5º dia na Bolívia
Acordamos
bem cedo para o segundo dia do tour
como nosso guia havia solicitado. O desayuno
já estava sendo servido pelo guia na mesa de sal. Pães, manteiga e iogurte.
Depois era hora de separar os pertences que seriam usados no dia e o resto
iria, novamente, para cima do carro ser amarrado. Nesse dia cometi um erro: Guardei
o casaco na mochila que foi para o bagageiro. Considerei que as roupas que usei
no dia anterior foram boas, então repeti o tipo de vestimenta. Vesti uma blusa
de manga comprida por baixo de uma camisa de manga simples. O dia estava
amanhecendo sem nuvens e o sol iria castigar novamente, então separei meu
chapéu e óculos escuros também.
Aqui
vai uma dica: sempre carregue um casaco à mão. No altiplano boliviano os dias
eram extremamente ensolarados, mas me surpreendi com o vento gelado que soprava
incessantemente o dia todo. É uma sensação muito estranha para um carioca como
eu. Sol escaldante e vento congelante ao mesmo tempo. Sem casaco, passei MUITO
frio debaixo do sol quente do segundo dia do passeio.
Nos
dirigimos para a região desértica, saindo de San Juan através do Salar de Chiguana.
A extensão desse salar é de apenas 415 km² e ele é atravessado por trilhos que
vão da Estação de Avaroa até Uyuni. Paramos para fotos nos trilhos e o guia
explica que a exploração do Chiguana foi toda no início do século XX, por causa
dos seus depósitos de Boro.
Salar de Chiguana |
Antiga ferrovia que cruzava o deserto e o salar |
Seguimos
na direção do Deserto de Siloli e das lagunas altiplânicas que ficam na
Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa.
Na estrada avistamos várias lhamas e vicunhas à margem da rodovia. Nunca
havíamos visto essas criaturas de perto, então pedimos para o guia parar o
carro para tirar fotos. As lhamas são animais domesticados e existem muitos
rebanhos no altiplano, sendo fácil chegar perto e registrar as imagens. As
vicunhas são animais selvagens comuns na região, mas são ariscos e não permitem
que nos aproximemos muito.
Lhamas no Deserto de Siloli |
Deserto de Siloli |
O
sol já estava forte quando chegamos na Laguna Cañapa, local de nossa parada
para almoço. A paisagem do lugar é impressionante, com uma laguna cheia de
flamingos em meio ao deserto boliviano, aos pés das montanhas andinas. O almoço,
servido pelo guia na carroceria do carro foi péssimo, o vento frio soprava
incessantemente deixando o macarrão frio como gelo e o refrigerante quente como
o dia, sem falar que pequenos e grandes demônios de poeira (aqueles redemoinhos
de vento) passavam dando um tempero especial de terra na comida.
Laguna Cañapa |
Flamingos |
Laguna Cañapa com Flamingos |
Muita poeira no almoço |
Após
o almoço voltamos ao carro e nos dirigimos à Laguna Hedionda (que tem esse nome
carinhoso por causa do cheiro de ovo podre que o gás sulfídrico exala de seu
interior). A laguna tem um espelho d’água de 4,5 Km². O vento era muito frio,
pois estávamos a aproximadamente 4.200 m acima do nível do mar.
Em direção a Laguna Hedionda |
Laguna Hedionda |
Laguna Hedionda |
Saindo da
Hedionda voltamos ao carro e nos dirigimos até a laguna Charcota, com águas
apresentando tons de verde e branco, chamavam a atenção as diversas espécies de
flamingos existentes.
Seguindo a rota das lagunas a próxima que visitamos foi a Honda. Muito bonita, encravada em meio as montanhas. Saí do carro apenas para foto, pois o vento frio já estava “cortando” a pele.
Laguna Honda |
Deixamos
as lagunas para trás e nos dirigimos para El
Árbol de Piedra, um bloco de rocha caprichosamente moldado por erosão
causada pelos ventos do deserto ao longo de milhões de anos. Novamente me arrependi
de não estar de casaco, pois o vento que formou a figura da árvore na pedra era
realmente forte e frio e só consegui ficar alguns minutos ali para tirar as
fotos. Enquanto buscava abrigo junto a paredes de pedras próximas encontramos
uma viscazia, um tipo de coelho do deserto que parecia estar ali só para ser
fotografado.
Árvore de Pedra moldada pelo vento gelado |
Viscazia |
A última parada do dia foi junto a
entrada do Parque Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa, no qual
visitamos a magnífica Laguna Colorada. A entrada custa Bs$ 150,00 não inclusos no
pacote do passeio. Pedimos para carimbar o passaporte com o mesmo carimbo que
marcavam os tíquetes de entrada para guardar a recordação (depois descobrimos
que poderíamos ter feito o mesmo em Isla
Del Pescado, mas agora já tinha passado). Este é um dos poucos lugares com
banheiro, mas paga-se Bs$ 5,00 pelo uso. A Laguna Colorada se estende por 60 km² e
possui uma impressionante cor vermelha, resultado de microrganismos e algas que
nela vivem e produzem caroteno para se proteger da forte radiação ultravioleta
e com nuances de amarelo, por conta do enxofre. As margens são brancas e
brilhantes devido a grandes quantidades de minerais como sódio e magnésio, além
de alta concentração de bórax e sal. Possui pequena profundidade (aproximadamente
80 cm) e a cor avermelhada varia de tonalidade conforme as condições climáticas
e a hora do dia por causa dos pigmentos das algas. O vento era insuportavelmente
frio e espetava a pele como agulhas de gelo. Tentávamos nos abrigar atrás de
pedras ou do carro enquanto admirávamos a bela paisagem.
Entrada da Reserva Nacional da Fauna Andina |
Laguna Colorada |
Saímos da Laguna e fomos para mais uma
noite no deserto boliviano. Dessa vez em quarto coletivo para 6 pessoas, onde
nos acomodamos todos que estávamos juntos no carro. O jantar foi ótimo, com
entrada, carne branca (pollo) e uma
massa acompanhada de um vinho boliviano, presente do guia. A temperatura caía
rápido e o vinho ajudava muito. Aproveitamos para carregar as baterias das
máquinas fotográficas (Bs$ 2,00) e para tomar um banho com direito a água quente
por 5 min (Bs$ 5,00). O casal de franceses havia levado uma garrafa de vinho para
o tour e depois que o vinho boliviano acabou abrimos mais esta garrafa. A luz
se foi novamente as 21h, mas continuamos sentamos à mesa conversando e bebendo
o vinho. A noite estava muito fria e fui dormir meio tonto sabendo que iria
acordar em poucas horas já que o guia avisou que deveríamos levantar as 4h30min
da madrugada para o último dia do tour.
Laguna Colorada - Bs$ 150,00
Uso da energia elétrica - Bs$ 2,00
Banheiro na Laguna Colorada - Bs$ 5,00
Banho quente no abrigo: Bs$ 5,00
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