8º Dia no
Peru (dia 8 do mochilão)
Acordamos as 2h30min da madrugada, com muito pouco tempo de descanso.
Havíamos marcado com o guia as 3h no hostel para o início do tour para o Cañón Del Colca.
Com mais de 100 Km de extensão e possuindo profundidades maiores que
3500 metros, o canyon formado ao redor do Rio Colca é um dos mais fundos do
mundo. Existem diversas maneiras de explorar o canyon e pode-se conseguir
passeios de 1 a 4 dias pelo lugar. Os pacotes com mais dias incluem caminhadas
pelas montanhas, pedaladas, rafiting no rio Colca, escaladas e outras
atividades. Mas a atração que faz do canyon mundialmente famoso está em um
mirante de onde se pode observar o voo dos Condores.
Para a observação dos condores existem duas opções de pacote: de um e de
dois dias. Pesquisamos em várias agências em Arequipa e percebemos que não há
diferença nos roteiros entre os pacotes, independente do número de dias, ou
seja, o trajeto e os pontos visitados são os mesmos em um ou em dois dias de Tour. A diferença está nos horários de
saída e nas paradas no percurso de ida ao canyon. Em um dia teríamos que sair
as 3h da madrugada e viaja-se sem paradas até o mirante, com exceção do
desjejum e em dois dias a partida é as 9h da manhã com paradas nos mirantes de
montanha durante o percurso e apenas no segundo dia de manhã chega-se ao
mirante, com pernoite em um alojamento. O percurso de volta é o mesmo nos dois
casos.
Por questões de logística com o tempo que tínhamos para a viagem
decidimos otimizar o passeio e fazer em um único dia. As 3h da madrugada
estávamos, Aline e eu, sentados na recepção do hostel em Arequipa aguardando o
pessoal da Escandinavia Travel &
Adventure (Portal San Agustin, 121 – Plaza de Armas) para o início do
passeio.
Eram mais de 3h30min quando eles finalmente passaram para nos buscar.
Não voltaríamos ao hostel, portanto levamos as mochilas na van que não estava
totalmente cheia. Seguimos na direção das montanhas e nos acomodamos de forma a
dormir durante o percurso que é bem cansativo, pois são três horas até a
primeira parada para o desjejum.
Montanhas ao redor de Arequipa |
Acordei diversas vezes com as curvas na estrada que sobe a cordilheira.
O nascer do sol visto da janela da van foi bem bonito e o motorista/guia
explica que no passeio de dois dias para-se ao longo do dia para observar a
paisagem e os mirantes de montanha.
Cruzando o topo da cordilheira pode-se ver o resultado das nevascas
noturnas quando a temperatura é bem baixa. A estrada está completamente cercada
de neve e o motorista é obrigado a reduzir a velocidade para evitar acidentes
com o piso escorregadio.
Próximo as 7h da manhã chegamos na cidadezinha de Chivay, onde paramos
em um restaurante tipo “Self Service” para o desayuno. Depois de horas na estrada, e
sem dormir direito, a parada serviu bem para ir ao banheiro e poder esticar um
pouco as pernas. Ainda teríamos mais uma hora de estrada até o nosso destino
final.
É necessário pagar uma taxa para entrar no Vale do Alto Colca. Essa taxa
varia de acordo com a nacionalidade do visitante e para latino-americanos o
valor é de vinte nuevos soles por
pessoa.
Eram pouco mais de 8h da manhã quando finalmente chegamos ao Mirador de La Cruz del Cóndor que estava
totalmente tomado pelas nuvens.
O guia explica que deve-se chegar cedo, pois os condores deixam suas
tocas em meio as pedras para sobrevoar o canyon atrás de alimentos sobre o sol
da manhã e que não tem como saber se o tempo irá abrir e permitir a vista dos
bichanos.
Depois de um dia inteiro em Arequipa com as nuvens tampando os vulcões
eu fiquei bem preocupado quando olhei a paisagem cinza em meio a neblina da
manhã.
O guia nos deixa e vai buscar um grupo de pessoas que havia feito o
passeio de dois dias e iria se juntar a nós nesta manhã. Ficamos no mirante
diante da famosa Cruz que dá o nome ao lugar tentando ver alguma coisa entre as
nuvens, mas infelizmente o dia parecia que não nos traria sorte.
Aline na Cruz del Condor entre nuvens |
Admito que eu estava bem tenso achando que não veria nenhum condor e que
todo o passeio teria sido em vão quando uma pequena brecha nas nuvens revelou
dois condores pousados nas pedras a nossa frente. A brecha foi rápida e logo o
tempo fechou novamente, mas ficou uma esperança de ver as grandes aves voando.
Eram mais de 9h da manhã quando o guia retornou com a van e os
passageiros que estavam realizando o passeio em dois dias. As nuvens começavam
a se dissipar neste momento e revelava mais condores sobre as rochas nas
encostas da montanha.
O guia explica que um Condor pode chegar a mais de 3 metros de
envergadura com as asas abertas, pesando até 14 Kg. O Condor Andino é a maior
ave voadora do mundo e pode voar até 300 Km de distância em um dia.
As nuvens se dissipam de vez por volta das 10h da manhã e podemos ver
todo o paredão do Vale do Rio Colca a nossa frente. O lugar é lindíssimo,
fazendo com que nos sentíssemos pequeninos diante da grandiosidade da natureza
no Canyon.
Lindo o Vale do Rio Colca |
Para nossa alegria e das dezenas de turistas que estavam lá com máquinas
fotográficas em punho, os Condores se lançam sobre o vale como se quisessem se
mostrar para todos.
Os primeiros condores em voo |
Diversos condores surgiram |
Condores ainda um pouco distantes |
Condores se aproximando |
Fiquei abismado com o tamanho das aves e a beleza do voo. Em alguns
momentos eles sobrevoavam nossas cabeças passando bem próximos sem se importar
com a presença humana no local.
O condor muito maior que o turista que tira uma foto |
Condor diante de nós |
O voo |
Detalhe da ave gigante |
Depois de mais de uma hora de espetáculo as aves andinas começam a se
recolher entre as rochas pelo vale e somem de nossa vista.
Mais condores |
Esse passou bem perto de nós |
Cenas lindas no vale |
O último condor que vimos |
Aproveitamos o sol para algumas fotos no mirante antes de voltar para a
estrada.
Cruz del Condor |
Mirante no Canyon do Colca |
O vale do rio Colca |
As paisagens sempre compensam |
Aline |
Marco do mirante da Cruz |
O Condor é o astro no Vale |
Voltamos para a van e seguimos na estrada de terra em meio a montanha
até os arredores do vilarejo de Pinchollo, onde paramos em um mirante de onde
se pode ver os terraços agrícolas no vale com o Rio Colca ao fundo.
Rio Colca abaixo |
Terraços agrícolas |
Mirante de Pinchollo |
Nossa próxima parada foi no vilarejo de Maca, um pequeno povoado que
conta com uma linda igreja dedicada a Santa Ana de Maca.
A igreja é linda por dentro, com o altar trabalhado em madeira e
pinturas que se misturam as crenças andinas em meio as imagens dos santos
católicos.
Igreja de Santa Ana de Maca |
Altar da Igreja |
Na praça diante da igreja estava a maior atração de Maca. Moradores
locais exibiam uma águia andina e uma lhama para quem quisesse umas fotos.
Águia andina |
Águia e Lhama na praça |
Filhote de lhama |
A águia andina é linda e muito simpática. Bem treinada ela subia nos
ombros e braços dos turistas para fotos. O senhor que cuidava do animal não
cobrava nada pelas fotos, pedindo apenas uma propina que variava de acordo com a generosidade do turista.
Águia andina super mansa |
Sensação única de tocar a águia |
Aline se apaixonou pela águia andina e ficou um bom tempo admirando o
animal.
Aline e a simpática águia |
Aline se apaixonou pela águia |
No local existe um pequeno mercado artesanal, mas ficamos mais
interessados nos animais e aproveitamos para umas fotos com a lhama também.
Fazendo pose para foto |
A conversa tava boa |
De volta a estrada nos dirigimos ao povoado de Yanque. Algumas nuvens
negras começavam a nos cercar. Não paramos em Yanque e fizemos um tipo de city
tour pela janela da van, por onde o guia nos mostrou a praça e a Iglesia Inmaculada Concepción.
Arco de entrada de Yanque |
Igreja da Imaculada Conceição em Yanque |
Nossa próxima parada seria nos arredores de Yanque, em um lugar
conhecido como La Calera, um conjunto
de piscinas de águas naturais do Rio Colca.
Rio Colca em Yanque |
La Calera |
A van nos deixa diante de uma ponte de madeira e cordas sobre o Rio
Colca. Cruzamos o rio em direção ao complexo onde ficam as piscinas.
O lugar conta com uma pequena estrutura de vestiário para se trocar de
roupas e diversas piscinas de águas termais à beira do Rio Colca. Deve-se pagar
quinze nuevos soles por pessoa e
aqueles que não entraram ficaram na van.
Cada piscina tem temperatura mais quente que a outra e o banho é bem
agradável, mesmo com o vento frio e as nuvens negras que voltavam a nos cercar.
O tempo de parada para banho foi de 1h e no fim a chuva chegou nos
fazendo correr pela ponte de madeira para retornar até a van.
Banho em águas quentes enquanto a chuva não vem |
Nos acomodamos na van e seguimos para Chivay, nossa última parada, onde
iríamos almoçar no mesmo restaurante em que tomamos o desayuno de manhã cedo.
O almoço no restaurante Los
Portales foi do tipo self service
e estava bem agradável com uma boa variedade de comidas, misturando as típicas
andinas e também as tradicionais com carnes e batatas, além do já tradicional
refrigerante servido à temperatura ambiente direto da prateleira.
A chuva deu uma trégua e aproveitei para um rápido passeio pela praça
principal diante da Igreja de Nossa Senhora da Assunção.
Depois do almoço estava terminado o tour e voltamos para a estrada com
sentido a cidade de Arequipa. No caminho pudemos ver grupos de vicunhas em meio
a paisagem andina.
A viagem é longa e cansativa, tanto quanto na ida, e a noite caiu
enquanto ainda estávamos na estrada.
O motorista/guia nos deixou de volta na iluminada Praça de Armas de
Arequipa as 19h30min. Aproveitamos para admirar a praça pela última vez e
comemos um lanche nos arredores.
Tomamos um taxi para o terminal terrestre (rodoviária), onde compramos
passagem com a “Moquegua Turismo” para as 22h30min com destino a cidade de
Tacna, nossa última parada no Peru.
Esperando o taxi na Praça de Armas de Arequipa com a bagagem para 30 dias nas costas |
Mochilando em Arequipa |
Apesar de acordar as 2h30min da madrugada e passar o dia quase todo
sentado em uma van, posso dizer que o passeio ao Canyon Del Colca foi um dos grandes passeios de toda a viagem.
Estar tão próximo aos condores com quase 3 metros de tamanho e poder interagir
com a águia andina de Maca foi uma experiência indescritível. No fim o banho
nas piscinas termais naturais lavou nossa má impressão do dia anterior em
Arequipa quando não conseguimos aproveitar todas as atrações da cidade.
Compramos alguns biscoitos e doces na rodoviária para enfrentar a noite,
já que não sabíamos se teríamos um desjejum no dia seguinte, pagamos a taxa de
embarque e nos acomodamos no ônibus semi-leito para mais uma noite viajando.
Gastos
para 2 pessoas em 14/03/2014:
-
Entrada Canyon Del Colca: S./ 40,00
-
Entrada Águas Termais: S./ 30,00- Fotos em Maca: S./ 7,00
- Água: S./ 3,00
- Jantar: S./ 15,90
- Taxi para rodoviária: S./ 7,00
- Lanche: S./ 4,50
- Passagem para Tacna (Moquegua Turismo): S./ 80,00
- Taxa de embarque: S./ 5,00
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