Carrancas,
em Minas Gerais, é conhecida pela calma e tranquilidade da natureza que a cerca.
Localizada a 300 Km de Belo Horizonte, 450 km de São Paulo e a 400 Km do Rio de
Janeiro, a cidade está sendo descoberta pelos viajantes que buscam seus
atrativos naturais.
O
curioso nome da cidade vem de uma formação rochosa que aparentava, a quem vinha
de longe, ser duas caras feias vigiando as montanhas na época em que se
procurava ouro na região. A cidade que na época se chamava Vila de Nossa Senhora
da Conceição ganhou a alcunha de Carrancas. Apesar do nome não ser originário
das peças em madeira que eram usadas nos barcos, as Carrancas viraram
artesanatos locais e misturaram o nome da cidade a arte das esculturas dos
navegadores.
Carranca artesanal vendida em Carrancas |
A
cidade é pequena e simples e a impressão que temos é de que pretende continuar
assim já que não se tem muita propaganda de suas atrações. Na praça principal
destaca-se a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, construída na
primeira metade do século XVIII.
Praça principal de Carrancas com um marco da Estrada Real |
Igreja de Nossa Senhora da Conceição com torres assimétricas |
Onde
Comer
Carrancas
é uma cidade bem pequena e com poucas opções de restaurantes, mas todos muito
bem recomendados. Além da cidade pode-se procurar nos hotéis e fazendas nos
arredores com as típicas comidas mineiras da região. Entre os mais famosos está
o Recanto Bar, no centro da cidade, mas deixo aqui minha indicação pelo
Restaurante Adobe que é simples, rústico e com uma ótima culinária, além de
contar com funcionários super simpáticos e atenciosos.
Aline e eu no rústico Restaurante Adobe |
Não
deixe de ir conhecer o Restaurante no Mirante Serra Verde, que fica no topo de
uma colina a 4,5 Km de distância da cidade (na estrada de acesso a Carrancas,
suba pelo caminho seguindo a placa do restaurante).
Restaurante no topo da colina |
Paisagem do Mirante Serra Verde |
O
restaurante está a 1330 metros acima do nível do mar e possui uma vista
incrível da região. Mesmo que não vá comer vale conhecer o lugar e admirar a
paisagem.
A cidade de Carrancas vista do mirante |
Paramos
lá para almoçar e achamos a comida ótima, mas atenção: vá sem depender do
relógio, pois os pratos demoram a ser servidos. Curta a paisagem e desfrute do
descanso no lugar enquanto espera.
Restaurante com boa comida e uma vista privilegiada |
Onde
Ficar
Normalmente
procuramos acampar ou ficar em hostels
bem econômicos, mas em Carrancas fugimos um pouco disso. Ficamos hospedados na
Pousada Além das Formas, que tem trilhas e poços com quedas d’água acessíveis a
pé, mas que exige um carro para deslocamento até o centro, já que está a 3 Km
de distância da cidade.
Pousada Além das Formas |
Pousada calma e tranquila |
A
pousada tem uma proposta mística de energia e foi projetada com base na Árvore
da Vida da Cabalah. Não sei se por isso, ou se pela natureza que cerca o lugar,
mas o clima de calma e tranquilidade toma conta da pousada e dos seus chalés e
quartos.
A cidade vista do quarto da pousada |
Cachoeiras
do Complexo da Ponte
O
Complexo da Ponte pode ser facilmente acessado por uma trilha de 100 metros a
partir da rua de acesso da Pousada Além das Formas (fica a dica, pois por este
caminho não se paga a taxa de acesso rs).
Para
quem não vai pela pousada o acesso é pela estrada que liga Carrancas a
Itutinga. O lugar ficou mais conhecido depois da construção da ponte de
concreto que batiza o complexo e duas cachoeiras são as atrações principais:
Cachoeira do Moinho e Cachoeira Salomão (também chamada de tico-tico).
Complexo da Ponte |
A
Cachoeira do Salomão é uma bonita queda d’água e possui um poço raso para banho com difícil acesso.
Vale para lavar a alma na força da água junto a pedra.
Cachoeira do Salomão, também conhecida como Cachoeira do Tico-tico |
A
Cachoeira do Moinho recebeu esse nome devido a um antigo moinho de trigo que
existia ali. Tem um ótimo poço para banho, sendo raso na maior parte, mas
atenção, pois existem buracos mais fundos espalhados sob as águas.
Cachoeira do Moinho |
A
Gruta Encantada
No
terreno nos fundos da Pousada Além das Formas está localizada uma gruta que
ficou famosa por ter sido cenário de algumas filmagens da Rede Globo de
televisão, entre elas a gravação de uma cena da novela Império (2014) onde um
personagem esconde um diamante (supostamente no Monte Roraima, mas que na verdade
era em Carrancas).
A
caminhada é de apenas 5 minutos por uma trilha simples por dentro do terreno da
pousada. A gruta possui dois estágios e é necessário atravessar um pequeno lago
(ou seria uma poça grande?) para adentrar o segunda trecho.
Gruta serviu de cenário para novelas |
Complexo
do Tira Prosa
O
Tira Prosa recebeu esse nome devido a um morador da região que adorava uma boa
conversa com os visitantes do lugar, a boa prosa deu nome ao complexo que fica
mais próximo da cidade (perto de 1 Km de distância).
Cruzando o Tira Prosa |
Pode-se
seguir uma trilha que liga o Tira Prosa ao Complexo da Ponte. O complexo é
composto de diversas piscinas naturais que formam poços rasos de água.
Pequenos poços no leito do rio |
Complexo
da Vargem Grande
A
Vargem Grande é um enorme complexo de poços e corredeiras de grande extensão
com águas limpas e bonitas paisagens pela trilha.
Complexo da Vargem Grande |
No
fim da trilha (depois de aproximadamente 30 minutos de caminhada) está o bonito
Poço da Esmeralda com uma queda d’água e um bom tamanho para banho.
Cachoeira da Esmeralda |
A
Cachoeira da Esmeralda é cercada de mata verde e o poço costuma adquirir a
mesma coloração nos dias de sol quentes, por isso recebeu o nome, já que as
pedras parecem esmeraldas esverdeadas sob as águas (pena que no dia estava
nublado e chuvoso).
Poço da Esmeralda |
Complexo
da Fumaça
O
cartão postal de Carrancas é uma das únicas cachoeiras em área pública da
cidade, mas apesar da beleza de uma queda d’água de 15 metros de altura a
Cachoeira da Fumaça tem o banho proibido por um decreto municipal.
Aline e eu diante da Cachoeira da Fumaça |
A
proibição oficial de uso das águas da cachoeira se deu em 2015, mas o banho já
não é recomendado a muito tempo, pois infelizmente todo o esgoto da cidade é
despejado, sem tratamento, nestas águas.
Complexo da Fumaça |
Cruzando
o Ribeirão de Carrancas (com cuidado para não se molhar nas águas poluídas) e
seguindo pela trilha do outro lado se chega na Cachoeira do fundo da Fumaça.
Cachoeira do Fundo da Fumaça |
Uma
caminhada por uma trilha bem definida leva o caminhante a uma das maiores
quedas d’água da região, com 40 metros de altura. A
Cachoeira do Véu da Noiva (o nome não é nada original, mas a cachoeira é
única!) possui águas limpas, pois não é formada pelo ribeirão de Carrancas.
Véu da Noiva com 40m de queda d'água |
Suba
pela trilha lateral que leva ao topo da cachoeira e você encontrará piscinas
naturais lindíssimas formadas a parir da junção dos córregos da Serra e do
Café.
Paisagem por cima da Véu da Noiva com a Cachoeira da Fumaça ao fundo, mais abaixo |
É
possível banhar-se nas águas limpas e cristalinas no alto da queda do Véu da
Noiva com uma paisagem impressionante das serras de Carrancas ao redor.
Piscinas naturais se formam antes da queda d'água da Cachoeira |
Complexo
da Zilda
O
Complexo da Zilda está a 12 Km de distância de Carrancas e é um verdadeiro
parque de diversões de ecoturismo com um caminho que chega a ter 2 Km de
trilhas, sendo um dos mais bem sinalizados da região (mas só para as cachoeiras
principais).
Complexo da Zilda |
Parando
o carro junto ao bar e camping no início do complexo (tem que pagar umas taxas
dependendo de qual direção irá tomar), seguimos primeiro para a direção do
Sítio Arqueológico da Lapa da Zilda.
Pinturas rupestres no Sítio Arqueológico da Zilda |
Quando
encontrar a placa da Cachoeira dos índios suba a trilha na direção oposta a da
queda d’água e encontrará um paredão com pinturas rupestres com mais de 3.500
anos de idade.
Placa da cachoeira na área arqueológica |
A
Cachoeira dos Índios tem um bom poço para banho e é de fácil acesso para quem
vem caminhando a partir do bar no início do complexo.
Cachoeira dos Índios |
Deixando
a cachoeira seguimos em direção a principal queda d’água da região, a Cachoeira
da Zilda. O caminho é um pouco mais longo em meio a uma trilha de dificuldade
média. Atenção, pois terá que atravessar o rio na Cachoeira dos Índios,
caminhando com a água acima dos joelhos.
Dizem que a tal Zilda gostava de tomar banho nua nestas águas e é por isso o nome da cachoeira... |
A
trilha leva até a parte de cima da Cachoeira da Zilda e a vista logo compensa,
pois pode-se ver a queda d’água, o poço e uma pequena praia de areia na outra
margem.
Cachoeira da Zilda vista da trilha |
Para
curtir o lugar cruze o rio por cima das pedras e desça do outro lado margeando
a cachoeira.
Cachoeira da Zilda: Bom poço, boa queda d'água, pequena praia para tomar sol... enfim, ótima! |
Mais
a frente pela trilha se chega ao Poço da Proa e toda a região próxima possui
cachoeiras e grutas, mas para quem não tem um guia fica muito difícil de
encontrar (nosso caso).
Retornando
pelo mesmo caminho por onde se chega na Cachoeira da Zilda e passando pelo bar
no início da trilha pode-se seguir na direção de uma das atrações mais
interessantes de ecoturismo da região: A Racha da Zilda.
Cruzando o Complexo da Zilda |
A
Racha, como o nome diz, é formado por dois paredões de pedra rasgados pelo rio
no meio, sem espaço para caminhar... Para acessar deve-se nadar contra a
correnteza por dentro do cânion que dá passagem para a Racha. Encontramos uma
pessoa alugando coletes salva vidas para quem quisesse atravessar a nado, mas não
cruzamos a racha...
Racha da Zilda: Foto de reprodução da Internet |
O
Complexo da Zilda apresenta muita variedade para todos os gostos e depois de
caminhar e relaxar nas cachoeiras principais na região do Sítio Arqueológico e
conhecer o circuito mais radical na Racha da Zilda, seguimos para a última
atração, o divertido e relaxante Escorrega.
Escorrega da Zilda: Pedra lisa termina em um trecho de rio de forma suave |
O
Escorregador da Zilda é o de melhor e mais fácil acesso em todo complexo. Com
uma nascente diferente dos demais a cachoeira é formada por uma grande pedra
lisa por onde se desce escorregando até a continuidade do rio abaixo.
Se desce pela pedra e sobe-se pelas pedras com ajuda de uma corda |
Complexo
da Toca
Entre
as principais atrações de Carrancas está o Poço do Coração no Córrego do Salto,
a 3 Km de distância do centro da cidade (na direção do Complexo da Ponte).
Completam o circuito um escorregador e a Gruta da Toca, mas não fomos nestas
áreas (como todas os demais complexos, este carece de sinalização).
Dicas:
1-
Uma vez que as atrações estão nos arredores da cidade, vale buscar hospedagens
fora do centro para ficar mais perto das cachoeiras, como também vale um carro
ou bicicleta para não ficar preso;
2- A
cidade não tem interesse no turismo e os lugares não são sinalizados. Pelo
mesmo motivo não espere muita coisa da noite na cidade, pois se resume a
caminhar por ruas desertas e parar para comer em algum bar ou restaurante e só;
3- Carrancas
possui mais de 100 atrações naturais entre cachoeiras, trilhas e grutas. Se
quer conhecer muitas cachoeiras contrate um guia local, pois não existem muitas
placas indicativas e os lugares são escondidos (propositalmente). Muitas
atrações só são permitidas com estes guias, como a Cachoeira de Grão Mogol (que
não fomos ver) que encontra-se em propriedade particular e tem acesso restrito;
4-
Todos os atrativos relatados aqui foram acessados sem necessidade de guias (o
que não quer dizer que foi muito fácil, apenas que é possível);
5-
Se for cruzar a Racha da Zilda não se esqueça que terá que fazer a nado,
portanto pense na logística para suas roupas, máquinas fotográficas, celulares
e outros itens (Ah! Foi por isso que não cruzei o cânion, pois não fui
preparado).
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