O
Parque Nacional de Ubajara, na Serra da Ibiapaba, está a 350 Km de Fortaleza e
é o menor do Brasil, guardando a única gruta do Ceará.
O
bondinho que faz a ligação entre a parte alta da área de preservação e a
entrada da gruta sempre foi o maior atrativo da cidade de Ubajara e a visitação
à gruta atrai milhares de turistas para a região. Mas atualmente (2016) o
transporte está parado aguardando manutenção sem data para retornar as
atividades, mas ainda é possível chegar até a gruta pela trilha na mata.
Arte em uma parede mostra o símbolo mais conhecido do Parque |
A
entrada no parque custa R$ 5,00 e dá direito a um tour pelo roteiro
Histórico-Cultural guiado.
Entrada do Menor Parque Nacional do Brasil |
O
roteiro começa no Centro de Visitantes onde é explicado um pouco do histórico
da região, bem como são apresentadas a fauna e flora encontrada no parque e as
trilhas existentes.
Centro de Visitantes: História e características da região |
O
guia explica que a região já foi morada dos índios Tabajara e que o nome do
lugar remete ao cacique que dominava a área. Uma lenda conta que o índio morou
na gruta, que já foi de propriedade particular e abrigou diversas cerimônias
religiosas, incluindo casamentos.
Espécies da região em exposição: Educação Ambiental |
Interessante
é que esta é a única gruta do Ceará e o guia nos mostra uma maquete que apresenta
a parte já explorada, sendo que existem salões e túneis ainda não descobertos.
O parque foi criado em 1959 com o objetivo de proteger a gruta, sendo ampliado
posteriormente.
Representação da gruta em 3D |
Ao
lado do centro de visitantes existe uma área de lazer para crianças, com parquinho
para os pequeninos.
Parquinho para a criançada |
O
roteiro segue até o Mirante do Bondinho, onde fica a estação que faz a ligação
entre a parte alta do parque e a gruta, a 550 metros abaixo.
O
guia explica que o bonde está parado para manutenção sem data para voltar a
operar. O sistema foi inaugurado em 1976 e o sistema é bem antigo já não existindo
peças para manutenção adequada, portanto deve-se substituir todo o maquinário. No
entanto, até o dia em que estivemos por lá (final de 2016) não havia nem sido
iniciada licitação para a obra.
Mirante do Bondinho |
A Serra vista do mirante forma uma linda paisagem |
A cidade de Araticum vista do mirante |
O
parque sempre foi o maior atrativo turístico da região e muito se deve ao bonde
que leva até a gruta. O guia explica que com o fechamento do transporte o
movimento caiu ao extremo e que isso gerou muitas demissões nas equipes do
parque. Segundo ele, os guias eram 25 e hoje são só 5 por conta do fechamento do
sistema...
O bondinho que está fora de funcionamento |
O sistema leva até a gruta |
Trilhas de Ubajara
O
parque possui três circuitos de trilhas que podem ser feitas pelos visitantes.
A Trilha da Samambaia que leva até o Mirante da Gameleira, de nível leve e que
tem 2400 metros (ida e volta), sendo percorrida em uma hora de caminhada. A
trilha das Cachoeiras, de nível médio e que demora duas horas para ser
percorrida e a Travessia Ubajara x Araticum, de nível pesado que conduz à
cidade vizinha em mais de 3h de caminhada.
Placa com o mapa das trilhas do Parque Nacional de Ubajara |
A
trilha que conduz a Araticum também leva até a gruta e antigamente era comum
descer caminhando e subir no bonde, hoje a única opção é ir e voltar pela
trilha. A gruta está quase no final da travessia e o tempo total de caminhada
(ida e volta) fica entre cinco e seis horas, dependendo do ritmo e preparo de
cada um.
Início da Trilha da Samambaia |
A
vantagem da Trilha da Gruta é que se percorre as três trilhas existentes,
passando pelo mirante e pelas cachoeiras, mas é obrigatório o serviço do guia
que cobra R$ 150,00.
Trilha fácil até o primeiro mirante |
O
parque abre as 8h da manhã e a partir deste horário é possível fazer a trilha
completa a cada hora até o meio dia. O guia conduz um grupo de até 6 pessoas,
portanto vale esperar para ver se mais gente se junta para dividir o valor.
Início plano e ideal para famílias caminharem |
Chegamos
as 8h e não havia mais ninguém para a trilha, fizemos o roteiro histórico que
dura cerca de 40 min e voltamos para entrada do parque para ver se mais alguém
aparecia para as 9h. Demos sorte e um casal de jovens alemães apareceu para
fazer a mesma trilha e rachamos o valor por dois casais (R$ 75,00 para cada
casal).
Apesar da boa sinalização é obrigatório o acompanhamento de guias cadastrados |
A
primeira parte percorrida é a Trilha que leva até o Mirante da Gameleira, fácil
de caminhar e bem plana. Do mirante se tem uma boa visão do vale onde está a
gruta e de uma cachoeira no paredão de pedra, que estava praticamente sem água
no dia, por conta da seca na região.
A trilha para o mirante é bem fácil |
Paisagem do Mirante da Gameleira |
Cachoeira do Cafundó quase seca vista do mirante |
A
seca que assola o Ceará interferiu bastante na paisagem, pois saindo da trilha
da Samambaia seguimos para a Trilha das Cachoeiras que cruza diversos rios que
estavam praticamente sem água.
No
início da trilha um cruzeiro, de madeira de Ipê Amarelo, marca o local onde se
iniciavam procissões religiosas de peregrinação até a gruta no passado.
Cruzeiro de onde partiam procissões até a gruta |
A
trilha conduz até uma escadaria de madeira que dá acesso à Cachoeira do
Cafundó. O guia explica que nas épocas de chuvas fortes a cachoeira chega a
fechar para visitação por conta da força de suas águas e que nas secas a queda
praticamente some.
Rio Cafundó |
Acesso a Cachoeira do Cafundó |
O
rio despenca no paredão de pedras que vimos do mirante, mas nesse dia não tinha
quase água no Rio Cafundó devido a forte seca da região.
Cachoeira do Cafundó em época de seca no nordeste |
Rio Cafundó despencando no paredão: Paisagem que vimos do Mirante da Gameleira |
Voltando
para trilha seguimos em direção à gruta e nesta última etapa o terreno muda
bastante.
Início do caminho para a Gruta na travessia para Araticum |
Saindo
do circuito das cachoeiras o caminho passa a ser uma estrada de pedras
construída pelos escravos que faziam a travessia de mercadorias entre Araticum
e Ubajara.
Caminho de pedras feito pelos escravos |
O
terreno fica bem íngreme, mas todo o percurso é feito em meio à mata sem grande
exposição ao sol. Neste trecho, menos visitado pelos turistas, é comum avistar
macacos-pregos.
Macacos-Pregos são comuns nesta trilha |
Interessante
é que os macacos utilizam pedras como ferramentas para abrir pequenos
coquinhos, como faziam nossos ancestrais... Colocam o fruto em uma pedra plana
e com uma outra pedra menor batem até abri-lo. Chega a ficar a marca mais funda
na pedra, onde encaixam novos frutos para a abertura e chegamos a vê-los
fazendo isso pelo caminho (claro que quando nos viam vindo eles fugiam para as
árvores).
Os macacos usam as pedras como ferramentas para abrir as frutas |
A
trilha ainda cruza o Rio das Minas (ou o que sobrou dele em meio as pedras com
a seca) e um pequeno córrego de água, chamado Mijo da Velha, que apesar do nome
nada convidativo serve para abastecer as garrafas com água potável.
Rio das Minas cruzando a trilha |
Paisagem no meio da trilha |
Depois
de quase 3h de caminhada se chega na bifurcação que separa a travessia do
caminho para a gruta. Deste ponto caminha-se alguns metros em meio as pedras
até a base do paredão onde está a estação do bonde.
Seguindo à esquerda por mais alguns quilômetros se conclui a travessia e para direita está a gruta |
A estação do bonde que desce da entrada do parque até a gruta |
A
entrada da gruta fica fechada por um portão para garantir que não se entre sem
um guia, já que a travessia é ainda hoje utilizada livremente pelos nativos,
sendo o caminho mais curto entre as duas cidades.
Entrada para a gruta fechada por um portão: Obrigatório guia devido a depredações no passado |
Paramos
para lanchar na entrada da caverna e seguimos para conhecer seu interior. Logo
na entrada vimos muitas pichações deixadas por depredadores na época em que não
havia controle sobre a entrada. Interessante é que a inscrição mais antiga é
datada de 1890!!!
Entrando na Gruta de Ubajara |
Depredações: A pichação mais antiga data de 1890 |
O
primeiro salão é onde ocorriam as cerimônias religiosas antigamente e muitos
casamentos foram realizados neste lugar. Conhecida como "Sala da Imagem" o lugar tem até piso
construído em pedras e guarda ainda hoje uma imagem de Nossa Senhora no lugar
onde era montado o altar para as celebrações.
A Sala da Imagem é o primeiro salão |
Lugar de celebrações religiosas no passado |
A gruta
tem uma extensão conhecida de 1200 metros com 75 metros de profundidade, mas só
podemos percorrer 450 metros deste total.
No
Corredor das Maravilhas destacam-se formações rochosas típicas como cortinas,
estalactites e estalagmites, enquanto o Salão da Rosa recebeu o nome devido a
uma formação que lembra a flor no teto.
Corredor das Maravilhas |
Um
dos maiores salões visitados é o Salão do Índio, além deste, o Salão do Presépio
também recebeu o nome por conta de uma formação rochosa que lembra a cena
natalina.
Salão do Índio no interior da gruta |
A
gruta é o lar de milhares de morcegos e em um trecho o som dos animais chega a
ser ensurdecedor, bem como é insuportável o cheiro do guano que forma uma
montanha no centro do salão. O guia explica que existem áreas infestadas por
morcegos mais para dentro, mas olhando o teto se mexendo ao som dos bichanos
não consigo imaginar uma região com mais morcegos do que ali. Não deu para
registra em uma foto pelas condições de iluminação, mas acredito que você possa
imaginar... ou não! rs
A quantidade de morcegos chega a ser assustadora e o cheiro de guano toma o maior salão da gruta |
A
visita dentro da gruta dura cerca de 40 minutos e saímos fedendo a guano de
morcego (isso não é muito saudável, portanto não manuseie alimentos até
lavar-se). Era hora de voltar os 7 Km de trilha pensando como seria bom o
bondinho funcionando...
O
caminho de volta é muito cansativo, pois a subida é bem íngreme. Enquanto a
descida apresenta o mirante e a cachoeira, a subida é longa e chata... realmente
valia a pena descer pela trilha e subir no bondinho, pena que estava parado L
O caminho em pedras é fácil de percorrer, mas é muito íngreme e cansativo |
Onde Ficamos
Para
conhecer o Parque Nacional e fazer a trilha ficamos hospedados duas noites na
cidade, a primeira quando chegamos, já no fim do dia e a segunda depois da
trilha para descansar.
Existem
diversas opções de hospedagem em Ubajara, mas indico a Pousada Gruta de
Ubajara, onde ficamos, que é bem perto da entrada do parque e tem uma ótima
estrutura.
Vista da varanda do nosso quarto na pousada |
Dicas:
-
Não é necessário levar lanterna, pois a gruta possui iluminação artificial e o
guia leva uma para auxiliar;
- O
valor da trilha com o teleférico funcionando é de R$ 15,00 por pessoa, mais R$
8,00 pela volta no bondinho, mas com ele parado o valor está em R$ 150,00 para
um grupo de até 6 pessoas. Vale encontrar mais interessados e dividir a conta;
- O
Hotel Neblina Park que fica bem próximo a entrada do Parque Nacional, oferece o
uso da piscina por R$ 10,00 e é uma ótima opção para depois da caminhada;
-
Ubajara não tem vida noturna e algumas poucas opções para comer alguma coisa a
noite. Comemos uma ótima pizza de massa fina na Pizzaria Nova Lima.
Muito bom resumo sobre a trilha. Amanhã irei com um grupo fazer. Ótima explanação do lugar. Valeu.
ResponderExcluirQue bom que gostou! Espero que vc tenha uma ótima experiência como a que tivemos por lá tb ;-)
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