Cartagena das Índias

Um dos destinos colombianos mais procurados pelos brasileiros, Cartagena é uma linda cidade histórica na costa do caribe.

Fizemos a viagem entre Santa Marta e Cartagena passando por Barranquilha e margeando a costa colombiana.

Paisagem no trajeto de Santa Marta para Cartagena

Onde Ficamos

Existem muitas e muitas opções de hospedagens em Cartagena e as mais procuradas e mais caras estão dentro da cidade amuralhada, no Centro Histórico ou San Diego. Mas indico buscar hostels fora das muralhas entre os bairros de Getsemaní e La Matuna.

Hostel Jet-Set em Getsemaní

Ficamos no Hostel Jet-Set que tem boas acomodações e apesar de não servir desayuno fica em uma rua bem movimentada com padarias e mercados em Getsemaní, a poucos minutos da cidade amuralhada.

Recomendo o hostel que tem quartos privados

1° dia em Cartagena

Centro Histórico

A cidade Amuralhada é o maior encanto e o motivo de tantos turistas virem até Cartagena e é incrível o número de brasileiros que encontramos por lá, acho que até chegar ali não havia encontrado nenhum brasileiro no mochilão, mas em Cartagena muitos com quem esbarrávamos nas ruas falavam português.

A Porta da Torre do Relógio é um dos principais símbolos arquitetônicos de Cartagena e foi erguida em 1631 para servir de principal entrada da cidade, tendo o relógio sido adicionado em 1911.

A principal entrada de acesso à cidade amuralhada se dá pela Porta do Torre do Relógio

Logo na entrada está a Plaza de Los Coches, de onde partem carruagens para passeios pela cidade, mas que no passado era o lugar de comércio de escravos vindos da África.

Plaza de Los Coches

Charretes oferecem passeios pela cidade

Vale conferir o Portal dos Dulces, nos arcos do canto da praça, onde bancas vendem doces caseiros típicos colombianos.

Portal dos Doces: Diversas bancas vendem guloseimas

Doces artesanais colombianos à venda no local

Caminhar pelas ruas históricas é a maior atração de Cartagena que me lembrou uma mistura de duas cidades brasileiras: Paraty/RJ e Tiradentes/MG, só que com uma muralha em volta.

Na Plaza de La Aduana está o Hard Rock Café de Cartagena. No centro da praça um monumento homenageia o navegador Cristóvão Colombo e entre os grandes casarões coloniais está a antiga aduana por onde passavam as mercadorias que chegavam pelo porto.

Praça da Aduana com o Hard Rock Café

Bem perto dali está uma das mais fotogênicas praças da cidade e onde está a Iglesia de San Pedro Claver, cercada de restaurantes, lojas e joalherias. Nesta praça encontra-se o Museu de Arte Moderna de Cartagena.

A simpática Plaza de San Pedro com a igreja de mesmo nome onde funciona um museu

O Mosteiro e Santuário de San Pedro Claver foi erguido no lugar onde morou o santo e nesta igreja ele batizava os escravos. O lugar é um museu que abriga obras de artes sacras e um belo jardim, além do quarto onde, em 1654, morreu o missionário jesuíta chamado pelo povo de “escravo dos escravos”.

Obras sacras no Museu de San Pedro Claver

Local onde morreu o santo

Mas se você está em Cartagena o que tem que fazer durante o dia é caminhar. E foi isso que fizemos nesse nosso primeiro contato com a cidade de ruas estreitas e casario colonial colorido.

Bar e lojas russas

Bar cubano

As ruas do centro são tomadas por estrangeiros e o lugar parece uma capital internacional do turismo e nas praças vendedores ambulantes vendem de tudo, desde artes até charutos, passando por vestuário e lembrancinhas diversas.

Arte vendida nas ruas

Artesanato local nas ruas de Cartagena

Para quem gosta de história a cidade é um livro aberto e as páginas negras da humanidade estão escritas por lá também, como nas três casas onde funcionou a inquisição na idade média.

Casa de Los Calabozos

Fomos mergulhar nesse passado na Casa de La Inquisición, um museu dedicado ao tema que funciona na Plaza Bolívar.

Casa de La Inquisición

Do lado de fora se pode ver a Ventana de La Denuncia, uma pequena janela onde o Tribunal do Santo Ofício recebia cartas que denunciavam anonimamente pessoas que se julgava praticar atos contra a fé cristã.

A pequena janela por onde se entregavam as denúncias anônimas

O prédio colonial abrigou o tribunal de penas da inquisição desde 1610 até 1821, que foi o terceiro deste tipo nas Américas, só atrás dos Tribunais do México e de Lima.

O tribunal de Cartagena condenou cerca de 900 pessoas nos 200 anos em que funcionou, sendo 5 destas queimadas na fogueira e as demais com castigos diversos.

O museu conta a história da inquisição na Colômbia

Percorrer as salas de exposição e conhecer essas histórias macabras e cruéis é um tanto pesado, mas recomendo fortemente a visita.

Gargantilha com pregos

Objetos de tortura expostos

Estão expostos instrumentos de tortura e as famosas estruturas usadas para condenação à morte, como a Forca e a Guilhotina, que não foram usadas em Cartagena.

Uma guilhotina original exposta

Diante do museu está a pequena e arborizada Plaza Bolívar, onde ocorrem manifestações culturais locais.

Plaza Bolívar: Local de exposições culturais o dia todo

Próximo a esta praça encontramos a Catedral de Santa Catalina de Alejandría, que começou a ser erguida em 1577 no lugar da capela original destruída em um incêndio. Interessante a história de que em 1586 um pirata sitiou a cidade e exigiu um resgate ameaçando destruir a igreja se não fosse pago. Inicialmente os espanhóis se negaram a pagar e um tiro de canhão chegou a ser disparado contra a igreja, fazendo com que o ouro fosse entregue e a cidade devolvida aos colonizadores.

Catedral de Santa Catarina de Alexandria

Voltamos a caminhar pelas ruas do centro e encontramos a movimentada Plaza de Santo Domingo, com uma igreja e claustro dedicado ao santo. Para completar a paisagem os restaurantes disputam os espaços públicos e uma escultura de Botero atrai os turistas.

A movimentada Praça de Santo Domingo

Igreja de Santo Domingo

Estava perto do fim do dia quando subimos nas muralhas que cercam a cidade e serviram para proteger Cartagena de ataques piratas.

O centro está cercado por 11 Km de uma grande muralha que demorou dois séculos para ser erguida e foi totalmente concluída em 1796.

A muralha é um charme especial na cidade e em meio às fortalezas e baluartes que compõe a fortificação estão hoje restaurantes e cafeterias.

Restaurantes ocupam a muralha

Caminhamos pelo alto da muralha até a tarde se despedir com um lindo e disputado pôr do sol. A galera vai se amontoando nos muros e baluartes e quem não chega cedo fica para trás...

A noite a cidade se ilumina e ganha mais vida ainda, pois todos os turistas que estavam espalhados em diversas áreas durante o dia se reúnem nas ruas do centro histórico a noite.

A Praça da Aduana, perto da entrada principal da cidade, e a Praça de Santo Domingo são os lugares mais badalados a noite, sendo que nesta última encontram-se teatreiros, músicos, dançarinos e outros artistas de rua que se apresentam perto da igreja.

A noite as praças e restaurantes ficam bem cheios na cidade amuralhada

Paramos para comer no ótimo “Crepes & Waffles” e depois fomos na sorveteria da mesma rede que mega recomendamos, mas escolher onde comer é um dos programas noturnos de Cartagena rs.

Sorveteria da Crepes & Walffles

2° dia em Cartagena

Bairros Getsemaní e La Matuna

Depois de um dia inteiro pelo centro era hora de conhecer o lado de fora das muralhas. Acordamos cedo, tomamos o desayuno na padaria perto do hostel e seguimos pelas ruas do bairro de Getsemaní.

Perto da padaria estava a Igreja da Santíssima Trindade na praça de mesmo nome, onde a noite se concentram os visitantes e algumas manifestações culturais agitam o bairro.

A praça diante da igreja tem muito movimento de turistas a noite

As ruas antigas de Getsemaní abrigam casarões não tão conservados como na Cidade Amuralhada, mas na maioria das ruas tudo estava bem preservado.

Algumas ruas de Getsemaná estão menos conservadas

A pequena Ermita de São Roque tem uma história interessante, pois foi construída no século XVII junto a um hospital para tentar minimizar os efeitos da peste que assolava a cidade na época.

Igreja de São Roque construída junto de um hospital para combater a peste

Seguindo na direção do mar encontramos o Parque Del Centenario que tem bonitos jardins de inspiração francesa e um monumento em homenagem aos heróis da independência da cidade.

Parque Centenário: Agradável área verde

Diante do parque um grande calçadão homenageia os mártires da independência que foram fuzilados e enforcados em 1816. É interessante ver que o povo coloca coroas de flores ainda hoje diante das estátuas dos heróis. No final do Camellón de Los Mártires está a Plaza de La Paz, diante da Torre do relógio na porta principal da antiga cidade.

Diante da Cidade Amuralhada está a marina e antigo porto por onde chegavam mercadorias e escravos.

Hoje a marina é usada para ancoragem de barcos de passeios e daqui partem os tours para Isla Del Rosario e Playa Blanca. Aproveitamos para fechar um pacote com um representante de uma agência que nos abordou no Parque de La Marina e ofereceu bons preços, mas baratos dos que vimos em outras agências.

Parque entre a marina e as muralhas

Do outro lado da marina um imenso e moderno centro de convenções domina a paisagem e contrasta com os antigos prédios do Teatro Colon e da Igreja da Ordem Terceira, onde os militares mortos recebiam honras antes de serem enterrados.

Teatro Colón

Igreja da Terceira Ordem

Apesar de estar fora da chamada Cidade Amuralhada os bairros de Getsemaní e La Matuna são cercados por uma segunda linha de muros de proteção que vão até as águas da Baía de Cartagena. Destaque para o Baluarte El Reducto, onde funciona um bar chamado Casa de La Cerveza... o nome já diz que é um bom lugar ;-)

Baluarte El Reducto

Um bar cervejeiro funciona no baluarte e é encantador a noite

Voltamos caminhando e cruzamos a ponte em direção ao Castelo de San Felipe de Barajas, um dos principais pontos turísticos fora da cidade velha.

Castillo de San Felipe de Barajas

O castelo foi erguido em 1657 no alto de um monte para proteger a cidade a partir de um ponto estratégico.

Passamos mais de duas horas no interior do castelo e percorremos os túneis sob a muralha e seus calabouços.

Caminho por dentro da muralha

Os baluartes e fortalezas do castelo funcionam como mirantes de onde se tem uma boa vista da cidade velha e do moderno bairro de Boca Grande com seus edifícios.

Na casinhola onde funcionou o antigo hospital é possível assistir a um vídeo que explica a história da cidade, do castelo e de todas as fortificações da região. Bem interessante do ponto de vista histórico.

Na volta do castelo seguimos para o bairro de La Matuna passando pelo Monumento a Índia Catalina, uma lendária ancestral que se tornou escrava e terminou como intérprete para os invasores coloniais e hoje é um símbolo do povo e da cidade.

Monumento em homenagem a índia Catalina

Bairro Bocagrande

Apesar de estar à beira do Mar do Caribe a cidade de Cartagena não possui boas praias. O mar diante da Cidade Velha bate na costa rochosa e não permite banho.

O bairro de Bocagrande guarda as únicas praias em que se pode mergulhar em Cartagena., mas não espere águas claras e esverdeadas com areias brancas... De um lado está a poluída baía de Cartagena e do outro o mar agitado!

Praia em Bocagrande

Barracas de praia típicas na Colômbia

Bocagrande é um bairro moderno com edifícios novos e toda a estrutura de uma grande cidade em uma península. Aproveitamos para almoçar no Shopping Center que fica diante do mar e tem uma ótima vista da orla.

Vista da praça de alimentação do Shopping Bocagrande

Para minimizar os efeitos da maré nas ruas do bairro, foram construídos moles de pedras que quebram a força das ondas e formam praias entre eles que permitem o banho de mar. Guarda vidas ficam alertas e não deixam que ninguém se aproxime das pedras ou se afaste da costa na direção do mar.

Passamos a tarde na praia de Cartagena

Na praia e pelas ruas vimos um pássaro preto muito comum na região e que é conhecido como Maria Mulata. Apesar de ter origem mexicana o bichano ganhou até uma praça em sua homenagem no bairro.

Praça Maria Mulata: Homenagem ao pássaro

Bairro San Diego

Depois de umas horas na praia voltamos para o hostel, tomamos um banho e seguimos de volta para a Cidade Amuralhada, mas desta vez pelo Bairro de San Diego.

Cafeteria montada em um jipe nas ruas de san Diego

O bairro está dentro da cidade velha e é, na verdade, uma continuação do centro histórico.

O Parque Fernandez de Madrid, que homenageia um dramaturgo colombiano, é onde foi erguida a primeira fonte de água de Cartagena e onde encontra-se a Igreja de Santo Toribio. Nos arredores da praça existem diversos restaurantes que tornam o ambiente bem movimentado.

Parque Fernandez de Madrid e seus restaurantes e cafeterias junto da Igreja de Santo Toribio

Este bairro abriga a casa onde morou o famoso escritor Gabriel García Márquez, vencedor de um prêmio Nobel de Literatura.

A Plaza de San Diego é a principal do bairro e apesar de não ser muito grande é bem arborizada e relaxante. Nela encontra-se o Convento de San Diego datado de 1625 e que hoje é usado por uma universidade.

Convento de San Diego

Entre restaurantes e hotéis encontramos a última construção colonial dentro das muralhas. Las Bóvedas serviu como quartel e arsenal para os espanhóis e como prisão política na luta pela independência da cidade, mas hoje abriga lojas de artesanatos e bares nas antigas celas.

Las Bóvedas: Antigo quartel e arsenal

Lojas funcionam nas antigas celas

Dali subimos as muralhas até o Baluarte de Santa Catalina e depois de um dia bem cansativo andando para todos os lados paramos para relaxar e esperar o fim do dia.

O pôr do sol no Caribe não nos decepcionou nenhum dia e como todos os outros antes desse, e os que ainda viriam, o fim do dia foi lindo e colorido.

A noite música ao vivo na Praça Fernandez de Madrid e muito movimento nos refinados restaurantes do bairro. No último dia nosso em Cartagena visitamos as Ilhas Rosário, mas isso conto no próximo post...

Restaurante iluminado em San Diego

Dicas e Informações:

- Tanto o centro como os bairros próximos as muralhas são muito seguros de dia e a noite. Getsemaní é bem movimentada a noite também;

- Se você não é um mochileiro e quer conforto sem se preocupar com os gastos fique em hospedado em Bocagrande, mas terá que gastar com taxi para ir até o centro sempre;

- Em Cartagena fizemos tudo caminhando, inclusive o percurso entre o centro e Bocagrande (um pouco menos de 30 min de caminhada);

- Não visitamos os fortes na Baía de Cartagena, mas para quem visitar o Castelo de San Felipe a entrada é gratuita, no entanto, deve-se pagar o barco e a taxa da marina para se chegar lá.

Gastos para duas pessoas em março de 2017:

- Câmbio: U$ 1,00 = $ 2.700,00

- Ônibus Santa Marta x Cartagena: $ 50.000,00

- Taxi (rodoviária x hostel): $20.000,00

- Hostel (3 noites): $228.690,00

- Almoço (1° dia): $ 25.000,00

- Museu da Igreja de São Pedro: $ 24.000,00

- Museu da Inquisição: $ 38.000,00

- Lanche e sorvetes: $ 12.000,00

- Jantar (1º dia): $ 18.800,00

- Água: $ 5.000,00

- Castelo San Felipe: $ 50.000,00

- Café da Manhã: $ 16.000,00

- Almoço (2° dia): $ 27.000,00

- Jantar (2º dia): $ 41.500,00