção à querida cidade...:)
ResponderExcluirA igreja de Arica é linda, infelizmente não pudemos ver por dentro já que estava fechada no dia em que estivemos por lá...
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