3°
dia em Bogotá
Usamos
nosso último dia em Bogotá para ir conhecer a famosa Catedral de Sal na cidade
vizinha de Zipaquirá.
Nós na famosa Catedral de Sal de Zipaquirá: Visita de um dia a partir de Bogotá |
É
possível ir por conta própria e economizar uma grana, já que muitas agências
cobram um tanto caro para levar até lá, sem falar que por nossa conta não
ficaríamos presos aos horários do tour.
Acordamos
cedo, tomamos o desayuno do hostel,
em Bogotá, e seguimos caminhando para uma estação da Transmilenio (terminais
rodoviários interligados por ônibus articulados que cortam a cidade em vias
exclusivas).
Estação Transmilênio de ônibus articulados de Bogotá |
Para
chegar a Zipaquirá pegamos dois ônibus: O primeiro foi um Transmilenio e o
segundo um ônibus intermunicipal. Saindo do centro tomamos a linha B74 até a
estação Portal Del Norte, que é um tipo de rodoviária que concentra o fim da
linha dos veículos articulados e os integra a muitas outras linhas, municipais
e intermunicipais. Daí é só cruzar a roleta, saindo da estação da Transmilenio
(mas ainda dentro do terminal) e pegar o micro ônibus identificado com o
letreiro “ZIPA”. Este leva até Zipaquirá! Não tem como errar já que os
motoristas e trocadores ficam gritando “zipa... zipa... zipa...”.
Mochilando em "Zipa" |
O
percurso total demorou 2h, sendo uns 40 min até a Portal Del Norte no
Transmilenio e mais 1h 20min até Zipaquirá no segundo ônibus. É só pedir ao
motorista que ele avisa onde descer, se bem que é o ponto onde desembarca a
maior parte das pessoas, já que no nosso ônibus quase todos eram turistas que
iam para a catedral.
Calçadão onde desembarcamos do ônibus em Zipaquirá |
Do
ponto do ônibus em uma movimentada avenida até a entrada do complexo das minas
de sal, ainda se deve dar uma boa caminhada e aproveitamos para conhecer a
cidade no caminho.
Logo
no fim da rua encontramos a antiga estação ferroviária, onde está o Centro de
Informações Turísticas de Zipaquirá e aproveitamos para ver o que a cidade
oferecia aos visitantes.
Antiga Estação Ferroviária de Zipaquirá onde hoje encontra-se o Centro de Informações Turísticas |
Deixamos
para ir até a praça central e conhecer os museus indicados depois que
deixássemos a catedral, assim teríamos bastante tempo para curtir as minas de
sal sem nos preocupar com horário.
Uma
caminhada de aproximadamente 20 minutos nos leva até o portal de entrada do
complexo saleiro, onde uma linha branca conduz pelas escadas morro acima em
mais alguns minutos de um percurso um tanto cansativo.
No
final da subida o platô revela um belo mirante de onde se vê a cidade abaixo e
onde barraquinhas vendem artesanatos feitos com sal como lembranças do lugar.
A cidade vista da entrada da mina |
Artesanato em sal |
Seguimos
para a bilheteria e descobrimos que existem algumas opções de “combo” com
diferentes tipos de tours, cada um com seu preço. O mais simples dá direito ao
complexo onde está a catedral, um segundo inclui o Museo La Salmuera, existe um que inclui tudo isso e um passeio com
um trenzinho pela cidade e mais outro que inclui um tour pelas minas de sal em
funcionamento. Compramos o que tinha a Catedral e o museu...
A
visita é guiada e ao término o visitante pode ficar dentro do complexo o tempo que
quiser, apesar de que os turistas que chegam com as agências devem partir em
seguida, mas nós teríamos tempo suficiente para não precisar correr.
A
Catedral de Sal de Zipaquirá é considerada a Primeira Maravilha da Colômbia e
foi erguida dentro de uma mina em atividade.
Entrada da mina |
Na
verdade, os mineiros erguem pequenas igrejas e altares dentro das minas de sal
para orações e proteção durante o trabalho pesado embaixo da terra e a igreja
original encontra-se no primeiro nível de exploração, que não está mais aberto
ao público devido a riscos de desmoronamento.
Entrando na mina para a visita guiada |
Este
espaço, que está a 180 metros de profundidade, foi aberto para visitação em
1995 e é onde se encontra a nova igreja, que neste ponto se tornou uma Catedral
completa, com nave principal, e laterais, coro alto e tudo mais que tem em uma
igreja comum.
O
caminho inicial é pela Via-crúcis escavada na rocha de sal. Com iluminação
especial e simbologia abstrata, só é possível entender o significado de cada
estação da Via Sacra com a explicação do guia. Mas no geral cada estação possui
uma cruz que representa Jesus e em cada parada ela está em uma posição
diferente (por exemplo: na estação que representa a queda de Jesus, a cruz está
inclinada sobre a parede), até que a última estação, que representa a ressurreição
de Cristo, nos dá um espaço vazio em forma de cruz em uma pedra de sal (com a
explicação do guia tudo faz sentido... rs).
Estações da Via Sacra com representações abstratas na parte inicial do percurso |
Toda
Catedral que se preze tem uma cúpula no teto e apesar desta ser subterrânea não
esqueceram disto, portanto o caminho passa por uma câmara que o teto é em forma
arredondada e com uma iluminação azul que remete aos céus. É um dos lugares
mais bonitos do percurso, apesar da simplicidade.
A cúpula da Catedral: a foto não mostra a beleza que os olhos veem |
Dali
o guia nos leva ao coro alto da igreja, de onde se tem uma vista total da ampla
nave principal com a imensa cruz ao fundo. Tudo bem iluminado por um jogo de
luzes de nos deixar babando.
Era
hora de descer e a catedral possui alguns ambientes sendo a nave central a mais
impressionante, com uma cruz de 16 metros no altar e quatro colunas representando
os evangelistas sustentando o teto. Destaque ainda para a impressionante
escultura que homenageia Michelangelo.
A nave princiapl da Catedral dentro da antiga mina de sal |
Na
lateral uma capela dedicada a Virgem Maria, onde são realizadas missas
dominicais, com esculturas e pinturas das diversas padroeiras da América do
Sul. Estão lá imagens de Nossa Senhora de Lujan, da Virgem de Guadalupe e de
Nossa Senhora Aparecida, entre outras.
Capela lateral dedicada as Padroeiras da América Latina |
Imagem de N. Sra. Aparecida na capela |
Duas
outras naves estão conectadas ao centro da Catedral, na da esquerda encontra-se
uma imensa cachoeira de sal na parede do fundo e na da direita está o
batistério.
Cachoeira de sal em uma das paredes desta capela |
O
tour termina em um tipo de shopping subterrâneo, como é comum nesse tipo de
passeio os turistas são levados a lojas e barracas onde se pode comprar várias
lembranças do lugar.
Lojas para turistas no subterrâneo |
Interessante
são as lojas que vendem esmeraldas a bons preços, sendo possível comprar anéis
e brincos da pedra com apenas vinte dólares...
Objetos feitos de sal e jóias à venda |
É possível comprar esmeraldas por U$ 40,00!!!! |
Também
é possível comer por ali, mas tudo é um pouco caro, além de existirem lojinhas
de produtos de beleza a base de sal e de todos os tipos de bugiganga que um
turista pode querer.
Lanchonetes vendem de tudo um pouco dentro da mina |
Um pouco de sal para esfoliação da pele ;-) rs |
Um
detalhe interessante é a escultura na parede de acesso a esta área (local onde
termina o tour), que representa a exploração da mina pelos povos indígenas da
região no período pré-hispânico.
A arte esculpida na parede de sal demonstra a exploração da área pelos povos indígenas |
O
ingresso dá direito a dois eventos que ali acontecem: Show de Luzes e Som e
Cinema 3D. O primeiro é um rápido espetáculo em uma gruta escura com luzes e
uma música, nada de mais.
O
cinema 3D vale muito ir, pois é contata toda a história da mina em um breve
filme com linguagem para todos os públicos.
Ambiente dentro da área turística da mina |
Outro
ambiente interessante é o Espelho D’Água que foi criado para mostrar como os
espelhos são feitos à base de sal. Uma fina camada de água extremamente salgada
reflete o teto da câmara e nos da a impressão nítida de profundidade, que na
verdade, não existe...
Espelho de água e sal |
Para
finalizar um museu mostra um pouco da história da mineração de esmeraldas na
Colômbia, com uma exposição das pedras preciosas e objetos de extração.
Carro típico usado no passado pelos exploradores e símbolo da Colômbia |
Exposição de pedras preciosas |
Como
tínhamos tempo voltamos percorrendo todo o caminho com calma até a saída. Do
lado de fora tem toda uma estrutura de lazer com parede de escalada, rapel e
tirolesa, mas não fizemos nada disso. Na ampla área externa existem
restaurantes, lojas e banheiros. Aproveitamos para almoçar por ali.
Parede de escalada e rapel na área externa |
Seguimos
para o Museuo de La Salmuera,
construído nos antigos tanques de tratamento dos rejeitos da primeira mina
aberta aqui.
A
visita guiada é simples e rápida explicando sobre a estrutura da mina e seus
quatro níveis de extração. A menina que nos guia fala um pouco sobre o processo
da exploração do sal e sobre os estudos geológicos do complexo que ainda tem
previsão de funcionar pelos próximos 500 anos (fica tranquilo, não precisa ter
pressa para ir).
Paredes de sal da área de tratamento de rejeitos da antiga mina |
Interior da área de tratamento de resíduos do primeiro nível da mina |
Em
meio aos antigos dutos de escória aprendemos que tudo começou a ser explorado
antes da colonização espanhola, por índios da região e que os conquistadores
escravizaram os índios que depois foram substituídos por trabalhadores.
Área de escórias da mina antiga |
O
primeiro nível data de 1836 e o segundo funcionou por apenas 2 anos entre 1876
e 1878, quando problemas estruturais fizeram encerrar as atividades. A primeira
igreja no nível superior da mina foi erguida em 1954, enquanto se explorava o
nível mais profundo. O terceiro nível, onde hoje está a catedral, funcionou até
a década de 1990, quando se expandiu para um quarto nível que funciona até hoje
com tecnologias diferentes e extração em bolsões verticais.
Esquema simples mostra os diferentes níveis da mina |
No
fim a simpática guia explica que o antigo sistema de tratamento de rejeitos
ainda está ali na frente e na saída pudemos ver que transformaram as chicanas
do floculador em um labirinto para as crianças brincarem (e os adultos
também!!!! rs).
Antigo tanque de efluentes da mina |
Área do floculador virou um labirinto para "crianças" |
Deixamos
as minas e voltamos para a cidade, passando pelo Museu Arqueológico que está
junto a entrada do complexo. O museu abriga uma exposição com mais de mil peças
do período pré-colombiano.
Museu Arqueológico |
No
Centro de Informações Turísticas nos haviam recomendado conhecer o Museu Casa
de Quevedo, então seguimos para ele.
Museu Casa de Quevedo |
O
museu é uma casa colonial típica com objetos de várias épocas em exposição, com
destaque para a máquina de escrever de Gabriel Garcia Marquez e uma máquina de
lavar roupas de 1899 que eu nunca tinha visto antes (e olha que vamos a muitos
museus e exposições com objetos de época...).
Máquina de escrever de Gabriel Garcia Marquez |
Máquina de lavar roupas de 1899 |
Uma
menina simpática nos guia e conta sobre os aspectos construtivos típicos da
casa e sua história, que se mistura com a história colonial colombiana através
de alguns personagens que nós nem conhecíamos e outros que estranhamente
conhecíamos melhor do que os colombianos que estavam ali visitando também
(prova do quanto se aprende viajando). No fim valeu a visita, mas não é nada de
mais...
Pátio interno da casa: visita simples e rápida |
Caminhamos
pelas ruas de Zipaquirá e percebemos que não há muito mais o que ver pela
cidade.
Terminamos
nossa caminhada na praça principal diante da Igreja da Santíssima Trindade no
centro da cidade.
Igreja da Santíssima Trindade na praça principal de Zipaquirá |
Na
praça cercada por casarões antigos e bem conservados, onde também está o bonito
prédio da prefeitura.
Prédio da Prefeitura da cidade na praça |
Na
praça existem diversos restaurantes e cafeterias que nos convidam a um lanche
antes de retornar. Depois voltamos caminhando para o ponto onde chegamos e
tomamos o ônibus de volta a Bogotá.
Restaurantes e cafeterias estão nos arredores da grande praça |
Desembarcamos
no Portal Del Norte de Bogotá e pegamos um Transmileio para a rodoviária, na
verdade, foram dois, já que tivemos que fazer baldiação no caminho... Mas
depois de muitas informações pedidas nas estações, finalmente chegamos na
rodoviária onde compramos a passagem para Cali. Embarcamos as 22h para nossa
primeira noite em um ônibus.
Dicas
e Informações:
- O
horário de visita na Catedral de Sal é de 9h as 16h30min;
-
Vale ir de ônibus, sai mais barato do que qualquer tour que ofereçam e é super
fácil;
- O
Museu da Salmonera não é grande coisa;
- Se
você estiver com um carro alugado é possível chegar facilmente a Zipaquirá e o
complexo mineiro da Catedral de Sal possui um amplo estacionamento;
- Existe
um museu dedicado a Gabriel Garcia Marquez na cidade, perto da Igreja no
centro, mas não fomos visitar devido o horário.
Gastos
para duas pessoas em março de 2017:
-
Cartão de ônibus Transmilenio: $ 3.000,00
-
Ônibus Transmilenio: $ 8.000,00 (ida e volta)
-
Ônibus intermunicipal: $ 20.000,00 (ida e volta)
-
Água: $ 3.000,00
-
Catedral de Sal e Museu: $ 106.000,00
-
Almoço: $ 26.000,00
-
Jantar (Bogotá): $ 20.200,00
- Ônibus para Cali: $ 80.000,00
Olá Tiago!
ResponderExcluirParabéns, muito bom o seu relato.
Eu estou pesquisando informações sobre como chegar à Catedral de Sal e as suas dicas estão sendo bastante úteis, porém ainda estou com uma dúvida: é fácil achar o local para tomar o ônibus de volta à Bogotá? Como o desembarque não é feito em um terminal ou rodoviária, fico com receio e ter dificuldades para retornar. Você pode falar um pouquinho sobre isso?
Oi Gláucia, que bom que as informações estão ajudando, quanto a volta, não precisa ter medo, pois você pega o ônibus no mesmo ponto em que desceu, só que do outro lado da rua... é super tranquilo. É uma avenida principal com um grande calçadão dividindo as pistas, vc desce de um lado e depois pega o ônibus do outro (tem uma foto com esse calçadão aí no relato, a legenda diz que foi onde desembarcamos) e depois vai descer no terminal em Bogotá. Espero ter ajudado, qq dúvida pode comentar aqui ou curtir a pag no face e deixar msgm por lá tb ;-)
ExcluirAh, que bom! Assim fico mais tranquila.
ResponderExcluirEu tinha pensado em contratar uma excursão até lá, mas lendo o seu relato e alguns outros, percebi que é possível fazer por conta própria e eu adoro essa liberdade ... rsrsrs
Muito obrigada pela atenção e continue relatando suas aventuras mundo afora, pois isso contribui demais para o sucesso da viagem de outros trilheiros e mochileiros.
Valeu, Tiago ;)
Obrigado! Você vai curtir mais indo por sua conta com certeza e ainda vai economizar rs, a ideia do blog é ajudar mesmo, fico feliz de ter te ajudado. Boa viagem pra ti
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