O
Caminho Velho da Estrada Real possui 710 Km de extensão e liga a cidade de Ouro
Preto ao mar em Paraty. O caminho que hoje é percorrido em uma semana de carro
demorava mais de 60 dias para ser vencido pelos tropeiros no século XVII.
Mais
de 80% do caminho são percorridos em estradas de terra que cruzam cidades
históricas, ótimas cachoeiras, belas paisagens e muita história nos museus e
igrejas.
O Caminho Velho da Estrada Real conecta lugarejos bucólicos com cidades históricas incríveis |
Nosso roteiro pelo Caminho Velho:
Dia
1: Ouro Preto x Lagoa Dourada
Dia
2: Lagoa Dourada x Tiradentes
Dia
3: Tiradentes x Carrancas
Dia
4: Carrancas x São Lourenço
Dia
5: São Lourenço x Guaratinguetá
Dia
6: Guaratinguetá x Paraty
Dia
7: Paraty
Dia
8: Paraty (e volta ao RJ)
Nosso percurso pelo Caminho Velho da Estrada Real de Ouro Preto até Paraty |
Dia 1: Ouro Preto x Lagoa Dourada
Ouro
Preto é o centro da Estrada Real, pois todos os caminhos se encontram na
cidade. Vale tirar um dia inteiro para conhecer a mais famosa cidade histórica
mineira, mas nós já a conhecíamos (veja aqui), portanto apenas fizemos pequenas
paradas entre cada caminho por lá.
Ouro Preto com seu casario e igrejas coloniais |
Não
deixe de conhecer o Museu da Inconfidência, na Praça Tiradentes, a Casa dos
Contos, no Largo do Chafariz e a Igreja de São Francisco de Assis, com a
feirinha de artesanato na praça do outro lado da rua.
Igreja de São Francisco com a famosa feirinha diante dela |
Seguindo
o Caminho Velho logo chegamos a São Bartolomeu, cuja Igreja Matriz é
considerada uma das mais antigas de Minas Gerais.
Trecho entre Ouro Preto e São Bartolomeu |
A Igreja de São Bartolomeu é uma das mais antigas do caminho |
A
cidadezinha simples tem fama de ter ótimos doces de goiabada e boas cachoeiras
no entorno, mas apenas cruzamos suas ruas do século XVIII e voltamos para
estrada.
São Bartolomeu é uma típica cidade do interior mineiro |
Passamos
rapidamente por Glaura, pois já havíamos passado por lá no Caminho do
Sabarabuçu.
Saindo
da Igreja Matriz de Santo Antônio seguimos em direção a Cachoeira do Campo. A
planilha é um pouco confusa nessa saída da cidade e se depois de deixar a
BR-356 demorar muito para encontrar os marcos da ER provavelmente você errou o
caminho...
Matriz de Santo Antônio no centro de Glaura |
Tentamos
encontrar a Feira de Artesanato de Cachoeira do Campo, que a planilha do
Instituto Estrada Real indica, mas descobrimos que não estava sendo realizada
na época que passamos por lá.
Chegada em Cachoeira do Campo |
Em
Santo Antônio do Leite carimbamos os passaportes no Restaurante Chalé da Praça,
perto da Igreja Matriz e se não fosse tão cedo teríamos almoçado, pois o cheiro
da comida caseira estava uma delícia.
Igreja Matriz de Santo Antônio |
Uma
larga estrada de terra batida e com grande fluxo de caminhões nos leva, em meio
a poeira, até Miguel Burnier. O distrito tem esse nome em homenagem a um antigo
diretor da estrada de ferro e a pequena Estação Ferroviária, inaugurada em
1887, ainda está lá junto à Estrada Real.
Na Estrada Real |
Já
chegando a Lobo Leite passamos por debaixo das impressionantes pontes da linha
férrea por onde passam os minérios extraídos no quadrilátero ferrífero em
direção aos portos de Santos e do Rio.
Estrada de ferro cruzando a pista |
Me
chamou a atenção a Igreja de Nossa Senhora da Soledade, na praça de Lobo Leite,
que não possui torre sineira, estando os sinos em uma armação de madeira e
telhas no chão ao lado da Matriz
Igreja de Nossa Senhora da Soledade com os sinos em uma campana de madeira ao lado do templo |
Seguimos
pela Estrada Real comendo um pouco de terra e pouco mais de 4h depois de deixar
Ouro Preto chegávamos a Congonhas, conhecida como Cidade dos Profetas devido as
impressionantes imagens criadas por Aleijadinho que estão na entrada da Igreja
de Bom Jesus dos Matosinhos.
A famosa Igreja de bom Jesus dos Matosinhos em Congonhas com as obras de Aleijadinho |
Almoçamos
em um dos únicos restaurantes que existem na região da Praça do Jardim dos
Passos. Da primeira vez em que estivemos na cidade (veja aqui) visitamos as
igrejas e o Museu de Congonhas, então dessa vez apenas caminhamos pelo jardim e
visitamos as lojinhas depois do almoço, onde compramos nossa lembrança da
viagem: um mini totem da Estrada Real de pedra :-)
Jardim dos Passos no centro de Congonhas |
No
trecho entre Congonhas e Alto Maranhão a Estrada Real está bem conservada e
calçada com paralelepípedos, passando pelas ruínas da antiga Cadeia Pública.
Depois um pouco de terra até Pequeri.
Ruínas da Cadeia Pública de Alto Maranhão |
Em
Pequeri tomamos a BR-383 em direção a São Brás do Suaçuí, pois a Estrada Real
atravessa trechos de trilha para caminhantes e por dentro de fazendas.
São Brás do Suaçuí |
O
trecho entre a Igreja Matriz de São Brás e Entre Rios de Minas é somente para
carros com tração, pois são 20 Km de terra e lama, onde se atravessa um trecho
de rio. Apesar de estarmos em um 4x4 optamos pelo caminho alternativo, pois
apenas 13 Km de estrada asfaltada leva até o próximo destino (ganhamos no
mínimo 1h neste percurso pela estrada).
Na
pequena cidade de Entre Rios de Minas paramos para carimbar os passaportes da
Estrada Real e conhecemos a neogótica Igreja de Nossa Senhora de Brotas.
A igreja marca a chegada planilhada em Entre Rios de Minas |
Voltando
para a Estrada Real são mais 60 Km de muita terra, passando por Casa Grande,
até chegar em Lagoa Dourada, em um percurso de mais de 2h de duração.
Depois de um banho na pousada em Lagoa Dourada |
Nossa
intenção era de ir até Prados, mas estávamos cansados depois de um dia inteiro
dirigindo e optamos por parar e dormir em lagoa Dourada. Aproveitamos a Pousada
das Vertentes, que é ponto de carimbo, e negociamos um quarto por um bom preço
com a educada senhora dona do lugar. A pousada é super simples em um casarão
com alguns séculos de idade e o café da manhã bem humilde, mas valeu pela
economia.
Pousada das Vertentes: Ponto de carimbo do passaporte |
Nosso quarto: Sempre ficamos no mais barato durante a viagem |
A
cidade foi fundada pelo bandeirante Oliveira Leitão em 1625 e entre as igrejas
históricas da cidade destacam-se a Matriz de Santo Antônio, a pequena Igrejinha
de Bom Jesus dos Matosinhos e a Igreja do Rosário.
Igreja de Santo Antônio ao lado da pousada |
Igreja de Bom Jesus dos Matosinhos de Lagoa Dourada |
Igreja do Rosário no centro da cidade |
Mas
Lagoa Dourada é famosa por ser a cidade do Rocambole, onde o doce teria sido
criado. São diversas lojas especializadas em rocamboles, onde se pode montar
seu próprio doce com recheios personalizados. Passar pela cidade e não provar
um desses bolos é perder a maior atração de Lagoa Dourada!!!
Foi aqui que o Rocambole foi inventado |
Antes
de comer o doce lanchamos na ótima loja “Sabor da Empada” que fica do outro
lado da rua, diante do Legítimo Rocambole. Recomendo o lugar que tem empadas
deliciosas de diversos sabores. Depois de um salgado era só escolher o
rocambole e engordar nas delícias de Minas Gerais... rs.
Lagoa Dourada é a terra do Rocambole |
Esse
foi um dos dias com maior quilometragem em toda viagem e foi bem cansativo,
pois percorremos mais de 180 Km neste dia e mesmo tendo utilizado algumas vias
asfaltadas ainda é muito para um dia na Estrada Real. Então depois de lanchar
fomos dormir, até porque não há mais o que se fazer em Lagoa Dourada...
Fim do dia em Lagoa Dourada |
Dia 2: Lagoa Dourada x Tiradentes
Saímos
cedo de Lagoa Dourada e tomamos a Estrada Real em direção à Prados, que fica a
22 Km de distância.
Foram
aproximadamente 50 minutos até chegarmos na loja ArtFer Artesanato, onde
paramos para carimbar os passaportes.
Loja de arte em ferro e ponto de carimbo da Estrada Real em Prados |
Da
Igreja de Nossa Senhora do Carmo de Prados, na Estrada Real, até o distrito de
Bichinho foram apenas 20 min de estrada.
Distrito de Vitoriano Veloso conhecido como Bichinho |
O
charmoso distrito de Vitoriano Veloso é conhecido como Bichinho e possui uma
população de pouco mais de 1000 habitantes.
Mas
o lugar é um centro de artesanato da região e recebe centenas e centenas de
turistas vindos de Tiradentes. Vale parar o carro e percorrer as lojinhas que
vendem todo tipo de arte mineira.
Bichinho é totalmente voltada para o turismo com lojas de artesanatos, cafeterias e restaurantes |
Artesanato de Bichinho |
Em
Bichinho está o Museu do Automóvel da Estrada Real que possui uma interessante
coleção de carros das décadas de 1930 a 1960 e aproveitamos para mais uma
parada por ali. Fique atento no dia em que for passar por lá, pois o museu não
abre as segundas e terças-feiras.
Museu do Automóvel da Estrada Real |
Vale uma visita entre Bichinho e Tiradentes |
Próximo
ao meio dia chegamos em Tiradentes, a cidade histórica mineira que mais me
encanta e por isso reservamos o resto do dia para curtir as ruas repletas de
lojinhas e restaurantes deliciosos.
A chegada planilhada em Tiradentes é no Largo das forras |
O
percurso para esse dia foi bem curto, já que percorremos apenas 40 Km, mas a
cidade merece que se passe pelo menos uma tarde e uma noite por lá. Nós já
conhecíamos Tiradentes, mas sempre tivemos vontade de voltar, se quiser ver um
pouco mais da cidade clique aqui.
Prédio da Secretaria de Turismo que é ponto de carimbo |
Da
primeira vez que fomos a Tiradentes ficamos mais tempo e pudemos conhecer as
trilhas com cachoeiras na Serra de São José, se você planeja ficar mais um dia
inteiro na cidade pode aproveitar o ecoturismo e não só a cidade histórica,
veja aqui as trilhas da região.
Reserve uma noite para descansar em Tiradentes |
Dia 3: Tiradentes x Carrancas
Saindo
do Largo das Forras, no centro de Tiradentes, o caminho planilhado nos leva até
Cachoeira do Despacho, já no distrito de Santa Cruz de Minas.
A
cachoeira tem esse nome porque na época colonial era neste ponto que os
comerciantes se reuniam para despachar as mercadorias com os tropeiros que
seguiam a estrada para Paraty.
Cachoeira do Despacho com pouca água... |
Fica
aqui o Marco Zero do Projeto Estrada Real que depois veio a planilhar todo o
caminho e inserir os totens de pedra numerados que seguimos pelos quatro
caminhos existentes.
Marco Zero do Projeto Estrada Real |
Todos
os 11 Km do caminho até São João Del Rei estão com calçamento em bom estado e
rapidamente se chega na cidade onde nasceu, morou e está enterrado o
ex-presidente Tancredo Neves.
São João Del Rei |
Já
conhecíamos a cidade (veja aqui), pois alguns poucos anos atrás quando fomos a
Tiradentes fizemos o passeio de trem até São João Del Rei e paramos apenas para
carimbar os passaportes.
O
trecho a seguir é de trilha para caminhante então tivemos que seguir pela
BR-265 até a próxima cidade: Rio das Mortes
Foi
nesta cidade, às margens da Estrada Real, que no ano de 1810 nasceu a beata
Francisca de Paula Jesus, conhecida como Nhá Chica. O totem nº 947 está junto a
igrejinha que marca o lugar onde ela nasceu.
Pequena capela que marca o local onde nasceu Nhá Chica |
Ainda
em Rio das Mortes está o lugar onde a beata foi batizada, mas a antiga igreja
já não existe mais e o lugar é apenas uma representação no meio do mato a mais
de 10 Km de distância e estrada de barro bem ruim... apesar de termos ido até
lá, não recomendo conhecer e não está na Estrada Real.
Batistério de Nhá Chica: bem longe do centro e da ER |
Seguir
pela Estrada Real até São Sebastião da Vitória é só para quem está com um carro
4x4, pois o trajeto atravessa rio e muita lama. Para os demais a alternativa é
continuar seguindo pela BR-265.
Evite o trecho entre Rio das Mortes e São Sebastião da Vitória se não estiver em um 4x4 |
De
São Sebastião da Vitória até Caquende são 23 Km em estrada de terra. Pegamos um
pouco de chuva no caminho e as estradas viraram lama.
A chuva começa a nos cercar no caminho para Caquende |
Em
Caquende deve-se tomar uma balsa para cruzar as águas da Represa de Camargos
até o distrito de Capela do Saco, na outra margem.
Balsa no lago da Represa de Camargos e a chuva chegando |
A
nuvem negra de chuva que nos cercava na estrada estava se aproximando enquanto
esperávamos a balsa, mas felizmente a chuva não chegou enquanto estávamos ali.
Embarcando na balsa para a travessia |
Fique
atento aos horários, pois a balsa funciona de 7h as 12h e das 14h as 17h. O
nível da água da represa estava bem baixo e a travessia durou apenas 10 minutos
e custou R$ 15,00 para um carro.
Travessia de balsa entre Caquende e Capela do Saco |
Capela
do Saco é um pequeno distrito que cresceu em torno da Capela de Nossa Senhora
da Conceição, datada de 1712, que pertencia a Fazenda do Saco no passado e por
isso o nome do lugar.
A capela da antiga Fazenda do Saco que dá nome ao lugar |
A
tempestade de verão nos alcançou na estrada para Carrancas e passamos um bom
tempo em meio a forte chuva no para-brisa e lama nos pneus.
E a chuva que nos seguia finalmente nos alcançou |
São
apenas 30 Km até Carrancas, mas longe de ser fácil, pois o terreno é bem
íngreme e subimos a encosta pedregosa da montanha ainda com o solo molhado,
apesar da chuva ter nos deixado ainda lá embaixo (UFA!!!).
Estrada até Carrancas é uma das mais bonitas |
Subimos pelo terreno montanhoso depois da chuva |
Não
recomendo esse trecho para quem não está com um 4x4. Se o carro não possui
tração vale ir direto para Carrancas sem passar pela represa, pois depois não haverá
outra alternativa.
Ainda hoje sinto falta da paz e tranquilidade da Estrada Real |
Cruzamos
a serra deslumbrados pelas paisagens incríveis e 1h depois estávamos chegando
na Igreja Matriz de Carrancas e apesar de muita lama, em partes do caminho, o
céu já estava azul quando chegamos na cidade.
Estrada Real nos topos de morro seguindo para Carrancas |
Neste
dia foram menos de 100 Km que percorremos em aproximadamente 3h de viagem,
permitindo que tivéssemos tempo para aproveitar um banho de cachoeira nos
arredores da cidade.
Chegada em Carrancas |
Carrancas
tem poucas (mas boas) opções de restaurantes e hospedagens, incluindo campings,
clique aqui e veja um pouco mais da cidade e de suas cachoeiras.
Aproveite para curtir as cachoeiras de Carrancas |
Dia 4: Carrancas x São Lourenço
Alguns
imprevistos sempre acontecem em uma viagem como essa e na manhã deste dia o
pneu estava totalmente vazio, mas depois da mangueira do radiador arrebentada
no topo de uma colina entre Córregos e Conceição do Mato Dentro, no Caminho dos
Diamantes, o pneu furado em Carrancas foi molezinha de resolver. Na borracharia
da entrada da cidade o rapaz retirou um prego e fechou o buraco rapidamente...
Seguimos
a Estrada Real passando pela Fazenda Tarituba no caminho para Cruzília, mas a
fazenda estava fechada para visitação.
Fazenda Tarituba |
Cruzamos
a estrada de terra passando por fazendas, subindo e descendo os morros da
região, por aproximadamente 68 Km desde Carrancas até Cruzília.
Até hoje não sei o que está abreviado na placa (Montanha Mágica?!?! rs) |
Cruzília
é conhecida como a cidade do cavalo Mangalarga Marchador, uma das raças mais
nobres do mundo, e tem um museu dedicado a história da criação do animal na
cidade (ponto de carimbo da Estrada Real).
Museu do Cavalo Mangalarga Marchador |
Outro
atrativo da cidade é o queijo e não podemos de deixar de provar... Aproveitamos
para caminhar pelas ruas e conhecemos a bonita praça diante da Igreja Matriz de
São Sebastião, no centro da cidade.
Praça do centro de Cruzília: Nuvens negras continuam nos cercando pelo caminho Velho |
Nossa
próxima parada foi na cidade de Baependi, conhecida por ter sido o local onde
viveu e morreu Nhá Chica, mas a cidade também guarda boa gastronomia e
cachoeiras nos arredores, para aqueles que não se interessam pelo turismo
religioso.
Para
nós, depois de conhecer o lugar onde a beata nasceu era hora de aprender um
pouco sobre sua história de vida e visitar sua casa e túmulo. No complexo entre
a igreja e a casa humilde onde ela viveu, carimbamos os passaportes e visitamos
o museu que conta um pouco de sua história de vida.
Casa simples onde morou a Beata Nhá Chica |
Conhecida
por sua fervorosa religiosidade e boas ações com os necessitados, era chamada
de “Mãe dos Pobres de Baependi”. Filha e neta de escravos construiu com
recursos próprios (apesar de poucos) uma pequena capela dedicada a Nossa
Senhora da Conceição, junto a sua casa.
Nós com a estátua da Beata diante da igreja |
A
capela ficou abandonada e desabou depois de sua morte, mas no mesmo lugar foi
erguida uma igreja maior e que hoje abriga seu túmulo e depois de sua
beatificação em 2013, passou a ser conhecida como Santuário de Nhá Chica.
O túmulo de Nhá Chica está no interior da igreja |
As
próximas paradas estão no Circuito das Águas de Minas Gerais e logo a Estrada
Real nos leva até Caxambu e São Lourenço, nossos últimos destinos do dia.
As
duas cidades são separadas por 30 Km de estrada e tem como atração principal
suas instâncias hidrominerais. Os Parques das Águas de São Lourenço e Caxambu
que são pontos de carimbo da Estrada Real.
Caxambu |
Indico
conhecer os dois lugares e suas fontes de águas com propriedades medicinais
(veja aqui), mas se não puder escolha pelo menos um deles para visitar.
Visitamos os Parques das Águas das duas cidades |
Terminamos
o dia em São Lourenço e a noite saímos pelo centro e encontramos o ótimo Bar Circuito
das Cervejas, bem próximo ao Parque das Águas.
Noite em São Lourenço degustando os sabores da ER |
Cerveja artesanal de Ouro Preto para celebrar a ER |
Depois
de mais de 120 Km neste dia encontramos um bom lugar para descansar a noite no
centro da cidade e dormimos no Hotel Aliança, com um ótimo “custo x benefício”
(bom café da manhã e piscina, por um preço justo). Aproveitamos o descanso para
planejar o final da viagem e calcular o tempo de estrada do próximo dia, pois
queríamos tomar um banho na piscina do hotel antes de partir.
Antes de dormir é hora de rever as planilhas e o planejamento para o próximo dia |
Dia 5: São Lourenço x Guaratinguetá
Começamos
o dia na piscina do hotel para descansar, pois até Guaratinguetá seriam 140 Km
e o dia inteiro dirigindo. Depois de encerrar a hospedagem nos despedimos de
São Lourenço e seguimos para Pouso Alto.
Descanso na piscina do hotel em São Lourenço |
Depois da piscina: de volta à Estrada Real |
Apenas
30 minutos depois estávamos na praça da cidade. Carimbamos os passaportes e
subimos até a Praça da Matriz para ver a cidade do alto, já que a Igreja de
Nossa Senhora da Conceição fica no alto de uma colina, no centro da cidade, de
onde se tem uma bela vista da paisagem.
Pouso Alto |
Igreja de Nossa Senhora da Conceição no alto de uma colina |
Pouso
Alto é uma simpática cidadezinha interiorana cala e tranquila, com belas praças
e um povo bem acolhedor.
A praça diante da igreja é também um mirante |
Poucos
quilômetros de estrada asfaltada ligam Pouso Alto a São Sebastião do Rio Verde,
cidade que tem algumas cachoeiras, mas não fomos conhecer.
Seguindo
viagem a Estrada Real cruza trechos asfaltados e de terra até passar por
Capivari. Depois é só seguir a BR em direção a Itamonte.
Lindas paisagens nos trechos asfaltados |
Lindas paisagens nos trechos de terra |
Capivari |
Apenas
10 Km depois estávamos em Itanhandu e estacionamos o carro na praça do centro
da cidade, em frente a Igreja Matriz, para caminhar pela alameda e carimbar os
passaportes.
Chegada na Igreja Matriz de Itanhandu |
O
caminho até Passa Quatro é asfaltado na grande maioria do trecho e logo chegamos
em uma das cidades mais charmosas da região das Terras Altas da Mantiqueira.
Aproveitamos a parada para almoçar por ali.
Estação Ferroviária de Passa Quatro |
Praça em Passa Quatro |
Depois
de carimbar os passaportes seguimos para um dos lugares mais icônicos do
Caminho Velho: a Garganta do Embaú. O lugar marca a divisa entre Minas Gerais e
São Paulo.
Divisa entre Minas Gerais e São Paulo diante da Garganta do Embaú |
A
passagem dos tropeiros pela Serra da Mantiqueira se dava nesta falha geográfica
conhecida como “Garganta”, em um caminho que cruza a linha férrea várias vezes.
Aos sábados, domingos e feriados é possível conhecer a região em um passeio de
trem que sai de Passa Quatro e vai até a Estação Coronel Fulgêncio. Esse é um
trecho histórico importante e foi palco de batalhas da Revolução Constitucionalista
de 1932. Neste trecho está o famoso Túnel da Mantiqueira, dividindo MG e SP e
quem está a pé ou de bicicleta pode cruzar o caminho original, atravessando o
túnel que tem 1 Km de extensão.
Túnel da Mantiqueira na Garganta do Embaú |
Para
quem, como nós, esta fazendo a Estrada Real de carro não resta outra opção a
não ser cruzar o trecho por cima, na rodovia asfaltada, já que não passam
carros pelo túnel. Um mirante dedicado a Nossa Senhora da Conceição permite a
vista do Vale do Paraíaba por cima.
Mirante de onde se vê a Garganta do Embaú |
A
descida da Serra da Mantiqueira mescla trechos de terra originais da estrada
Real com trechos onde a mesma se mistura a rodovia SP-052 até a chegada na Vila
do Embaú, onde no passado as tropas se reuniam antes de cruzar as montanhas.
As montanhas vistas da Vila do Embaú depois de descer a serra: A chuva continua nos perseguindo |
Deste
ponto até Guaratinguetá são quase 40 Km pelo Vale do Paraíba, passando por
dentro de Lorena em um trecho que exige bastante atenção.
Deste marco no Embaú em diante tenha muita atenção para não errar |
Chamada
carinhosamente de “Guará” pelos moradores, a cidade é conhecida por ser terra
de Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro, sendo um ponto de grande turismo
religioso.
Imagem de Frei Galvão em Guaratinguetá |
A
chegada planilhada se dá na Catedral de Santo Antônio no centro da cidade. A
igreja foi erguida em 1630 e sofreu várias reformas até atingir o tamanho e
formas atuais.
Seguindo a planilha chegamos na Igreja Matriz |
Dormimos
na cidade em um hotel simples ao lado do Shopping, a noite as nuvens negras que
vimos no Vale do Embaú chegaram na cidade e trouxeram muita chuva. Saímos
apenas para comer alguma coisa no próprio shopping.
Igrejas e estações de trem são os marcos de quase todas as cidades na Estrada Real |
Dia 6: Guaratinguetá x Paraty
Neste
dia fomos conhecer um pouco da história de Frei Galvão e visitamos a Igreja do
santo e o seminário onde ele estudou. Se você se interessa por turismo
religioso não deixe de ir (veja aqui).
Seminário de Frei Galvão em Guaratinguetá |
Deixando
Guaratinguetá seguimos para Cunha em um trecho que alterna estradas de terra
com a rodovia SP-171.
Cunha
é uma linda cidade cravada na Serra da Mantiqueira e entre seus encantos está a
boa comida, sendo a truta e o cordeiro pratos fáceis de se comer por lá.
Aproveitamos para almoçar na cidade que também é famosa pela arte em cerâmica
em seus ateliês.
Chegando em Cunha: Penúltima cidade do caminho |
Caminhamos
pela praça do centro e carimbamos os passaportes ainda com o céu azul e o sol
forte sobre nós, mas o tempo na serra é bem instável no verão e logo fomos
surpreendidos por uma tempestade.
As nuvens negras se aproximando novamente |
O
trecho final da Estrada Real sobe bastante pelas colinas em estradas de terra junto
a fazendas, passando pela Cachoeira do Desterro e pela impressionante Cachoeira
do Pimenta, mas com a forte chuva uma grande Cabeça D’Água tomou o lugar.
Cachoeira do Pimenta com volume de uma Cabeça D'água |
Se
você não está em um carro com tração tome cuidado nesse trecho, pois se for
surpreendido por uma chuva terá problemas na estrada. O volume de água era
muito grande e as estradas viraram rios, além de trechos de subida que exigiram
muito do carro na lama. Uma alternativa é utilizar a SP-171 cortando esse
trecho.
A chuva formou um rio que cruzou a estrada |
Mas
a sensação de percorrer os últimos trechos originais do caminho do ouro
cruzando a Serra da Mantiqueira é incrível. Além de belas paisagens tivemos
alguns quilômetros em uma estradinha estreita que corta a mata atlântica nativa
e foi uma experiência diferente de todo o resto do caminho.
Subimos bastante pela estrada real entre Cunha e Paraty |
Paramos para admirar a paisagem no meio da Estrada Real depois da tempestade de verão |
Neste último trecho a estrada segue por dentro da mata atlântica em uma paisagem diferente de todo o resto |
Depois
de mais de 20 Km subindo a montanha em estradas de lama chegamos a Rodovia
Cunha-Paraty onde a Estrada Real desce conduzindo até o final da nossa viagem.
Depois de subir pela terra é hora de descer em direção ao mar pela Estrada Real asfaltada |
O
percurso pela SP-171 é bem sinalizado, mas não possui acostamento e passa pela
Cachoeira do Mato Limpo, que fica às margens da rodovia. Vale uma parada ;-)
Cachoeira do Mato Limpo na beira da estrada |
Seguindo
pela estrada chegamos na última fronteira estadual da viagem, onde a SP-171
passa para a RJ-165 (na verdade a mesma rodovia que hoje faz parte da BR-459).
Depois de sair do Rio, indo para Minas Gerais e uma rápida passagem por São
Paulo, estávamos de volta ao Rio de Janeiro.
A
estrada até Paraty é bem bonita percorrendo um corredor dentro da mata
atlântica e cercada por uma área de preservação ambiental dentro do Parque
Nacional da Serra da Bocaina.
Tenha
atenção na estrada sinuosa, pois a declividade é grande e são mais de 20 Km
descendo sempre. As pastilhas de freio queimam e o número de calotas
abandonadas demonstra que muitas derretem com o calor nas rodas.
A estrada corta o Parque Nacional da Serra da Bocaina |
Depois
de quase 20 dias de viagem, nos quatro caminhos da Estrada Real, chegamos a
nosso último destino: Paraty.
No
bairro da Penha está parte do caminho com o calçamento original feito pelos
escravos no século XVII. Este trecho da Estrada Real deve ser percorrido a pé e
possui 4 Km de extensão montanha acima só podendo ser feito com guia.
Estrada Real com calçamento original |
Mais
à frente está o Parque Temático Mini Estrada Real com uma interessante mostra de
réplicas em miniaturas das construções importantes de todo o caminho.
Não deixe de ir ao Parque Mini Estrada Real para fechar a viagem |
Depois
de conhecer todos aqueles lugares foi bem interessante fazer a visita guiada
que explica um pouco a história do caminho. Se você estiver começando a Estrada
Real por Paraty não deixe de ir conhecer antes de prosseguir, pois para nós
fechou a viagem, mas é uma boa introdução também.
Miniaturas dos principais pontos da ER |
Réplica em miniatura da Praça Tiradentes em Ouro Preto |
No
fim do dia chegamos ao marco onde ficava o antigo portão de entrada da cidade
murada de Paraty.
Entrada da cidade histórica de Paraty |
O
último marco (ou marco inicial, para quem começa aqui o caminho) está na Praça
do Chafariz da Pedreira. A fonte histórica foi erguida em mármore branco no ano
de 1851.
Chafariz da Pedreira |
A
noite caminhamos pelo charmoso centro histórico repleto de lojas, restaurantes,
cafeterias, sorveterias e tudo o mais que se possa imaginar e terminamos em uma
charmosa pizzaria, onde brindamos o fim da viagem.
Último marco da nossa viagem!!! |
Dia 7: Paraty
Paraty
é uma cidade que merece mais de um dia para quem não a conhece. Mesclando
história e boa gastronomia com cachoeiras e praias, oferece um roteiro completo
para o visitante (veja aqui).
Passeios
de barco saem da marina diante da famosa Igreja de Santa Rita no cais que já
foi o responsável pelo embarque do ouro que descia pela Estrada Real e nada
melhor que um mergulho para fechar a viagem do caminho do ouro em direção ao
mar.
Depois de muita terra é hora de um banho de mar para lavar a alma |
Dia 8: Paraty e Volta para Casa
Pegamos nosso certificado de conclusão do
Caminho Velho no Centro de Informações Turísticas, concluindo assim os quatro
caminhos e encerrando nossa viagem. Encerramos a hospedagem por volta do meio
dia e voltamos para casa felizes por ter terminado essa verdadeira aventura!
Excelente, muito bem explicado. Parabéns ao casal.
ResponderExcluirUm dia ainda faço.
Obrigado! Faça sim que é uma viagem incrível. Se precisar de ajuda no planejamento veja nosso post com o roteiro e dicas ;-)
ResponderExcluirbela explicação e detalhamento! estou para fazer o caminho velho em janeiro e suas experiências e informações ajudaram muito! belo trabalho!
ResponderExcluirFizemos o caminho velho em janeiro e foi ótimo, demos muita sorte e quase não pegamos chuva, é uma viagem incrível, vc vai gostar. Se precisar de alguma dica que não esteja nos posts é só pedir
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